domingo, 21 de outubro de 2012

Os mercenários

                           
Os mercenários é um filme norte-americano, lançado há dois anos atrás,  que foi recebido muito mal pela crítica, mas que, como sempre nesses casos, é um sucesso financeiro.  O filme tem todos os ingredientes que costumam agradar aos aficionados por ação. A violência campeia, tem pintadas de sexo, e, principalmente, muita, mas muita porrada e tiro.
Também não podia deixar de ser. É dirigido e estrelado por Silvester Stallone, com largo currículo nessas baboseiras, e ainda conta com o “roteiro” de David Callahan. Pra coisa ficar mais eletrizante os produtores colocaram como “atores” uma série de astros conhecidos por seus trabalhos em filmes de ação, Arnold Schwartzenegger, Bruce Willis e Jason Statham, e ex - atletas como Mickey Rourke, Stone “Cold” Steve Martin e Randy Couture. O resultado é que já está sendo preparada a sua continuação, Mercenários II, ninguém aguenta!

O “enredo” do filme é o seguinte. Uma equipe de mercenários, altamente treinada, vai a Somália para uma missão tentando impedir que os piratas locais executem os reféns de um navio mercante. A equipe, como não podia deixar de ser, é liderada pelo próprio diretor Sylvester Stallone,  que tem que administrar tudo quanto é situação, inclusive retirar da equipe pessoas sem condições psicológicas e fazendo uso de drogas. No frigir dos ovos, os mercenários só fazem se dar bem, vendem qualquer coisa por dinheiro, derrotam os piratas e de quebra ainda conseguem outras missões pra continuar sua vida sem graça.
Vi esse filme na Sky ontem à noite e confesso que sonhei com ele. Mas, como outros já disseram, o sonho não é bem a realidade mas uma metáfora dela, e olhem que tem muita coisa a ver com o mundo futebolístico. É que fui assisti o filme pra relaxar pois estava com a cuca fervendo depois da derrota acachapante do Vitória para o Atlético Paranaense, em pleno Barradão, por dois a zero, acendendo a luz vermelha não só para as suas pretensões de ter um título nacional como até de subir para a Primeira Divisão.
                                                    Pô Alex, toma uma providência!

Imaginem que eu sonhei que a turma do céu, em função da morte de muitos jogadores, resolveu organizar um campeonato de futebol. Foi um verdadeiro sucesso, tanto que acabaram tendo que incorporar o inferno e o purgatório. Da noite pro dia se formaram um montão de times e, lá pro terceiro campeonato, tiveram que criar quatro divisões.
Anjos se tornaram comentaristas e demônios viraram juízes. O próprio deus, Lucifer, Nossa Senhora, São Francisco, e outros menos votados tentaram participar da coisa, mas sem muito sucesso.  É que o “time do homem” ganhou os dois primeiros campeonatos e todo mundo achou que foi na base da marmelada, que comprou os juízes, que houve mensalão, um horror! Chatearam tanto Nossa Senhora que ela acabou preferindo o futebol feminino, que vai muito bem obrigado! São Francisco só não deu certo pela mania de se vestir como pobre, de não dar bicho, e todo mundo sabe que jogador não gosta dessas coisas. O resultado é que seu time não ganhou uma, pedia até para o São Cristóvão e o São Paulo.
                                                              O time tá enterrado!

