quinta-feira, 24 de março de 2011

O Cristo Redentor contra o Elevador Lacerda

                                                          Isto é coisa de baiano!

Já informei neste blog que foi com os clubes cariocas que os baianos mais tiveram intercâmbio esportivo. Que o primeiro clube de outro estado a jogar em Salvador foi o Botafogo FR que arrasou a Seleção baiana por inacreditáveis sete a um no campo do Rio Vermelho, logo depois da guerra em fevereiro de 1919.
A partir dos anos vinte esta relação se consolidaria, fazendo com que, definitivamente, o Cristo Redentor se estabelecesse na terra do Elevador Lacerda. Nesta década veio América, Fluminense, São Cristóvão, e até o extinto Vila Isabel, surgindo no finalzinho o primeiro paulista, o Santos FC. Nos anos trinta os cariocas “descobririam a Bahia”, diversificando ainda mais estas visitas, e batendo o recorde esportivo nesta relação, 61 jogos.
Trouxeram o Bangu, o Vasco da Gama (duas vezes), o Flamengo (duas vezes), o Andaraí, o Madureira, e de novo Botafogo, América e São Cristóvão, numa década em que os baianos chamam a atenção do Brasil ao vencer o Campeonato Brasileiro de Seleções (1934), que foi reservado durante toda a sua existência ao eixo Rio-São Paulo.
                                    O Elevador Lacerda brigou muito pra levar vantagem!

Os anos quarenta foram prejudicados pela Segunda Grande Guerra, mas, mesmo assim, neste difícil período aqui apareceram Bonsucesso, Vasco da Gama, Botafogo, São Cristóvão e Fluminense. E, após o conflito, Flamengo (três vezes), América, Bangu, Olaria, e novamente os alvi negros de General Severiano e São Januário (duas vezes), e o tricolor das Laranjeiras (duas vezes). O número de partidas, entretanto, se reduziria. Mas, ainda no ano em que se acelerava a construção da Fonte Nova (embora não conseguisse ser entregue nas eleições e na Copa do Mundo de 1950) ainda passariam por aqui Madureira e Flamengo.
A Fonte nova, mesmo aberta pra todos os clubes estaduais, se constituiu na “Meca” carioca. Na primeira década o intercâmbio esportivo “rebentaria a boca do balão” com 64 partidas. Andariam por aqui Fluminense (quatro vezes), Flamengo (cinco vezes), São Cristóvão (duas vezes), Vasco da Gama (três vezes), Botafogo (três vezes), Olaria (duas vezes), Madureira, Bangu (seis vezes), América (duas vezes), Bonsucesso e Canto do Rio.
A nova década começou com o EC Bahia sendo campeão da I Taça Brasil em abril, num, ano em que visitaram a Fonte Nova o Olaria, o Flamengo, o Madureira, Vasco da Gama (duas vezes) e Botafogo. Mas o curioso recorde estava reservado para 1961. Nesse ano ninguém mais aguentou de tanto se falar “carioquês” por aqui.  Tudo começou em janeiro quando aqui apareceram o Bangu e a Portuguesa, esta pela primeira vez. Mas as partidas contra o EC Bahia, então tetra campeão baiano, foram um desastre. Os mulatinhos rosados apanharam de cinco a três, e os novatos visitantes, de seis a dois.
                                                  Mas não é possível, mais cariocas!

Depois disto deram uma pequena folga aos baianos, trazendo pra jogar os cearenses do Ceará, ou mesmo fazendo amistosos com os clubes daqui mesmo. Mas o costume do cachimbo faz a boca ficar torta e, não passados três meses, o Galícia promoveu uma excursão do Bonsucesso. Este estrearia empatando em um gol com o próprio clube da colônia espanhola. Com a dose repetida, porém, os visitantes cairiam por dois a um. Ainda deu pra empatar de novo na despedida (1 X 1) com o Ypiranga. A temporada não trouxe muito benefício aos cofres do azulino.
Os amistosos na Fonte Nova foram suspensos em julho, mas no fim de agosto, era a vez do Flamengo. Vinha fazer apenas uma partida, contra o EC Bahia, e também seria derrotado por dois a um. Setembro foi a vez de um torneio, ainda bem que sem os cariocas, ponde o Bahia ficaria com a taça ao ganhar dos pernambucanos Náutico e Santa Cruz, por três a um e dois a zero. Na ocasião uma tragédia, quando o simpático mais querido apanharia de seis a dois do clube timbu.
Pensam que acabaram os cariocas? Vão contando! No mês seguinte organizaram novo torneio, onde foram convidados, além da dupla BA-VI, o Sport e o... Canto do Rio. A primeira rodada transcorreu sem maiores surpresas, com o tricolor ganhando dos cariocas por dois a um enquanto Vitória e Sport empatavam sem gols. E, na segunda, enquanto o esquadrão de aço ganhava de novo, desta vez dos pernambucanos pelo escore mínimo, o rubro negro baiano penava pra empatar com os cariocas em um gol. Mais um caneco pro Bahia. E lá se foi o Canto do Rio pra jogar em Recife e o Bahia pra Sergipe.
                                   Desse jeito vão querer até o marco da fundação da cidade!
Parecia encerrada a presença carioca este ano na Fonte Nova, mas não é que acontece a promoção do dia da chamada república?  Adivinhem quem convidaram? O Fluminense, que não deixa que o tricolor baiano termine o ano invicto nos amistosos da Fonte Nova, vencendo pelo escore mínimo.
Tudo bem, “fechou o caixão de 61”, qual nada! É que voltou de novo o Canto do Rio, mas não sei pra que, pois levou de três a zero do Galícia! Só não trouxeram mais cariocas no restinho do ano porque os comerciantes impediram. Afinal, de contas tinham que ganhar dinheiro no Natal. Assim, o ano acabou com seis clubes cariocas jogando em nosso histórico estádio uma média de uma partida por mês. Ufa!

·          Agradeço as informações do Almanaque do Futebol Brasileiro e do Setor de Periódicos Raros da BCE.  Sou grato também as imagens dos blogs skycrapercity.com,multiglob.wordpress.com e  revistadebate.blogspot.com.

Nenhum comentário:

Postar um comentário