sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A pele que habito


Em seu novo filme A pele que habito Antônio Banderas é também o último de Pedro Almodóvar, uma trama complexa que transita entre a ficção científica e o terror. Conta a história de Robert, uma espécie de Dr. Frankenstein, que perde a mulher em acidente de carro e faz pesquisas secretas para a criação de uma pele artificial com a qual poderia ser salva.
Como todos os filmes do diretor espanhol o filme trata de diversos assuntos tais como a vaidade contemporânea, a ética na ciência, a relação entre pais e filhos e a dimensão efêmera das coisas. Mas dessa vez Almodóvar se machucou plagiando a história, não só dos jogadores baianos, mas do futebol em geral. E assim como os outros não está nem aí para os direitos autorais. 
                   Almodóvar podia falar com Eliana Calmon que ela arrancava a pele dos juízes!

Antigamente dava gosto de ver o futebol. Os jogadores davam duro mesmo. Meu pai acordava ás cinco da matina pra competir no remo em Itapagipe com os barcos do Vitória, lanchava na rua e chegava à Graça pouco mais de meio dia, com o sol á pino, para jogar na preliminar de aspirantes. Depois sentava no banco do time profissional ou vestia uma roupa para apitar o jogo, pois ele também era árbitro. Estão pensando que depois ia pra casa? Qual nada, ainda tinha que ir jogar basquete no time do Olímpico ou na FUBE.
No sábado passado dois jogadores do Vitória, Gilberto e Fábio santos, “se sentiram mal” por jogar ás quatro da tarde no horário de verão, vejam se pode! Naquele tempo não tinha gripe ou febre pra deixar de jogar. Hoje até uma simples dor de cabeça tira um jogador da partida. Substituição por contusão? Nem pensar! Pra tirar um jogador da partida precisava pelo menos o osso estar exposto.
                             Petkovic quando esteve no Brasil só vestiu a camisa rubro negra!

Cansei de ver jogar com a cabeça quebrada, capengando de uma perna. Só faltava entrar de muleta em campo. Dizer que isso era no tempo do amadorismo é meia verdade pois sou de uma época onde ainda não imperava o mercenarismo no futebol. Hoje o jogador já tem empresário desde a adolescência. Outro dia um menino de 16 anos pediu uma nota pra renovar com o Vitória e o Milan movia céus e terras pra levar um menino brasileiro de 14 anos para a Itália.
Mas o que é que Almodóvar plagiou? Foi o total desinteresse do jogador em relação a camisa do clube em que joga. Antigamente os jogadores tinham tal identificação com o clube que a rivalidade ultrapassava o campo. Soube de diversos casos de jogadores de clubes rivais brigando na rua após as partidas.
                       Essa é a segunda pele que teria salvado a mulher de Banderas!

Nem pensar em andar juntos ou sair pra beber jogadores e atletas do Bahia, do Vitória, e até de Galícia e Ypiranga. Porrada em campo era tão normal que a imprensa nem estava aí.  Quem dirá agressão aos juízes. Sou de um tempo onde o jogador tinha vergonha na cara e onde até se suicidava com vergonha de ser citado pela imprensa.
Nos dias de hoje a gloriosa camisa dos clubes não são mais do que uma segunda pele, que, ao contrário do filme, não salva ninguém. O jogador trabalha pra quem o paga. Troca de clube como quem troca de camisa. Um dia desses vi um com apenas vinte e um anos que já tinha vestido 14 camisas diferentes.
                                     Essas querem tirar a pele pra dar pro cientista maluco!

A cara de pau desse pessoal é tanta que trabalham em clubes rivais dos quais se dizem até torcedores “desde criancinha”. Assim mudam do Bahia pro Vitória, do Flamengo pro Fluminense, do Palmeiras pro Corinthians, do Grêmio pro Inter e do Atlético pro Cruzeiro sem qualquer cerimônia. Quem fala mais alto é o dinheiro.
Na minha época havia jogador que ganhava o prêmio Belfort Duarte de disciplina por nunca ter sido expulso. Meu pai brigava pra sentar no banco ou jogar. Nos dias de hoje os jogadores rezam pra ter um reserva que entre em seu lugar para descansar e os clubes tem que ter um elenco de mais de trinta. É tal de tomar cartão amarelo e vermelho que dá pra desconfiar.
                                      Aqui na Bahia Almodóvar ficou atrás de Banderas!

Almodóvar criou a sua pele falando de cientistas malucos só esqueceu-se de falar dos malucos mercenários que tem no futebol. Uma pele artificial podia ter até salvo a sua ex-mulher mas hoje seria anacrônica no nosso futebol. Teria que arranjar vinte ou trinta peles pra deixar de reserva na “carreira” em que se transformou o prazer de jogar futebol.
Podem me chamar de sonhador á vontade mas eu ainda vibro com a musica de Paulinho da Viola
Dinheiro na mão é vendaval,                                              Mais é preciso viver
é vendaval,                                                                           e viver não é brincadeira não
na vida de um sonhador, um sonhador.                             Quando o jeito é se virar
Tanta gente aí se engana                                                    cada um cuida de si
e cai da cama com toda a ilusão que sonhou                    irmão desconhece irmão.
e a grandeza se desfaz                                                       E aí, dinheiro na mão é vendaval
quando a solidão é mais                                                    dinheiro na mão é solução             
alguém já falou.                                                                 E solidão.

·          Agradeço ao site cine players.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Amizade colorida

                                         Justin Timberlake e Mila Kunis em Ondina!

