domingo, 10 de março de 2013

A audiência


Se há alguma coisa que pode levar a perder um amigo é servir de testemunha num processo na Justiça. Eu já passei por isso várias vezes e minha mulher diz que não tomo vergonha. Tudo recomeçou, recentemente, com um processo que ganhei contra certa empresa de educação, e, como um monte de ex-colegas também processaram a empresa me vi na obrigação moral de servir como testemunha para todos os que solicitassem. Ainda mais que trabalhei como gerente e as pessoas que ocupam esse cargo tem certa “fé pública” nos tribunais.
Os problemas começam quando você se sente utilizado por certos colegas. Como você não vê o cara(ou a cara) há alguns anos, a coisa acontece como um cerca Lourenço. Recebe um e mail informando que há vagas de professor abertas na faculdade tal e agradece que o colega que não vê há tanto tempo tenha se lembrado de você para o cargo. Mas é muita ingenuidade pensar nisso, pois é apenas uma forma de reconectar a ligação do passado.
                             Não dá nem pra consultar nada!

Alguns dias depois dessa inusitada abordagem vem a infalível proposta:
Caro amigo, recordo com satisfação os tempos que trabalhamos juntos na faculdade tal, que, infelizmente, não cumpriu com os seus compromissos para conosco. Por este motivo, entrei com uma queixa trabalhista contra a mesma e gostaria de contar com o seu depoimento confirmando a nossa convivência no período.
Sem mais, agradece o amigo tal
Pouco resta a fazer a quem é generoso e solidário do que aceitar tal convite. Aí é só perguntar quando, em que vara, a que horário, e, naturalmente, quando haverá reunião com o advogado para discutir o caso. Sim, pois você não é obrigado a lembrar exatamente quando trabalhou com o(a) cara(a), de que curso ele era, se fazia ou não hora extra, se era vinte ou quarenta horas, se batia ponto, recebia por nota fiscal e outros babados do tipo. Quem não tem todas essas informações se arrisca a aumentar a cartela de inimigos.
                                   Se você rir perde o amigo!

A relação com o advogado é um problema. Primeiro o ex-colega inventa uma reunião prévia com as testemunhas que nunca funcionam. Eu acho que a maioria das pessoas pensa que já está prestando favor suficiente servindo de testemunha e geralmente não comparece a reuniões prévias. Até eu furo algumas. De sorte que elas acabam sendo marcadas para “uma hora antes” do próprio dia da audiência.
Se você nunca passou por isso preste atenção nesses conselhos. Desligue o celular pois senão receberá ligações do ex-colega lhe oferecendo carona, perguntando se já chegou, se sabe onde é a vara, e outras que não tem nenhuma preocupação contigo a não ser garantir o seu comparecimento.
                              Se prepare para ter surpresas!

Entre no site do tribunal para acessar a audiência. É costume que os ex-colegas contem inocentes mentiras sobre o horário da mesma. Se está marcada para as 14:30 ele diz que é 14:00. Sabe como é né, como o horário não serve pra nada na Bahia é comum se pensar que todo mundo vai atrasar e usar essa “mentirinha boba” que me irrita profundamente, pois sou rigorosamente pontual em meus compromissos.
Na semana passada, por exemplo, ao comparecer a mais uma audiência de ex-colega, em função da informação de que a mesma estava marcada para as 14: 00 e que o advogado compareceria uma hora antes para conversar com as testemunhas, compareci no horário, mesmo sem acreditar muito que isso se realizaria. Não deu outra! Esperei das 13:00 até faltar dez minutos para o prazo previsto e só aí que chegaram o reclamante e outra testemunha. O advogado chegou ainda alguns minutos mais tarde.
                      Tem gente escrevendo tudo o que você diz!

Lembre-se que os advogados são complicados. Tem colega que não quer gastar e contrata um amigo que cobra mais barato.  Outros pegam um escritório que está cheio de causas e não tem tempo pra nada, o resultado é vir um advogado que tem pouca intimidade com o processo.
Como chegam geralmente em cima da hora os advogados não tem tempo de informarem praticamente nada e ainda confundem alhos com bugalhos. Não sabem que funções as testemunhas exerciam na empresa e muito menos que relações tiveram com seu cliente. Não perguntam se estão ou não acostumadas a depor em audiências. Não informam chongas do processo, sobre o que o ex-colega está pedindo, são um saco. Imaginem a firmeza com que agente comparece na frente do juiz.
                                     Não adianta chorar!

