domingo, 10 de abril de 2011

A maldição das almas

                                                         Sái pra lá alma penada!

Tem gente que não acredita em praga. Mas, se livrem delas, pois uma, bem feita, pode pegar. Vou contar uma que até hoje prospera na Bahia. 
Em 2001 a nossa FBF (sempre ela!) inventou mais uma fórmula esdrúxula de campeonato, naturalmente, prejudicando os clubes com menos condições. A ideia “inteligente” consistiu em liberar praticamente a dupla BA-VI do certame guardando-os apenas para a fase final. Assim, os clubes do interior da Bahia foram obrigados a passar pelo maior vexame, disputando um “campeonato”, de janeiro a março, porá classificar seis clubes pra jogar contra tricolores e rubro negros. A única “vantagem” era que o campeão estaria na decisão contra o campeão da “segunda fase”.
O pessoal dos municípios “ralou” até não mais poder, e o Cruzeiro de Cruz das Almas acabou ficando em último lugar. Os cruz-almenses, porém, jogaram uma praga pra ninguém botar defeito, quem fosse campeão naquele ano levaria muitos anos sem voltar a ganhar títulos. Pois bem, a “segunda fase” foi de dar risos. Foi o menor certame da história do campeonato baiano em cem anos, durou apenas um mês, classificando-se o Bahia pra decidir contra o Juazeiro.
                                                                   Poxa essa é fogo!