Amizade colorida é uma comédia de Hollywood dirigida e produzida por Will Gluck que trata da relação entre Dylan (Justin Timberlake) e Jamie (Mila Kunis) que vivem um amor sui generis. Ele trabalha em Los Angeles mas recebe um convite para uma entrevista de trabalho e aí a conhece trabalhando como caçadora de talentos que o convence a deixar seu emprego para trabalhar em outra empresa, a Big Apple.
Mas a relação entre os dois transborda o trabalho ganhando cada vez mais confidências e num piscar de olhos os dois estão fazendo sexo sem compromisso. Apesar dos clichês e de estar embrenhado nessas relações modernas onde tem mais sexo que namoro ou romance, vale a pena dar uma conferida. Além do mais, como vocês sabem, esses filmes norte-americanos são todos copiados da Bahia. Nesse caso, da relação entre dois clubes tradicionais do nosso futebol, o Ypiranga (Dylan) e o Botafogo (Jamie), os únicos times de massa que se formaram em nosso estado.
                                               Quem disse que não tem sexo no futebol?

A relação dos dois durou muito tempo mas o filme corta boa parte pra não pagar direitos autorais. Pra vocês terem uma ideia até a empresa Big Apple (grande maçã) é vermelha como o Botafogo. O aurinegro Dylan só entrou no campeonato baiano quando começou a Primeira Grande Guerra em 1914 mas só ficou num modesto terceiro lugar. No ano seguinte trabalhou mais (não em Los Angeles mas na Bahia), armou um time melhor e acabou ficando com o vice-campeonato, perdendo o título por apenas um ponto para o Fluminense FC.
Em 1916 Dylan e Jamie perderam uma boa oportunidade de se conhecer. Jamie caçava talentos mas Dylan tinha se retirado do certame como era comum naquele tempo. Mas Jamie começava a carreira e se deu muito mal ficando com a vice-lanterna. Só em 1917, um ano marcado pela revolução soviética, é que se daria este revolucionário encontro dos dois. A primeira vez que se encontraram foi no dia doze de agosto no campinho do Rio Vermelho. Dylan causou uma profunda impressão em Jamie e enquanto ela o olhava ele aproveitava, mas não era com sexo e sim fazendo gols, vencendo por três a um.
                                          Foi por isso que Rafinha do CQC perdeu a cabeça!

E, enquanto os russos faziam sua revolução em pleno mês de outubro se encontraram de novo. Mas foi jogo de compadre, como o aurinegro estava disparado na frente do certame Jamie “abriu as pernas” e deixou Dylan ganhar de WO. Era o primeiro título daquele que seria chamado pela torcida baiana de mais querido, e conseguido de forma invicta.
No ano seguinte terminou a guerra na Europa mas não antes de Dylan faturar novo título, ainda invicto, chamando definitivamente a atenção de Jamie e propiciando resultados favoráveis para o aurinegro que venceu de dois a um e recebeu mais uma vez os pontos de Jamie. Foi aí que ela recrutou Dylan para o novo emprego na empresa que tinha as cores do alvi rubro.
Dylan mudou de emprego e passou a fazer sexo sem compromisso com Jamie. Era um escândalo nos meios desportivos baianos. E quem se beneficiou com isso...foi o próprio Botafogo que acabou indo para a final com o Fluminense FC e faturou seu primeiro título graças a uma caçadora de talentos esperta. E olhem que o Botafogo ganhou a primeira do Ypiranga em pleno feriado do primeiro dia do ano.
                                                            Que é isso Rita?

Aí a amizade entre os dois ficou seriamente estremecida pois Dylan se sentia usado. Mas Dylan iria dar o troco no próximo ano pois conseguiria ir ás finais do certame baiano que tiveram um empate entre auri negro, Fluminense FC e Associação Athlética. O Ypiranga faturaria os dois esse ano (2 X 1 e 1 X 0) e, de quebra, ainda enfiaria quatro bolas em Jamie (puxa não me interpretem mal!) que ficaria só em quinto lugar. Foi o primeiro ano de funcionamento do estádio da Graça e, devido aos muitos times que participaram, só teve um turno.
Apesar da amizade de cama e mesa repartindo o público popular que já comparecia ao bairro então nobre da Graça Jamie não deixou as coisas por si mesmo e começou a se “armar”. Mas, no início da Era da Graça no futebol baiano não tinha quem pudesse com Dylan que faturou o título mais uma vez deixando Jamie na rabeira (sem indiretas por favor!). E de novo venceu o já clássico do povo por dois a um.
                                                            Dylan e Jamie hoje!

1922 foi um ano conturbado no Brasil. Foi criado o Partido Comunista, realizada a Semana de Arte Moderna e a revolta do Forte de Copacabana. Nesse ano vermelho não poderia deixar de dar Botafogo e Jamie nadou de braçada deixando agora Dylan na rabada (poxa, hoje eu estou muito erótico!). Pra sua vingança ser completa ela, além de vencer Dylan no primeiro turno por dois a zero, no último jogo deu-lhe um “banho” memorável de sete a zero!
Jamie lenhou com o time de Dylan esse ano, que pensou até em sair da empresa. Era bom para ele aprender a não só querer sexo. E ela continuou a passar o rolo compressor no ano seguinte quando empatou em pontos com a Associação Athlética mas venceu o jogo final por um a zero sagrando-se bicampeã.  Mas pelo menos deu uma vezinha a Dylan ganhando um jogo (3 X 1) e perdendo outro (1 X 2).
                                                       Essa não está na fita!

