Não dá pra deixar de comentar a catástrofe que atingiu a nossa região serrana do Rio de Janeiro. Pelo menos pro pessoal do exterior que acessa meu blog! A natureza tem sido cruel com o Sudeste nos últimos anos, acontecendo ali enchentes, deslizamentos de terras e calamidades. Mas, é preciso diferenciar alhos e bugalhos. É que a grande mídia, comprometida até o pescoço com os governos, tem reduzido o fenômeno a uma coisa natural, fruto da geografia da região e do excesso de chuvas.
Chove desde que me entendo por gente. Em outros países chove muito também. Só que eles enxergam que as tragédias tem dimensões políticas, econômicas e sociais. Porisso fazem prevenção, investem em infraestrutura e preparam a população para novas calamidades minimizando a perda de vidas humanas que na região serrana já chegam a quase seiscentas.
Aqui no Brasil as coisas são bem diferentes. Os governantes sobrevoam a região atingida, falam muito que vão ajudar, a imprensa enche as páginas do jornal e as televisões batem o pico de audiência, e no fim...nada! Esperam a próxima tragédia! A atitude do governador Sergio Cabral Filho é a que melhor ilustra este comportamento. Há algumas semanas era o garoto de propaganda do Rio de Janeiro em sua "guerra contra o tráfico". Só ontem porém, deu o ar de sua graça no desastre que atingiu a região serrana, ao adotar uma grande providência... dar uma semana de "luto oficial".
A grande mídia porém, não o relaciona com o desastre pois não quer perde a propaganda do governo. Suas "soluções" primam pela desigualdade. Exige a polícia pra garantir o retabelecimento da "ordem" contra a revolta das populações que perderam tudo. Numa região onde o metro quadrado é altamente valorizado acha melhor resolver o problema dos deslizamentos as custas da retirada de milhares de famílias pobres dos morros deixando intocadas algumas centenas de propriedades de ricos e alta classe média.
Mas vamos ao nosso assunto de hoje, o ano em que o fantasma de Tiradentes apareceu na Fonte Nova. Todo mundo conhece a figura de José Joaquim da Silva Xavier, o “Tiradentes”, um dos personagens da eterna luta pela independência do Brasil. O culto a sua imagem se deve aos ideólogos que foram buscar na trajetória do país um herói que encarnasse o mito republicano. O que talvez não se saiba é que outros heróis foram sondados, um deles o Frei Caneca(Joaquim da Silva Rabelo).
A não escolha deste deve-se a sua posição revolucionária e anti-monárquica. Teve um papel exponencial nas revoluções de 1817 e 1824. “Caneca” tinha um projeto político consistente e o fato de ser um religioso não ficaria bem para a propaganda do nosso “Estado laico”. Hoje os historiadores tem certo consenso que o dentista, militar, negociante e ativista político de Minas Gerais teve papel secundário na conspiração, no entanto permanece admirável a sua indômita coragem, ou ingenuidade, de haver assumido tudo sozinho.
A dignidade de Frei Caneca contrasta com a vergonha de seus carrascos
Em 1983, ano em que começamos a campanha das Diretas Já, a Associação Baiana dos Cronistas Democráticas - ABCD, contaminada com o clima democrático, resolveu realizar i, torneio em homenagem a imprensa. Como não queria gastar nada acabou fazendo um torneio caseiro. O regulamento foi complicado. O Torneio Imprensa, foi o primeiro realizado na Fonte Nova em “dois turnos” com um campeão em cada um e recebendo taças diferentes. Sabem como é né, como todos querem aparecer na foto acabaram aceitando, mesmo porque aproveitaram a parada do campeonato!
