segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Rio de Janeiro


O Rio de Janeiro continua lindo. E agora com o sucesso do filme Rio está com a “corda toda”. Olha que já haviam feito muitos filmes onde aparecia a cidade, de 007 a Walt Disney´, e tudo quanto é série norte-americana. A diferença é que agora Carlos Saldanha, o mesmo que ganhou dinheiro com a Era do gelo (lembram-se?), transformou a cidade maravilhosa em protagonista.
Em apenas três semanas o filme bateu todos os concorrentes arrecadando 448 milhões. A receita é simples: pega-se uma cidade inserida no roteiro mundial, faz-se com que a ação se desenrole em torno de seus pontos turísticos, e usam-se todos os clichês possíveis. No caso do Brasil, geralmente confundido com a selva amazônica, não faltam as araras, tucanos e todo tipo de pássaros. Mas, pelo menos é melhor do que a baixaria de O turista e tem gente que acha que isso divulga a cidade.
Mas o que não se fala no filme é em Salvador. Mas como é que se pode falar do Brasil sem falar da Bahia? Quando é que vai ter fim essa disputa entre as duas cidades? Se isto é alguma honraria os portugueses invadiram o Brasil pela Bahia e não pelo Rio de Janeiro. Durante três séculos tivemos o maior porto e só quando a corte portuguesa se mudou pra lá é que os cariocas levaram vantagem. Mas Dom João veio primeiro pra Bahia e foi aqui que abriu os portos as nações amigas, leia-se a Inglaterra.
                              Gisele já veio também na Bahia!


Foi uma época boa pros baianos que, inclusive, tinham mais deputados que qualquer estado. Mas, como todo mundo sabe que esses parlamentares só defendem os próprios interesses, isso não adiantou nada, pois a Bahia e o Nordeste foram ficando pra traz e o Brasil mudou para o Sudeste. Quando a tal da república chegou já era coisa da paulistéia, de carioca e mineiro, só conseguindo neste clube do bolinha os gaúchos, mesmo assim através de revoluções.
Foi só assim que o Rio destronou a Bahia. Mas disputa com o estado até hoje os turistas. Todo hora saem matérias pagas nos grandes veículos de comunicação exculhambando as coisas da Bahia. Do nosso futebol eles só falam pra botar defeito. Quando o Vitória deu de cinco a zero no Flamengo por uma dessas copas brasís da vida, a manchete foi
-Flamengo goleado na Bahia

                 Petkovic e Dom João vieram, primeiro pra Bahia!

Quem lê a matéria não sabe nem pra quem o clube da Gávea perdeu. Põe-se a culpa no juiz, na má vontade dos jogadores, nos erros do técnico, o “escambau”, o que nunca se diz é que os times baianos mereceram ganham pois foram superiores aos times cariocas. Mas isso acontece porque foram mal acostumados.
Houve um tempo em que os clubes cariocas só vinham passear na Bahia. Logo na primeira partida em que enfrentaram os baianos, antes do carnaval de 1919, o primeiro depois da Primeira Grande Guerra, o Botafogo massacrou um escrete baiano por sete a um no campo do Rio Vermelho.
                                                           Aqui também já teve pirata!


Depois foi a vez de o América aportar por aqui em setembro de 1921. Ganhou de um combinado Baiano de Tênis-Botafogo (4 X 2), da Associação Atlética (4 X 3), do Ypiranga (3 X 0), e do Vitória (2 X 1). Só a seleção baiana conseguiu, á muito custo, empatar em um gol. Dois meses depois, chegou o Vila Isabel, que era o time da escola de samba carioca. Mas não é que venceu o Botafogo (3 X 1) e o Baiano (2 X 1)? Tiveram que organizar um combinado com o nome do herói Henrique Dias pra vencer os diabos rubros cariocas por quatro a um, embora o ameriquinha, cinco dias depois, derrotasse a seleção baiana pelo escore mínimo.
O Fluminense inauguraria o estádio da Graça num primeiro de abril de 1923, mas não foi dia da mentira. É tanto que venceu a poderosa Associação Athlética por três a um. Acho que os baianos ficaram mais orgulhosos por ter, enfim, um estádio apresentável, e, apesar de Baiano e Botafogo serem derrotados por dois a zero, o Vitória conseguiu um belo empate (1 X 1) e Botafogo (2 X 1 e Combinado Baiano (5 X 4) também venceram o pó de arroz). Foi assim que o zagueiro alvi rubro Mica foi convocado para a seleção brasileira.
                                           Na Bahia teve Canudos que o Rio não tem!


Quatro anos depois, oi os cariocas de novo! Desta vez foi o São Cristóvão que passou os baianos “a limpo”. Começou vencendo o Ypiranga (2 X 1), e depois traçou o Vitória (4 X 1), Botafogo (3 X 1) e um combinado de Salvador (3 X 0). Só quem lhe fez frente foi o Baiano de Tênis ao empatar em três gols.
Os anos trinta foram abertos na Bahia pelo Bangu que “passou o rolo” nos clubes baianos. Estreou contra a Associação Athlética ganhando por cinco a dois. Logo a seguir aplicou o esdrúxulo placar de dez a um no Fluminense FC. A coisa estava tão fácil que perdeu de convencido para o Botafogo (2 X 4) e o Ypiranga (1 X 3), embora vencesse a revanche contra esse último por seis a quatro
                                                     Quem é que quer Ronaldinho!


