sexta-feira, 15 de outubro de 2010

BA – VI na Delegacia de Polícia



                                                                                                          Galdino Antônio Ferreira da Silva
      Geralmente, o futebol ocupa, nos jornais, o espaço dedicado aos esportes. O Campeonato Baiano de 1976 mudou um pouco a regra. No dia 25 de julho, assim que o clássico Bahia x Vitória terminou, a Fonte Nova foi palco de um conflito que envergonhou o futebol baiano. Os jogadores do Bahia, que tinham sido derrotados por 1X0, inconformados com o resultado, partiram para cima dos jogadores do Vitória.
      Não foi o primeiro incidente, já que em outros jogos, a prática antidesportiva foi idêntica. Só que, desta vez, acabou na delegacia.
Fischer, Jurandir, Jorge Valença e Léo Sales, todos eles jogadores do Esporte Clube Vitória, dirigiram-se até a Primeira DP no mesmo dia. Acompanhados pelo presidente do clube Alexi Portela, foram submetidos a exame de corpo delito. O artilheiro argentino Fischer apontou Paulo Maracajá (diretor), Perivaldo, Sapatão e Jesum (jogadores), como os seus agressores.
      Irritado, Fischer lamentou o acontecimento:
Esses caras são uns selvagens. Não sabem perder. Todo jogo que ganhamos eles procuram apelar. Perdemos recentemente para eles e não houve problemas. Futebol não é isto. Vim da escola do futebol argentino, onde o esporte é muitas vezes viril, mas não há deslealdade. Futebol é para profissionais autênticos e não para selvagens.
      Este episódio originou alguns comentários irônicos e espirituosos. Tim, o técnico do Vitória, que fora um dos grandes craques do futebol brasileiro, comentou:
 “Andaram falando que o Bahia viria a campo treinar. Realmente, também preparei meu time para um treino. E como em treino, tem que haver gol, o Vitória foi lá e ganhou o coletivo.”
      Já o presidente do Esporte Clube Vitória, Alexi Portela, para protestar contra o ato de violência, enviou uma carta de renúncia ao presidente do Conselho Deliberativo, Luís Catarino Gordilho. O trecho mais interessante da carta é o seguinte:
Sou presidente de um clube de futebol e não presidente de uma equipe de lutadores profissionais. Não vou trazer craques para o meu time para depois fazer suas esposas viúvas. Meus jogadores são agredidos todas as vezes que ganham do Bahia. Então, cheguei à conclusão de que ganhar do Bahia é um crime. Como não podemos ganhar do Bahia, sem que nossos jogadores sejam massacrados, é melhor sair para não comandar um time que deixará muitas senhoras viúvas.      Eram tempos de glórias do nosso futebol, um campeonato bem disputado não somente por Bahia e Vitória, mais também pelo Fluminense de Feira, Itabuna e Atlético de Alagoinhas que venceu todos os jogos contra o Vitória neste ano e a cada clássico havia uma vitória para cada quadro, como o Bahia tinha vencido o anterior por 3 a 1, se acharam invencíveis e favorito para este jogo.
      O Vitória já havia conquistado duas fases do campeonato e vinha de uma derrota para o Atlético de Alagoinhas também por 3 a 1. Aí o Bahia contou com ovo antes da galinha e perdeu por 1 a 0 gol de Fischer. Depois do jogo o “sururu” tomou conta do jogo. Todos foram pra cima do arbitro Clinamurte Vieira França, todos digo do Bahia, pois os jogadores do Vitória tentaram proteger o arbitro e ai “o pau quebrou”. Mas não era a primeira vez naquele ano. Em outras jogos que o Bahia saiu derrotado para o Vitória quase houve confusão e neste não teve como não conter a fúria sem causa dos jogadores em questão.
Sem dúvidas um dos fatos lamentáveis do futebol baiano.
    
                            
Em outro BA-Vi pelo Campeonato Baiano, em 1995, na tentativa de desestabilizar o adversário, forçar uma agressão e, consequentemente, expulsão, o falastrão e baixinho meia Preto, do Vitória, insinuou que ter mantido relações sexuais com a mulher do tricolor Parreira, zagueiro. O defensor do Bahia revidou e prontamente, e acabou levando o cartão vermelho, para satisfação de Preto e da torcida rubro-negra.
      Na saída do gramado, Parreira cometeu a asneira de narrar o fato aos repórteres. Como os dois atletas moravam no mesmo condomínio, na orla de Salvador, a imprensa logo tratou de especular que o suposto envolvimento sentimental entre Preto e a esposa do colega realmente acontecia, o que foi negado pelo provocador.
O caso teve enorme repercussão e foi parar, logicamente, nas arquibancadas.
      Em outro clássico, dias depois, um dos coros da galera rubro-negra era – “Preto transou com a mulher de Parreira”, repetido exaustivamente, para desespero do zagueirão. Inflamado com os gritos da torcida adversária e as provocações de Preto, deu um soco no meia e, novamente, foi expulso. Só que, após o jogo, não foi para a sua casa, e sim para a de Preto, a qual invadiu armado com um revólver. Puxou o colega pelos cabelos e o levou até a sua casa. Mandou que ele ajoelhasse em frente à sua esposa e, com a arma apontada para a cabeça, desmentisse o adultério. O “pedido” foi plenamente atendido.
      Liberado, Preto foi até a delegacia e prestou queixa. Parreira alegou ter agido em defesa da honra. E ficou por isso mesmo!
Este foi outro fato lamentável do nosso futebol. Quem jogou futebol sabe que dentro de campo às vezes saem estas baboseiras: um xinga o outro, mandam tomar naquele lugar, chamam uns e outros de “filho da puta”, etc. Neste dia Preto, que era mestre em desestabilizar o emocional de qualquer um fraco de cabeça, quase pagou caro muito caro. Ainda bem que ficou somente nisto.

* Agradeço pelas imagens aos blogs tribunadocariri.com e videoplayesportes.blogspot.com

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