domingo, 8 de maio de 2011

Jason na Bahia


Os torcedores do São Paulo FC deram agora pra chamar seu time de Jason. Isto é mais um episódio de republicanização de nosso futebol. É que o nome do time foi dado não só em homenagem ao estado, mas também ao apóstolo que, inclusive, é o próprio mascote do time. Parece que a trajetória do clube que tem mais conquistas no Brasil (se desconsiderarmos o ”ranking” da CBF) deu lugar ao novo apelido. Senão vejamos. O São Paulo “mata” os adversários que encontra no caminho, e, mesmo atingido por todo tipo de intempéries, acaba renascendo das cinzas e conquistando títulos.
Mas, o novo apelido acabou homenageando personagens que foram um hit do horror norte-americano nos anos oitenta.  Ontem mesmo me lembrei do São Paulo. É que assisti Freddy VS Jason e percebi muita relação entre os dois. Pô, mas como Jason sofreu. É bem verdade que matou e assustou muita gente, mas no final, foi atropelado por um carro de cimento, tomou facada, Freddy o atravessou com suas unhas, e, pra completar a heroína do filme ainda cortou a sua cabeça e incendiou e fez explodir os dois (tal como a Fonte Nova) jogando-os no mar. Ora, não é que o São Paulo, digo Jason saiu da agua inteirinho, antes dos créditos do filme, como se nada tivesse acontecido?
                     Vejam quem é mais feio esse ou Jason?

Bem, a primeira vez que Jason, digo o São Paulo, veio a Bahia, foi em novembro de 1937. E olha que depois de um monte de equipes de São Paulo virem jogar aqui desde a década passada. Mas foi um Jason falso, tal de São Paulo Atléthic. Aliás, dizem as más línguas que foi Freddy e não Jason. Os baianos que não conheciam nenhum dos dois acabaram levando “alhos por bugalhos”.
O campo da Graça viu aquela coisa horripilante com as unhas afiadas, mas, enquanto Freddy corria ia tomando gols de tudo quanto é forma. Perdeu pro Bahia (4 X 5), foi humilhado pelo Ypiranga (0 X 7) e Galícia (1 X 4), e, de saída ainda apanhou de Botafogo (1 X 2) e, de novo, do time da colônia espanhola (3 X 4). Foi uma verdadeira desmoralização para Freddy que nunca se esqueceu disto.
Tanto que voltou dez anos depois, quando já tinha acabado a guerra. Vocês sabem, Freddy é muito valentão, mas na hora da guerra ficou enfurnado em São Paulo e não teve quem conseguisse uma excursão sua! Mas em outubro de 1947 deu o ar de sua graça no campo do mesmo nome.
                                                        Freddy era torcedor do Vitória!

A sua estreia, porém, foi desastrosa. É que o pessoal já estava mesmo pensando que Freddy era Jason. Este ficou tão irritado com a confusão que acabou perdendo para o tricolor por sete a dois. Mas, quatro dias depois, botou as unhas de fora numa revanche que ganhou de dois a um. Aí não aceitou mais nenhum jogo indo correndo embora saboreando o triunfo.
Mas o Jason de verdade, digo o São Paulo, “se achava”. Só veio na Bahia quando construíram um estádio á sua altura. Aportou aqui em abril de 1954 encontrando uma surpresa. Todo mundo pensava que ele era Freddy. Teve que ir á imprensa, o diabo, pra mostrar que não era falsificado. Mas foi na hora do jogo que os baianos viram o que era horror, quando Jason ganhou de dois a um do tricolor que seria campeão baiano naquele ano.
Jason passou uma semana em Salvador. Aproveitou o medo dos baianos pra não pagar nada enquanto aqui esteve. Foi até num baile á fantasia na Associação Atlética (que já não tinha mais “agá”). Deu-se mal, no entanto, com o acarajé e a moqueca baiana, que não tem Jason que aguente. O resultado é que não conseguiu ganhar nem do Ypiranga (1 X 1) nem do Vitória (0 X 0).
                                                      Apareceu logo um Jason baiano!

Só voltaria a Salvador em janeiro de 1958, pra jogar com o tricolor baiano. Mas não informaram a Jason que o jogo seria antes do carnaval e aí nem se importaram com seu aspecto horripilante. É que naquele tempo as mascaras campeavam na festa, e ainda havia lança perfume, de modo que “botaram ele no bolso” e ganharam de três a dois. Depois não teve mais agenda, pois vieram o mosqueteiro paulista e o pó de arroz carioca.
Jason, digo o São Paulo, viria a Salvador no ano seguinte, mas desta vez depois do carnaval, em agosto, mês das tragédias. Desta vez o reconheceram e ficaram com medo colocando um regimento da PM pra fazer a segurança da Fonte Nova. Aí, quando Jason apareceu na saída do túnel “caíram de pau” no coitado. Foram assim os dois jogos aqui contra a dupla BA-VI e o de Aracajú contra o rubro negro. Quando o time atacava oi pessoal dava tiro, os cachorros lhe arrancavam os pedaços, mas mesmo assim Jason empataria as três partidas.
Jason ficou magoado com o tratamento. Mas, como gostava de apanhar, voltou á Fonte Nova durante a disputa do finado “Robertão”. Aliás, ele sempre gostou de campeonatos que iriam “morrer”. No primeiro ano pediu pra que colocassem a Bahia, mas a CBD não deu ouvidos. Mas no segundo ano foi atendido, caindo na chave do tricolor baiano. Mas pra chateá-lo só colocaram o jogo na última rodada, quando ambos não aspiravam mais nada.

                                              Vejam como é bonitinho o antigo simbolo!

Assim, foi o próprio Jason que mandou Freddy, em trinta de novembro de 1968, fazer aquele jogo onde perdeu de dois a um. Mas o “unha grande” deu tanto azar na reaparição que, apenas doze dias depois, saiu o AI-5. Nossa! O próximo jogo por este certame foi no dia das crianças do ano seguinte. Aí Jason veio pessoalmente. Fez a maior média com os baixinhos que se afeiçoaram ao monstro, e acabou vencendo o tricolor por três a dois.
O Brasil mergulhou numa época de horror que fez a cara de Jason “fichinha”. Ninguém tinha mais medo de monstro, mas com coisas muito piores que ocorriam nos anos de chumbo. Assim, nem precisou recursos extra campo pro tricolor baiano ganhar, em três de outubro de 1970, do desrespeitado Jason pelo escore mínimo. Aí ele tanto fez que acabou “matando” este torneio que havia substituído o Rio-São Paulo.
O último jogo não oficial do velho Jason seria em seis de junho de 1973, e de novo contra o Bahia. Apesar de ser amistoso voltou toda a sacanagem com o coitado que apanhou de dar dó. Teve que se trancar na defesa pra garantir que não houvesse gols na partida. Eram novos tempos. Começavam os filmes de horror e catástrofes em Hollywood que o fariam famoso.

                                                     Esse é o verdadeiro ou o falso?

Enquanto isso no Brasil acabavam os torneios de “meia tigela” e se organizava um verdadeiro campeonato brasileiro. É bem verdade que com muitos “monstros”, alguns mais aterrorizantes que o próprio Jason, como Rio Negro (AM) e Moto Clube (MA). Nessa época os camelôes de Salvador começaram a vender máscaras de Jason. Mas, mas isso é assunto para outra postagem.

·    Agradeço ao site Futipédia, ao Almanaque do Futebol Brasileiro, e aos blogs sonic.wikin.com,dvdlurcyreviews.com,assineviatv.com.br e starstore.com.

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