sexta-feira, 25 de março de 2011

Aprovados!

Jorge Portugal, Arnaldo Antunes e o professor Pasquale no programa de TV "Aprovado"
 
 
A universidade no Brasil é coisa recente. Nem vou falar nas escolas de Platão e Aristóteles, mas das que foram criadas na Europa a partir do Século XII. É que, enquanto ali existem a pelo menos nove séculos, no Brasil são do século passado. É certo que existiram faculdades no Brasil ainda na primeira parte do Século XIX, quando Dom João, apertado por revoluções de todo lado, acabou por permitir que elas existissem no Brasil.
Mas, universidade mesmo, só a USP em 1934, aproveitando que se precisava dar um título a um soberano que só podia ser feito por uma delas. Ou seja. Nesta matéria temos menos de dez por cento da história de vários países.  O projeto de criação das primeiras universidades previa o funcionamento de órgãos dedicados ao esporte. Funcionava mais ou menos assim, cada faculdade possuía uma associação atlética e, elas juntas, formavam uma federação estadual. E, nesse ano mesmo, é criada a Confederação Brasileira de Desportos Universitários.
Um ano depois da criação da USP começaram a ser realizados jogos universitários. Logo depois São Paulo cria a primeira federação universitária, a FUPE, seguidas das demais da região Sudeste. A Bahia demoraria um pouco mais pra criar a sua Federação Universitária Baiana de Esportes, a FUBE.
                                                             Jogos universitários
Pras pessoas terem uma ideia do papel desses órgãos damos o exemplo do Departamento de Assistência ao Estudante – DAE.  As faculdades possuíam sala onde havia jogos de salão como xadrez, ping pong, dominó, e até quadras para a prática de basquete e voleyball. Aqui na Bahia foi construído até um balneário mais tarde onde havia atividades de lazer, sociais e desportivas.
O DAE fornecia assistência ao estudante universitário cobrando de quem podia pagar, mas garantindo alimentação, alojamento, e até bolsas a quem não podia. Proporcionava ainda óculos, remédios, livros e bolsa pensão. Organizava e participava de competições esportivas dando apoio financeiro aos atletas participantes, para transporte e compra de material esportivo.
Pras universidades entrarem no futebol foi daqui pra ali. Organizaram seus campeonatos universitários e até sua própria seleção. Equivaliam-se aos amadores jogando pelo amor ao esporte. Muitos, inclusive, como meu pai, atuavam no basquete, vôlei, remo e futebol. Não tardou para serem um celeiro para os clubes da Bahia, sendo ocioso fazer uma relação dos que por aqui jogaram. Basta lembrar-se de Léo Briglia que saiu da seleção da FUBE diretamente para o América () RJ) e que faria parte da conquista inédita da I Taça Brasil pelo tricolor baiano.
                                              Não, esse aí é o Estudiantes da Argentina!

A primeira vez que a seleção universitária baiana enfrentou um clube profissional foi em onze de novembro de 1938, como parte dos preparativos para o campeonato brasileiro universitário. Na ocasião, a infelicidade coube ao todo poderoso Galícia, que caiu por quatro a zero. Duas semanas depois, ainda no Campo da Graça, os universitários estreariam no certame derrotando os capixabas por três a dois.
Dois anos depois, já criada a FUBE, enfrentariam em maio nada menos do que o EC Bahia, que a muito custo venceria os estudantes, pelo estranho placar de cinco a quatro. O próximo seriam os diabos rubros que também penariam pra ganhar por seis a quatro.
Em 1959 a participação dos estudantes nos esportes na Bahia chegou aos secundaristas, com a organização da Olimpíada Baiana da Primavera que levava milhares de jovens a á Fonte Nova e ao “Balbininho” para participarem de torneios esportivos. Eu tive a oportunidade de comparecer ali algumas vezes, mas ia só pra paquerar as meninas. Lembro-me como a abertura ficava lotada, e era quando acontecia os desfiles, onde cada colégio tinha seu tema e o pessoal vinha fantasiado.


Nesse tempo a FUBE faria suas primeiras apresentações na Fonte Nova. As partidas ocorreriam nos dias 16 e 22 de agosto de 1962 servindo de sparing o EC Bahia. O tricolor tinha na época o maior time de sua história, encontrando facilidade no primeiro confronto que terminou com a goleada do esquadrão de aço por quatro a zero.  A revanche, no entanto, foi bem mais dura, com os universitários vendendo caro a sua derrota por quatro a dois.
Em 1965 o DAE foi substituído pelo Departamento Social da Vida Universitária – o DSVU, com o financiamento passando a condição de investimento, com o compromisso do estudantes de resgatar, em longo prazo, a verba. Um ano depois se despediriam da Fonte Nova.
Há pouco tempo havia terminado a grande crise que envolveu o futebol baiano e que, neste ano, tivera feito com que os clubes jogassem na Graça e que alguns clubes não disputassem o primeiro turno. A Fonte Nova só foi liberada pouco antes para o segundo turno, e agora era o tricolor quem prepara a sua equipe para o certame profissional.   
                                 Tão pensando que morar em residência universitária é mole?

A partida ocorreu perto do Natal, em vinte de dezembro de 1966. O jogo foi duríssimo apresentando alternâncias no placar. Ao final o placar do lado do Dique do Tororó apresentava o resultado: Bahia três, FUBE dois.  
Em 1998, um mês após a aprovação da lei Pelé, a CBDU passou á condição de entidade administradora do esporte brasileiro, com atribuições e prerrogativas as demais. Doze anos depois o nosso histórico estádio era implodido.

·         Agradeço as informações do Almanaque do Futebol Brasileiro, aos sites da CBDU e da Residência Universitária da UFBA. Sou grato também as imagens dos blogs cbdu.org.br,flickr.com,voudekombi.blogspot.com e plataformaresidenciasuc.blogspot.com. 

Um comentário:

  1. A foto do time argentino é do River Plate e não do Estudiantes de La Plata.

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