1924 foi o ano em que o governo federal bombardeiou São Paulo e quando se organizou a Coluna Prestes que passou a percorrer todo o Brasil de forma invicta. Esse ano registrou na Bahia o mais formidável supercampeonato da história onde quatro clubes empataram em pontos, dois clubes das elites, Associação Athlética e Baiano de Tênis, e dois do povo, Botafogo e Ypiranga. Mais uma vez Jamie e Dylan fizeram jogos de compadres, Botafogo 2 X 1 e Ypiuranga 3 X 0. Mas, quando o povo esperava Jamie e Dylan na cabeça eis que o Baiano elimina o Botafogo e Associação despacha o Ypiranga acabando por faturar o título.
Foi aí que Dylan decidiu reagir. Desta vez tinha duas motivações, dar uma lição na cama e no campo em Dylan e se vingar das elites baianas. Isso ocorreu no próximo ano quando levou o certame de lavada e ainda evolveu as derrota que tinha sofrido de Jamie com juros e correção monetária (embora essas ainda não existissem) três a zero e cinco a um.
                                               Agora até na Copa do Mundo tem erotismo!

A reação de Jamie foi imediata e armou a cama pra Dylan se deitar. No ano seguinte os dois colossos chegariam pela primeira vez a uma final de campeonato empatados com 19 pontos. Durante o certame foi uma vitória pra cada um, 4 X 2 pra Jamie e 1 X0 pra Dylan. E a nova vingança ocorreria na finalíssima de 9 de janeiro de 1927 e levaria a uma greve de sexo dos dois por muito tempo: sete a dois pro Botafogo.
No ano seguinte as elites do Baiano de Tênis aproveitariam a confusão dos dois pra voltar a faturar o título a um pontinho de Dylan. Mas esse voltaria a ser campeão em 1928 colocando quatro pontos na frente do clube da Graça. Enfraquecidas as elites o enfrentamento voltou a se dar de novo na casa de Jamie e Dylan que disputaram renhidamente sexo e futebol no ano seguinte. A emoção foi até a última rodada quando o Botafogo empatou a quatro gols com a Associação e o Ypiranga ganhou de três a um do Fluminense FC levando o caneco. Nesse dia não teve sexo.
                                               Jamie em campo não dava mole!

O ano seguinte foi o da chamada revolução de 30 e, como vocês sabem, nessas oportunidades é que cresce Jamie, digo o alvi rubro Botafogo. É bem verdade que transou com Dylan ganhando uma (3 X 1) e perdendo outra (3 X 0) mas não teve quem lhe impedisse de levar o titulo pra Big Apple.
A década era dura e apresentava muitas mudanças, como a introdução do futebol profissional. Isso fez com que os times das elites baiano e Associação acabassem surgindo de sua fusão o EC Bahia. As elites haviam se transmudado no povo que frequentava em maioria o estádio da Graça e logo no primeiro ano este sério concorrente de Jamie e Dylan paparia o título.
                                                     Não, isso não tem nada a ver!

Mas os dois reagiriam no ano seguinte disputando um novo título até as rodadas finais (quando até abstinência sexual rolou) mas Jamie não acreditava nas mudanças do país e perdeu o jogo final pro Democrata e por quatro a um, possibilitando que Dylan levasse mais uma vez. O Bahia ficaria com o caneco duas vezes antes da reação de Jamie. E esta surgiu em 1935 com a revolução da Aliança Nacional Libertadora. Enquanto os canhões espocavam pelo país o Botafogo vencia com folgas o campeonato baiano, embora amaciasse com o Ypiranga, oi qual venceu (4 X 2) e perdeu (1 X 2) esse ano.
Foi um tempo onde Dylan brochou preferindo deixar a iniciativa com Jamie e fazer mais negócios na empresa do que sexo. O tricolor voltou a ganhar e começou a ascensão do Galícia, clube da colônia espanhola. A entrada do país no Estado Novo e no profissionalismo no futebol criava um monte de confusões nas ligas estaduais e em 1938, quando Jamie e Dylan saíram na frente fizeram um acordo pra haver dois campeonatos.
                                       E isso era em plena Federação Baiana de Futebol!

Mas não sem que antes os dois decidissem o que passou. Olha que neste ano foi só jogo de compadres entre os dois. Empataram no turno em dois gols e também nas finais duas vezes por três gols o que fez com que Jamie levasse o caneco em função de ter conseguido mais pontos no “certame”. Dylan descontou no ano seguinte papando o certame e deixando Jamie segurando...não pensem mal é a vice-lanterna.  De quebra ainda enfiou sete na pobre caçadora de talentos quase desempregada.
A briga entre os dois ia de mal a pior e nos anos quarenta o Galícia e o Bahia aproveitaram pra faturar todos os títulos. Os azulinos ficaram com três e o tricolor com seis, e até o Guarany conseguiu o único título de sua malfadada história. De três em três anos sobrava um vice para os dois na década, pra Jamie, em 1943, e pra Dylan, em 1946 e 1949. Já havia sido criado a Fonte Nova e os dois se aposentavam pois nunca mais conseguiriam títulos no novo estádio onde seriam substituídos pelos novos clubes de massa Vitória e Bahia. Mas, no apagar das luzes do estádio da Graça como campo oficial do campeonato Dylan ainda conseguiria a façanha de vencer o último título, decidido contra o Vitória num empate em um gol onde levaria o caneco por ter vencido dois turnos.
                                                   Mas que mini-saia careta Jamie!

Dizem que Dylan e Jamie se aposentaram e outros que estão fazendo mau sexo na Segunda Divisão. Ninguém nunca mais falou deles até que Hollywood copiasse sua história.

·         Agradeço aos sites RSSSF Brasil e Wikipédia e Adoro cinema.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Por dentro da TV

                                                         Fofoca não vai ter!

