domingo, 18 de novembro de 2012

E agora, aonde vamos?


  
Ontem, quando acabou meu sofrimento, digo o jogo Vitória X Joinville, fui assisti um filme que diz bem o drama que passei nesta semana. É o E agora, onde vamos? da diretora, roteirista e atriz Nadine Labaki. A película foi indicada pelo Líbano como melhor produção estrangeira, e é anunciada como “drama” embora não se saiba se é um drama ou uma comédia, inclui, inclusive, coreografias e musicas.
A autora imaginou um vilarejo parecido com a ilha de Icária, eternizada por Thomas Morus em sua Utopia. Ali, um grupo de mulheres, consegue manter a todo custo os cristãos e islâmicos de uma comunidade do Líbano, cujo único elo de ligação com o mundo exterior é uma ponte,  afastados da guerra que afeta todo o seu redor. Não consegue, porém, mostrar qualquer diferença de classe na vila, e até do ponto de vista religioso, igreja e mesquita dividem a mesma casa. Passa para o espectador que a população vivia em paz até que descobre a TV e esta faz chegar a eles a informação de que cristãos e muçulmanos estão em guerra.
Terminantemente pacifista imagina uma solução tipo tirar o sofá da sala pra todos continuarem felizes. Assim, as lideranças femininas sabotam a TV, contratam prostitutas, inventam tudo ao seu alcance pra deixar os homens ocupados, reproduzindo assim o machismo destas sociedades onde cabe a eles iniciar e terminar os conflitos. O filme chega ao cúmulo de admitir que uma das mães esconda o assassinato do filho adolescente pra não haver retaliação.
                                        Ah que desgraça desse Gabriel, toda hora falha!

Digo que é uma metáfora ao sofrimento dos torcedores do Vitória nessa semana por alguns motivos. É que as mulheres do filme são os torcedores que passaram todo o ano fazendo das tripas coração para o leão subir enquanto a guerra teimava em se instalar no elenco. Os cristãos no filme da vida real, são os do São Caetano, e os muçulmanos são os torcedores do leão, que deviam usar o véu pela vergonha de continuar não possuindo um título nacional.
Na verdade a briga do leão deixou há muito tempo de ser pelo título. Não é a toa, pois a diretoria do rubro negro não é desses arroubos, foi incapaz de criar até uma cultura de campeão nacional, vivendo eternamente com a baixa estima de disputar “pra não cair” ou só “pra subir”. O lugar é o que menos interessa.
                                                       Pô, que maldade com Amy!

Assim, o que a grande torcida do Vitória, que assumiu na semana a condição do 1º clube do Nordeste em matéria de pontuação, que tinha colocado 11 pontos na frente do 5º lugar, cinco pontos á frente do Criciúma, e visto o Goiás lutar contra a faixa de rebaixamento, teve que se consolar neste sábado em lutar pra subir. Voltamos ao mesmo sufoco do ano passado tendo que torcer pro Goiás vencer o São Caetano, para o CRB ganhar do Guarany, e, claro, pra gente garantir o óbvio, derrotar o desmotivado Joinville, que luta pra se classificar na Copa Santa Catarina pra pegar uma vaguinha na Copa do Brasil do ano que vem. Só assim que saberíamos para onde vamos, a Primeira Divisão.
Imaginem que, de tão preocupado, cheguei a ir ao enterro de Alex Alves no cemitério Jardim da saudade.  É que ele ajudou o Vitória a subir em 1992, ainda com 17 anos, e (quem sabe?) poderia estimular o leão fazendo o mesmo vinte anos depois. Declarei isso até a Rede Bahia lá mas, como todo mundo sabe, só fala ali as pessoas que a emissora quer. 
                                           As mulheres cristãs da aldéia não davam mole!

Na sexta á noite nem consegui dormir direito e passei a manhã de sábado ouvindo músicas de fossa. Almocei com a cabeça na partida e depois fiquei contando os minutos pra chamar o meu vizinho pra assistir o jogo. Não tinha nem muita gente em Joinville, também não esperavam mais nada! Quanto a nossa torcida levou umas oitenta pessoas pra passar frio em Santa Catarina.
O leão entrou em campo com a faixa negra “Alex Alves: um nome na história” e os dois times fizeram uma homenagem no círculo central ao nosso grande jogador. Graças a Deus Uéliton foi uma baixa semelhante ao menino da guerra do filme, foi pros quintos dos infernos e ainda se escondeu isso. Tomara que vá pro Íbis. Mas eu promoveria uma modificação no time que entrou colocando Rodrigo Mancha de primeira, mas PC Gusmão preferiu colocar os dois atacantes que não estão em plena forma, William e Elton. 
        É muita inteligência de Alexi pro Vitória estar nessa situação!


