sábado, 7 de maio de 2011

Vale a pena ver de novo

                                                       Credo, se lembram dessa?

Vale a pena ver de novo é um programa da televisão brasileira que se especializou em reprises. Surgiu no final dos anos setenta, mais ou menos a mesma época em que o regulamento do campeonato baiano mudou ao ponto dos torcedores suspirarem por ver as antigas fórmulas de novo.
É que foi a época em que se criou o campeonato brasileiro e se subordino progressivamente os estados ao calendário “nacional”, ou, dizendo em outras palavras, o interesse dos grandes clubes brasileiros. É certo que houve bastante mudanças no passado. Mas essas se iniciaram com pontos corridos e, depois, se fixaram na existência de dois ou três turnos, passando então as finais com os campeões dos turnos, se esses não fossem ganhos pelo mesmo clube.
Por décadas foi assim. Mas, nos anos setenta tudo mudou. Tudo começou em 1975 quando, mesmo mantando os dois turnos quando todos jogavam contra todos, inventaram uma “fase final” onde os quatro primeiros colocados jogaram entre si. Na época foi difícil entender isso. Ora, mas se o turno já tinha terminado, porque não proclamar o que estava em primeiro lugar como campeão e fazer o mesmo no segundo turno como era antigamente?
                                                               Gisele vale a pena!

Mas o que pesava agora era o dinheiro. Um torneio reduzido aos quatro primeiros, pra decidir o turno possibilitava maior ganho a esses clubes. Assim, foi introduzida, pela primeira vez, a classificação para fases dentro do próprio certame. Apelidaram este quadrangular de “fase final”, repetindo-a nos dois turnos.
Gostaram tanto do esquema que, no ano seguinte, fizeram logo “quatro fases”, todas, naturalmente, embutindo classificação para as decisões, que podiam ser triangular, quadrangular, ou até octogonal, como depois ocorreu.  O assunto do artigo de hoje é a criação embutida de “quatro turnos”, uma verdadeira aberração que transformava o campeonato estadual num, verdadeiro passatempo espalhado pelo ano todo e que não iria conseguir se manter com a estruturação definitiva do campeonato dito nacional.
A estrutura foi mantida em 1977, mas, com a extensão do campeonato brasileiro para um inferno de clubes em 1979 voltaram aos dois turnos com um pentagonal decisivo cada um, critério que se manteve no ano seguinte, embora ampliando a “segunda fase” de cada um dos turnos para um octogonal. No entanto, a fórmula foi totalmente revirada em 1981, pois só houve um turno, com semifinais e triangular final.
                                                             Oh que tempos romanticos!

Em 1983 volitou-se a formula dos “quatro turnos”, mas com os clubes somente jogando dentro de chaves. Começava o regime de campeonatos complexos que só se sabia quando começava e ninguém tinha ideia quando acabava. Neste ano houve os jogos dentro das chaves, as quartas de final, as semifinais e a final. E isso em cada um dos turnos. Estão pensando que acabou? Não, é que depois houve as finalíssimas com os vencedores de turnos.
Haviam inventado um sistema de bonificação de pontos. Estes variaram ao longo do tempo. Quem ganhava uma fase podia acumular um ou dois pontos para a finalíssima, mas depois até o segundo lugar levou ponto, e chagou ao ponto de classificar para esses jogos também o ou os clubes com a maior pontuação durante todo o certame.
Nessa época só o Bahia ganhava esses campeonatos complicados. Aí a reclamação foi tanta que fizeram novas mudanças. Em 1984 simplificaram as coisas. Reduziram o certame pra três turnos, todos jogando contra todos, seguidos de um quadrangular decisivo e de uma fase final geral com os campeões.
                      
                                                  Vejam se é normal esses regulamentos!

A fórmula agradou e foi repetida em 1985, neste ano conferindo taças aos vencedores de turnos. Quem levasse o primeiro turno ficava com a Taça Cidade de Salvador, e quem ficasse com o segundo receberia a Taça Estado da Bahia. Em tempos de absoluta hegemonia do tricolor só assim é que alguém podia levar uma taça pra casa!
Mas alguns “monstros” se mantiveram. Cada fase de turno classificava para uma decisão e depois ainda havia a “decisão geral do turno”. Inventaram ainda o “terceiro turno”, que não era nada mais do que a antiga fase finalíssima, a tal que levavam pontos. O negócio, porém, funcionou tão bem que o Vitória foi campeão, destronando o tetra campeão Bahia.
No ano seguinte repetiram a dose. Valia a pena ver de novo. Só fizeram duas modificações. Desta vez cada grupo só classificava um clube para decidir o turno, e deram uma taça também para quem ganhasse esse tal “terceiro turno”, que, em ano eleitoral não podia levar outro nome que Taça governador João Durval.

                                                          Mas o que é isso Monalisa?

Mas, nas primeiras eleições após 22 anos de ditadura quem ganharia as eleições seria a oposição, Waldir Pires do PMDB. Quem sabe se foi em sua honra que mudaram de novo o regulamento de 1987? Na ocasião voltaram aos antigos dois turnos constituindo-se a “segunda fase” só com um quadrangular decisivo. Mas não podiam deixar de fazer uma “inovação”, ao invés de dois grupos criaram três.
Será que com a oposição no poder as coisas iriam se moralizar no futebol? Pelo menos em 1988 as coisas ficaram muito mais claras. Todo mundo voltou a entender o campeonato baiano, que, por sinal, voltou a ser ganho pelo Bahia. Houve dois turnos, cada um com duas fases, e com um quadrangular decisivo. E, como sempre foi raro em nosso futebol algum clube ganhar todas essas fases e turnos, houve a tal decisão geral, finais ou finalíssimas, chamem como quiserem!
Isso somente se manteve até 1989, ano em que Waldir renunciou ao governo da Bahia para formar como vice na chapa Ulysses Guimarães á presidência da república. Todo mundo sabe o que deu. Nem Ulysses, nem Waldir arranjaram nada e o campeonato baiano voltou, com Nilo Coelho, aos esquemas anteriores. Dois turnos, com semifinais e final. Mas, pelo menos ainda deu pra se entender.
                                           Só trouxa mesmo pra ver esses campeonatos!

Nos próximos anos, com a progressiva extensão do campeonato brasileiro pra oito meses do ano nosso certame iria “para as cucuias” chegando a ocorrer pérolas, como: ser realizado em apenas três meses, a dupla BA-VI só entrar na fase final, até a forma atual que se corporificou nos últimos anos.
Só há um turno por pontos corridos onde os clubes jogam primeiro com os do outro grupo, depois com os clubes do seu grupo. Há depois as oitavas de final, semifinais e final, todas via sistema de “mata-mata”. Dizem as más línguas que esse esquema foi pra lembrar da Fonte Nova que já morreu.
* Agradeço ao site RSSSF Brasil, e aos blogs entretenimentor7.com,primosfalando.blogspot.com,hipersessao.blogspot.com e marcosrivelles.zip.net.  

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