É por isso que no caso de uma ex-colega de sala deu o maior problema. Eu havia lhe avisado da importância de reunir com as testemunhas e informar os seus pedidos á Justiça, mas ela deixou tudo a cargo do advogado. O que aconteceu foi uma repetição do que está aí em cima. O cara chegou na hora, não falou nada que se aproveitasse pras testemunhas, e o resultado é que eu fui prum lado e a ex-colega foi pro outro...o que levou a que ela perdesse a reivindicação das horas extras. E olhem que o advogado teve a cara de pau de nos culpar pela tragédia!
Gente, é raro a secretária do juiz chamar no horário! Acreditem que esse pessoal marca as audiências de cinco em cinco minutos mas nada funciona no horário previsto. É que umas audiências são iniciais, e funcionam apenas pra trocar documentos. Outras são para juntar provas, e há ainda as que ouvem testemunhas.
                        Um advogado de empresa trabalhando!

Assim, há audiência que dura apenas dois minutos e aquelas que se arrastam por horas. E haja banco de espera! Um conselho: quando você for servir de testemunha não marque nada no turno que for depor. E nem pense em sair se não aguentar mais esperar pois arranja um inimigo pro resto da vida!
Bem, mas isso é antes, outra coisa é durante a audiência. Na vera funciona assim. Seu nome é chamado pelo autofalante, você comparece perante o juiz e senta numa cadeira entregando os documentos para a secretária. Além dela e do juiz estão lá seu ex-colega e o advogado, e o preposto da empresa com o seu advogado. Nem pense em falar com o ex-colega para que o juiz não pergunte se vocês são amigos, caso de impugnação do seu depoimento. No máximo um bom dia em geral para todos na sala.
                             Se fosse Bruno eu não toparia!

Não fique pensando que vai dizer tudo o que quer senão vai tomar a maior dura do juiz, tipo:
Limite-se a responder aquilo que lhe for perguntado!
Fale pouco e restrinja-se a informar seu cargo na empresa, como conheceu o reclamante, e o que pode atestar da relação de trabalho que ele mantinha com a mesma. Enquanto estava esperando minha vez de depor já vi depoimentos que eram o fim da picada, gente que mente, que gagueja na frente do juiz, que não consegue responder as perguntas do advogado da empresa, o diabo.
                          Nem pense em intimidades na Justiça!

O maior conselho que se pode dar nessas horas é não mentir, dizer exatamente o que sabe da relação entre o reclamante e a empresa, e estar bem informado dos pedidos do ex-colega. Lembre-se que não é a você que cabe provar tudo e que você só pode, no máximo, contribuir para comprovar parte dos pedidos.
Depois do juiz, prepare-se para sofrer nas mãos do advogado da empresa. Você vai se surpreender com a cara de pau do cara. A coisa mais comum é dizer que seu ex-colega não trabalho na empresa, e, se admitem o trabalho, dizer que era apenas um colaborador eventual, que não cumpria horário, que não recebia ordens, e tudo que convém para não ser classificado como empregado. Assim, o cara vai fazer tudo pra distorcer suas afirmações e lhe colocar em contradição. Se você não se sair bem seu ex-colega está f... e você perdeu definitivamente o amigo. É muito risco pra manter uma amizade! Pense nisso quando for convidado a depor, você tem que se sair bem!
                               Fique brincando Rafinha!

Está pensando que acabou? Qual nada! Depois de todo esse sofrimento, ainda tem que esperar as outras testemunhas deporem e o juiz encerrar a audiência para você assinar o diabo da ata. É de bom tom descer o elevador comentar a audiência dizer que foi tudo bem para o ex-colega e desejar-lhe que ganhe rios de dinheiro.
Ah, quase ia me esquecendo, não espere mais e-mails e ligações do ex-colega. É que uma simples audiência não serve sequer pra restaurar uma amizade, apenas pra fazer com que você não ganhe inimigos. Até a próxima!

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Carta a uma blogueira

                                   É a blogueira ou Lampião?