A “vantagem” do Juazeiro (campeão da “primeira fase”) ficou reduzida a nada. Tinha maior número de pontos que o Bahia, mais vitórias e mais gols de saldo, mas, mesmo assim, bastou uma simples vitória tricolor (3 X 1) na Fonte Nova pra “papar” o título. Foi mais uma vergonha dos dirigentes esportivos baianos.
Em 2002 o Bahia ainda conseguiria levar o Campeonato do Nordeste, o que foi a única coisa que conseguiria também na década.  Os demais campeonatos foi a maior “furada” deprimindo sua grande torcida. Em 2003 nem conseguiria se classificar pras quartas de final, num campeonato que seria ganho pelo rubro negro ao decidir com a Catuense. Mas pior mesmo foi a queda do tricolor para a Segunda Divisão do campeonato Brasileiro.
Em 2004 até que se classificaria, mas seria derrotado na final pelo seu arqui-inimigo rubro negro que levaria pra casa o “tri”. No ano seguinte o Cruzeiro das almas abandonaria o campeonato descrente de tudo e de todos. Deixava a dupla BA-VI na Terceira Divisão. É que a federação continuava inventando. Desta vez organizou três grupos pra disputar o certame baiano ocasionando prejuízos para vários clubes do interior. O tricolor baiano chegaria a final outra vez, até que empataria as duas partidas, mas perderia de novo o título em função da tal da vantagem (número de pontos, de vitórias ou saldo de gols) que infernizaria o clube na década.
                                             Olhem aí a alma de Cruz das Almas!
Em 2006 morreria nas quartas de final por ter dado azar de pegar o Vitória pela frente, quando perde as duas. Não deu pro tricolor, mas também não daria pro rubro negro, que perderia o penta pro Colo Colo, e está tentando compensar este ano de 2011. Em 2007, a praga dos cruz-almenses chegaria ao ápice. O Bahia tinha até montado um belo time, mas deu azar, pois o rubro negro tinha o atacante Índio que está hoje lá pela Coreia do Sul onde tem gente que visita meu blog.
Nas quartas de final os leões da Barra tiveram impossíveis, ganhando de sete do Atlético de Alagoinhas e, num jogo antológico, de seis a cinco do tricolor, quando Índio fez quatro gols, o último faltando três minutos pro fim do jogo. Na última rodada o Bahia cedeu o empate e o título no Barradão. Mas a desgraça estava reservada para poucos meses depois, quando, mesmo o tricolor subindo para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro, a Fonte Nova seria interditada em 25 de novembro quando, no jogo Bahia 0 X 0 Vila Nova (GO), cedeu um trecho das arquibancadas ocasionando a morte de sete torcedores.
E o que dizer de 2008. Ali só o sobrenatural de Cruz das Almas. A dupla BA-VI havia se classificado para o quadrangular final, com a companhia de Vitória da Conquista e Itabuna. O Vitória, porém, tinha um saldo de dois pontos de vantagem na fase anterior. No entanto, a vantagem só servia caso tudo terminasse empatado no quadrangular final, inclusive as vitórias e o saldo de gols. Vocês sabem que na Bahia é tudo diferente, até a tal da “vantagem”!
                                               Tinha alma pra "dar de pau"!
O tricolor começou empatando com o Conquista sem gols, e o Vitória ganhando do Itabuna pelo escore mínimo. Mas na segunda rodada deu o contrário, com o rubro negro empatando com o clube da terra do frio (5 X 5 e o tricolor ganhando do Itabuna (2 X 1)). E, na terceira, o Bahia despachou o Vitória em pleno Barradão, humilhando-o em sua própria casa pela maior contagem dos BA-Vis ali, quatro a um, enquanto o Conquista ganhava de dois a zero do Itabuna. Parecia que o certame estava acabado e que o Bahia havia tornado nula a profecia do Cruzeiro.
Mas só pensava isto quem não conhece as pragas das almas. O que aconteceu depois foi incrível. Como a tabela era invertida na segunda fase (mais uma coisa da FBF) os clubes que estavam em baixo subiram. O Vitória aplicou incríveis três a zero no Bahia, e o Itabuna três a dois no Conquista. Na outra rodada piorou ainda mais, com o Itabuna ganhando o Bahia de três a zero e o Conquista do Vitória de três a um.
Há anos não havia na Bahia um certame tão sensacional onde todos podiam ganhar o título na última rodada. Como a Fonte Nova estava fechada todos os olhos se voltaram para o Barradão e Camaçari. No primeiro jogaram Vitória e Itabuna, e no segundo Bahia e Conquista. O que se viu neste dia foi de arrepiar. A dupla BA-VI foi enchendo o balaio dos itabunenses e conquistenses. O campeonato seria decidido pelo saldo de gols e rádios e televisões anunciavam a toda hora gol de um ou de outro.
                                                            Veio ela em pessoa em 2008!
O Bahia precisava vencer por uma diferença de dois gols a mais em relação ao Vitória. Faltando cinco minutos estava ganhando o Conquista de cinco a zero. O jogo do rubro negro acabara com sua vitória por cinco a um. Faltando um minuto um zagueiro do Bahia conseguiu perder um gol de cara. Erro ou maldição? O Vitória levou mais um bicampeonato.
Em 2009 o tricolor baiano chegou à nova final com o Vitória. Na ocasião, mesmo com o rubro em vantagem, chegou a abrir dois a zero no placar, com Reinaldo Alagoano e Ávine, cedendo à vantagem, no segundo tempo, graças a Neto Baiano e Ramon de pênalti faltando apenas um minuto pro jogo terminar. Aí todo mundo acreditou na maldição de Cruz das Almas.
Em 2010, apesar de o tricolor ter conseguido voltar á Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro continuou sem títulos. O quadrangular final foi, mais uma vez, com a dupla BA-VI, desta vez com a companhia de Camaçari e Bahia de Feira de Santana. Mas a dupla se classificou aos “trancos e barrancos” com dois empates no “mata-mata”. Aí foram pra decisão. O primeiro jogo só deu Vitória em Pituaçu, ganhando por um à zero, gol de Junior.
                                  Nossa! Isto é uma verdadeira seleção de Cruz das Almas!
Parecia liquidado o certame, pois o tricolor teria que ganhar por dois gols de diferença em pleno Barradão. Mas o tricolor resolveu acreditar, pois não perdia há alguns anos naquele estádio.  O rubro negro poderia até perder por um gol de diferença. As coisas se complicaram pro Bahia quando o Vitória abriu o placar logo no começo da partida. Mas os leões da barra resolveram administrar a vantagem. O primeiro tempo terminou com o Bahia pressionando.
No segundo tempo, porém, foi um “Deus nos acuda”. Só o espírito das almas salvou o rubro negro, ainda mais quando o tricolor virou a partida para dois a um. A esta altura bastava um gol, e ainda faltavam dez minutos. O Vitória, mesmo em casa, estava todo atrás pra garantir o título, e o Bahia todo na frente. A bola passava de um lado pra outro na área do rubro negro e não aparecia mais ninguém pra colocar no fundo das redes. As almas não deixaram que o Vitória perdesse o tetracampeonato.
                                                           Que alma é essa gente?
Quanto ao Bahia, só Deus sabe quando vai acabar esta maldição.

·          Agradeço as informações do site RSSSF Brasil. Sou grato ainda as imagens dos blogs filmestododia.com,interfilmes.com,baciadasalmas.com,cinedica.com.br,blig.ig.com.br e no.comunidades.net.

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