O leão começou com vontade subindo pela direita mas passaram mal a bola. Voltou a subir, desta vez pela esquerda com Gilson, e ganhou um escanteio. Mas, na cobrança acabou sobrando cartão amarelo para William e o zagueiro do Joinville Diego Jussani.  No retorno da bola em jogo é a vez do Joinville subir mas Lima não consegue dominar, a mesma coisa acontece com Elton logo a seguir.
Ataque mesmo que é bom só ocorre aos 4 minutos, com Elton passando pra William que chuta fraco. Logo depois é a vez do Joinville que chega bem mas Deola defende. Na jogada, porém Michel se contunde e obriga a PC colocar Rodrigo Mancha. Tá vendo, antes ele entrasse de primeira! A perda do cabeça de zaga logo aos sete minutos desconcentra o time que leva uns bons minutos desorientado, além disso havia as subidas do lateral Gilson que não eram cobertas deixando a defesa aberta pelo lado esquerdo.
                                                                 Peça pra sair Alexi!

Levaria algum tempo pro leão voltar a ter a iniciativa da partida. Enquanto isso William faz boa jogada e dá pra Nino perder a bola. A torcida, porém, pega no pé do atacante que já jogou no rival Avaí. Nino desce bem e centra a bola mas o juiz marca falta de Elton no zagueiro. Logo a seguir ocorrem dois escanteios seguidos para o Joinville e, a seguir, passam a bola nas costas de Gilson e o cara vai entrando, vai entrando, e cruza pra Lima quase fazer um golaço de calcanhar. Acho que foi o fantasma de Alex Alves que soprou pra bola não entrar!
Mas logo depois é a vez do leão, quando Nino faz grande jogada e cruza pra Gilson também perder gol certo chutando no lado de fora da trave. Estava lá e cá, e o Joinville sobre perigosamente mas Lima não consegue dominar a bola dentro da área. Estava lá e cá, e a zaga rubro negra enfia uma bola pra William mas o goleiro do Joinville consegue se antecipar e até dribla o atacante pra delírio da torcida catarinense. Não perdem por esperar!
                    Agora tudo depende do jogo contra o Ceará!

Só aos 20 é que a equipe do Sport TV coloca o tempo na telinha, exatamente quando a zaga do leão se confunde e a bola termina indo pra escanteio. Ufa! Mas pelo menos até aí não sofremos gol o que era um costume no primeiro tempo dos últimos jogos. E, cinco minutos depois, tivemos a alegria de ver substituído Lima, o melhor atacante do Joinville, acho que poupado para o jogo decisivo local de quarta feira.
O Vitória parece recuperado da saída de Michel e, aos 28 minutos, alegria tomou conta do nosso pequeno apartamento do Tororó. É que Gilson enfiou um bom lançamento pra William que entrou pela esquerda e chutou na saída do goleiro, a bola saiu fraca e quase não entra, dois zagueiros vieram em sua cola, mas o fantasma de Alex Alves foi mais rápido e soprou a pelota para o fundo das redes: um a zero. Pronto, bastava isso e, com o empate do São Caetano, agente subiria. Na comemoração a justa homenagem quando William faz os mesmos gestos de capoeira que notabilizaram o atacante falecido. Já sabemos aonde vamos. Três minutos depois , porém, o Joinville perde gol feito quando Gabriel salva. 


                         Imagina se tivesse lap top na aldéia!

jogo passa a apresentar a iniciativa dos catarinenses que tem, inclusive, três escanteios seguidos, e chutam de longe pra Deola colocar pra escanteio.  Mas Willie perde boa chance aos 41 minutos, é que recebeu um lançamento precioso e, se aguardasse no próprio campo, não estaria em impedimento e entraria livre pra marcar o segundo gol. Nossos contraa ataques são bons mas não estamos acertando o último passe. O Joinville bate falta de longe mas Victor Ramos bota pra corner. E foi só no primeiro tempo.
Ainda deu pra assistir um pouquinho de São Caetano X Goiás que estavam no zero, nada acontece também no jogo entre Criciúma X Atlético Paranaense, mas a desgraça do Guarany tinha feito um gol em Maceió o que levaria ao último jogo do São Caetano a ser uma marmelada paulista. Mas as coisas estavam pelo menos bem lá em Joinville.
O Joinville dá a saída mas logo o rubro negro retoma os contra ataques e William chuta fraco pela linha de fundo. Aos cinco Pedro Ken lança William em profundidade mas este não domina a bola. Logo depois é a vez do Joinville ir ao ataque mas não consegue dar o chute final pela boa colocação da defesa do leão que parece estar bem. Aliás o ponto alto do jogo foi a atuação de Rodrigo Mancha e, quem diria, Fernando Bob!

                                      Não quero nem olhar! !

