Recentemente, me bateu uma profunda tristeza ao ver o Ginásio Antonio Balbino(“Balbininho”) ir ao chão para dar lugar a um estacionamento da arena que será construída para a Copa do Mundo de 2014. Lembro que ali tive momentos saborosos da minha adolescência e juventude.
Ainda estávamos na década de 50 e ainda me lembro dos comentários sobre a perda do título de Miss Universo pela baiana Martha Rocha (1954). Eu e meus irmãos ainda não saíamos sós e “pegávamos a carona” de nosso pai para ir aos espetáculos e jogos que ali se realizavam. Quando ele estava viajando íamos com “mainha” a um dos cinemas da Baixa dos Sapateiros (Rua Dr. Seabra) ou ficávamos ouvindo de noite os programas de rádio. Quando em 1960 começou a TV Itapoá passamos a assistir os poucos horários que ela transmitia.
Nas rádios e no cinema daquela época o que se via era à vigência tardia da Era de ouro de Hollywood. Entre os artistas que apreciávamos lembro-me de Frank Sinatra, Bing Crosby, Gene Kelly, Charles Chaplin, Cary Grant, Fred Astaire, Marilyn Monroe, Audrey Hepburn e Romy Schneider. A “invasão estrangeira” havia levado que viesse há vários anos prosperando um gênero cinematográfico brasileiro, a chanchada, produzida por companhias como a Atlântida, Maristela e Vera Cruz. e que lotavam os cinemas com suas estrelas Anselmo Duarte, Ankito, Oscarito, Eliana e outros.
A primeira vez que eu fui ao “Balbininho” tinha uns dez anos e fui ver um jogo de basquete, pois lá se realizavam grandes jogos do campeonato. Assisti ali a vários campeonatos de vôlei e basquete, onde entrávamos de graça, pois nosso pai era juiz.
A família ia toda ao Miss Bahia e a promoções que vinham a Salvador regularmente. Lembro bem de ter assistido umas duas vezes ao Harlem Globetroters e, bem mais tarde, ao Holiday on ice. Nos anos 60 voltei ali, sem a minha família, para participar de uma maratona de grupos de rock(eu tocava contrabaixo nos “Anjos”) que incluía a banda Raulzito e seus Panteras(Raul Seixas). E, na década de 1970, já casado, assisti a luta de Eder Jofre contra um mexicano pela manutenção do título mundial. Já nos anos 80, já “fazendo política”, fui acompanhar ali encontros de trabalhadores rurais que disputavam a FETAG.
São tempos que não voltam mais. É por isso que o “Balbininho” está marcado indelevelmente no meu coração, preenchendo várias etapas da minha vida.
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