O céu, o inferno e o purgatório viraram de cabeça pra baixo. O primeiro, pois lá não tinha o que fazer só ver o desfile de santos e querubins, e era chato pra chuchu. O inferno se agitou por razões óbvias, é que lá a turma faz qualquer coisa pra escapar do fogo eterno. E o purgatório pois a espera pra saber se as pessoas sobem ou descem, convenhamos, é muito irritante. Com o tempo Deus combinou com o Diabo tirar os deles da seringa e organizaram entidades para administrar essa joça. Aí degringolou de vez, apareceram os Ricardos Teixeiras, os Havelanges, a FIFA e a CBF, os empresários de jogadores, o escambáu. Até um tribunal, superior aos que já existiam no céu, teve que ser criado.
Também não é pra menos. Aconteceram coisas que até Deus duvida. Santo Antônio, por exemplo, com a desculpa de tinha que ajudar os casamentos pobres, inventou de buscar jogadores nesse sofrido vale de lágrimas daqui de baixo, antecipando sua morte para que pudessem reforçar seu time no céu. São Jorge vendeu seu cavalo a um empresário, e São Sebastião o arco. Pra piorar a história passaram a transmitir pela TV o campeonato do céu e tirar público dos estádios que Deus e o Diabo tinham construído.
                                                      Não há querubim que aguente!

Independente da hierarquia da eternidade muitos jogadores acabaram virando verdadeiros mercenários. O meu sonho foi sobre o Campeonato da Segunda Divisão do céu que também já era transmitido há alguns anos e a rede de televisão gostava de meter o bedelho. A turma se queixava de “juízes encomendados”. Até Deus entrava na dança pois diziam que ele não tomava nenhuma providência para apurar as denúncias que atingiam até o seu círculo mais próximo de anjos. Mas Deus achava sacanagem, afinal de contas já tinha problemas demais. Só nesta semana havia tentado levar Lewandowsky pro inferno mas o PT não tinha deixado, será que ainda tinha que se preocupar com o futebol?.
O campeonato desse ano parecia não ter graça pois dois times começaram a passar o rodo, o de São Crispim e o de Santa Maria Vitória. O segundo, então, nem se fala, passou o primeiro turno todinho só esculhambando os adversários, embora perseguido de perto pelo primeiro. Mas aí o time de São Golias encetou uma estranha reação ganhando de todo mundo e colando com os líderes. Não faltou reclamação com a situação pois teve gente que viu muita coincidência, pois o outro time da região central do purgatório estava muito mal e deram como certo o seu rebaixamento. Será que a eternidade não pode viver sem um time do Purgatório na primeirona?
                                                 Ninguém diz que é mercenário pela cara!

Quando dobrou o turno a coisa rolou feia no céu. Times que tinham maior torcida entre os anjos começaram a ganhar, o time todo arrumadinho de São Caetano começou a ter a má vontade da turma da televisão, e o Diabo em pessoa instalou um elevador para os vermelhos do Sul do inferno. Os jogadores do time de Santa Maria da Vitória se reuniram e exigiram quatro milhões pelo título e o acesso. Aí a santa estrilou e, o que se seguiu, deu muito pano pra manga. De um dia pro outro, o time que jogava um futebol de estratosfera, e tinha um santo japonês que era o melhor do campeonato, desaprendeu a jogar bola, não conseguindo ganhar uma partida fora do céu e passando a fazer jogos sofríveis no firmamento.
A turma reclamou pra Deus, pro Diabo, pro escambáu e nada adiantou. Afinal, como pode se provar que a turma está dando mole? A própria santa resolveu apelar pros jogadores, mas só conseguiu alguma coisa quando acenou que iria atender os seus reclamos, e aí eles ganharam do São Golias. Mas como nada se resolveu de concreto a coisa continuou mal e perderam três das quatro partidas seguintes. A última foi mesmo decepcionante, quando o time da santinha, em meio a um estádio lotado de santos e querubins perdeu pros vermelhos do Sul do inferno.
                                                     É uma desgraça mesmo Joel!