O certame começou em 10 de abril saindo o Bahia na frente ganhando do Galícia por dois a zero, gols de Zé Augusto e Ricardo Silva, que quase três décadas depois levaria o Vitória a uma final da Copa Brasil como técnico. Neste dia o Vitória jogou na preliminar empatando com o Fluminense de Feira de Santana em dois gols, tendo Ademir Patrício e Ronaldo assinalado nossos gols. Uma semana depois nova vitória do tricolor pelo mesmo escore, agora contra os “touros do sertão” assinalando Robson, e de novo, Ricardo Silva. Desta vez jogamos na principal mas nada adiantou pois caímos frente ao Galícia pelo escore mínimo ensejando a sua recuperação.
A versão brasileira da justiça republicana, sem venda nos olhos e com a balança pendendo para os amigos, de preferência ricos.
A rodada final se realizou no dia em que se completava 191 anos do enforcamento e esquartejamento do mártir da “república” no Brasil. Era a primeira vez que se decidiria uma taça no dia consagrado a sua celebração e a Fonte Nova decidiu levar ás últimas consequências esta homenagem. Na preliminar o time da colônia espanhola continuou a sua recuperação, agora ganhando do Fluminense por dois a um. No jogo pricncipal porém, o BA-VI terminou empatado, com gols de Valmar para o rubro negro e de Osny para o tricolor. O resultado interessava ao esquadrão de aço que acabou faturando o primeiro turno.
A rodada final se realizou no dia em que se completava 191 anos do enforcamento e esquartejamento do mártir da “república” no Brasil. Era a primeira vez que se decidiria uma taça no dia consagrado a sua celebração e a Fonte Nova decidiu levar ás últimas consequências esta homenagem. Na preliminar o time da colônia espanhola continuou a sua recuperação, agora ganhando do Fluminense por dois a um. No jogo pricncipal porém, o BA-VI terminou empatado, com gols de Valmar para o rubro negro e de Osny para o tricolor. O resultado interessava ao esquadrão de aço que acabou faturando o primeiro turno.
Lembro-me como hoje do “segundo turno” pois começou em 24 de abril, data do aniversário dos meus 34 anos. Contávamos com uma recuperação do EC Vitória mas ela não veio, recebendo um autêntico presente de grego ao perder de novo pro Galícia pelo mesmo escore da fase inicial. Pelo menos o Bahia perderia também, para o Flu, por dois a um. A penúltima rodada parecia ser decisiva mas terminou tudo empatado, Bahia e Galícia sem gols, e Fluminense e Vitória em dois gols marcando Esquerdinha e Amadeu para o rubro negro.
A rodada final, que coincidiu com o Dia do Trabalho, podia embolar tudo se Fluminense e Bahia ou Vitória ganhassem. Mas terminou tudo dando errado. O Galícia foi logo faturando o título na preliminar ao ganhar o time feirense por três a um tornando o BA-VI simples jogo amistoso. Na ocasião não deu outra, com as equipes empatando por um a um, marcando de novo o zagueiro artilheiro Amadeu pro rubro negro e o meia Mário para o tricolor.
Se Tiradentes fosse vivo pedia pra morrer de novo!
A equipe baiana decidiria o torneio contra a descendente dos peninsulares 48 horas depois. Na ocasião verifica-se um resultado extraordinário. Parecia coisa fantasmagórica. O azulino, que desde a primeira rodada não mais havia perdido, foi esmagado pelo tricolor por um avassaladora goleada de seis a zero, com gols do ex-rubro negro Osny(2), Mário, Rodrigues, Robson e Edinho.
O Bahia ficou com o título do Torneio Imprensa. Mas que foi estranho foi! Dizem que neste dia o espírito de Tiradentes baixou na Fonte Nova deixando desnorteada a equipe de uma das nações da península ibérica que invadiu e explorou a América.
· Agradeço as informações do site RSSSF Brasil e dos blogs Futipédia.globo.com e Futebol 80.Sou grato também as imagens dos blogs:crazyseawolf.blogspot.com,varejao.blog.ba, pt.wikipedia.org,osaciperere.wordpress.com e acertodecontas.blog.br.
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