Só pulando mesmo com tanta bobagem!
Gente é em tempos de crise que vemos o quanto nossa “democracia” é saudável. Enquanto as grandes potencias ocidentais intervém na Líbia para “impedir o massacre do povo” a Inglaterra resolve mostrar que tudo depende da conveniência. Até a postagem desse artigo já matou quatro e prendeu mil e quatrocentos manifestantes. Quem diria que os sérios ingleses iriam intervir na internet e controlar até as comunicações por celular? Já o presidente do Chile mandou dizer aos estudantes que “nada é de graça, alguém sempre tem que pagar a conta”. Oh seu Pinera, mais ainda mais do que o cidadão paga? Daqui a alguns dias ele vai privatizar até a polícia!
Mas o Brasil não podia ficar atrás nesse festival de besteirol democrático, e graças à nossa querida presidenta! Foi por isso que ela criticou a Polícia Federal pelo “uso indevido“ de algemas contra próceres do PMDB como o baiano Colbert Martins Filho. Quer dizer, a polícia pode usar algemas à vontade desde que não seja nos amigos e aliados de Dilma. Já a quadrilha de Ricardo Teixeira parou um pouco de roubar o dinheiro da Copa de 2014 e decidiu tirar o sofá da sala. Ao invés de botar o treinador Mano Menezes pra fora mudou a programação da seleção cancelando os jogos contra Espanha e Itália substituídas pelo Gabão, Costa Rica e outros bichos. Assim, pode ser que ganhemos de alguém.
Perto desse pessoal Rildo é fichinha!
É por isso que resolvi homenagear nossos políticos falando de um tempo de faz de conta, a primeira década do futebol oficial da Bahia. Como já contei aqui neste blog, os baianos só perdem para os paulistas na condição de pioneiros da bola, iniciando seus campeonatos em 1905.
Mas ninguém sabe como é que foram jogados. No primeiro ano só houve quatro clubes pra jogar. O Vitória teve que “rachar”, com uma parte dos sócios criando o São Salvador, e tiveram que aceitar que até os ingleses que moravam na Bahia fizessem um time. Foi assim que organizaram o tal primeiro “campeonato” que só teve seis jogos em cada turno e foi ganho... pelos estrangeiros!
No segundo ano parecia que as coisas iriam melhorar, afinal apareceu um time novo, o Santos Dumont. Os demais, porém, nem queriam saber do campeonato, que maldade! E, mesmo assim, ainda não foi a vez do Vitória. Imaginem que o Bahiano entrou em crise no meio do certame e resolveram anular os jogos dos ingleses. Aliás, é claro que pegava mal os estrangeiros ficarem ganhando todos os anos o “campeonato” baiano! O resultado é que só foram válidos doze jogos e o “racha” do rubro negro é que acabou levando o caneco. O leão foi vice.
Será que era uma imigrante na Inglaterra!
Tentaram a todo custo mas não acharam mais ninguém pra disputar esse pobre certame em 1907. Mas, sabem como é, tinham que concorrer com os paulistas, e agora também com os cariocas que, desde o ano anterior, organizavam também o seu campeonato. Aí foi com quatro clubes mesmo que fizeram o “certame”, na verdade um torneio de várzea pois era jogado nos largos do Campo da Pólvora e do Rio Vermelho.
Foi nesse ano que os baianos resolveram dar uma “mancada” geral. Ninguém entendia os escores dos jogos. O jogo inaugural terminou Santos Dumont 4 Bahiano 0. Parecia que haveria um sério concorrente na disputa do “campeonato” mas eis que este cai, uma semana depois, por 4 X 2 para o São Salvador. A verdade é que o SC Bahiano havia virado “saco de pancadas” e em apenas 8 dias apanhou de cinco do Vitória e de oito do São Salvador.
Parecia que o “certame” iria ficar, mais uma vez, entre o antigo corpo de associados do Vitória, mas, na próxima rodada, eis que o decano empata bisonhamente com o Santos Dumont, e, logo depois, é derrotado no primeiro clássico pelo São salvador que dispara na frente.
Se Raul fosse vivo arrancava os cabelos!
O segundo turno começar auspicioso, com o Vitória arrasando o baiano por seis a zero enquanto o São Salvador só consegue vencê-lo de forma suada pelo escore mínimo. Mas, logo depois, o leão empata de novo com o Santos Dumont que, ganhando logo após o Bahiano (4 X 1) passa a disputar o segundo lugar com o rubro negro.
O torneio, digo campeonato, então pega fogo no final, com o São Salvador com 8 pontos, o Vitória com 6 e o Santos Dumont com 5. Os jogos restantes envolvem o São Salvador, que pega primeiro o Vitória para depois enfrentar o Santos Dumont. Uma vitória do leão embolaria todo o “certame” que pela primeira vez, desde que começou, teria alguma emoção.