É certo que era um clássico. Os que estavam no fundo dos infernos queriam subir pro céu e o time de Santa Maria queria participar do círculo entorno de Deus. Nesse dia deu pra ver que o técnico Stallone só tem equipe da conta do chá. Tinha o desfalque de um zagueiro desde o dia de Ramos e São William tinha problemas de preparo físico por estar voltando às lides após contusão. Foi por isso que ameaçou durante a semana entrar com São Rodrigo como terceiro zagueiro. Mas na hora preferiu seu temperamento de Professor Pardal e confiou nos jovens santos pra resolver o problema da zaga.
No primeiro tempo até que deu pra melar. Os diabos eram perigosos, e chegaram algumas vezes na frente envolvendo a zaga da santinha e, até, acertaram a trave. Pra piorar São Uéliton  tomou uma porrada feia e acho que se ressentiu na proteção por ali.  Mas o time de Santa Maria deu testa, usando as pontas com São Marcos e puxando a bola pro meio, numa dessas o santo japonês quase broca. Mas aí chegamos ao intervalo.
                               Já dá pra se ver a barriga do time de Santa Maria da Vitória!

Todo mundo da arquibancada queria meter o bedelho na escalação do italiano pois os diabos tocavam a bola mais rápido e mostravam que tinham mais conjunto. O que rolava no céu era a saída de São Willie pelo seu homônimo São William. Mas o italiano Stallone perdeu um tempo precioso enquanto os diabos continuaram pressionando a zaga da santinha.
No segundo tempo os times partiram pra cima pra decidir o importante jogo. O pessoal de Santa Maria foi o primeiro, mas faltava criatividade. Bastou marcar São Elton(que por sinal não vem nada bem)que neutralizou suas ações ofensivas. A bola ia pro ataque mas voltava para o rápido meio de campo dos diabos, e, numa delas, enfiaram pra São Elias chutar forte na esquerda de São Deola tirando o zero do placar. Os querubins, que eram a maioria do estádio, ficaram vermelhos de raiva. Mas, sabe como é no inferno, os diabos querem sempre ganhar com alguma maracutaia, e aí São Botelho tentou encenar um pênalty e acabou expulso pelo juiz São Márcio, que, por sinal, de santo não tem nada.
                                                        Agora só chamando Ele!

Só aí é que o técnico Stallone trocou os santos que tem W no nome. Com os diabos com dez jogadores o time da santa tomou conta do jogo uns dez minutos mas a bola não entrava, e aí, num contra ataque, a defesa deu um incrível mole e a bola foi passada pra o clone de São Marcos, que mesmo chutando mal, a bola bateu na trave e entrou.
Stallone tentou de tudo. Botou São Eduardo e até uma tartaruga em campo, mas nada deu certo. Os jogadores, que não tem nada de santos, como já tinham no bolso o dinheiro da missão do mês, resolveram passear em campo. Foi uma coisa de dar dó, até os anjos vaiaram. Houve querubim que pediu olé e o próprio Deus foi embora pra não ver a vitória do Diabo.
Foi o fim da picada! A coisa agora embolou na Segundona do céu. Estão ali, coladinhos, São Crispim, São Golias e Santa Maria da Vitória, com o agravante de que esta só está conseguindo vitórias contra os que estão na requenguela. Os querubins estão com o pé atrás. Será que não tem direito também de estar na Primeira Divisão?
                                       Intocáveis só se for de tanta merda feita em campo!

A santa não entra em acordo com os jogadores, parece que só deu a metade do que os santos-mercenários queriam. Stallone arranja a cada dia um problema com eles, alegando problemas psicológicos, farras, má vontade, etç. A torcida dos querubins vai ter que pagar a conta do bicho dos santos-mercenários. Quanto a santa tem que arranjar urgentemente outro zagueiro já que dispensou São Rodrigo. Porque não entra em acordo com São Dankler?
Será que não é o caso de Santa Maria enviar a mala branca para os adversários de São Caetano? O time da santinha só contará com a boa vontade do esquema CBF/TV ocupando a vaga do time de seu estado se este perdê-la para São Palmeiras. Só Deus sabe o que vai acontecer agora, aliás nem Deus, pois esse já tirou há muito tempo o seu da reta do campeonato do céu.

