Time do Bonsucesso três anos antes de vir a Bahia. Em pé: Mauro, Gonçalo, Jorge, Gilberto, Pacheco e Haroldo. Agachados: Pedro Bala, Jandir, Valter Prado(o único a vir na Bahia), Waldemar, Nilo e o massagista.
O Bonsucesso FC é um clube carioca muito simpático. Levou o nome do bairro onde nasceu e está prestes a se tornar centenário. Seu estádio homenageia o grande Leônidas da Silva jogador do clube e tem capacidade para dez mil torcedores. Sua história comprova que nem só de títulos vivem os clubes. Participou por 57 vezes do Campeonato Carioca, disputou torneios importantes como a Taça de Prata, o Rio São Paulo e a Copa Rio. Usaram a sua camisa, e a da seleção brasileira, além do "diamante negro", craques como Gradim, Quarentinha, Barbosa e Nelinho.
O clube figura com destaque entre os clubes brasileiros com currículo no exterior onde jogou perto de duzentas partidas sendo um verdadeiro demolidor de seleções, caindo sob seus pés Chile, Bulgária, Líbano, Siria, Porto Rico, El Salvador, entre outras, e fazendo um “bom sucesso” em um dos famosos torneios realizados em La Corunha na Espanha onde obteve o segundo lugar.
Estádio do "Bonsuça"
No Rio de Janeiro sagrou-se apenas duas vezes vice-campeão, do campeonato de 1924 e do Torneio Início de 1956, e ganhou dois torneios, o Paulo Rodrigues(1967) e o Valdir Benevento(1977). O primeiro, um quadrangular, e o segundo, um hexagonal, disputado com os chamados pequenos clubes cariocas. Obteve ainda seis títulos de campeão da Segunda e um da Terceira Divisão.
Mas o que muita gente não sabe é que o Bonsucesso ganhou dois títulos na Bahia. Não tem nem no site do cloube. Esta façanha foi conseguida num intervalo de apenas dois anos, de 1959 a 1961. Um deles foi no vizinho município de Feira de Santana e o outro no nosso histórico estádio da Fonte Nova.
Os baianos, portanto, tem o privilégio de terem visto o Bonsucesso ser campeão, e por duas vezes! Mas por que será que o clube suburbano escolheu justamente a Bahia para ser o único lugar fora do Rio de Janeiro onde se sagraria campeão? Depois de dar muitos tratos á bola acho que descobri. O baiano quando quer sabe ser generoso com os visitantes. No caso do "Bonsuça" suas cores azul e vermelho agradaram em cheio. São as cores da bandeira do estado e da dupla BA-VI. O EC Bahia está melhor representado, pois tem o azul e o vermelho, mas a cor encarnada representa também o fogo do EC Vitória, e, de quebra, o velho alvi rubro Botafogo.
Hoje vamos contar como o clube Bonsucesso ganhou definitivamente a simpatia dos baianos presentes á Fonte Nova. O ano de 1959 foi muito atribulado. A nível nacional Juscelino Kubitscheck perdia o controle da inflação e fazia uma verdadeira ginástica para se equilibrar no cenário internacional. Sofria contestação á direita e á esquerda. Na Bahia assumia Juracy Magalhães doze anos após a criação do Estado Novo, que tinha merecido a sua renúncia. Logo no início do mandato enfrentou uma crise sem precedentes no futebol, que fez com que, pelo menos por algum tempo, a Bahia convivesse com duas entidades gerais, a FBDT e a FBF.
Esta situação possibilitou o atraso da conclusão do campeonato de 1958 e a demora para o início do de 1959. O primeiro somente seria decidido em maio, ficando para o próximo mês o início do segundo. Esta situação abriu espaço para uma série de jogos amistosos e torneios. A Bahia já estava inserida no circuito nacional da bola atraindo para a Fonte Nova uma série de equipes de tradição de outros estados permitindo-lhe o intercâmbio necessário para saltos mais altos que viriam ainda este ano na recém criada Taça Brasil. Durante a crise da federação a Fonte Nova presenciaria o Ceará Sporting, o Santos, o Cruzeiro, o Atlético Mineiro, o Palmeiras, o Bangu, o Democrata de Minas Gerais e... o Bonsucesso.
O “Bonsuça”, como também é chamado na intimidade, veio participar do Torneio Adroaldo Ribeiro Costa a convite de seu promotor, o Galícia. Na ocasião a dupla BA-VI não pode participar pois havia viajado pra desastrosas excursões ao Nordeste. De sorte que além do azulino e do auri negro, participaram o Democrata (Minas Gerais) e o Bonsucesso. A renda da abertura foi fraca, apenas 57 mil cruzeiros e fração, possivelmente devido ao fato dos torcedores estarem acostumados com a participação daqueles dois clubes nos torneios.
A primeira rodada programava para 12 de junho dois jogos. O Galícia começaria mal, perdendo na preliminar para o Democrata por dois a zero, tentos assinalados pelos visitantes Gerson e Silvino. Foi-se então para a partida principal onde havia expectativa com o elenco carioca. O Ypiranga entrou com sua força máxima, que tinha lhe permitido derrotar a três dias antes o poderoso Palmeiras: Aloísio, Pernambuco e Edgard; Haroldo, Amor e Amorim; Pinga Quarentinha (Bolinha), Hamilton, Haroldo barros e Geraldo.
