domingo, 6 de janeiro de 2013

Ah, enfim, férias!

                                           
                                              A Casa Rosada é parada obrigatória!

Tem coisa melhor do que tirar férias? Quando me aposentei tive um dos melhores tempos da minha vida. A primeira mudança foi não ter mais hora pra acordar... nem pra dormir. Ah que tempo bom. Toda semana escrevia duas crônicas pra meu blog e, ainda de quebra, gravava um vídeo na TV Servidor. Adiantei dois livros, um sobre a Fonte Nova e o outro sobre minha estadia na terra dos Beatles.
Mas não contava com os problemas que vivem os aposentados. O primeiro é você se aposentar sozinho e a mulher continuar trabalhando. Não recomendo pra ninguém. É motivo certo de incompreensões.  Primeiro são as férias que você pode tirar e ela não. Discutíamos muito pra ela usar suas licenças-prêmio pra viajarmos umas quatro vezes por ano, pelo menos.
É que em 2010, como funcionário federal, achava que tinha me aposentado muito bem. E queria torrar o dinheirinho do PASEP e do FGTS que tinha levado. Mas não fiquem de olho não, pois não foi muita coisa. Além do mais esses bancos oficiais são o fim da picada. Quando fui ao BB pegar meu PASEP, depois de esperar duas horas pra mostrar o Diário Oficial com a concessão da aposentadoria e outros bichos o cara disse que eu não tinha direito á nada. Falei, estrebuchei, e voltei para a UFBA pra saber o que tinha acontecido.
                                   
 E lá me disseram que aquilo era um absurdo e que eu fosse lá de novo reclamar do gerente. No outro dia mais duas horas de espera e fui bater em outro funcionário, justamente na carteira ao lado do que tinha me atendido no dia anterior. Mostrei a ele os documentos e aí ele entrou naquelas telas que só eles têm o direito de acessar e viu que... havia quatro mil e cem reais na minha conta!
Confesso que perdi a paciência e disse a ele o que tinha acontecido no dia anterior com o cara do lado. Ele ficou sério e foi chamar o gerente, que ficou com o olhar grave também. Ao final das contas me entregaram um papel para eu receber a bufunfa depois de quatro dias. Não sei se puniram o cara, mas pelo menos eu tinha resolvido um problema.
Agora era o FGTS, e fui à CEF todo feliz, pois devia ser uma grana bem maior. Peguei a fila de sempre, mostrei os mesmos documentos, e o cara procurou, procurou, e achou... dois mil e duzentos reais! Assim fica difícil! Mas, menos do que o PASEP, não pode ser! Como eu estava desconfiado, ele me mostrou o visor, tirou cópias das planilhas e me entregou. Fui pra casa p. da vida.
                                             
                                                   Pô, não aguento mais de parrilla!

Passei a noite sem dormir anotando todas os números que estavam nas minhas duas carteiras de trabalho em todos os empregos que trabalhei na vida. Depois digitei num papel tudo aquilo e no outro dia oi eu de novo na CEF! Mas naquele dia peguei uma fila menor e o cara que tinha me atendido não estava, Foi quando descobri que tudo depende do momento, do “saco” do funcionário que lhe atende, e outros fatores conjunturais.
Quando chegou minha vez, mostrei o documento e o papel que eu tinha elaborado com as contas. Vocês acreditam que o cara passou quase uma hora olhando as contas, uma por uma, e descobriu que eu tinha... vinte mil e oitocentos reais!  Era a glória, dava pra agente dar a volta ao mundo, começando em Aracaju e terminando em Buenos Aires. Fiquei tão feliz que levei pra ele uma garrafa de vinho de presente. Tomara que não o tenham enquadrado nesses códigos de conduta que estão na moda. Mas quando chego todo feliz em casa, Cybele apreendeu o dinheiro para colocar na poupança!
Outro problema com a aposentadoria é que a mulher lhe enche de coisas pra fazer com a alegação de que você “não faz nada”. Tem que varrer a casa, aprender a cozinhar, telefonar nos aniversários dos amigos, pagar as contas na rua, e ainda fazer um monte de exames. Parece até que se está com o pé na cova.
                                                   
Além do mais é comum nas saídas com os amigos perguntarem:
- Mas você não faz nada, nada mesmo? Não ganha nem um dinheirinho pra complementar a aposentadoria?
Aí eu entendi a razão de toda essa xaropada. É que na sociedade capitalista você só é um ser considerado produtivo quando ganha dinheiro. Quer dizer, eu trabalhava mais do que estava na ativa, escrevendo livros, artigos, crônicas, dando aulas pros movimentos sociais que me pediam, orientava amigos e amigas que concorriam aos mestrados da vida, e nada disso era considerado trabalho só porque eu não cobrava!
Assim, nesses pouco mais de dois anos de minha aposentadoria, só viajamos quatro vezes, Londres, Vitória, Aracaju e Buenos Aires, adotando a política de dar uma no cravo e outra na ferradura quando começou a fazer água o dinheiro da universidade. É que sou um aposentado da era Dilma, a gerentona que arrochou os salários dos servidores com a parceria de certos sindicalistas que foram em sua conversa. Enquanto isso para os empresários tudo. Nem com FHC estivemos em uma situação tão desgraçada, quando o PIB “cresce” 1% já é coisa de se comemorar. E ela desconta toda essa situação em cima dos funcionários federais.
                           