domingo, 14 de outubro de 2012

Um corpo que cai



Um corpo que cai é um dos principais filmes de Hitchcock e é antigo pra chuchu. Já o assisti umas cinco vezes. Mas confesso que ontem, ao assistir o jogo do Vitória no Paraná, me lembrei dele, pelo menos da primeira vez que o vi, quando era adolescente nos anos 60. Naquele tempo era uma novidade o gênero suspense, e o filme passou no Cinema Popular, um dos dois que tinha aderido aos “filmes de arte”, cercado do maior frisson por ter ganhado o Oscar.
Quando vejo esses filmes de terror de hoje me dá vontade de rir. Foi com o velho Hitch que aprendi como a pessoa pode se arrepiar todo no cinema. Rapaz, logo eu que tenho problemas com altura tive que sofrer com os devaneios de John “Scottie” Ferguson (James Stewart)! Em uma das primeiras cenas o cara sobe numa cadeira e dá a impressão que está no alto de um prédio e agente sofre com a vertigem da altura.
                                                               Acorda Carpegiani!

O filme não fica nisso, a história gira em torno da esposa de um amigo (Kim Novak) a quem segue por toda a cidade de Los Angeles. Ela demonstra uma estranha atração por lugares altos e leva o detetive a enfrentar seus medos. O cara pira achando que a mulher é louca e com tendências suicidas e Hitchcock vai construindo sua trama mostrando que não é necessário matar um monte de gente pra dar susto nos espectadores. Suas cenas são meticulosamente preparadas para levar à tensão e me lembro de que saí suando do filme. Um corpo que cai chegou a ser eleito por uma revista como o melhor filme de todos os tempos.
Mas eu dizia que me lembrei do velho Hitch na tarde de ontem assistindo pela Band outro episódio de suspense, a atuação do Vitória contra o Paraná, na casa do meu vizinho Carlos Bride. Tem um filosofo que disse que a história só acontece duas vezes como farsa, e é exatamente o que aconteceu ontem quando o corpo rubro-negro caiu pelas tabelas perdendo a liderança e agora sofre também com a cruel concorrência do Goiás.
                               E o pior é que Byoncê não está nem aí pra situação do Vitória!

Tal como James Stewart o leão parece que também tem medo de altura. Demorou pra subir na tabela e não precisa ser detetive pra descobrir que procurava, além de subir, faturar o caneco, já que não possui título nacional. Mas ao chegar ao topo do prédio, foi um suspense desgraçado pra ficar lá em cima. Imaginem que ganhamos umas dez partidas nos últimos minutos quando parecia que a cena final do filme ia rolar, e o leão ia cair da torre do sino da igreja.
Do segundo turno não dá nem pra falar. O time mostrou que tem vertigem de lugares altos e ganhou uns quatro no Barradão fazendo a torcida passar uma tensão digna de Hitchcock com os adversários apertando até o fim, sendo risível o futebol que apresentou nas vitórias magérrimas pelo escore mínimo contra o vice - lanterna Barueri e o time da sopa de letrinhas de Natal.
                                      É isso aí Casoy, perder pro Paraná é uma vergonha!

Fora de casa está mais para outro filme do velho, desta vez Os pássaros onde a heroína corre e se esconde o tempo todo da revolta das aves contra o sistema dos humanos. Vejam se alguém aguenta com essa campanha. Empatou com o América de Natal (2 X 2), com o Guarany (0 X 0), e até com o lanterna Ipatinga. E, a essa altura, já perdeu duas vezes lá no Sul maravilha. Pro Avaí não dá tanto pra reclamar pois é um time duro de vencer em seus domínios. Mas perder do Paraná, tenha a santa paciência!
Afinal é um time dirigido por um cara que já foi um técnico chinfrim do leão e seu meio de campo era formado por Ricardo Conceição, Fernandinho e Lúcio Flávio, que jogaram aqui e não fizeram nada. E olhem que aqui se pagava em dia e lá eles estão há dois meses sem receber salários. Deu raiva ver Fernandinho acabar com o jogo e Lúcio Flávio dirigir as ações do time e ainda correr fagueiro como fez no cruzamento que resultou no segundo gol de Arthur! Ninguém aguenta mais a apatia de certos jogadores do leão.
                                    Vamos ter que aprender como é que se conquista títulos!