O rubro negro troca bola no ataque aos oito mas William chuta fraco nas mãos do goleiro. O Joinville tenta opções no ataque e tira Jailton pra colocar o ex-jogador do Vitória Aldair. Aos onze Fernando Bob dá um chutaço de longe e quase faz o gol! Mas dois minutos depois Mancha toma cartão amarelo, e, de quebra, Gabriel fura e graças a Deus o bandeira dá impedimento do atacante do Joinville que vinha entrando sozinho. Ufa!
Aos 18 PC dá o ar de sua graça tirando William pra entrar o delegado Tartá. Mas pelo menos consegue prender a bola pelo meio. Os catarinenses começam a encaixar ataques mas a defesa está bem colocada e se antecipa bem nos cruzamentos que geralmente são um horror no Vitória! Deola ganha tempo.
Na metade do segundo tempo Nino quase surpreende o goleiro num lance sensacional, batendo de primeira quando esse estava fora do gol, mas a zaga tira. A seguir Willie não aproveita outro bom lançamento, mas o Joinville também não o faz. Aos 26 Gilson perde a bola bestamente e dá falta no atacante tomando cartão amarelo e ficando de fora do jogo final contra o Ceará, isso se precisarmos de uma final.

                                                    Só um fantasma mesmo a essa altura!

A zaga do Joinville faz ótimo lançamento mas Deola salva sensacionalmente. Aos 28 minutos dois gols seguidos perdidos pelos catarinenses, o primeiro quando o atacante chutou na trave de fora da área, e o segundo, quando outro cara perdeu quase da pequena área e a bola que ia pro gol bateu em Gilson por milagre. No contra ataque o enrolado Tartá também perde gol feito chutando em cima do goleiro.
Elton é outro que toma cartão amarelo e fica de fora na última partida. Nino faz jogada sensacional driblando vários defensores mas chuta por cima do gol, e o nosso centro avante pega a bola na cara do goleiro e o cobre mas a bola fica zanzando na pequena área até que aparece um zagueiro pra tirar.
                                                          Nossa, não é esse PC!


Nicácio entra no lugar de Willie quando PC pretere o favorito Marquinhos. O atacante homônimo do Joinville toma cartão amarelo. E...o Goiás empata pra delirio lá de casa. Eu e meu vizinho, o Carlos Bride, comemoramos até mais não poder, enquanto o narrador do Sport TV completamente desinteressado do que o resultado significava na Bahia, dizia com voz fria “o Goiás empatou”!
Agora faltavam só oito minutos e eu não podia mais sentar. Nicácio pega a bola no ataque e dá pra Tartá que sozinho na frente do goleiro consegue perder o gol. Depois é a vez de Pedro Ken, que poderia decidir o jogo, que vai entrando e tomando falta de todo mundo, até que aparece na área chutando para o goleiro colocar a bola, com as pontas dos dedos, pela linha de fundo.
                                   Será que Socrates já encontrou com Alex Alves lá em cima?


Mas em um minuto nossa classificação foi pra cucuia. Primeiro, foi o pênalti para o São Caetano, que o goleiro Harley do Goiás pegou sensacionalmente, e, enquanto comemorávamos, o atacante pegou uma bola e enfiou pro Leandro Carvalho(conhecem?)entrar na área, contar com o escorregão de Gabriel (sempre ele!)e o atraso de Victor Ramos na bola, e botar a bola no fundo das redes decretando o empate e o adiamento(espero!)da classificação do leão. Alex Alves dessa vez não pode fazer nada!
A frustração total se apoderou lá de casa. E agora aonde vamos? E olhem que o Vitória ainda chegou umas três vezes no ataque, com Elton, com Nicácio, que perdeu de cara com o goleiro, e com Nino, mas não acreditávamos mais no poder do leão que tinha deixado escapar a apenas dois minutos do final a sua subida.
Parece coisa do Almodovar!


Mudamos pro jogo do São Caetano e ainda deu pra acompanhar uns dois minutos quando sacramentamos com o 1 X 1 pelo menos a condição de jogar pelo empate na última partida pra subir.  E ainda fomos bafejados pela virada do CRB contra o Guarani. Não é possível que percamos a subida desta vez.
Olhem só, basta empatar contra o Ceará, que vem de três derrotas seguidas e dispensou vários jogadores, apresentando modificações importantes em sua defesa e no meio de campo, tendo ainda a prerrogativa de contar com o jogo desesperado do Guarani que não pode perder pro São Caetano senão cairá para a 3ª Divisão, e(quem sabe?)até com um desastre no clássico de Curitiba entre Paraná X Atlético Paranaense. Se depois de tudo isso conseguirmos perder a classificação será o fim dos fins da picada! Aí teremos sobejas razões de perguntar: é agora, aonde vamos?

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