Gente, não pensem que vou fazer propaganda de algum dos chatos sites que vivem anunciando os programas da televisão. Vou falar é de mim mesmo. Foi por isso que interrompi hoje a série de crônicas sobre minha estadia na Grã Bretanha quando já estava perto de acabar.
É que ganhei um grande presente quando cheguei de viagem. Acho que foi pelo heroísmo de manter por um ano esse blog, ou pelo menos é uma coincidência desgraçada. E sabem qual foi o presente? Uma TV na WEB. Pra quem não sabe é um canal de televisão na internet com tudo o que tenho direito. Só tem que os programas são gravados. Mas não tem nada não, a maioria dos programas das emissoras de TV também são.
Eu também sou um indignado!

Bem, as TVs abertas e fechadas tem uma programação diversificada, falando de esporte, cultura, dando notícias e passando filmes. A minha só vai falar de política mas em compensação não vai ter nenhuma propaganda. Além disso vou falar de política de forma diferente. Meus programas refletem o Movimento dos Indignados que se alastra por todo o mundo.
Apesar de estar longe de ser jovem(já dobrei o Cabo da Boa Esperança) sou um indignado! Nesses programas vou reclamar de tudo e de todos. Vou voltar a minha juventude quando era da “galera do mal” e o instrumento musical que escolhi foi o contrabaixo só pra ser do contra. Vou falar dos governos, da corrupção, do capitalismo, do sistema financeiro, do Judiciário, do Legislativo, mas também das relações entre política e música, política e futebol, se puder falo até de política e sexo!
                                                            Vou soltar a língua!

Quando eu digo que a Bahia é o melhor lugar do mundo pra se viver vocês não acreditam! Quem me deu esta oportunidade foi a Rede Servidor daqui da Bahia. É uma organização, comandada por Moisés, que foi meu aluno de Ciência Política, e que é sustentada por sindicatos. A novidade é que não tem censura, de forma que eu escolho o assunto, falo o que quero, eles gravam e nós editamos juntos. É uma pequena produtora e funciona no bairro de Nazaré.
O canal se chama PRA QUE POLÍTICA? Estreei há duas semanas apresentando os programas e já gravei até agora oito vídeos. E ainda tem mais, colocamos tudo no You tube e já houve novecentas pessoas acessando os vídeos até o dia de hoje. Vou dar os links pra vocês:
                                          Meus programas de TV não vão acabar em pizza!

Pra que política(apresentação)  -      http://www.youtube.com/watch?v=kEvW4wnmgZI&feature=related
Política e futebol   -            http://www.youtube.com/watch?v=TdFJOlEjH50&feature=related
Manifestação na Trafalgar Square em Londres –     http://www.youtube.com/watch?v=kQk6ty5pYrE&feature=related

Como enganar o povo com eleições -   http://www.youtube.com/watch?v=pJnDjDI4Tgc&feature=related
Entrevista com o Camarada Júlio    -                              http://www.youtube.com/watch?v=fDChIB5QaAQ

                      E não vai ter assunto que seja tabu!

Pô, deem uma força. Quem sabe que um dia vou montar minha emissora de TV , afinal não sou candidato a nada...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma noite no museu, quero dizer um dia...


Não foi fácil de acordar depois de jantar altas horas após comer o risoto preparado pelo sobrinho Matheus. Mas não teve jeito pois era nosso penúltimo dia em Londres e tínhamos que aproveitar. Foi o dia dos museus e eu me lembrei de Larry(Ben Stiller) que arranjou um emprego de segurança noturno num museu de história natural.
Fomos ao Victoria Albert, ao de História Natural e ao de Ciências, todos pertinho um do outro e de graça! Gostamos mais do primeiro, mas tivemos de passar pelo sofrimento de avistar dezenas de seções sem entrar. É que não tem jeito, ou você passa dias nesses lugares ou escolhe algumas seções pra visitar e foi o que fizemos.
Concentramos-nos nos períodos greco-romano, o mais antigo da casa relativo á chamada cultura ocidental, e na renascença. O primeiro ficava no subsolo onde tivemos a oportunidade de ver fachadas, estátuas, documentos, colunas e tudo o mais que você pode pensar entre os séculos IV AC e III DC, aí incluído a cultura cristã. É claro que não dava pra comparar com o British Museum mas o acervo é riquíssimo.
                                        Procurei mas não viu nada do lanterna verde!

Depois nos cansamos de ver coisa tão antiga e passamos ao primeiro andar para ver a exposição do chamado Renascimento. Aí abundam (leia com atenção!) pinturas cristãs e prataria e movelaria aristocrática. Chamou-me em especial a atenção um cravo (instrumento que antecedeu ao piano), e a parte mais expressiva da pinacoteca católica. Estão vendo como estou erudito hoje? A viagem tinha que servir para alguma coisa!
Como já passava de meio dia resolvemos almoçar por ali mesmo. Aí nos deslocamos para o maravilhoso jardim que liga o prédio onde estávamos ao refeitório e eis nossa surpresa por encontrar um recinto cheio de obras artísticas decorativas. Almoçar ali é se preocupar menos com a comida e mais com o local onde se está.
                                           Pelo tamanho esse deve ter sido inglês!

Mas a decepção foi mesmo a comida. É claro que não esperava encontrar um feijãozinho mas também não só coisas pra lanchar. Apesar de estar socado de gente não me suscitou o menor apetite. Nessas horas bateu divergência no trio (eu, Cybele e Darem) pois, como vocês sabem, a lei no capitalismo é a comodidade e como já estávamos ali..... mas só fizemos tirar fotos e caminhar para almoçar em outra região.
O almoço, como sempre em Londres, foi fraquíssimo! Aliás as meninas nem queriam ficar por estarmos sozinhos para ser atendidos. Sabem como é, quando não tem ninguém....só ficamos mesmo por ser italiano. E logo depois nos dirigimos ao Museu de História Natural. Puxa, o Larry deve ter trabalhado alí pois é bonito á bessa, a começar pelo enorme hall de entrada, onde tiramos fotos com Charles Darwin (a estátua é claro, prestem atenção!),e as compras na lojona que fica na saída.
                                       Também não achei nada de Jack o estripador!