Prezada colega Yoani Sanchez.


Sou um pobre blogueiro brasileiro e moro na aprazível cidade de Salvador. Criei meu blog para conseguir ouvir a minha própria voz já que os jornais e as TVs locais não estão nem aí para os blogueiros.   

Acabo de voltar de Buenos Ayres com minha esposa onde passei nove dias e gastei “uma nota” com hospedagem, passagem e alimentação, que vou pagar durante seis meses. Durante a viagem tive que parar com o blog pois não tenho recursos nem assessores ou funcionários para mantê-lo ativo.

            Nem Paul teve tanta mídia quando veio ao Brasil!

O motivo desta cartinha é pedir algumas dicas á colega sobre o que fazer pra desenvolver a minha atuação na área blogueira. Gostaria que a colega me informasse o que faz para se conectar a Internet se afirma que os cubanos não têm acesso e ela.

Observei que usa o moderno sistema Paypal, de pagamento online, e estou interessado em saber a mágica que fez para obtê-lo pois ninguém que vive em Cuba pode utilizá-lo por conta das sanções econômicas que proíbem, entre outros, o comércio eletrônico. Seria ainda muito útil a informação sobre a hospedagem do seu blog já que o site dispões de uma banda com capacidade 60 vezes superior àquela que Cuba dispõe para todos os usuários de Internet.
                           Ela deixou pra vir depois do carnaval!

 Peço também que me oriente a fazer registros graciosos de domínio fora do país já que percebi que o do seu blog foi feito por meio da empresa norte-americana Godady, e isto está proibido pela legislação sobre as sanções econômicas ao seu país.

Se a colega me der a honra de visitar o meu humilde blog verá que tenho sérias dificuldades com a comunicação com meus cinco mil leitores em outros países. Sim, sei que é pouco mas no Brasil tenho muito mais leitores do que a colega tem em Cuba pois soube que são só oitenta. Como a invejo por ter conseguido tantos leitores fora do país peço para me dar uma dica de como torna-lo disponível em 18 idiomas como o seu, superior inclusive aos sites da ONU, Banco Mundial, FMI, e da União Europeia. Peço também alguma dica para que eu possa financiar as traduções.

                  Daqui a pouco vão fazer um filme:"A blogueira"!

Sei que estou começando na atividade blogueira, na qual ainda vou completar três anos. Gostaria, então, que a colega, que já tem a enorme experiência do alto de seus cinco anos, me orientasse como ganhar tantos prêmios e conseguir financiamento para tantas viagens como a atual de oitenta dias.

Soube que a colega conseguiu ganhar 250 mil euros de prêmios, é apoiada pela revista Time e obteve até o cargo de vice-presidente regional da Sociedade Interamericana de Imprensa. A colega acha interessante que todos nós blogueiros devamos nos registrar como jornalistas para obter também essa grana e honrarias?

                        Será que a blogueira tem ficha limpa?

No meu humilde blog nunca consegui entrevistar nenhuma autoridade maior do que o antigo superintendente da Fonte Nova. Por isso gostaria de me desse algumas dicas como fez para “furar” as assessorias e comitês de segurança de tantos embaixadores norte-americanos e até do presidente Obama para obter entrevistas para o seu blog, e até aparecer no Wikileaks.  
 Por último, eu a parabenizo pela clareza política que nós blogueiros não temos. Pelo que entendi de suas entrevistas o bloqueio econômico faz bem a Cuba e devemos agradecer ao grande irmão norte-americano por tê-lo incentivado e não a essa pérfida Assembleia Geral da ONU que teima em condená-lo.

  Sapato de blogueiro brasileiro que não é financiado pela Nike!

Todo cubano que se preze deve ter saudades do tempo de Fulgêncio Batista onde havia verdadeira liberdade, e deve também apoiar o funcionamento no território de seu país da base militar de Guantánamo.

Depois de ouvir as suas sábias palavras compreendo que é normal e aceitável que os Estados Unidos financiem uma oposição interna em  Cuba para conseguir mudar o regime e é o Brasil que deve ser condenado por deixar de intervir nos assuntos dos cubanos.

         Minha filha, blogueiro sozinho não está com nada!