Até que o Vitória deu testa ao São Salvador, naquele que era o primeiro clássico do futebol da Bahia. O jogo foi “pau a pau”, lá e cá, mas no final o empate de dois a dois eliminaria as chance4s do Santos Dumont. O São Salvador ficava com nove pontos e o Vitória com sete. E o certame dependia da sua partida final.
Foi Benazzi que inventou o jogo "ofensivo" com três volantes!
A partida final, porém, demorou quinze dias. Não faltaram as más línguas pra dizer que o clube que antecedeu o pai da aviação “abriria” o jogo. Quem dizia menos falava que este não teria interesse no resultado. Seja como for, ninguém nunca vai saber o que pensaram os jogadores-aviões que perderam a partida final por dois a um. O Vitória seria “bi vice”, e o São Salvador o primeiro bicampeão da história da Bahia.
Essa situação não poderia continuar e aí a direção do rubro negro “jogou duro” pra tentar ganhar o seu primeiro “campeonato”. Ninguém acredita como foi. Logo antes de começar o “certame” o baiano desistiu. Não dava pra continuar passando o vexame que lhe levou no ano anterior a não ganhar nem um ponto sequer.
Aí só ficaram três clubes. Todo mundo então entrou em desespero. O São Salvador, pois queria ser “tri”, o decano, pois queria ganhar alguma coisa, e a liga, pois queria ganhar dinheiro. Tentaram de tudo pra arranjar mais algum clube. Atreveram-se até a pedir ás colônias inglesas e paulista (veja só!) pra que organizassem um time pra disputar o “campeonato”. Mas ninguém estava nem aí pro campeonato baiano que naquele tempo ainda era com “h”.
Ainda nem existia Lady Gaga!
Aí foram eles mesmos fazer o menor campeonato do mundo, menos até que a extensão do metrô da Bahia que é de seis quilômetros e não conseguiu terminar depois de 26 anos. A estreia foi uma lástima. Imaginem que o clássico Vitória X São salvador não foi realizado pois o bicampeão não apareceu pois perdeu o transporte para o Rio Vermelho. Quando a equipe chegou os jogadores rubro negros já tinham ido embora correndo pois ganharam de WO.
A direção do São Salvador ficou “puta da vida”, e mais ainda quando o Vitória ganhou do Santos Dumont por 2 X 1. O dia 12 de julho seria a verdadeira decisão para o São Salvador que jogaria o clássico contra o rubro negro. Desta vez seus jogadores saíram cedo de casa e chegaram ao campo antes sequer que o galo cantasse.
Talvez por isso tenham pedido para o decano pelo escore mínimo, que assim deu um passo decisivo para a conquista do seu primeiro “campeonato”, sacramentado com a vitória sobre o Santos Dumont por dois a zero. O São Salvador então se desinteressaria do “certame” perdendo pro Santos Dumont por quatro a zero e por WO. O Vitória assim conquistaria seu primeiro “campeonato”, numa época onde as brigas constantes entre os nossos clubes só deixariam que houvesse (pasmem!) quatro jogos!
Ninguém queria nada com a liga!
No ano seguinte foi a mesma coisa. Ninguém novo quis aparecer na conturbada liga que era movida pela concorrência entre o Vitória e o São Salvador. Foi assim que o Vitória pode ser bicampeão invicto. A sua vitória foi construída no “primeiro turno” onde venceu o clássico contra o São Salvador (3 X 1) e, logo depois, o Santos Dumont (2 X 1) saindo disparado na frente de um “certame” que só tinha três clubes. A derrota do São Salvador para o Santos Dumont fez com que aquele julgasse que o “certame” já estava decidido. Assim, entregou os pontos para o Vitória não comparecendo mais uma vez ao jogo. O Santos Dumont endureceu o jogo contra o leão que acabou no empate em um gol. Aí não podia mais aspirar ao título.
No ano seguinte conseguiriam enfim convencer a colônia paulista a inscrever um clube, o São Paulo Athlétic (que vergonha!), e aí, mais vergonha ainda, na medida em que aumentaram os clubes o rubro negro não conseguiria ganhar mais nada. Esperaria por 44 anos, refugiado no amadorismo, que houvesse outra moleza destas pra voltar a ganhar títulos. Brigou com a liga, voltou, saiu de noivo, mas nunca mais voltou a ter só três times num “campeonato baiano”! Aliás, está no Guiness Book, é o único grande clube do mundo que levou 44 anos sem ser campeão.
· Agradeço ao site RSSSF Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário