domingo, 14 de novembro de 2010

O Derby paulista na Fonte Nova


Galdino Antônio Ferreira da Silva
Financista, desportista e colaborador dos blogs História do Futebol, Futebol 80 e Memórias da Fonte Nova.

A palavra Derby tem várias traduções. Quem se der ao trabalho de pesquisar nos dicionários pode achar um monte de significados. Assim, pode ser localidade, bairro, marca de cigarro, banco de dados e até um tipo de míssil. Mas designa também encontro desportivo de vizinhos, e uma localidade no Reino Unido onde ocorriam tradicionais corridas de cavalo há séculos. O termo, como muitos outros, foi utilizado em São Paulo para batizar a rivalidade do SC Corinthians e o Palestra Itália, atual SE Palmeiras. Quem teria feito isto seria o jornalista Thomaz Mazzoni chamando o “clássico” de Derby Paulista, em referência ao Derby inglês de Epsom.

A rivalidade entre esses clubes paulistas ocorre desde 1916 e é referenciado pela CNN como o nono maior clássico do mundo e o primeiro brasileiro. Deve ter jogado papel a condição da sociedade paulista nos anos 1910/1930. Para termos uma ideia, o Censo populacional da São Paulo de 1920 registra 205.245 imigrantes sendo 91.544 italianos. Enquanto o Corinthians recrutava seus torcedores junto aos brasileiros com menor condição social o Palestra o fazia junto á imensa colônia italiana. Imaginemos como ficaram estes durante e após duas grandes guerras onde tiveram durante muito tempo posições diferentes do Império Britânico que tinha interesses importantes no Brasil, que levaram inclusive ao Palestra mudar de nome em 1942.

A imensa rivalidade foi se construindo também ao longo da história esportiva. Corinthians e Palmeiras já decidiram campeonatos paulistas, do Sudeste, nacionais e vagas na nossa maior competição continental, a Taça Libertadores da América. Nenhum outro clássico no país decidiu tantos campeonatos importantes.

Mas o que muita gente não sabe é que este grande clássico já foi disputado fora de São Paulo, e teve uma de suas edições na Fonte Nova em 1998. Era a noite de 16 de julho e iniciava uma taça com o nome de uma das nossas maiores heroínas da Independência, Maria Quitéria, que se alistou como soldado para lutar numa guerra que só aceitava homens.

                                                       Derby em Epsom - Inglaterra
                                                  
Só 82 anos depois que começou a ser realizado é que o povo baiano pode sentir o gosto de ver ao vivo e a cores, o Derby Paulista. Participava ainda do torneio a dupla BA-VI tendo o primeiro vencido na noite anterior seu arquirrival. De maneira que cabia ao vencedor enfrentar o tricolor. Era o presente e o futuro em jogo. O Palmeiras, na condição de campeão da Copa do Brasil daquele ano, e o Corinthians, futuro vencedor do Campeonato Brasileiro. Os clubes se preparavam para este último.

Apesar de fazer um clima chuvoso resolvi ir ao jogo com meu amigo “Pit”. Vimos um festival de craques em campo, alguns baianos, como Edilson e Vampeta pelo alvi negro, e Junior “da Gata” e Oseas pelo verdão. Em seus bancos estavam dois treinadores de respeito que passariam pela seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari e Vanderlei Luxemburgo.

O jogo foi tão frio como a temperatura. Paulo Nunes abriu o placar aos sete minutos, mas não deu nem pra comemorar, pois, dois minutos depois, Mirandinha empatava. Depois teve alguns bons lances de parte a parte, mas o placar ficou até o fim.  Aí os times foram pra disputa de pênalti quando vimos com raiva o alvi negro rival eliminar o Palmeiras por quatro a três.
Nesse dia senti uma coisa diferente, até o clima lembrava São Paulo. Aqui vai a ficha técnica deste jogo imortal: Palmeiras 1 X 1 Corinthians.  Juiz: Fernando Andrade Santana (BA). Cartões amarelos: Neném, Cléber, Paulo Nunes, Vampeta, Cris e Amaral. Pênaltis: Ricardinho, Silvinho, Edilson e Vampeta (Corinthians), e Alex, Rogerio e Roque Júnior (Palmeiras). O Palmeiras jogou com: Veloso, Arce (Neném), Roque Junior; Cléber e Júnior (Tiago Silva); Galeano, Rogério, Zinho e Arilson; Paulo Nunes (Almir) e Oseas. Já o Corinthians jogou com Nei, Vampeta, Cris (Gilmar); Batata e Silvinho; Marcelinho Paulista, Amaral (Rodrigo), Rincón e Souza (Ricardinho); Mirandinha e Didi (Edilson).

·         Agradecemos a Jose Renato de Campos Araújo, aos sites dicionário informal, Wikipédia. org, e aos blogs Forza Palestra, br.answers e abril.com. pelas informações, e aos blogs futebol-aovivo.net e britishracecourses.org pelas imagens.   

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