Desde já agradeço as esperanças que a colega deu a todos os blogueiros brasileiros que esperam ter algum dia o mesmo destaque e qualquer luz que puder dar sobre esses assuntos.

Atenciosamente

Franklin Oliveira Jr.
Criador do blog Memórias da Fonte Nova




domingo, 17 de fevereiro de 2013

De novo em Buenos Aires(I)


No último artigo que fiz para este blog disse o que pretendia fazer para passar o carnaval na capital da Argentina que visitaríamos pela sexta vez, sendo quatro apenas em Buenos Aires, e as demais em Bariloche e nos Lagos Andinos. Mas qual? Pouca coisa saiu como imaginamos. Saímos de Salvador pouco depois de meio dia da segunda feira antes do carnaval e começamos a nossa aventura, que incluiu uma escala em Guarulhos e a chegada ás oito da noite em BA.
Fomos pra SP pela TAM, mas pra BA pela Lan num voo que foi o "fino". Imaginem que, por engano, nos botaram na primeira classe e como passamos bem. Nunca tinha viajado assim e só percebi quando a mulher fechou a cortina detraz da gente. Depois tome-lhe vinhos, chocolates e lanches. Bastava acenar que a aeromoça já estava em cima. A certa altura(não do avião) fiquei com medo de que nos botassem pra fora e nos cobrassem tudo aquílo. De sorte que suei frio quando veio a banquinha dos frees e o pessoal com a maquininha nas mãos.
Mas chegamos até Ezeiza sem nenhuma cobrança. Lá já estava o Henrique, da empresa de taxi do Marcelo, nos esperando pra fazer o transfer até o Gran Hotel de la Paix na Avenida Rivadavia. Gostei do serviço pois o cara fala um portunhol legal e, ainda por cima, dirige sem pressa de voltar e pegar outros passageiros. Depois de jogarmos nossas malas no quarto, ainda deu pra sairmos pra noite buenosairesiana.

                                              Buenos Aires sempre é diferente!

Mas a emenda saiu pior do que o soneto. A cidade está bem mais cara da que desfrutamos em 2010, e até o atendimento da Pizzarias e Café Avenida não é mais o mesmo. De bom só ficar pertinho do hotel, na medida em que a Avenida de Mayo corre paralela á Rivadavia. Pagamos 135 pesos por uma Pepsi, agua, tortila de vegetais, e uma empanada pra lá de ruins.
Depois dessa má experiência foi só voltar para o hotel e colocar a nossa caixa de e-mails em dia. O hotel só tinha um computador, mas, como a grande maioria de viajantes possui lap top, reduziu bastante a concorrência para o uso destas máquinas. Nós usamos uma e outra, tanto apelando pro computador, que ficava perto da recepção, como o lap top de Cybele no quarto. Foi assim que pelo menos pudemos ficar antenados com o que estava se passando no Brasil.

                                           Fomos de novo no Museu dos Beatles!

Na terça feira revimos nossa amiga Diana Tasaki e fizemos programas frugais. Ela nos deu várias dicas e ficamos de jantar na semana. Passamos nos camelôs que ficam na Calle Peru e, de quebra, nas banquinhas de artesanato que ficam na La Manzana de las Luzes pra procurar a anciã Elmasa Alcade, que já com 88 anos continua no batente desenhando e escrevendo poesias.
Cybele não comprou nada. Aliás, a exposição estava o maior paradeiro. Enquanto estivemos lá não vimos um só turista, quanto mais os argentinos. Mas, como ela não vai todo dia, só a encontramos no final da nossa estadia quando trocamos figurinhas. Cybele deu-lhe uma fita do Senhor do Bonfim e ela um de seus desenhos.
   Os argentinos gostam mesmo de frequentar restaurantes!

Depois batemos ponto na Plaza de Mayo onde achamos o Cabildo novamente fechado e trocamos dólares no Banco de la Nación, e, sabem como é que é, como já estávamos perto, acabamos batendo pela milésima vez em Puerto Madero. Nosso objetivo ali era ir em um dos poucos restaurantes que ainda não conhecíamos, o italiano Bice, e conhecer o lado Este do bairro, que havia se desenvolvido extraordinariamente desde a nossa última vinda.
Para encontrar o Bice tivemos que andar quase que o bairro todo, e, na porta do restaurante, a maior decepção...caro de doer. Rapaz, acho que deve ser só pra turista! Como a fomo já tinha batido tentamos entrar num novo restaurante peruano, filial do que fomos em Lima, mas também era caro, de sorte que só nos sobrou o trivial, ir pela terceira vez no La Parolaccia. Em compensação, a comida boa e o atendimento de sempre.  

