quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A crise chegou!


           
Gente, o negócio está “russo”.  Não é pra menos, a China e outros países querem garantia dos EUA pro dinheiro que emprestaram. Os yankees vão de mal a pior desde 2008 e, atualmente, estão “matando cachorro a tapa”. Faltou pouco pra darem o calote em todo mundo. Aliás, a solução que arranjaram só faz empurrar os problemas com a barriga. Cortaram o orçamento mas á custa de aumentarem o endividamento do país (sic!). Durma-se com um barulho desses!
Até o Guido Manteiga se tocou deixando de fazer o discurso o manjado discurso pra torcida de que o Brasil é “uma ilha de prosperidade”.  A Dilma chegou a pedir cautela pra que o povo “não gaste o que não tem”. Isso só pode ser pra maneirar no cartão de crédito, pois no meu tempo só gastava quem tinha. Fora disso só “empinando uma periquita” num banco.
                                                        Londres está pegando fogo!

A crise funciona mais ou menos assim. O grande repassa a crise pro médio que repassa pro pequeno. Dizendo melhor, a crise chega pra todo mundo, mas quem tem mais se defende melhor. De um lado a indústria sofre com o aumento de curtos e diminuição de mercado, (o que leva a menos lucros para o burguês), do outro, porém, ela aumenta o preço das mercadorias e demite e arrocha os trabalhadores, recuperando boa parte do que perdeu com a crise.
O mesmo governo que injeta dinheiro pesado nas empresas, “livrando a cara” dos capitalistas, procede de forma bem diferente com os trabalhadores. Corta gastos na saúde, educação e segurança, verbas de custeio e plano de cargos para o funcionalismo, um horror! Pra se ter uma ideia das políticas “anti-crise” basta ver o que ocorre na Inglaterra, Grécia, Espanha e Portugal. O negócio ali é
- Mateus, primeiro os teus!
                          Ah pobreza é o que mais se vê na Bahia!


Ou seja, em primeiro lugar vem sempre os agiotas e parasitas da burguesia. Não foi à toa que Cazuza disse que “a burguesia fede”. Ela se dá bem em tempos normais e também ganha com a crise. As classes médias só são consideradas em função do consumo pra tirar a burguesia do buraco.
Pros trabalhadores e pobres só se faz o suficiente pra evitar as revoltas que podem desestabilizar o sistema. Afinal, depois da crise “tudo tem que ficar como antes no Reino de Abrantes”. Ou seja, quem está em cima com quase tudo enquanto os que estão no meio vivem como podem. Dos de baixo nem é bom falar pois vivem uma crise permanente.
                             Nem Deborah Secco aguentou com a crise, tirou mais uma peça!

A crise de hoje pega o futebol baiano como sempre mal das pernas. O Bahia de Feira e o Vitória da Conquista não conseguem se firmar na Quarta Divisão. O Vitória vai aos trancos e barrancos no 12º lugar na Segundona e o Bahia em 13º na Primeira Divisão. Quando houve a grande crise de 1929 o tricolor ainda nem existia e o rubro negro chafurdava no amadorismo.
Naquele ano o certame baiano começou no dia consagrado a Tiradentes com o “grande jogo” Botafogo e Guarany realizado no campo da Graça, ganho pelo primeiro por três a zero. Todos os jornais já falavam da situação econômica mundial mas crise mesmo só ocorreu em três de maio quando o então campeão Ypiranga massacrou os “índios” do Guarany por inacreditáveis treze a um!
                            Bote fé que a crise passa?


Aí foi um Deus nos acuda. Todo mundo perguntava o que estava acontecendo. Como eram tempo de amadorismo nem se podia dizer que os jogadores alvi negros não tinham recebido o “jabá”. Aí começaram a desconfiar porque os Yankees tinham se retirado do campeonato e estavam entregando todas as suas partidas por WO.
No mês de junho o Bahiano perdeu da Associação Atlética (0 X 3), no clássico aristocrático, entregando a liderança para o Ypiranga que, dois dias depois submete o Vitória à verdadeira humilhação goleando-o por cinco a zero. O mundo começa a ferver e os baianos continuam em seu mundinho como se nada estivesse acontecendo.
                                            O pessoal nem tinha mais cabêlo pra arrancar!

O mundo ainda não havia acabado nos EUA mas, quem tivesse desconfiômetro e olhasse pro futebol baiano (que é um verdadeiro termômetro do planeta) veria claramente que as coisas não estavam indo bem. O dia 28 de julho jamais será esquecido. Mas não porque bancos faliram, acionistas perderam dinheiro e muitos se suicidaram. Mas porque o clássico dos líderes Bahiano X Ypiranga acabou com a vitória do segundo por cinco a um! O aurinegro continuava humilhando a tudo e a todos que passassem pelo seu caminho.
No dia sete de setembro os baianos decidem “homenagear” a independência do Brasil e, como não podia deixar de ser, programam um jogo chinfrim Vitória X Guarany. Todo mundo sabe que dia de independência na Bahia é dois de julho, foi por isso que os baianos fizeram essa maldade, e, ainda pior, o rubro negro conseguiu perder pros “índios” por dois a zero, sua única vitória em todo o certame!
                                                         Mas que esporte desgraçado!

Pouco depois foi interrompido o campeonato pros baianos acompanharem a crise. O negócio foi feio, principalmente a partir de 24 de outubro quando a coisa “pegou” na chamada quinta feira negra! O crack da Bolsa de valores de Nova Yorque levou o país de roldão. A produção industrial do país caiu vertiginosamente, o desemprego foi pras alturas e os investidores se concentraram nas portas dos bancos. Um horror! Mas no Brasil o pessoal só acompanhava pois essas coisas estavam acontecendo com o principal comprador do café brasileiro, diga-se paulista.
Ninguém nem deu bola pro exílio de Leon Trotsky e pro lançamento do filme O cão andaluz, que ocorreu no período, e olha que deram o que falar pois foi tudo surrealista, principalmente o segundo que teve direção de Luís Bunuel e roteiro de Salvador Dali.  
                                           Enquanto isso os baianos só nas baladas!

O campeonato baiano reiniciou mesmo com os norte-americanos se jogando das janelas dos prédios de Wall Street. Os baianos são mesmo insensíveis. O Ypiranga continuava a passear, mas agora a crise atingia até os seus defensores. Suas últimas partidas foram sufocantes, passando á custo pelo Fluminense (4 X 3 e 3 X 1), empatando com o Baiano de Tênis (3 X 3), a Associação (1 X 1) e o Botafogo (4 X 4).
No dia 23 de janeiro o auri negro, alheio a tudo o que havia no planeta, se sagrava bicampeão de forma invicta e comemorava com tudo ao que tinha direito. Formava então com José, Arlindo e Silvino; Francisco, Popó e Azevedo; Sandoval, Mila, Oscar, Lago e Pelagio.
                                                      Quem fala de crise melhor?

Mas não sabia ele que o mundo iria desabar no Brasil e este na Bahia. A exportação de café brasileiro iria ser pesadamente afetada pela crise, quando a extensão dos prejuízos tornou inviável a que Washington Luiz continuasse a política de “socialização das perdas” onde todos pagavam os prejuízos dos cafeicultores paulistas. Abre-se uma dissidência no partido do governo e o assassinato de João Pessoa precipita a quartelada militar que tomou o nome de “Revolução de Trinta”. A elite baiana, assim como tinha feito no movimento republicano, ficou do lado errado. O Ypiranga ficaria sem títulos, e a Bahia acabaria sob intervenção militar.

·           Agradeço ao Almanaque Esportivo da Bahia, ao site Wikipédia e ao blog História Mais.

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