sábado, 5 de março de 2011

O cheiro do ralo

                                 O ator Selton Mello

O dirigente é aquele cara que aparece mais que o jogador, fala mais que o locutor e gasta menos que o torcedor.

                                                                                                                                    Lula Carlos


Voces devem ter percebido que tenho postados meus artigos de noite nos últimos dias. É que estamos passando o carnaval na aprazível cidade de Aracaju, capital do estado de Sergipe. Chegamos ontem, após mais de seis horas de viagem, em virtude de uma manifestação na rodovia. Estamos hospedados na orla marítima e "tomando todas" a que temos direito. Uma pena que Laranjeiras e São Cristóvão estão fechadas ao turismo nesses dias. Mas estamos nos "virando" com outros lugares históricos.

Bem, mas vamos ao assunto de hoje, os "cartolas". O jornalista Matinas Suzuki Jr. tem uma frase lapidar em rerlação a eles. Para ele

Deus, sentindo-se culpado por ter dado tanta qualidade ao jogador brasileiro, procurou equilibrar as coisas e deu-nos,como compensação, os dirigentes futebolísticos que temos.  

Tem dirigente de tudo quanto é tipo, bem intencionado, corrupto, emotivo, demagogo, malandro, todos jurando que fazem o melhor possível pelos seus clubes e entidades. Muitos destes se eternizaram nos clubes e federações, entre eles João Havelange e Ricardo Teixeira. Mas não há apenas os grande lobos. Um dos pequenos lobos é Castor de Andrade, que foi patrono do Bangu.

                                       Oi ele aí no filme!

Castor faleceu com 71 anos em 1997, ainda como banqueiro do jogo do bicho, e deixou um contencioso de atitudes polêmicas em relação a seu clube do coração. Compra de árbitros, manipulação de resultados, pressões de todos os tipos quando os interesses do clube de Moça Bonita estavam em jogo são algumas delas. Chegou a ser preso acusado de relações com o Cartel de Cali. Mas não deixou de desfrutar da amizade do todo poderoso João Havelange que, em 1966, quando várias destas acusações "rolaram" (durante a conquista do campeonato carioca pelo alvi rubro), convidou-o para coordenar a seleção brasileira no Chile e, no ano seguinte, no Uruguai.

O Bangu fez diversas partidas na Fonte Nova e, em algumas delas, esteve acompanhado pelo próprio e tristemente famoso dirigente. Mas que não se venha a pensar que o clube só ganhou por aqui porque o pessoal tinha medo do Castor. Nada disto, muito se deve aos grandes times que tinha. Por exemplo em 1930, quando o dirigente tinha apenas quatro anos e nem pensava no Bangu, este apareceu em Salvador e fez furor Ganho a AAB, Fluminense, Botafogo, Ypiranga e Seleção Baiana, tendo o segundo amargado a exdrúxula goleada de dez a um. Só o auri negro faria a façanha de vencê-lo por três a um.

Em 1948 Castor só tinha vinte e dois anos e não viria com o time que aqui apareceu eno ano em que nasci goleando o meu Vitória por quatro a um mas empatando em dois gols com o Bahia. Mas Castor já era bem grandinho e tinha trinta anos quando o Bangu jogou pela primeira vez na Fonte Nova em 1956. Foi em julho, e ficou somente 24 horas, vencendo o Botafogo por quatro a dois e perdendo do Vitória por dois a um. Não adiantaria as maracutaias do dirigente carioca pois o meu time era dirigido pela raposa Zezé Catarino.

                                         Dinheiro no ralo!
Mas dez meses depois o Bangu estava de volta. Castsor não veio mas instruiu seus representantes sobre como proceder. Ai não teve jeito. Primeiro vingou-se do rubro negro enfiando-lhe um a zero. Mas depois quem cairia era a própria seleção baiana por três a um. O resultado é que voltou a ser convidado seis meses depois. No dia 24 de novembro de 1957 venceria o tricolor baiano por dois a zero. E, 48 horas depois, voltaria a estar frente a frente com o time de Zezé Catharino. Mas na ezsperteza e nos macetes seria o dirigente baiano quem ganharia outra vez devolvendo o escore mínimo.

Em 1958 voltaria de novo a Bahia para enfrentar Vitória e Galícia. Mas desta vez o confronto dos dois dirigentes deu empate por um gol, o que acabaria beneficiando o azulino que ficaria no zero a zero. No apagar das luzes dos anos cinquenta, Castor não queria mais jogar o o time de Zezé. E se deu bem! Em março ganharia do tricolor baiano por dois a zero. Em abril jogariqa duas partidas contra o mais querido, ganhando uma(2 X 0) e empatando outra(2 X 2). Por último empataria com o Bahia em maio(1 X 1).

               Bem que podiam ser Castor e Zezé Catharino

Foi assim que o malandro baiano passou a perna no malandro carioca. Pelo menos nos anos 50.

* Agradeço as informações do Almanaque do Futebol Brasileiro e de Ivan Maurício.Sou grato ainda as imagens dos blogs rebobinandomemoria.blogspot.com,flickr.com,cinemanalata.blogspot.com e lasaladecinema.blogspot.com.

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