Será que Uma noito no museu foi filmado ali? Acho que não pois é coisa de norte-americano! O museu mais parece ter sido organizado para colegiais. A parte que vimos tem menos acervo e mais preocupações didáticas. Ressalve-se algum material relativo a dinossauros, pterodátilos e seus amigos. Mas posso dizer que também houve divergências na avaliação pois as meninas gostaram bastante e esperaram até o último instante Ben Stiller aparecer!
O último, o de Ciências, foi uma boa surpresa. Deu para percorrer boa parte do andar térreo e verificar a expressão de seu acervo. Apesar de só considerar ciências as invenções europeias e norte-americanas do século XV em diante suas seções reúnem uma série impressionante de instrumentos, máquinas e tecnologias originais. Há uma com carros antigos, outra com vagões de locomotivas, ainda outras com impressoras, máquinas á vapor, réplicas de foguetes, o diabo!
                                                    O real lá não estava com nada!

Mas, no momento em que estávamos mais entretidos começou a tocar o alarma pra comunicar que era hora do museu fechar. E, como vocês sabem, ingleses não tem misericórdia. Quando chega a hora de fechar nem JC descendo do céu pode fazer nada. Os funcionários, num passe de mágica, foram chegando às seções, fazendo gestos bastante convincentes que a visita havia acabado., Não adiantava nem tapear pois nem deu pra ir ao sanitário!
Pronto, havíamos tomado a nossa overdose de museus em Londres. Aí encontramos com Matheus e fomos fazer o supermercado antes de ir pra casa em Willesden Green. De noite, como o computador dele tinha consertado conseguimos falar com a família no Brasil através da webcam quando matamos as saudades e demos boas risadas.
                                       Deus me livre de subir nessa tal da London Eye!

E acreditem que, mais tarde, ainda assisti ao “emocionante” jogo Vitória X Duque de Caxias por uma rádio de Salvador. É verdade, tem um time do patrono do Exército no Brasil. É muita falta de gosto! Deve ter sido por isso que está na lanterna da Segundona e o rubro negro ganhou por cinco a um. A partida terminou ás três da manhã e eu nem sequer podia gritar os gols. Lembrei-me daquela propaganda de cerveja que o cara grita dentro de um aquário! Nessa noite dormi pensando em dinossauros e em como devia ser bom o emprego de Ben Stiller.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A revolução mundial

              
                 
Segunda feira, dia 12 de setembro, foi o último dia em Londres dos Beatles Social Club. Agora estaríamos por nossa conta no mundo britânico mas ainda com a “muleta” dos nossos sobrinhos. No entanto, esse dia acabou sendo para nós o encontro com a revolução em Londres. Foi um dia bem diferente. Pra começar tivemos de nos dividir. Acordamos cedo e ela ficou esperando nossos sobrinhos, para fechar a conta do hotel e levar as sacolas para suas casas em Willesden Green. Eu sai com o amigo Roberto Cabus que era o único da excursão que toparia um programa desses e em plena despedida da cidade!

Quando vim para Londres, escrevi para o Partido Comunista Britânico e para a Marxism Rewiew, das quais já recebia desde o Brasil publicações virtuais. O primeiro nem se dignou a me responder, mas o segundo me respondeu quando estávamos em LIverpool. Jose Martin, um argentino radicado há anos na cidade, passou-me o endereço da revista e sugeriu a possibilidade de um encontro na sede. Chegou até a dar seu endereço, embora eu não tenha entendido. Mas acabamos marcando na segunda feira as dez no bairro de Langdon Park. Meu sobrinho ensinou o caminho de metrô e ele ficou de nos pegar na estação facilitando as coisas.
                                   Pô, gostei de ver a Eliana Calmon, porque não falou antes?

Na noite anterior havia conseguido entrar na internet e soube que a Marxism Rewiew na verdade era a porta voz da Corrente Marxista Internacionalista, um dos grupos da Quarta Internacional, e com Allan Woods em pessoa, o principal dirigente mundial da organização. Que honra, quem somos nós para merecer tanto?
Não foi fácil achar o caminho. Tivemos que mudar de plataforma, e até de estação, algumas vezes. Foi por isso que chegamos atrasados quando o Martin já havia nos telefonado, mas tudo terminou bem com a sua recepção em Langdon Park. Depois das apresentações rumamos para a sede da revista que fica perto dali. 1
O escritório tinha dois andares e era muito espaçoso, com sala de reuniões e de trabalho. E, em meio de um cafezinho londrino fomos apresentados a Alan Woods e ao Fred (um italiano da organização) e iniciamos uma reunião que se prolongou por mais de uma hora. Como eu já vinha conversando com Cabus sobre o caráter trotskista da organização (e algumas delas tem estranhas posições no terreno internacional) nossa atenção voltou-se para saber da linha política da CMI e nos informar sobre os movimentos sociais e partidários da Inglaterra.
                Rapaz não me livro de Gisele nem em Londres, o metrô está cheio de fotos dela!

