Galdino Antônio Ferreira da Silva
Financista, desportista e colaborador dos blogs História do Futebol, Futebol 80 e Memórias da Fonte Nova.
Financista, desportista e colaborador dos blogs História do Futebol, Futebol 80 e Memórias da Fonte Nova.
Há meses que ficaram marcados pela história. Maio virou mês das noivas. Agosto um mês azarado para a política. Setembro mês das tragédias. E, em novembro, a bruxa teve solta na Fonte Nova!
Hollywood se interessou recentemente por novembro para o qual fez alguns filmes. Quem não se lembra de Doce novembro (2001), da Warner Bros, e de Novembro (2004), da Califórnia Home Vídeo? O primeiro, uma película romântica, trata do medo do compromisso, e é dirigido por Pat O Connor, sendo estrelado por artistas como Keanu Reeves, Charlize Theron e Jason Isaacs.
Já o segundo, sob a direção de Greg Harrison, faz um interessante paralelo entre a realidade e a fantasia. Trata de uma fotógrafa que vê o seu mundo desmoronar e mergulha num pesadelo, um jogo perigoso. O que aconteceu nos novembros da Fonte Nova está mais pro segundo. Pro bem e pro mal!
O estádio foi inaugurado e implodido pouco depois ou ás vésperas das eleições, de 1950 e 2010. Apenas cinco anos depois de funcionar de verdade apresentou a primeira decisão entre um clube de Salvador e um do interior do estado, respectivamente EC Bahia e Fluminense de Feira de Santana. E isso aconteceu em onze de novembro de 1951. O Bahia ganhou por dois a zero, num jogo que teve a direção do árbitro Peixoto Nova e a renda de Cr$ 513.201,00. Os gols foram de Hamilton e Meruca, e os times formaram assim:
O Bahia com Jair, Leone e Juvenal; Jota Alves, Vicente
e Florisvaldo; Marito, Hamilton, Carlito, Otoney e Meruca.
Já o Fluminense formou com: Periperi, Eduardo e Valdir; Maneca, Bueiro e
Amorim; Raimundinho, Valter Vieira, Elias, Fontoura e
Gilberto. O técnico campeão foi Ivon Oliveira.
No sétimo ano que o EC Bahia disputou o Campeonato Brasileiro, a tabela previu um jogo entre o tricolor e o Vitória (Espírito Santo) para o Dia de Finados de 1977. Um horror de mau gosto! O público não foi maior, pois muita gente preferiu visitar seus entes queridos nos cemitérios da cidade. No entanto, perderiam a maior goleada aplicada pelo clube em campeonatos nacionais quando o esquadrão de aço daria de sete a zero, enterrando, literalmente, o clube capixaba. Mesmo assim, compareceram 19.139 almas penadas que viram os gols de Altimar (2), Freitas (2), Sapatão, Baiaco e Jesum.
Na oportunidade, o Bahia formaria com: Luiz Antônio; Toninho (Ricardo Longhi), Zé Augusto, Sapatão e Edmilson; Baiaco, Altimar e Luciano; Jorge Campos (Mazinho), Freitas e Jesum. O técnico era. Carlos Froner. Já o Vitória (ES), formaria com: Nivaldo; Carlos Alberto, Júlio Cesar, Jarbas e Ferreti; Paulo Roberto, Wilson Melo (Ribom) e Moreira; Quico Vanderlei e Zezinho (Chiquinho). Seu técnico era Paulistinha.
Três anos depois, o EC Vitória estava há oito anos na fila vendo o tricolor ganhar tudo. Este, no ano anterior, tinha emendado um heptacampeonato, título inédito na história do nosso futebol. Pois não é que o tricolor sequer se classificaria para as finais que seriam disputadas por Vitória e Galícia? Isso foi em 23 de novembro de 1980. O jogo teve a arbitragem de William Batista (BA) e o rubro negro, perante 48.170 pagantes, ganhou pelo escore mínimo, tento assinalado pelo zagueiro Paulo Maurício no início do segundo tempo.
