segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Governadores campeões


                                                     O governador Octávio Mangabeira                                     
Eu não sei todos os times dos governadores, mas sei aqueles que os clubes baianos tiveram mais sorte durante seu governo. Octávio Mangabeira mandou construir o estádio, porém, enquanto foi governador não teve a sorte de ver nenhum time ser campeão baiano. Mas bem que tentou, entregando apressadamente as obras antes das eleições de 1950. No entanto, como não dava pra jogar, tiveram de inaugurar o estádio outra vez, com um torneio jogado em janeiro de 1951, mês que entregou o governo a Regis Pacheco.
Esse, se não foi bom governador, pelo menos em seu mandato aconteceram uma série de novidades no futebol, entre as quais uma saudável pluralidade. Logo no primeiro ano de governo presenciaria o único título do Ypiranga no estádio, depois veria o Vitória ser campeão (1953) após quatro décadas de sofrimento. Nos anos restantes apreciaria dois campeonatos do EC Bahia.
                                 
                                     O governador Juracy Magalhães
Estávamos em tempos desenvolvimentistas, mas o governador que mais acentuaria esta política seria Antônio Balbino. Seria a primeira vez que o estado implementaria o planejamento econômico, onde pontificaram figuras como Rômulo Almeida e Milton Santos. Ele terminaria o projeto do Centro de Esportes erguendo o ginásio que levou seu nome, o “Balbininho”. Ainda continuaria em seu governo o equilíbrio no campeonato, agora com a alternância do BA-VI em termos de títulos com dois títulos para cada. O governo Juracy Magalhães, porém, viria para desequilibrar de vez o nosso futebol.
Os torcedores do EC Vitória que atenderam ao seu apelo de “para a Bahia governar em Juracy vamos votar” certamente tiveram muito a se arrepender. Em seu governo o EC Bahia ganharia todos os títulos de campeão baiano emendando um pentacampeonato. De quebra, ganharia o título da Taça Brasil.
A situação só mudaria quando um municipalista ascende ao governo nas eleições de 1962. Foi com Lomanto Júnior, e a desarticulação política que acompanhou o golpe de 64, que o Bahia teria quebrada a sua hegemonia, sendo sua vez de não conseguir mais nenhum título. Seu mandato apresentaria a primeira conquista de um clube do interior, o Fluminense de Feira de Santana, o retorno do EC Vitória ao podium por duas vezes seguidas, e até a AD Leônico chegaria ao laurel máximo de nosso futebol.                                      
Esse mosaico seria quebrado por Luiz Viana Filho que abriria um longo ciclo de governadores biônicos. Logo no primeiro ano em que foi “eleito” pela Assembleia Legislativa, o título se reconciliaria com a torcida tricolor, no mesmo ano em que é indicado para a prefeitura de Salvador um prefeito que iria dar o que falar apelidado pelo radialista França Teixeira de “Pelé branco das construções”. No entanto, a pluralidade do nosso futebol seria preservada até quase o fim daquela década agitada, onde se registra os últimos títulos do Galícia e do Fluminense. Deixaria o cargo quando se inicia uma nova hegemonia do EC Bahia no nosso futebol.
Abre-se uma nova era na política baiana, tal como já havia ocorrido no passado com os caciques JJ Seabra e Juracy Magalhães onde o estado será conduzido por décadas pelo estilo e métodos de Antônio Carlos Magalhães, que doravante será conhecido pela sigla de ACM. Em seu primeiro governo, porém, ainda teria lugar para mais um título do EC Vitória, que doravante seria o único a atrapalhar o caminho do seu arquirrival que abiscoitaria mais três campeonatos.
                                                              O governador ACM                                                 
Mas, se o governo de ACM ainda deixaria essa pequena possibilidade, seria sob Roberto Santos que o EC Vitória afundaria de vez. Este deixaria bem encaminhada a maior sequencia de vitórias de um clube em toda a história de nossos campeonatos, o hepta do Bahia que, porém, só seria sacramentado no primeiro ano do novo governo ACM.
O segundo mandato do “cabeça branca” seria a continuidade do primeiro até no futebol, com o Vitória ganhando um título e o Bahia três. Desta vez faria o seu sucessor, João Durval, que continuaria nesta toada, assegurando a hegemonia do Bahia, mas mantendo as condições de existência do nosso maior clássico. Assim, o Vitória alcançaria novo título em 1985 ficando os restantes com o Bahia. Chegávamos ao fim da ditadura militar e o rubro negro aproveitaria a ocasião para lançar o maior empreendimento da sua vida, o estádio Manoel Barradas, que abriria uma nova era no futebol baiano.
                                                    O governador João Durval Carneiro
O fim da década de 1980 seria confuso na política. A oposição peemedebista quebraria momentaneamente a hegemonia carlista com mais de um milhão e meio de votos de frente. A situação no futebol, assim como no estado, não mudaria, com o Bahia continuando a “papar” títulos nos curtos anos de Waldir Pires á frente do governo do estado. Com ele o clube alcançaria o inédito campeonato da Copa União.
                                                         O governador Waldir Pires                                      
As coisas, entretanto, trocariam o sinal com a posse de seu vice Nilo Coelho, quando o governo interiorano, que defenderia o status quo na política, será lembrado como o que abriria esta nova era de hegemonia rubro negra iniciando com dois títulos no fim da década.
Mas, o terceiro governo ACM manteria a mesma divisão dos anteriores, interrompendo os títulos do Vitória, que só os alcançaria em 1992 no meio de outras três conquistas do Bahia. Em seu governo o rubro negro alcançaria as façanhas de disputar por dois anos seguidos as finais dos campeonatos nacionais da primeira e da segunda divisão, embora perdendo a ambas. No entanto, seus epígonos da nova era carlista presenciariam uma longa hegemonia do EC Vitória. Com Paulo Souto o Vitória inverteria a equação 3 X 1 alcançando um inédito tricampeonato para apenas um título do Bahia.
A relação seria reduzida sob Cesar Borges, afinal ali ocorreria uma estranha divisão do campeonato de 1999, após acontecimentos inusitados nas finais do certame. O Bahia alcançaria seu único campeonato na década, o de 2001. O segundo governo Paulo Souto seria ainda melhor para o Vitória, que consolidaria agora um inédito tetracampeonato, embora deixasse ambos os clubes da Bahia na terceira divisão do campeonato nacional. E, quando o próprio rubro negro perde o título em 2006 o feito não é alcançado pelo arquirrival, mas sim por um clube do interior, o Colo Colo.
                                                     O governador Jacques Wagner                                                       
Vem o fim da era carlista com nova vitória da oposição depois de vinte anos, desta vez com o petista Jacques Wagner que, se requalificaria o estádio de Pituaçu, entretanto, entraria para a história como o governador que implodiria a Fonte Nova. Apesar de ser torcedor tricolor, foi em seu governo que o Vitória mais se deu bem ganhando todos os títulos que disputou na Bahia, onde voltaria a participar da final de um título nacional, agora perdendo a Copa Brasil.

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