                                          E o carnaval da Bahia rolando solto!

As novidades ficaram pra depois do almoço, onde visitamos pela primeira vez a fragata que fica de bandeira por ali, cruzamos a Ponte da mulher, e tentamos achar alguma coisa interessante do outro lado. Me desculpem meus irmãos argentinos mas só encontramos ali um bairro residencial de mau gosto, com prédios altíssimos, shoppings e restaurantes.
Como estávamos a pé que não visitamos os parques, mas do que podemos ver no passeio de uma hora só se salvou um moinho que soubemos depois que guarda uma exposição de arte. No fim da tarde ainda deu tempo pra comprar uns livros(um dos meus divertimentos prediletos em BA)e voltar pro hotel pra nos prepararmos para o programa da noite.

                                              Saudades do Elevador Lacerda!

Era a Jazz & Pop da Rua Paraná onde iriam tocar dois grupos de jazz desde as sete e meia. Foi outra caminhada desde o hotel mas valeu a pena, não tanto pela estrutura do local. É uma espécie de bar acanhado e cheio de mesas, com comida pouco agradável e bebida quente, mas muito bom de jazz.
Durante a noite apareceram lá umas vinte pessoas, de sorte que não deve ter dado pra pagar um cachê decente para os músicos cobrando uma entrada de quarenta pesos. A boa surpresa ficou para o número de músicos que tocou. Ao invés de um trio se apresentaram uns quatro e a maioria conhecia do riscado destacando-se não tanto por tocar standards mas pela improvisação. Não esperamos o quinteto pois minha parceira ameaçava dormir e pegamos outra longa caminhada para o hotel.

                                                   Pô, agora é fora Renan!

Na quarta, enquanto começava o carnaval de Salvador, aderíamos ás compras em Buenos Aires. No início foi devagar, pegamos a Avenida de mayo novamente e fomos para a direção da Calle Florida, onde compramos mais um livro, uma agenda e uma blusa. O almoço foi por lá mesmo, no El Palácio de las papas fritas, na Lavalle, que não recomendo aos meus leitores. Talvez tenhamos tido o azar de escolher mal(um espaghetti e um bife á milanesa)mas, com exceção da simpatia do garçon não se salvou nada da visita.
À tarde, dediquei aos programas diferentes. Havia lido em uns blogs que pesquisei, a delícia que era passear em Palermo Hollywood, de sorte que levei Cybele de surpresa para lá.  Mas as coisas não funcionaram como eu previa. O lugar é aprazível, com bares e restaurantes, lojinhas  ultra legais, e naquele horário não circula muita gente. Tudo pra fazer um belo programa, certo? Errado!

                                          O futebol argentino continua "pegado"!

Minha companheira, que não fazia a conversão do peso, achou as coisas caras e andamos, andamos, e...acabamos não comprando nada. Pra não perder totalmente a tarde acabamos piorando as coisas. Não achamos uma galeria de arte na Rua Gorreti, e descobrimos que o excelente Club del Vino tinha fechado e seu terreno agora era uma construção.
Como nada dava certo fomos para o hotel curtir outras trapalhadas. O Vitória jogava neste dia com o América de Natal pela Copa do Nordeste, e eu não tinha vontade de sair. Monopolizei, então, o lap top de Cybele e assisti todas as resenhas antes do jogo. Resultado...acabou a bateria e, como a tomada do hotel era de três bicos, não encontrei na recepção uma condizente. Assim, só no outro dia descobri que meu time havia empatado de um a um em casa com os natalenses. O jeito nesse dia foi mergulhar na cama pra deixar de curtir tanto azar.



sábado, 2 de fevereiro de 2013

Nem lobisomens nem feijoadas

                      Ah esses Beatles tem em todo lugar!

