Hoje está longe de haver consenso sobre a origem e a história Do Dia dos Namorados. Está distante a história de que houve um bispo Valentim, depois transformado em santo pela Igreja Católica, que enfrentou um imperador romano para garantir os casamentos em época de guerra sendo por isto executado em 14 de fevereiro. Quanto mais sua recôndita paixão pela filha do carcereiro!
Existem pelo menos três santos na Igreja Católica com o nome de Valentim e a Santa Madre deixou de celebrá-lo por não ser possível averiguar nem sua existência nem sua identidade. O certo é que é uma celebração muito antiga, em homenagem á deusa Juno, que remete pelo menos a época do Império Romano, e que sua celebração tem origem no Século V instituída pelo papa Gelásio que seguia uma política de se apropriar das festividades pagãs.
A comemoração ganhou fóruns de lenda na chamada Idade Média e no Século XVII se inseriu no calendário popular na Inglaterra e França. Um século depois passou aos EUA, e depois se espalhou para o mundo, inclusive Portugal e Espanha.
Que romântico!
O filme de Nia Vardalos Eu odeio o Dia dos Namorados diz bem da introdução desta comemoração no Brasil. O roteiro trata da dona de uma floricultura que só adora esta data porque aumenta a venda de flores. No entanto, ela detesta relacionamentos por não querer se envolver emocionalmente. A vida, porém vai questionar suas limitações amorosas.
No nosso país o romântico Dia dos Namorados é comemorado em 12 de junho, na véspera da data consagrada a Santo Antônio, o santo casamenteiro. Desde cedo teve origem comercial. Conta-se que em 1948 houve uma promoção da Loja Clipper de São Paulo que tratava do assunto. E que, dois anos depois, o publicitário João Dória fez uma campanha onde propunha aos comerciantes trazer o Dia de São Valentim para o país. A mesma tinha um mote que dizia “não é só com beijos que se prova o amor”. Querendo dizer que devia ser comprado um presente pra mostrar o afeto pela namorada.
No futebol da Bahia, mesmo não sendo ainda comemorado, o Dia de São Valentim era respeitado. Já em relação ao futuro Dia dos Namorados não estavam nem aí, registrando-se jogos em 1910, 1916,1921, 1927, e até em 1949, nas vésperas da criação da data. Mas dá um frio na espinha ver esses resultados. Pois apenas uma vez quem jogou neste dia ganhou o título, na primeira vez, onde o Vitória mesmo ganhando do Rio Vermelho neste ano sagrou-se bicampeão. Mas em compensação iria passar 44 anos sem ver a cara de um título. O tradicional time do Botafogo, que venceu naquele último ano o São Cristóvão por três a dois, seria o último colocado no turno.
Só achei uma vez que foram realizados jogos no Dia de São Valentim. Foi em 14 de fevereiro de 1937. Uma “pelada” digna de nota entre o EC Bahia e o São Cristóvão local, que, como sabemos não se notabilizava pela qualidade, tanto é que o tricolor ganhou por três a zero, para a alegria dos poucos ingleses, portugueses, espanhóis e franceses que moravam por aqui. No entanto o esquadrão, não tão de aço, neste ano ficaria em penúltimo lugar.
A celebração do Dia dos namorados coincide, portanto, com a Era da Fonte Nova. Mas a primeira vez que os torcedores preferiram comemorá-lo em um estádio de Salvador cheio de “barbados” ao invés de nos braços de suas namoradas e esposas foi em 12 de junho de 1959. Foi um torneio quadrangular onde jogariam Galícia e Ypiranga, contra o Democrata de Sete Lagoas (MG) e o Bonsucesso. O resultado é que os baianos não passaram de empates, e ainda veriam, poucos dias depois, os cariocas ganharem o certame.
Em 1966 a Fonte Nova, que como sabemos era muito romântica, não aceitou a programação da FBF, tendo que o Ypiranga e o SMTC ter de jogar no campinho da Graça pra um público pouco maior do que os próprios jogadores que viram o aurinegro ganhar de dois a zero. A vida seria cruel com os dois. O time da empresa de transporte se extinguiria pouco depois, enquanto o mais querido décadas depois deixaria de disputar o campeonato baiano.
Dia dos Namorados de Death Metal
Dois anos depois nosso histórico estádio nada pode fazer com a insensibilidade dos “machões” da FBF que teimaram em marcar um jogo pra Fonte Nova em 12 de junho de 1968. Não deu nem mil pessoas pra assistir Botafogo 1 X 0 Conquista. Dizem que só foi homem solteiro, viúvo ou desquitado. Mesmo assim o alvi rubro, que tinha sido vice-campeão três anos antes, pagou caro, ficando em último no quadrangular da fase e, em 12º lugar na colocação geral!
Após estra experiência deram uma trégua aos namorados só voltando a programar jogos nos anos setenta. Em 12 de junho de 1974, pra não dar azar, pegaram o Bahia que estava ganhando tudo e colocaram pra enfrentar o time azulino. Mas os espanhóis neste dia preferiram comemorar a data no seu clube, e fizeram bem, pois não viram sua equipe perder de três a zero. Quanto ao tricolor teve uma das suas menores rendas durante o ano, não dando nem pra pagar as despesas da lavagem dos uniformes.
Um ano depois voltaram a programar uma rodada chinfrim entre Leônico e Atlético de Alagoinhas e Botafogo e Fluminense (Feira). Bem que a Fonte Nova dizia que não ia funcionar. Ficou “ás moscas” e o moleque grená ainda perdeu por três a dois pro time da terra da laranja. Mas o Leônico não aprendeu e voltaria a campo dois anos depois para um interessante jogo contra o Jequié nesta data comemorativa. Desta vez ganharia por dois a zero, perante um “público” fantasma, mas não se classificaria ficando em penúltimo em seu grupo nesta fase.
Aqui não dá pra ver quem é namorado de quem!
Depois disto passariam muitos anos sem que a FBF ou os clubes tivessem coragem de marcar uma partida neste dia. Quando faziam a tabela pulavam a data dizendo que “respeitavam” o Dia dos namorados. Mas, como toda regra tem uma exceção, no dia 12 de junho de 1988 programaram outra rodada neste dia e em vários estádios. Neste dia nem o Leônico (2 X 2 com o Itabuna), nem o Atlanta (1 X 2 com o Fluminense), nem o Atlético (1 X 2 do Vitória) conseguiu ganhar em casa.
Só o Bahia ganharia do Botafogo por três a um. Mas com o time que tinha (com o qual seria campeão brasileiro este ano) era difícil perder. Mas também pouco teve assistência. Já o Vitória, porém, começaria o quadrangular decisivo da fase tomando uma goleada histórica de seu arquirrival de quatro a zero.
Ah minha juventude!
Foi assim que acabaram os jogos no Dia dos Namorados. Depois daí o estádio se recusaria a abrir as portas por ocasião da programação e acabaria sendo alterada. Preferiu morrer em 2007, e finalmente em 2010, a permitir que jogassem ali nesta dia. Mas não reparem não, é que a Fonte Nova era muito sozinha e não tinha um companheiro. Foi por isto que não ficamos sabendo se respeitava ou odiava o Dia dos Namorados!
· Agradeço as informações do Almanaque do Futebol Brasileiro, dos sites Futipédia, Wikipédia e RSSSF Brasil, e dos blogs ilove. terra.com.br e maxxxime.blogspot.com. Sou grato também as imagens dos blogs trabalhonota10.com.br,dubfilmes.blogspot.com,cinemacomrapadura.com.br,semnenhumpreconceito.blogspot.com e imagensporfavor.com.
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