Pra começar Carpegiani armou mal o time. Se o elenco está mal das pernas e com dois volantes não dá (porque não estão jogando nada mesmo) podia ter entrado com Rodrigo Mancha no lugar de Tartá mesmo, pois este afinal está sendo um peso morto em campo. Mas pior ainda foi a opção por Willie no ataque preterindo Marquinhos que parece estar se recuperando. A única coisa que acertou foi barrar Dinei que esqueceu o futebol. Mas, pra ser justo, ninguém consegue ganhar os jogos se os jogadores não ajudam. Só a dupla de zagueiros Gabriel e Victor Ramos se salvou do desastre de Curitiba onde o Paraná ganhou como quis e na hora que quis!
O jogo começou quente como os filmes de Hitchcock. Já no primeiro minuto os paranaenses perderam duas chances. Na primeira, por Gilson salvar milagrosamente (a única coisa que fez na partida) e o atacante ter demorado pra chutar, e, na segunda, por Deola ter se antecipado ao chute do cara. O suspense passou por alguns minutos dando tempo ao time pra se organizar em campo. Carlinhos chegou à frente aos 2 minutos dando um daqueles cruzamentos na mão do goleiro e Willie fez o mesmo aos cinco. Parece que não treinam mais!
                                                    Imaginem se cair daí de cima!

Aos dez foi a vez de Pedro Ken (outro que já vem há muito tempo desaparecendo das partidas) cruzar para Elton na grande área, mas o beque não deu sopa. Logo depois foi a vez de Willie passar pro nosso centro avante que foi sarrafeado na entrada da área. Pensei, é agora Pedro Ken! Mas este bateu ao lado do goleiro que não fez grandes esforços para espalmar. Foi o único chute do leão sem dentes no primeiro tempo.
O Vitória ficou alguns minutos com mais domínio de bola, deu algumas estocadas e só. O Ceará começava a despachar o América de Natal, o jogo do Criciúma continuava no suspense e o rubro negro nada! Mas o que está ruim sempre pode piorar. A partir dos 20 o time desandou definitivamente. Será que foi quando resolveu marcar no próprio campo dando espaço pro Paraná?
                                           Será que os jogadores querem um bicho maior?

Foi o maior apagão, e os adversários, com três homens de mais de 30 na meiúca, se aproveitaram pra subir toda hora municiando os atacantes. Deola tirou com o pé um lançamento, Willie perdeu uma bola besta e nosso goleiro teve que salvar de novo o lançamento, e, logo depois, os caras chegaram de novo num escanteio que o atacante cabeceou e a bola passou perto. Pra honra da firma o leão chegou ao ataque aos 23 quando Tartá se enrolou todo com a bola. Que diferença do Tartá do primeiro turno, hein!
Finalmente, aos 26, saiu o gol que já vinha amadurecendo. O cara chutou de fora da área na trave e a bola sobrou limpinha para o tal do Arthur empurrar pro fundo com o zagueiro desatento. O gol despertou momentaneamente o time de sua apatia e este subiu mas completamente desorganizado. Logo depois passaram uma bola pro Elton, mas esse nem conseguiu chutar pois não tem pé direito. Um bate e rebate na área adversária termina com o chute torto de Tartá pra longe da meta. Um saco, o cara não acerta um cruzamento! A única alegria veio nessa hora...o América Mineiro abria o placar contra o Goiás.
                                            Precisa tirar alguma ideia nova da cachola!