Quando eu estava na Escola de Música da UFBA, tive dificuldades em colocar o nome em uma peça que havia composto. Procurei, então, um colega muito criativo e lhe pedi sugestões, ao que ele me respondeu de inusitada maneira:
- A peça trata de tambores?
- Não.
- E de clarins?
- Também não.
- Então está resolvido, vai se chamar “Nem tambores nem clarins”!
                                         Agente encontra de tudo na Rivadávia!

A partir daí, toda vez que me faltava inspiração pra botar títulos, me lembrava dessa história. E, como hoje bateu o problema arranjei esse título aí em cima, pois não fala de nada disso. Na verdade vou tratar de assuntos variados.
Como todos os meus leitores do exterior já sabem, começou o maior campeonato do mundo, a Copa do Nordeste. Não sei por que não terminam logo com todos esses torneios estaduais chinfrins e organizam logo um grande campeonato do Nordeste. Deve ser que o povo não poderia passar sem o Campeonato Paraibano ou Alagoano. Seria mesmo o fim da picada. Poderia mesmo dar até margem para tragédias e calamidades piores do que a da tal Boite Kiss. E a gente não iria queimar só espuma não!
                                        É demais ter carnaval até na Argentina!

Ah, outra coisa, não adianta a oposição ficar contestando, a decisão da CBF do campeão da copinha ganhar uma vaga na Copa América não é mais do que uma obrigação. Afinal, que torneio poderia ser mais importante do que a Copa do Nordeste?
Se for feito um balanço da copinha até agora tudo vai a mil maravilhas. Decorridas quatro rodadas só quem não tem mais chance de classificação são Campinense e Feirense. Os outros quatorze estão todos na dança, inclusive a dupla BA-VI. Esta, embora tenha começado o returno de mal a pior está na liderança de suas chaves.
                                     Agente encontra até o leão na Calle Florida!

É verdade que o esquadrão vai as duras penas. Venceu o Itabaiana de Sergipe por 3 X 2, empatou com o ABC de Natal por 1 X 1, e ganhou do Ceará pelo escore mínimo. No returno, porém, caiu pra este por dois a um. Já o Vitória está melhor. Ganhou de 2 X 1 do América de Natal, enfiou cinco a um no Salgueiro e 2 X 1 no Asa. No entanto, quando chegou a Arapiraca para o returno amargou uma derrota de dois a zero.
Mas qual a razão da instabilidade da dupla? Eu acho que é o futebol sazonal que se pratica aqui. Como esses campeonatos não dão dinheiro e a bunfunfa só vai entrar a partir de maio com o campeonato Brasileiro, as diretorias ficam enrolando os torcedores, adiando contratações, o escambau. Aparecem na mídia mais pelo número do que a qualidade das contratações. Os bajuladoras de plantão só informam que o Bahia contratou nove e o Vitória doze, mas pouco falam se isso vai resolver seus problemas.
                                          Tinha mais gente que na Boite Kiss!

O jogo contra o Asa, por exemplo, mostrou que o Vitória precisa urgente botar pra jogar os seus reforços, principalmente os estrangeiros, e ainda abrir o cofre para novas contratações. É certo que Renato cajá tinha razão, que Arapiraca não é lugar onde se jogue, e que o campo mais parecia a Lua de tanta cratera. Mas isso não é desculpa. As bolas que foram pro gol não foram tão difíceis pra que Deola tomasse. Acho que o time está precisando de um novo goleiro.
Na lateral ninguém tem se fixado, é tanto assim que já despacharam dois. O Nino se recuperou agora de contusão, e cadê o tal do Marcos que não estreia? Os zagueiros deixam a desejar. O melhorzinho é o tal do David que veio do santos, mas mesmo assim não é lá grande coisa. Gabriel continua o mesmo do ano passado, uma m... E pra que contratar os tais Fabrício e Cardoso se não aparecem? Ouvi falar que renovaram o contrato de Victor Ramos, graças a Deus, pois estávamos precisando!
                          Nova mesa do Senado comemorando a vitória de Renan!