O primeiro assunto, como não podia deixar de ser, foi os recentes protestos do país. A avaliação deles coincidia com a nossa. Tratou-se de uma revolta de desempregados e jovens que não veem perspectiva no atual sistema inglês. Teria começado em um bairro de Londres onde é muito alto o desemprego e daí se estendido a outros locais da cidade e do país. Depois disso a conversa girou sobre a intervenção imperialista na Líbia onde também tivemos concordâncias. Na ocasião França, Inglaterra e Itália, coordenadas pelos EUA e levando a reboque os países da OTAN, apresentaram interesses comuns no petróleo daquele país (um dos vinte maiores produtores do mundo) e de criar uma cabeça de ponte na África de olho nas matérias primas do continente.
Aí a conversa girou sobre o funcionamento da organização, o que achava das demais correntes que se reivindicam da Quarta Internacional e criadas desde 1938, como viam a América do Sul, e, particularmente, o pensamento de José Carlos Mariátegui, e se tinham trabalho no Brasil. Não posso reproduzir aqui tudo o que foi falado pois não sei nem se interessaria vocês, mas diria que nos foi afirmado que a CMI é uma das correntes trotskistas mais antigas e que há tempos deixou de defender a unidade de cúpula de todos os grupos trotskistas. Atua em dezenas de países alguns dos quais relacionados por Alan nas constantes viagens que realiza pelo mundo.
A discussão sobre a América Latina ficou a cargo de Martin. Ele fez uma abordagem geral sobre países como a Argentina, Chile, Venezuela e Cuba, sem que pudéssemos encontrar posições esdrúxulas, embora nos fosse dito que a organização atuasse no Brasil dentro do PT, o que não foi muito do agrado meu e de Cabus.
Achei a conversa proveitosa pois trocamos ideias sobre a situação mundial e soubemos dos posicionamentos e do trabalho de uma organização, que na contramão dos que já se entregaram ao senso comum e ao consumismo capitalista, continua a luta pela revolução. Na despedida doei dois dos meus livros para aqueles camaradas dos quais recebemos jornais e livros de Alan Woods. Trocamos ainda e-mails e, depois, Martin me enviou seu contato no Brasil para o qual vou escrever qualquer dia desses e nos levou à estação nos explicando o que devíamos fazer para voltar. O melhor seria prosseguir até o final daquela linha e voltar pela Central Line de onde chegaríamos fácil á Queensway. .
Já era quase meio dia e no caminho telefonei para Karem para nos encontrarmos. Cybele já tinha ido com eles a Wislleden Green e já estava voltando. Mas a proposta de nos encontrarmos em outra estação (e as explicações que não entendíamos nada!) não foi de nosso agrado. De maneira que Karem desistiu e nos encontramos no único lugar onde tínhamos segurança, na estação de Queensway em Bayswater.
                                                                    Desce Obama!

Em Londres pude voltar a ter conversas com Cabus que gostei muito. Atuamos juntos no passado na solidariedade internacional inclusive celebrando datas caras á luta popular e participando de comitês contra as guerras do Iraque e do Afeganistão. No entanto chegamos á conclusão que desta vez estávamos sós sem uma causa que acreditássemos. Demos tratos à bola e nada de aparecer uma causa. E enquanto estávamos procurando chegamos a Queesway ficando de continuar essa discussão no Brasil.
Não foi preciso esperar muito para as meninas aparecerem e nos despedirmos emocionadamente desses doze dias que passamos com Cabus. Karem já tinha o programa do dia na cabeça: Oxford Street (onde Cybele imaginava fazer compras), Leicester Square, Convent Garden e a visita ao Museu de cera de Madame Toussant.  Como todo mundo já tinha mordiscado só fomos comer num restaurante italiano (bem mincho!) nos arredores de Convent Garden pois lá era tudo caro!

                              Quase que a gente apanha, mas no Brasil isso não é novidade!

Foi tal de caminhar que ninguém aguenta. Cybele estava procurando coisas baratas e batemos muita perna pela região. Entra e sai de loja e a desculpa era a mesma, as grandes filas do caixa. Até que chegamos à Primark que, como é comum em Londres, conta com balaustrada nas vitrines que são usadas pelas pessoas para sentarem. Eu de tão cansado nem as acompanhei sentando ali entretido pelos passantes. Procurava fixar aquele lufa-lufa londrino quando sentaram três pessoas ao meu lado.
Não foi preciso nem atenção para descobrir que eram brasileiros, e do Maranhão, Ceará e Pernambuco. Imaginem, quatro nordestinos na Oxford Street! Depois da estranheza inicial acabamos dando boas risadas comparando a Inglaterra com o Brasil e soube que eles estavam em uma excursão que tinha parado ali algum tempo para as mulheres fazerem compras. Mais cartões trocados. Já estavam acabando os mais de duzentos que trouxe nessa viagem!
Já era quase fim de tarde e fomos tentar encontrar entradas para o show da noite do Clube de Jazz Rowney Scott onde tocaria o famoso compositor e violonista norte-americano John Williams e o guitarrista francês John Eltridge. Era imperdível e fui me preparando para o “tiro” do preço dos ingressos. Nem falei a vocês que os ingleses tem um negócio estranho, aumentam o preço dos ingressos de acordo com a procura. É o cúmulo, aí tivemos de pagar 40% a mais no último concerto que assistimos lá. Nesse dia fui esperando qualquer coisa mas, como chegamos umas três horas antes do espetáculo acabamos comprando a vinte libras cada.
                                                  Não deixa de ser revolução...