Os times formaram assim: Vitória: Bagatini, Paulo Maurício, Amadeu (Xaxa), Zé Preta e Valdér (Marquinhos); Édson Silva, Carlinhos Procópio e Alberto Leguelé; Wilton, Tadeu Macrini e Paulinho. O técnico mais uma vez seria o gaúcho Carlos Froner. Já o
Galícia formaria com: Helinho, Toninho (Zé Raimundo), Morais, Rodrigues e Teixeira;
Carlos Roberto, Oliveira e Rangel; Robson, Washington (Vermelho) e Esquerdinha. Seu técnico na ocasião era Aimoré Moreira.
No próximo ano as coisas se inverteriam para o EC Vitória em um 29 de novembro quando seria derrotado na final pelo tricolor por dois a um. A novidade foi um árbitro uruguaio o Roque Cerullo, já o público foi um dos maiores da Fonte Nova, 87.117 pagantes.
Os leões da Barra dobraram o primeiro tempo ganhando, mas, no início do segundo tempo, o avante Dario pegou uma bola na defesa e partiu para o ataque deixando o ponta Gilson Gênio “de cara” com o goleiro Ivan. O Vitória deu a saída, mas perdeu a bola e aí foi à vez de Osni consolidar a “virada”, pra delírio da torcida tricolor. A expulsão Do zagueiro Xaxa logo após, acabou com as pretensões do rubro negro.
No jogo, o Bahia formou com Renato, Alves, Zé Augusto, Geraldo e Washington Luís; Édson Soares, Helinho e Léo Oliveira; (Emo); Osni, Dario (Careca) e Gílson Gênio. O técnico foi Aimoré Moreira. Já o Vitória veio com Ivan, Sidnei, Xaxa, Alexandre Neto e Marquinhos; Édson Silva, Carlinhos Procópio e Marinho; Fumanchu (Zé Augusto), César (Marcão) e Aladim. O seu técnico foi Carlos Froner.
Mais um ano e, em 28 de novembro de 1982, outra façanha do EC Bahia, que coroaria uma campanha sensacional obtendo o título de forma invicta na partida final, ao derrotar o Galícia pelo escore mínimo. O juiz seria Manoel Serapião Filho (BA), o público 50.087 e o gol de Robson. O Bahia formaria com: Ronaldo, Edinho, Zé Augusto, Edson Soares e Washington Luís; Helinho, Emo e Leo Oliveira; Sena, Dario (Ricardo Silva) e Robson (Tadeu). Seu técnico agora era Carlos Froner. Aimoré Moreira tinha deixado o tricolor pelo Galícia, que formava com Ferreira, Djalma, Monteiro, Luís Carlos e Tica; Amauri, Binha e Zé Raimundo (Juarez); Osmar, Mica e Jurandir (Claudio).
Dois anos depois, quando a ditadura já estava se despedindo, já sob a direção do ex-jogador Osni, o EC Bahia ganharia o tetracampeonato em 25 de novembro, ao derrotar seu arquirrival, o EC Vitória, pelo mesmo escore. O público seria de 47.798 e o gol de Marinho Apolônio. Os times formariam assim: o Bahia com Ronaldo, Edinho, Amadeu, Salvador e Paulo César; Emo, Jorge Leandro e Marinho; Osni, Carlinhos e Róbson. Já o Vitória, treinado por Wilson Lago, formaria com Ivã, Valdo, Fernando, Elton e Heraldo; Escurinho, Edílson (Jair Feitosa) e Lula; Nei, Ricky e Serginho.
Foi um BA-VI antológico e cheio de catimba e lances emocionantes na Fonte Nova. Mais uma vez no mês de novembro o inusitado ocorreu, quando o grande artilheiro nigeriano Ricky “a gazela africana” do Vitória bateu por três vezes um pênalti com o goleiro Ronaldo defendendo em todas as ocasiões.