Mas durou pouco o entusiasmo do leão que logo voltou a jogar sua bolinha de sempre nesse segundo turno, onde só deu o ar de sua graça contra o Goiás. E aos 36 minutos, o velho Lúcio Flávio chegou à linha de fundo e botou a bola na cabeça de Arthur. Esse, mesmo cercado por três jogadores do Vitória, conseguiu cabecear pra fazer o segundo gol. Um vexame! Pro desespero de nosso James Stewart nativo, o Criciúma começou a despachar o Boa Esporte chegando à liderança do certame. O time perde o controle, Gabriel e Tartá levam cartão amarelo, mas o lateral paranaense Ângelo também. Até o fim do primeiro tempo só conseguiu fazer mais uma estocada, mas Elton não dominou a bola e o beque espanou.
No intervalo bateu o maior desespero na casa do meu vizinho. Não queríamos estar na pele do Carpé. Afinal de contas, como escolher gente pra tirar naquele verdadeiro deserto de Los Angeles? Do jeito que a coisa ia prometia ser a maior desgraceira no caminho da feira. Eu pensava que ainda bem que não estávamos em New York pra não cair de prédios mais altos.
                                        É porisso que Saramago punha as mãos na cabeça!

Nosso técnico resolveu corrigir a besteira que fez quando armou o time...colocando mais um volante, o Fernando Bobo. Imaginem, tomando dois a zero e reforçando a defesa. Essa alteração, como não podia deixar de ser, deu mais estabilidade ao time do meio pra traz mas ataque que é bom necas de pitibiribas! Imaginem que nem aproveitou para explorar o lado do lateral paranaense que já tinha cartão amarelo! Mas eu desconfio que colaborasse com isso o fato deles escolherem esperar o leão em seu campo pra ir só aos contra ataques.
Pedro Ken chegou á frente aos 5 mas chutou mascado. Aos 12 começaram a funcionar as descidas do Paraná quando houve uma trapalhada total da defesa num escanteio e o cara chutou tirando casquinha da trave de Deola. O tal do Arthur quase marca o terceiro mas limpou mal a bola e Deola salvou. Um minuto depois Elton chega mas chuta completamente torto. O rubro negro só foi chegar de novo no seu ataque cardíaco aos 21 com Willie cabeceando longe do gol. E pronto, foi só isso! Ainda entraram Marcelo Nicácio e o menino da base na lateral mas, apesar do esforço, fizeram pouco.
                                       E não adianta ficar com carinho com os adversários!

Aos 26 é a vez do Paraná em novo contra ataque, pela direita, mas o cara é desarmado. E, quatro minutos depois, com a bola de pé em pé, erra o último lance, quando o atacante cabeceia por cima do gol. Mais três minutos se passaram pra Lúcio Flávio chutar forte no canto e Deola fazer uma defesa complicada colocando com a ponta dos dedos para escanteio.
A essa altura o Ceará chegava aos três e o Criciúma aos quatro. Nos últimos minutos as coisas se agitaram um pouco. Ninguém pulou da torre da igreja como no filme, mas Marcelo Nicácio perdeu uma boa chance chutando em cima do goleiro aos 44, e, dois minutos depois, o atacante do Paraná deu um belo corte em Gabriel e chutou forte fazendo o terceiro gol. Era a merecida goleada mas Elton salvou a honra da firma na saída da bola, quando o Vitória foi entrando, entrando, e a bola sobrou pro centro avante que, da entrada da área, bateu de virada pra tirar o zero do placar.
                                                  James Stewart não é mais aquele!

Como disse o filósofo, não deu nem pra melar os filmes de Hitch. O jogo do Vitória contra o Paraná está mais pra farsa do que outra coisa. Porque o time não é mais o mesmo do primeiro turno? O que é que aconteceu? Porque figuras importantes do elenco estão jogando um futebol apático e sofrível? O Criciúma, o Goiás, o Atlético Paranaense e o São Caetano estão mantendo o desempenho, porque só o Vitória parou no tempo? Cabe à diretoria explicar e tomar providências urgentes, antes que até o acesso nos escape pelas mãos, já que o título que é bom parece que foi pras cucuias.