Foi um presente de despedida para o sobrinho Matheus que veio depois e ficou vidrado no verdadeiro show que os dois guitarristas deram. Só ficou ruim depois com uma caminhada desgraçada e trens tomados para chegar a Wislleden Green. Fiquei surpreso ao passar pelo Soho e ver algumas pessoas dormindo nas ruas. Mas Matheus me disse ser natural, que Londres fica cheia de sem tetos que dormem pelas ruas no fim da noite e são postos pra fora pela polícia de manhã. Mais uma vez não pude deixar de me lembrar do Brasil.
Mas a caminhada foi compensada pela inesquecível lasanha, regada a vinho, que Matheus aprontou. No quarto o constrangimento de brigarmos para ver quem dormia no sleeping bag comprado por eles que faz um barulho desgraçado pra encher ameaçando acordar os outros moradores do apartamento. Eu não abri mão de dormir naquele monstrengo mas eles me deram o golpe. Quando fui tomar banho eles se empiriquitaram no chão e não houve quem pudesse tirá-los de lá. O resultado foi termos que dormir na cama.
                           Coitado do Capitão América esse mundo não tem mais lugar pra ele!

No outro dia, depois dos passeios de praxe, fomos na igreja anglicana St. Martin the Fields para assistir um concerto da orquestra da igreja. Desde que cheguei à cidade estava “catando” uma manifestação. Afinal de contas estava na Meca do capitalismo internacional e era uma vergonha voltar ao Brasil sem ver uma. Fui aos principais lugares onde se realizam essas coisa. Parecia que iria conseguir em Picaddily Circus mas era apenas uma aglomeração em torno de camelôs. Em outro dia lemos no metrô que um dos acessos ao centro estava interditado sem dizer por quê. Corremos pra lá, mas era apenas um acidente.
Aí, quando faltavam apenas dois dias para irmos embora de Londres, eis que surge ela em minha cara. Eu estava na cripta dessa igreja anglicana e Cybele e Karem tinham saído para as compras com ordens para que eu não saísse dali para não me perder. Enquanto gozava do aprazível cenário da cripta eis que aparece o sobrinho Matheus e me disse que havia uma manifestação lá em cima.
                                       Enquanto isso londrinos esnobavam de taxi preto!

Não cacei conversa passando por cima das orientações das meninas. Afinal, era um dia histórico, onde eu participaria de uma manifestação em Londres. Quando chegamos à frente da igreja é que percebemos que esta fica em frente à famosa Trafalgar Square, local de manifestações que marcaram época na cidade! O objetivo era protestar contra uma Conferência sobre Armas. Tomei então da minha câmara e corri para o centro do ato que se desenrolava na frente da Galeria Nacional.
Havia entre cem e cento e cinquenta manifestantes e muitos guardas. Além disso estavam ali carros de polícia e ambulância e uma coisa que nunca vi, “observadores legais”. Deve ser coisa de inglês mesmo! No início Matheus me ajudou com a câmera mas depois filmei meu mesmo. Saiu meio troncho, ora com o dedo na frente, mas deu pra pegar muita coisa. Meu sobrinho ficou até apreensivo a me ver na linha de frente dos protestos!
             
                                               Tem todo tipo de manifestação por lá!

Chamou-me a atenção o fato de não haver as tradicionais faixas e bandeiras de partidos e movimentos sociais. Conversando com o pessoal (particularmente um mexicano que morava em Londres) nos disseram que a manifestação havia sido convocada pela internet e celular. Ah como seria bom que essas coisas acontecessem no Brasil!
O pessoal fez de tudo pra protestar. Tentou barrar a entrada dos delegados, deitou no chão, pintou a cara, gritou, estrebuchou, mas a polícia garantiu a entrada daqueles que, naturalmente, vinham ali aumentar as guerras do mundo e vender armas para a felicidade dos interesses do capitalismo internacional. Tinha até um cara que, juro, parecia com Mussolini!
                 A crise está aumentando, qualquer dia chamaremos de volta o Groucho Marx!

Passamos ali um bom tempo só saindo quando as meninas chegaram com aparência de reprovação ao nosso entusiasmo. Ainda deu tempo pra entrar na igreja e pegar o concerto da orquestra. Esta, apesar de antiga, até hoje é dependente de um mecenas que é o pai do maestro. Não deu pra assistir o concerto todo pois tínhamos que acompanhar os sobrinhos ao supermercado, e saímos (criminosamente) no meio de uma sinfonia de meu ídolo Tchaikovsky.
Mais uma noite na casa dos sobrinhos e mais comida. Não tem regime que aguente, é por isso que nem quis ver a balança quando cheguei de viagem!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O horror do 11 de setembro


No domingo, dia 11 de setembro, acordamos cedo para sair com nossa sobrinha Karen. Eu estava preocupado com a possibilidade de haver atentados em Londres nesse dia. Aliás, não era nenhuma novidade que isso acontecesse. Hesitei em entrar no metrô mas iríamos chegar tarde para o passeio de barco pelo Rio Tamisa se fôssemos de ônibus.
Não tinha jeito então era relaxar e gozar. Mas confesso que enquanto estivemos no metrô eu ficava olhando por sacolas deixadas em algum canto (não vi) e não passava perto de caixas de lixo. Pra isso pelo menos minha vida de política serviu! Fomos da estação de Queesnway para a de Westminster que era bem no centrão da cidade. E não é que ao subir a escada avistamos logo ele, o Big Ben? E, ao lado, o Parlamento, a famosa Abadia, a London Eye, etc. Mas não estavam nesse dia no nosso roteiro de maneira que passei por eles rápido, inclusive pelo fato de serem alvos potenciais se alguém quisesse colocar bombas!
                                       Tava lá quando passamos no no centro de Londres!

Descemos então ao lado da ponte para o cais onde pegamos a barca para o passeio. Tinha me esquecido de dizer que por aqui tem sempre preço especial para a turma de mais de sessenta anos. Mas é um abatimento muito miserável às vezes não chegando a duas libras! Mas dessa vez pagamos a metade. O passeio foi um negócio de louco só atrapalhado pelas minhas preocupações com bombas (e se colocassem uma no ferry boat?) e com o guia que insistia em falar só inglês pra todos que não tinham nem sequer um tradutor de ouvido.
                                                  Pô rapaz, tá trocando por Veneza?