Na década posterior, o EC Vitória faria a sua melhor campanha em campeonatos brasileiros chegando a final em 1993. No quadrangular que classificaria para a decisão do certame jogou contra um Corinthians que estava invicto no campeonato. Este chegou a Salvador cheio de pompa e treinado pelo ex-ídolo rubro negro Mario Sergio. Isso, porém de nada adiantou para o alvi negro paulista, que perdeu por dois a um, com direito a um gol de Alex Alves estilo Maradona, selando praticamente a ida dos leões da Barra para a final.
O jogo foi em vinte e quatro de novembro, o árbitro foi Marcio Rezende de Freitas, e o público de 35.263 pagantes. Os gols foram de Claudinho e Alex Alves (Vit.) e Tupãzinho (Cor.). Na oportunidade Leandro Silva (Cor.) foi expulso de campo. O Vitória formou com: Dida, Rodrigo, João Marcelo, China (Edson Santos) e Renato Martins; Gil Sergipano, Paulo Isidoro (Giuliano) e Roberto Cavalo; Alex Alves, Pichetti e Claudinho. O técnico era Fito Neves. Já o Corinthians formou com: Ronaldo, Luis Carlos Winck, Baré, Embu e Leandro Silva; Ezequiel, Rivaldo, Zé Elias e Elias (Tupãzinho); Válber e Viola.
Quatro anos depois a mesma Fonte Nova protagonizaria acontecimentos muito tristes. Depois de escapar nos anos anteriores o EC Bahia era rebaixado no dia oito de novembro de 1997 ao empatar com o Juventude em zero. O juiz foi Antônio Hora Filho e o público 12.024 pagantes. O Bahia formou com: William Andem; Bruno Carvalho, Fabão, Grotto e Odemilson (Giuliano); Nei Santos (Nixon), Lima Sergipano e Robson Luis; Edmundo (Juninho), Guga e Zinho. Seu técnico era Jair Pereira. Já o Juventude jogou com Marcio; Adilson, Rodrigo Costa e Flavio; Itaqui, Lauro, Macalé (Alex Gaúcho), Sandro Fonseca (Jean Carlos) e Wallace; Maurilio e Edson (Jorge Antônio). O técnico era Gilson Nunes.
Nossa história termina exatamente dez anos depois, em novembro de 2007, quando no dia 22, sob a imensa alegria de sua torcida, o EC Bahia subiria da série C para a série B, ao ganhar do ABC por três a zero. O juiz seria Evandro Rogério Bonfim, e o público 59.917 pagantes para ver os gols de Elias (2) e Ávine. O Bahia jogaria com Márcio; Alison (Cléber Carioca), Eduardo e Rogério; Luciano Baiano, Emerson Cris, Fausto, Elias (Ávine) e Adilson; Moré e Nonato (Harley). O técnico era Arturzinho. Já o ABC jogou com Raniere; Ben-Hur, Bruno Lourenço (Marciano) e Alan; Nêgo (Miro Bahia), Adelmo, Joassis, Juninho Petrolina e Rogerinho (Éder); Wallyson e Ivan. O seu técnico era Ferdinando Teixeira.
Mal sabia quem assistia a aquele jogo que aquela seria a ultima alegria da saudosa Fonte Nova. Apenas três dias depois do acesso do Bahia, uma tragédia se abateria sobre o nosso histórico estádio matando sete torcedores que assistiam ao jogo em que o tricolor baiano empatou a zero com o Vila Nova (GO). A bruxa estava solta de novo, e desta vez inviabilizando de vez os jogos no nosso querido estádio.
* Agradecemos as imagens dos blogs blogfc.futblog.com.br, verbodedeus.blgspot.com, cinedica.com.br e fabiomonteiro.wordpress.com.
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