Galdino Antônio Ferreira da Silva
Financista, desportista e colaborador dos blogs História do Futebol, Futebol 80 e Memórias da Fonte Nova.
Financista, desportista e colaborador dos blogs História do Futebol, Futebol 80 e Memórias da Fonte Nova.
Em maio desse ano o pessoal da Vila Olímpica foi comunicado que não mais poderiam usar os equipamentos que funcionaram na Fonte Nova por mais de meio século. A Fonte Nova não era só um simples estádio de futebol, tinha um ginásio de esportes, uma pista de atletismo e a piscina Juracy Magalhães. Tudo isto fazia com que existisse na Fonte Nova desde 1958 um complexo esportivo conhecido como Vila Olímpica da Bahia.
Na “vila”, treinavam em torno de cento e cinquenta atletas. Funcionavam mais de vinte escolinhas dos mais diversos esportes, sendo o mais tradicional a natação. Trabalhavam ali mais de vinte professores de esporte aquático, fazendo aulas de natação ou hidro toda semana para mais de três mil jovens. As medidas de 50 X 25 m, credenciavam a piscina pública com a única em Salvador de padrão internacional olímpico e apta a promoção de competições esportivas de porte. Também havia ali um projeto social que oferecia aula grátis para crianças, idosos e deficientes físicos.
Só pra falar da piscina, lembro que Edvaldo Valério, o único baiano a conquistar uma medalha olímpica de bronze na natação em Sidney, treinou na piscina da vila. Verônica Almeida, portadora de doença degenerativa e a primeira nadadora medalhista em paraolimpíadas, nadou lá também. Ana Marcela, quinto lugar nas Olimpíadas de Pequim e atualmente liderando o circuito brasileiro 2010 de maratona aquática, deu as primeiras braçadas da sua vida na escolinha da piscina da Fonte Nova.
Mas eu também tenho memórias da Vila Olímpica! Nasci e me criei ali perto, no bairro do Engenho Velho de Brotas em Salvador. Eu morava na Ladeira do Sapoti, que dava para a Avenida Vasco da Gama, e ficava nas imediações do Dique do Tororó. Assim, sempre me dirigia para a Fonte Nova andando.
Só em 1975 é que descobri que o estádio não era somente o campo de futebol, palco de jogos e outros eventos. Aí comecei a frequentar a piscina nos domingos e feriados. Havia corridas de velotrol em torno dela e se jogava futebol num campinho ali perto. Algum tempo depois passei a frequentar a academia de musculação.
Na piscina da Vila Olímpica conheci o saudoso professor Walter, que tinha um grande coração e muita paciência com a garotada. Foi onde tentei pela primeira vez apreender a nadar, em 1978, embora sem muito êxito. Aliás, eu e a água só temos afinidades debaixo do chuveiro!
Dona Julieta, minha mãe, matriculou eu e minha irmã Isabela no turno da tarde. As aulas começavam às 15 horas e haviam dois professores, um que chamávamos “Zé”, e o outro Jorge. Este último ganhou mais a minha simpatia por ser mais calmo com agente.
Lembro-me como hoje da primeira aula de natação, coordenada pelo professor Walter! Na ocasião, mesmo usando boia, o medo da água e da profundidade da piscina me assustaram. Outro susto e pavor veio na hora de pular de uma das raias. Os professores estavam na água, mas as lembranças do filme Tubarão de Spielberg me levaram ao pânico!
Nesse dia minha irmã saltou na água com a boia, mas, como levantou os braços, esta acabou escorregando. Foram momentos de susto e tensão para todos, tendo que o professor Walter pular na água de roupa e tudo para salvá-la. Alguns tempos depois eu já havia me habituado com a água. Mas nem pensar em soltar a prancha ou a boia!
Passei um ano na piscina nesta situação, somente na prancha. Já estávamos em 1979, e eu agora tinha a companhia de Euclides, um colega do Colégio Getúlio Vargas. Este, porém me metia vergonha nadando que nem peixe! Mas eu continuava sem largar a prancha. Não deu outra coisa. Mais um ano e eu desistiria de nadar, embora tenha perdido o medo da água o que já foi um feito.
No entanto, não abandonei a Vila Olímpica. Continuei indo por lá, agora levando meu irmão caçula Bené para as aulas de polo aquático com o professor Altagil. Depois ficava ali junto, jogando futebol com amigos no campinho que ficava perto da encosta do Jardim Baiano.
Foi na Vila Olímpica que conheci Osni Lopes, que era jogador do Bahia, e que fazia hidroterapia para se reabilitar de uma operação no joelho. Outro jogador do Bahia que se recuperava na piscina era Ricardo Longhi, cuja filhinha também fazia natação.
Ainda não existe projeto de um novo parque aquático na capital baiana. Agora só resta esperar 2014 para torcer pela Seleção Brasileira de Futebol e aguardar o governo federal e estadual definir quando teremos um ginásio e uma piscina olímpica em Salvador. Afinal a Bahia merece! Temos grandes nomes da natação brasileira em todas as categorias e uma das maiores cidades do país sem um equipamento olímpico para nossos atletas. Enquanto isto ficam aqui minhas saudades da “vila”.
Com a demolição Salvador não vai receber importantes competições da natação brasileira sem uma piscina com medidas olímpicas. E a Bahia vai ficar com apenas uma piscina de 50m, na cidade de Valença, Baixo Sul do estado, que a semana passada sediou o aniversário da FBDA.
* Agradecemos algumas informações do site do jornal A Tarde,e as imagens dos blogs nadamaster. blogspot, videosindu.in e picosweb.google.com.
olhaí! Franklin, por erro de atenção postei um comentário sobre este post, a propósito de Osni, no post anterior que fala do embate Ypiranga x Vitória. coisas do virus C-NIL... hi hi hi hi hi!
ResponderExcluirpor via das dúvidas! Franklin, resolvi copiar o comentário a que me referi acima, aí embaixo:
ResponderExcluir"caro Franklin, li a "vol d'oiseau" o post, seus posts são longuíssimos, não dá pra "mastigar", mas deu pra fazer uma pequena observaçâo, para repor a verdade dos fatos: Osni, o pequenino grande Osni, foi jogador do Vitória, os "Leões da Barra", muito antes de ir depois parar no Bahia. a rigor, nem sabia que havia jogado pelo tricolor, o "Esquadrão de Aço", o Baêa de hoje, porque naquela época já não mais acompanhava o futebol baiano, e nem o brasileiro. futebol só quando havia jogo da seleção canarinha. o post trouxe muitas outras lembranças que não dá pra listar."