Quando o Bonsucesso entrou em campo a simpatia foi imediata. Ah aquelas cores vermelha e azul! Só o fato de enfrentar o auri negro baiano fez com que a torcida não mudasse de lado. Jogou com Zé Maria, Jacaré e Renato; Brandãozinho e Nico; Geraldo, Artoff, Valter, Russo e Hélio. Geraldo marcou o gol carioca enquanto Hamilton marcou para o auri negro.
Dois dias depois os quatro clubes entrariam de novo no campo da Fonte Nova. Agora seria a vez de o Bonsucesso fazer a preliminar contra o azulino, e de o Democrata enfrentar no segundo jogo o Ypiranga. No entanto os confrontos seriam ainda mais equilibrados registrando dois empates. Na ocasião o Diário de Notícias reclamaria muito do desempenho do árbitro da preliminar em função dos gols irregulares dos baianos e cariocas.
Teria havido falta no beque do Bonsucesso no passe que originou o gol do Galícia, assim como impedimento no gol do azulino. O jogo principal, porém, seria mais movimentado. O Ypiranga sairia na frente com Quarentinha por duas vezes, aos 3 e aos 27, para o Democrata empatar, aos 25(Roberto) e perto do final (Barrica de pênalti). No segundo tempo o marcador não seria alterado. A renda mostrou que os baianos só pensavam agora em apreciar o bom futebol, 171.410,00.
A decisão, portanto, ficaria para a última rodada, onde se enfrentariam os baianos, e os cariocas “pegavam” os mineiros. Na preliminar, após um primeiro tempo muito duro, o Ypiranga abateu o promotor do certame que fez um “papelão” nesses jogos. Hamilton e Quarentinha marcariam para o “mais querido” e Edgard faria contra o gol dos azulinos. O Bonsuça tinha que ganhar para levar a taça.
A inviabilidade da taça ficar na Bahia afugentou parte do público, que trouxe aos cofres da Fonte Nova apenas 46.800 cruzeiros. Mas a maioria esmagadora dos que compareceram torceram pro “Bonsuça”. Não deu pra segurar a torcida que passou de malas e bagagens pro apoio ao clube carioca. Este entrou decidido na partida, fechando o primeiro tempo em três a zero, com gols de Hélio, aos 3 minutos, Artoff, e Valter, aos 32 minutos. No segundo tempo administrou a vantagem, embora conseguisse mais um gol novamente através de Hélio de pênalti, sofrendo apenas um gol de Jaime, mesmo assim no finzinho do jogo. A renda foi de 46.800,00. Enquanto o Bonsucesso estava fazendo história na Fonte Nova a dupla BA-VI empatava com XIII de Campinas e Santa Cruz. Dois dias depois, porém cairiam literalmente de quatro para Campinense e Sport.
Dois anos depois o Bonsucesso era convidado pra jogar mais um torneio na Bahia. Desta vez foi no progressista município de Feira de Santana. Mais uma vez não pode ir a dupla BA-VI, mas nem por isto o certame não teve sucesso. Convidaram o Leônico (que iria ser campeão baiano de 1966) e os dois melhores clubes locais, o AD Bahia e o Fluminense de Feira.
A rodada inaugural foi realizada em 30 de abril, quando o Fluminense despachou o Leônico(2 X 1) e o “Bonsuça” fez o mesmo com o Bahia de Feira(4 X 2). A decisão foi um dia depois da data consagrada ao trabalho. Na preliminar o Leônico ficou com o terceiro lugar ao derrotar o Bahia de Feira por dois a um. Já na partida principal tudo estava preparado para que o Fluminense conseguisse o primeiro título da sua história. O time jogava no amadorismo até 1954 quando recebeu convite da FBDT pra disputar o campeonato estadual. Em dois anos já seria vice campeão mas ainda não tinha obtido um título no profissionalismo.
A equação, entretanto, havia esquecido o valor do Bonsucesso. Mesmo sem o apoio da torcida, que apoiou esmagadoramente o time local, o clube carioca se agiganta, e assim como fez dois anos antes, derrota de forma convincente os “touros do sertão” por três a um. Mas a intenção dos feirenses seria apenas adiada. Intercâmbio esportivo como este ajudariam a que o Fluminense, dois anos depois, se consagrasse como o primeiro clube do interior baiano a ganhar o campeonato.
Desde então os baianos pouco ouviram falar do simpático Bonsucesso. Que saudades!
Atualmente, o clube encontra-se em ascensão buscando voltar ao seu lugar de direito. Depois de amargar a Terceira Divisão carioca por certo tempo passou a disputar a Segunda. A meta é voltar a Primeira antes do centenário. Mereceria ser convidado pra comemorar esta data daqui a dois anos na Bahia. Afinal, foi aqui que conseguiu importantes títulos!
· Agradeço as informações e imagens do site do Bonsucesso, do Setor de Publicações Raras da Biblioteca Central do Estado e dos blogs RSSSF Brasil, Wikipédia, Wikimápia, Museu dos Esportes e esporterio.blogspot.com.
MUITO BOM FRANKILIN, MEU NOME É ANDERSON SOU DO SITE DO BONSUCESSO VOU USAR ALGUMA COISA DESSE BLOG NO NOSSO SITE, INCLUSIVE AS CONQUISTAS
ResponderExcluirPARABENIZO VC FRANKLIN POR TER COLOCADO AHISTORIA DO BONSUÇA NO BLOG MUITO BACANA E MUITA GENTE NAO SABE DESSA FAÇANHA DO BONSUÇA .
ResponderExcluirBLOG fanaticos pelo cesso .
meu nome e ronaldo o leao da leopoldina agradece .