A primeira vez que o Vasco da Gama jogou na Bahia foi em junho de 1931, perdendo de seis a cinco da Seleção baiana. Com o Flamengo ocorreu em novembro do ano seguinte, ganhando sucessivamente do Vitória (7 X 2), Botafogo (4 X 1), Ypiranga (1 X 0), Bahia (3 X 2) e Seleção baiana (3 X 1), embora tropeçasse na revanche contra o mais querido por três a dois.
Ao longo da década voltaria o São Cristóvão (agosto de 1933 e maio de 1935) e viria o Andaraí (novembro de 1933). O Botafogo só reapareceria em outubro de 1935 e o Vasco em abril de 1936. Em meados de 1937 chegaria o Madureira que ficaria mais de um mês na Bahia.   O Flamengo voltaria em março de 1938 e o América depois do carnaval de 1939.
                                   Na Assembléia Legislativa daqui também tem fantasmas!


O Bonsucesso foi o primeiro a chegar nos anos quarenta antes do carnaval de 1941. Empatou na estreia contra o Galícia (2 X 2) e ganhou do Ypiranga (4 X 2), mas perdeu para o Bahia (2 X 1). O Vasco voltou no mês seguinte, e o Botafogo, em janeiro de 1942. Durante a guerra ainda voltou o São Cristóvão, após o carnaval de 1944, e o Fluminense, no mesmo período do ano seguinte. O pó de arroz voltaria em 1946, 1947 e 1949, sempre acompanhado do Flamengo. O Vasco da Gama viria em 1946, América, Vasco e Bangu em 1948, e o Olaria em 1949.
Em 1950 chegariam na Bahia o Madureira e o Flamengo e, o Fluminense seria o primeiro clube carioca a jogar no novo estádio da Fonte Nova atuando no dia consagrado á independência do Brasil na Bahia, o dois de julho, ganhando o tricolor baiano por dois a zero. Os cariocas só voltariam ao estádio dois anos depois, em março de 1953, quando o Flamengo venceu a dupla BA-VI, respectivamente, por dois a um e oito a dois.  Mas, a partir de então, os confrontos passariam a ser mais equilibrados. O Botafogo compareceria á terrinha em dezembro, mas pra ser goleado pela Seleção baiana por quatro a um.
                                   Os cariocas não sabem o que é sofrer com Kleber Pereira!


Em 1954 viriam Vasco, Botafogo, São Cristóvão e Olaria, e em 1955, Flamengo e Olaria. 1956 foi a vez de Fluminense, Bangu e Botafogo atuarem em Salvador, ficando para o ano posterior o Flamengo, Bangu e Vasco da Gama. E os dois últimos anos da década viram Fluminense (três vezes), Botafogo, Bangu e Flamengo (duas vezes).
A década de 60 inaugurou os grandes certames nacionais, começando pela Taça Brasil e pelo torneio “Robertão”, uma ampliação do antigo Rio-São Paulo. A Bahia viu o Flamengo e Vasco (seis vezes), Bangu (quatro vezes), Fluminense (duas vezes), Botafogo, Olaria, América, São Cristóvão, Bonsucesso, Portuguesa e Canto do Rio.
Qual é, o Rio não tem nem acarajé!


Os anos setenta puseram fim, quase que definitivamente, os amistosos entre baianos e cariocas. Doravante se enfrentariam pelos novos certames criados, o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil, por torneios locais ou de consolação para os eliminados do primeiro certame. Se retirarmos o ano da inauguração da Fonte Nova são poucas as exceções:

30.1.1972 – Vitória 1 X 0 Fluminense             3.9.1972 – Bahia 0 X 0 Olaria
21.2.1973 – Bahia 1 X 1 Flamengo                  6.6.1973 – Vitória 0 X 0 Flamengo
14.7.1973 – Vitória 0 X 3 Vasco da Gama      17.6.1974 –Bahia 2 X 0 Flamengo
19.2.1975 – Vitória 0 X 2 Fluminense            18.6.1975 – Bahia 2 X 1 Flamengo
29.6.1975 –Vitória 2 X 2 Fluminense             17.6.1976 – Bahia 1 X 1 Flamengo
28.11.1976 – Ypiranga 1 X 1 Volta Redonda 5.12.1976 – Vitória 3 X 1 Volta Redonda
29.1.1977 – Vitória 1 X 1 América                   27.2. 1977 – Bahia 1 X 3 Olaria
                               O Elevador Lacerda é muito mais antigo que o Cristo redentor!
   

4.5.1977 – Vitória 1 X 1 Flamengo                   5.7.1977 – Bahia 0 X 0 Flamengo
26.9.1978 – Bahia 2 X 1 Flamengo                   31.1.1979 –Bahia 1 X 1 Flamengo
9.5.1979 –Vitória 1 X 1 Flamengo                     16.12-1979 – Leônico 0 X 1 Fluminense
1.10.1981 – Bahia 3 X 2 Botafogo                     28.3.1982 – Fluminense de Feira 0 X 1 Botafogo
30.3.1982 – Vitória 1 X 1 Botafogo                30.1.1986 – Bahia 1 X 0 Fluminense
8.6.1986 – Bahia 1 X 0 Flamengo                       10.6.1986 – Bahia 2 X 1 Vasco
15.8.1987 – Vitória 2 X 1 Fluminense                28.6.1997 – Vitória 0 X 5 Flamengo (Barradão)
31.5 1998 – Bahia 0 X 2 Flamengo                      

·    Agradeço o Almanaque do Futebol Brasileiro, a Sandro Miranda, ao site gostodeler, e aos blogs poder-jovem.blogspot.com, rpsomlivr.com.br e viagemaquiabril.com.br.

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