Na lateral esquerda só tem Mansur que até que é talentoso. Assim fica difícil aguentar campeonatos longos. A entrada da área mais parece essas boites de tão cheio de gente, uma pena que não tenham só uma porta pra não escapar ninguém. Em matéria de volantes o rubro negro está pra lá de mal servido. O pessoal só faz abrir a porta pros atacantes passarem. Tenha a santa paciência!
Desculpe-me Michel, mas já é sua hora de parar com o futebol. Rodrigo Mancha depois da contusão não recuperou seu futebol. O resultado é que nem sobe nem protege a zaga. E que dizer de Fernando Bobo que já deveria, há anos, ser devolvido para o Fluminense do Rio de Janeiro? E ainda há Mineiro, com aquele futebolzinho acanhado, e os vindos do Sub-20.
                                     
                                                
                                           Me disseram que é complexo de falo!

Só temos atualmente dois meias. Escudero, que chegou agora, graças a Deus, e Renato cajá, que é o único que entende do riscado. Ainda bem que mandaram Artur Maia pastar lá em Joinville, ninguém aguentava mais essa “eterna promessa” que nunca se concretiza a não ser nas divisões de base.
Mas, pior do que a defesa só o ataque. Imaginem que temos por lá uns setecentos jogadores. Marquinhos só aparece quando está a fim de jogar. Joga duas partidas e fica fora de quatro por contusão. O Maxi, que é primo de Messi (não dá pra fazer uma troca?) ainda não deu o ar de sua graça. Leilson e Willie estão contundidos, assim como Dinei.
Alan Pinheiro agora que está subindo do Sub-20, Lucio Maranhão não disse pra que veio, e Marcelo Nicácio, depois da garantia de que não ia ser emprestado, parou de fazer gols. Assim também é demais também! Eu acho que o leão só está em primeiro no grupo pela absoluta falta de talento dos demais times.
                                Tomara que tenhamos surpresas em Buenos Aires!

Daqui pro fim do carnaval vai se ver quem tem farinha no saco e chega ás oitavas de final. Aí a coisa vai ferver mesmo. Tomara que a turma do come e dorme possa estrear, pois com esse time não vamos a lugar nenhum, a não ser que disputemos o título contra o Salgueiro.
Aqui em casa vamos aproveitar o carná pra dar uma esticada em Buenos Aires. Já é a quarta vez que vamos lá. Sempre gostamos muito. Esse negócio de falar mal de argentino é coisa de quem não tem o que fazer e está mais pra repetir o que os grandes comerciantes brasileiros, que sempre estiveram de olho nos negócios do Rio da Prata.
                                                Ah ferias, chega de escrever!

Mas o problema começa mesmo quando você pensa no que vai fazer num país aonde vai tantas vezes. O pior é que Buenos Aires concentra boa parte das atrações urbanas do país, ficando longe de outras cidades interessantes. Na última vez tentamos ir a Santo Antônio de Areco e nos demos mal, pois estava quase tudo fechado num sábado. Mar Del Plata nem pensar, pois é longe paca. Pensamos também em ir a Rosário, mas fica a quatro horas de viagem. Se formos temos que acordar na madruga, chegar lá meio dia, almoçar e voltar cinco da tarde, não dando pra fazer nada, a não ser ir à casa do meu ídolo Che Guevara.
Mas, acreditem se quiserem, consegui fazer um roteiro para nove dias em Buenos Aires. Vamos chegar tarde da noite, mas Buenos Aires não é Salvador e os restaurantes funcionam até tarde na segunda feira de sorte que achei uns três restaurantes próximos do Gran Hotel de La Paix, ali na Rivadavia e, pertinho, na Avenida de Mayo, dois espanhóis e um italiano.
                                                           Adeus carnaval!

Na terça feira vamos passar o dia no Lado Este de Puerto Madero que ainda não conhecemos. Só não sei onde vamos almoçar, pois já estou careca de conhecer os restaurantes do bairro. Já fomos a uns quinze. Como soube que também existem uns no Lado Este talvez seja o caso de experimentar. De noite, como não poderia deixar de ser a onde é o Notorius Club, onde além de ter boas comidinhas, é o principal endereço de jazz em BA.
Na quarta pretendemos fazer um passeio por Palermo, desde o Soho até o Hollywood. Fomos antes, por duas vezes, mas nunca percorremos com calma suas ruas, entramos nas lojas legais que tem lá, e frequentamos seus restaurantes. Soubemos que cada vez mais se transforma no hit da cidade. E ainda sobre, de noite, pra assistir os shows de jazz no Thelonious Club.
                          Mas quem sabe eu saio fantasiado numa murga argentina?