                                             Encontrávamos com ele sempre por lá!

Foi assim que, para gáudio de meus amigos e de minha mulher, tive que voltar a dar aulas atendendo a um gentil convite de minha amiga professora Sylvia da UNIJORGE. Como sempre gostei de ensinar a coisa não ficou pesada, embora ajudasse se eu tivesse uma noitinha livre por semana.
Mas, toda essa enrolação foi só pra dizer que chegamos. Finalmente, a outro período de férias. É que no dia 17 de dezembro terminaram as aulas e começamos a planejar a nova viagem. Um imprevisto, porém, adiou a comemoração das festas de fim de ano: é que painho apresentou falta de adaptação a alguns remédios, ficou desidratado e quase sem comer, e boa parte das despesas com médico e exames caíram em minhas costas. Assim, o Money ficou curto até pra sair de férias em janeiro.
Agora estamos organizando de novo nossa viagem para o carnaval, uma vez que vamos receber nossos grandes salários no fim do mês. Mas as opções não são muito novas, pois tivemos de desistir do México, Equador e Colômbia, por serem caras, e até de conhecer Mendoza, Rosário ou Córdoba, pois já tivemos por três vezes em Buenos Aires. Do Brasil resta pra conhecer Fortaleza, São Luiz, Manaus, e o Centro Oeste, mas o problema é que todos tem carnaval.
                                         
                         Poxa já fui em todos, Senor Tango, Café Tortoni, Teatro de Piazzola...

Nesse fim de semana vamos decidir na base de contar o dinheirinho. Mas o que vai mesmo pesar na decisão é mesmo o dinheiro. No fim do ano passado uma colega de trabalho de Cybele pensou em ir pra Argentina, aí eu pensei, pela quarta vez? Mas, tendo em vista os preços dos pacotes que estão pela hora da morte acabei pensando nesta possibilidade.
Nesta última semana consultei tudo quanto é site de vendas. Não faltou nenhum, Hotel urbano, Submarino, Americanas, Viajar. Net, Decolar.com, nem as companhias de aviação TAM, Gol, LAN, Aerolineas Argentinas, etc. Ataquei também todas as agencias que eu conhecia, CVC, Pinheiro, Alcance, Lobotur, Turismar, Amaralina, Atlas e Bússola e o negócio não está brincadeira. Vocês imaginem que chegaram a me cobrar nove mil reais por oito dias em Buenos Aires!
Nem pensar em perguntar nada a esses operadores de agencias que só querem ganhar os tubos nas costas dos clientes. A coisa chega ao ponto de dizerem que os pacotes já vem blocados, ou seja qualquer alteração nele é caríssima. Quer dizer, o direito internacional de pagar pela noite extra hospedado não existe por aqui. Um deles chegou a me oferecer passar o carnaval na Síria, que estava mais barato. Aí fica difícil!
                                         
Tentamos inicialmente comprar a passagem pra fora do país por pontos do Cartão Fidelidade da TAM. Vocês sabem como funciona, né? Você faz compras o ano inteiro, viaja pra aqui e acolá, e ganha pontos esperando usar na sua viagem de férias. E o que acontece? Perto das férias a companhia aumenta os pontos necessários ou inventa um monte de normas burocráticas para atrapalhar o cliente. No caso de Buenos Aires, por exemplo, que já necessitou apenas dez mil pontos, agora são quarentinha, mas eu desgraçadamente só tenho 39 mil.
Em relação aos grandes sites depende do momento em que você entra. Meu computador está ligado há uma semana e procuro promoções a qualquer hora. É que meu sobrinho me informou que, a depender do horário, você pode ter diferenças de preços de até dois mil reais. Descobri também que a depender da data o preço pode sair mais em conta. Foi assim que fomos aumentando nossos dias de férias e, aquilo que estava em uma semana, já está até em quinze dias. Tudo isso só pra pagar menos de avião.
                                       
                         Já conheço uns vinte restaurantes de Puerto Madero!

Mas ontem baixou meu tesão. É que quando fui mostrar a Cybele minhas contas, onde o menor preço de passagens era 2.793,00 pra Buenos Aires (que não é mais aquela) ela já preferia ficar no Brasil mesmo. Chegou até a arriscar a proposta indecente de ficarmos pelo interior mesmo, até Cacheira e Canavieiras (BA) apareceram entre suas opções.
Até agora não sei pronde vamos. O negócio continua russo. Como vamos almoçar fora hoje ainda dá pra aliciar ela pra sair do país, pois nossas viagens acabaram se reduzindo mesmo ao carnaval. Quem sabe aparece um dinheirinho extra de última hora e salva a pátria?

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