sábado, 15 de janeiro de 2011

Um operário padrão na Fonte Nova

                               

Galdino Antônio Ferreira da Silva            Financista, desportista e colaborador dos blogs História do Futebol, Memórias da Fonte Nova e Futebol 80.  

Edvaldo dos Santos, nascido em São Francisco do Conde/Bahia, no dia 07/07/1949, é conhecido no mundo do futebol como “Baiaco”. De origem humilde, veio fazer um teste no Esporte Clube Bahia no ano de 1967, junto com o amigo Caetano, recomendado como estrela da seleção do município baiano de São Francisco do Conde.
Bem, ao que se sabe Caetano não emplacou. Mas Baiaco, de jeito simples e calado, chamou a atenção pela forte marcação e fôlego de gato, e terminou ficando. Ali nascia uma união de 13 longos anos e muitos títulos. Em pouco tempo ele já estava envergando o manto azul, vermelho e branco caindo logo no gosto da torcida pelo seu futebol incansável, aguerrido e vibrante.
Baiaco não era nenhum craque. Era um “operário padrão como alguém disse”! Seus passes não eram lá muitos bons. Sua técnica era limitada. E quase não fazia gols. Mas, a raça encarnada em figura de gente, superava tudo isto. Assim, marcou e anulou grandes craques do futebol brasileiro como: Ademir da Guia, Tostão, Rivelino, Gerson e Dirceu Lopes. Até o Rei Pelé sofria diante daquele carrapato, tendo afirmado numa entrevista de 1988 que Baiaco, Vicente Arenari e o italiano Trapattoni foram os seus melhores marcadores.
Enquanto atuou Baiaco recebeu propostas do Cruzeiro, Vasco da Gama, Flamengo(que levou Dendê e Merica) e Botafogo(que levou Perivaldo em 1976). Chegou a ser lembrado para a Seleção para a Copa do Mundo de 1974. Foi um dos últimos jogadores de um tempo onde também se jogava por amor ao clube. Assim, esse operário, que lutava em campo pela bola como se luta por um prato de comida, manteve uma relação de paixão eterna com o Bahia, de onde nunca saiu e pouco se contundiu.
                                              Baiaco
Nesses treze anos em que defendeu o EC Bahia fez pouco mais de um gol por ano, sendo o mais importante o que permitiu a “virada” sobre o Leônico que deu o hexacampeonato ao tricolor de aço. Mas o grande baiano Edvaldo dos Santos teria também outro motivo pra entrar na história. Foi o grande campeão da Fonte Nova, palco maior de suas grandes atuações. Ninguém levantaria a taça de campeão baiano na Fonte Nova como ele que, sem dúvida, simboliza a geração tricolor que garantiu a hegemonia do futebol baiano conquistando nove títulos nos anos setenta.
Foi quase um título por ano de atuação no nosso histórico estádio: o torneio início de 1979, O Torneio Luiz Viana Filho, e os campeonatos estaduais de 1967, 1970, 1971, 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1978 e 1979. Só as obras da ampliação da Fonte Nova impediriam que ali fosse jogado o campeonato conquistado pelo EC Bahia de 1970 que Baiaco também ajudou a ganhar. Ao lado de Douglas, foi o único atleta a participar de toda a campanha da conquista do inédito Heptacampeonato Estadual (1973 – 1979) onde formou com Eliseu, inclusive, um meio de campo  magistral.
                                   Eliseu, Nilton Mota e Baiaco
Recentemente foi feita uma pesquisa onde Baiaco foi indicado como o maior volante de todos os tempos do EC Bahia. Vi muitos bons volantes da minha vida na Fonte Nova. Além dele assisti Paulo Martins, Paulo Rodrigues, Helinho e Lima, este último com um estilo parecido com o de Baiaco. Em 1982 a Revista Placar fez outra pesquisa onde Baiaco apareceu com expressiva votação de torcedores e jornalistas esportivos. Nesta até eu participei votando em Baiaco, Douglas e Bobô.
Muito se fala das renovações de contrato de jogadores do EC Bahia. Afirma-se que coisas foram feitas de forma errada e abusiva pelos dirigentes do clube. Dizem que Sapatão e Douglas passaram ajudá-lo nessas horas, mas não se sabe onde termina a lenda e começa a verdade. O que é certo mesmo é que Baiaco não ganhou dinheiro com o futebol jogando mais pelo amor ao futebol e ao EC Bahia.
Defendeu o tricolor até 1980 quando deixou o clube aos 34 anos de idade no fim dos anos setenta e com dez títulos de campeão baiano. Um ano depois encerraria a carreira defendendo o Leônico.

*Agradecemos as imagens dos blogs portalibahia.com.br,terceirotempo.ig.com.br,sersabublogs.blogspot.com e istoedinheiro.com.br.   

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