Na quinta estamos programados pra ir a alguma excursão alternativa. É que os portenhos imaginaram todo tipo de turismo. Tem agências que fazem passeios com bicicletas e outras aonde se vai a pé mesmo. E se você quiser pode ir só a cafés, em shows de tango, em igrejas, cooperativas, parques, o diabo. Isso é bem diferente dos habituais roteiros de Salvador. Só não me peçam para ir ao Tigre. Já fomos duas vezes e não aguento mais olhar para o Cassino e os canais. E, de noite, vamos conhecer o Virasoro Bar, que dizem que tem uma musica muito boa.
Na sexta vamos ao Cabildo, que escapou das nossas milhares de idas á Plaza de Mayo. Na verdade, vimos por fora, mas nunca entramos, tomamos alguma coisa no seu café, e curtimos. Estamos agendados pra almoçar no Broccolino, um dos 334 restaurantes italianos de BA. Olhem que já fomos nuns cem, mas esse ainda não fomos. À tarde nos vamos rever o Museu dos Beatles que fica na Avenida Corrientes 1660, pois é uma visita imperdível a coleção que existe lá.
Ali perto vamos experimentar os famosos sorvetes dos argentinos e comparar com os também famosos de Paris e Firenze. Mas, aqui pra nós, não achei nenhum melhor do que os de Belém do Pará. Ainda vai sobrar um tempinho pra terminar a noite na “Livraria” Clássica y Moderna onde você pode assistir uma boa música.
                                              Ah, comer em Buenos Aires!

Sábado é dia de gozar da feijoada, regada á musica popular brasileira, do Notorius Club, mas, antes dela, iremos ao único museu em que não pisamos os pés, o Judeu. Como não podia deixar de ser, a tarde está reser5vada para um passeio ao bairro de Recoleta, onde vamos tentar encontrar o centro Cultural aberto, dar um pulinho no Café Biela, e assistir as apresentações de rock que tem nos jardins do bairro nos fins de semana.
E a noite, não tem nem conversa, está reservada para uma ida ao Café Tortoni, com direito a show e tudo. Você pode até dizer que é um programa cafona, mas para nós, desde a primeira vez que pisamos em BA, esse é um programa sagrado. Em que lugar se vê tão boa musica, dão o nome dos países presentes e se encontra um dançarino subindo pelas paredes?
                               
                                     Ultimamente o nível de vida está piorando por lá!

O domingo, como sempre, está reservado para San Telmo onde minha mulher não perde a chance de encontrar uma promoção. Na volta vamos matar as saudades revendo alguns cafés, o Giralda, da Avenida Corrientes 1453, a Confiteria Ideal, na Suipacha 384, e, se der tempo, comer uma empanada na San Juanino. Disseram-me que hoje já há outros concorrentes (o La Americana, por exemplo), mas se forem muito boas só irão empatar com a deles. E descobri na internet que há também boa musica no domingo, onde poderemos escolher o Jazz & Pop (Paraná 340) e o Café Vinilo (Gorriti 3780).
Até aí morreu Neves, pois começa o tal carnaval de BA. Vocês sabiam disso? É que os Kirschners resolveram imitar o Brasil e acabaram com as delícias de passar todo o carnaval sem concorrência. Eu li na internet que há uma série de blocos (murgas), tal como existe no Uruguai, que desfilam na segunda e na terça.  Pô, o jeito é dar uma olhada, mas não estamos muito a fim. Tomara que tudo fique aberto, senão o jeito é encher o meu saco acompanhando minha mulher aos shoppings, almoçando por ali mesmo. Mas pelo menos vai rolar a programação de jazz que já confirmei.
                                           Será que ninguém lembra disso?
No mais é desfrutar da saideira e acordar as oito da madrugada para arrumar a mala e voltar pra terrinha. Mas não adianta nos procurar nesses lugares, pois minha mulher gosta de surpresa e pode, por exemplo, mudar todas as datas, trocar os restaurantes e passeios. Eu só tenho liberdade mesmo de escolher o jazz.