Tentamos conferir os lugares pelo folheto mas acabamos ouvindo Karen que nos informava o que o homem dizia. Mas ela mesmo não gostava pois o cara falava de uma série de prédios difíceis de localizar naquela imensidão e eu reclamava que nada falava da história daqueles lugares.
A excursão durou uns paradisíacos quarenta minutos e até esqueci as bombas. A maior atração era as pontes. Passamos pela de Shering Cross, a Waterloo, a London Bridge, a famosa Tower Bridge e outras menos votadas. A última mereceu atenção especial por suas cores azul e cinza. Pensamos em voltar para visitar a Torre de Londres mas não houve tempo, ficou pra próxima. Vimos a cúpula da Igreja St Paul, uma antiga taverna, uma réplica de um barco pirata e um prédio azul e branco os onde os executavam (naturalmente os que não seguissem os interesses britânicos), e pela ilha financeira de Canary Wharf com seus prédios modernos.
                                             Só não consegui ainda revelar as fotos!

O guia que às vezes ficava calado já havia parado de falar de vez e seus assistentes arrecadavam a gorjeta, mas é claro que não demos! Logo depois chegamos ao cais de Greenwich nosso destino pois só tínhamos comprado tickets para a ida. Nossa visita a este bairro foi muito prazerosa. A começar por conhecer ao centro do poder marítimo inglês nos séculos XVIII e XIX. 
O lugar é imponente ficando ao lado do rio, e tem de tudo, museu, escola, igreja, sala de sessões, e um grande descampado no meio das construções onde gravaram cenas para o filme Os piratas. A única coisa que nos serviu o 11 de setembro foi o culto da Igreja St. Peter em homenagem aos mortos onde fomos recebidos (e outras centenas de pessoas) por uma boa orquestra de câmara tocando a Pavana para uma criança morta de Maurice Ravel.
                                              Acabaram não explodindo nada nesse dia!

Difícil deixar de se emocionar mesmo que em 2001 eu estivesse longe de ter simpatia pelos norte-americanos no atentado às torres gêmeas. Ali ainda visitamos o magnífico salão de reuniões com pinturas excepcionais que insinuavam a relação divina dos imperadores da época.
No Museu marítimo nos limitamos a sala das visitas inglesas no mundo que era acompanhada por uma formidável instalação que se transmudava para assinalar a navegação e os mapas dessas épocas. Procurei a presença inglesa no Brasil, que foi por sinal muito significativa, mas não achei nada. Não dava tempo pra visitar outras seções pois ainda havia uma sofrida caminhada para a colina de Greenwich pra ver o famoso Observatório.
                                                       Isso os ingleses não revelam!

Aliás, não há só alegria nessas viagens. Quem não gosta de caminhar como eu sempre me dou mal. Quando Karen nos mostrou onde ficava a colina chiei e preferi almoçar num restaurante italiano ali perto. Não vou falar da comida mas pelo menos refizemos as energias para a caminhada.  
De tarde começamos a andar de novo, passamos pela estátua de William IV e entramos portão adentro para um bate-perna danado até chegar á colina, embora em meio a um parque aprazível onde centenas de pessoas se espalhavam gozando o domingo. Mas como tem parques em Londres, hein? Uma pena que o Brasil não esteja nem aí para eles! Pensei com meus botões que ali seria o último lugar que alguém escolheria para soltar bombas!
                    Vimos esse por lá, será que estava levando "ajuda humanitária" para a Libia?

O laboratório estava cheio de visitantes mas não parecia ter a menor segurança. Aproveitamos para tirar todas as fotos a que tínhamos direito. Afinal estávamos no “centro do mundo”, onde passa o famoso Meridiano de Greenwich, pelo menos é o que os ingleses acreditam! Não é tão barato o ingresso mas não poderíamos perder a viagem, de forma que pagamos e fomos conhecer o acervo do observatório sobre a história da astronomia, seus instrumentos de navegação, e, naturalmente, entrar na fila para tirar fotos ao lado do meridiano.
Depois, foi outra palhetada até a estação de St. Paul para visitar a famosa catedral. Não posso negar, porém, uma ponta de decepção. É que o lugar, apesar de existir desde 604, deve ter sido seriamente afetado pelo incêndio de 1666 e pela guerra. Como a cripta estava fechada só visitamos a nave não conseguindo observar nenhuma área realmente mais antiga. Sequer pudemos chegar até o altar pois estavam esperando uma missa. Aí entendemos que seria uma missa cantada pois havia pessoas que pareciam formar um coro e um organista de plantão.
                                        E eu só pensando, será que esse ferry é seguro?

Decidimos então esperar pra ver. Seria a segunda apresentação musical do dia de hoje e poderíamos dizer no Brasil que assistimos um concerto na St. Paul. Mas qual, a espera foi inútil pois depois de mais uma hora começou a missa e nem uma cantadinha sequer! O dia só foi salvo por acharmos uma das portas da antiga Londres que fica ali do lado. Mesmo reformada ainda parecia antiga o suficiente para justificar algumas fotos.
Aí fomos para o hotel discutindo como iriamos levar as malas para a casa dos sobrinhos. Minha preocupação era que na segunda feira iria fechar a nossa conta e a excursão do Beatles Social Club iria de volta ao Brasil. E Karen insistia que os taxis eram muito caros até Wislleden Green. O jeito foi aceitar a oferta dela. Combinou com Matheus pra passar no hotel e juntos levaram as malas só deixando as sacolas para o outro dia. Nem deu pra assistir o jornal de noite mas pelo menos pra gente naquele 11 de setembro não tinha acontecido nada!