segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Bangu na Fonte Nova


O Bangu Atlético Clube é uma agremiação centenária. Foi criado por trabalhadores da fábrica de tecidos do bairro que levou o nome, localizada no Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Alí, segundo o historiador Carlos Molinari, teriam sido realizados jogos promovidos por britânicos ainda antes de Charles Miller “introduzir” o futebol no país.
Um dos clubes mais antigos do país, o Bangu colecionaria títulos ao longo de sua existência. Assim, conta-se ás dezenas suas excursões pelo exterior e estados brasileiros, onde obteve vários galardões, sendo o principal o famoso Torneio Internacional de New York. O seu time principal seria vice-campeão brasileiro de 1985 e por duas vezes campeão carioca, em 1933 e 1966, quando participou da Taça Libertadores da América. Neste período teria diversos jogadores convocados para a seleção brasileira, vestindo a sua camisa craques formidáveis como Zizinho, Calazans, Fausto e Ladislau da Guia.
No auge de sua fama os “mulatinhos rosados” visitariam a Bahia a convite do Ypiranga no mesmo ano da revolução de 1930. O episódio teve grande cobertura da imprensa desde o embarque no Rio de Janeiro até o desembarque local. A curta excursão não registraria jogos contra o EC Bahia (pois só seria criado no ano posterior) ou o EC Vitória. No mesmo dia da sua chegada atuaria no Campo da Graça com a AAB vencendo por 5 X 2. Na sequencia aplicaria uma histórica goleada no antigo Fluminense por 10 X 1, tropeçando, porém no Botafogo por 4 X 2. Venceria ainda a seleção baiana por 3 X 1, e encerraria a excursão com nova derrota, pelo mesmo placar, para os autores do convite.  As derrotas ficariam atravessadas na garganta dos cariocas. Sete meses depois, ao realizar uma vitoriosa excursão a Pernambuco faria questão de uma revanche contra o Ypiranga sendo enfim vitoriosos por 6 X 4.
Passaria um quarto de século para o Bangu voltar a Bahia, agora no novo estádio da Fonte Nova. Desta vez seriam contatos regulares nos anos 50 e 60.  A maioria dos confrontos se registraria na segunda parte da primeira década. Em 1956 o Bangu desforraria pelo mesmo placar, a derrota sofrida contra o Botafogo, para voltar a perder no outro dia para o EC Vitória por 2 X 1. Em 1957 viria ao estado em maio e em novembro. Na primeira ocasião ganharia o Vitória (1 X 0) e a seleção baiana (3 X 1). Na segunda ganharia o EC Bahia (2 X 0) despedindo-se com nova derrota para o Vitória (1 X 0). No ano posterior empataria com o Vitórias (1 X 1) e o Galícia (0 X 0) para, no ano que o EC Bahia conquistaria a Taça Brasil, vir em nova excursão ao estado onde jogaria apenas com Bahia e Ypiranga, ganhando e empatando com o EC Bahia (2 X 0 e 1 X 1), e perdendo e empatando com o Ypiranga (0 X 2 e 2 X 2).
Após estas doze partidas, as vindas do Bangu começam a se reduzir. Os anos 60 ainda veriam a primeira vitória do Bahia contra o clube (5 X 3) em 1961 e, após um hiato da sua ausência por quatro anos, derrota e vitória para o Bahia pelo escore mínimo. Três vitórias encerrariam a década, todas por 1 X 0, em 1967, 1968 e 1969, as duas primeiras contra o Bahia, e a última contra o Vitória. No início dos anos 70, no ano da inauguração do anel superior da Fonte Nova, jogaria em setembro duas partias contra o Vitória (0 X 0 e 3 X 1) e uma contra o Bahia (0 X 3).
A próxima década verificaria os últimos confrontos dos clubes baianos contra o Bangu, realizados apenas em caráter oficial, quando o clube encerraria seu ciclo de vitórias no estado. Contra o Vitória, seria derrotado em 1981(0 X 2) e 1987(1 X 3), no caso do Bahia seriam dois empates, em 1982(1 X 1) e 1988, ano em que aquele clube ganharia a Copa União (1 X 1), e uma derrota em 1984(0 X 2).
Oitenta anos se passaram desde aquele desembarque no cais de Salvador. Vinte e dois anos se passaram desde que o Bangu jogou na Fonte Nova. O clube só fez cair. Disputa hoje a segunda divisão do futebol do Rio de Janeiro e, no campeonato brasileiro, foi parar na quarta divisão, sendo que este ano sequer disputou o certame. Mas, se nunca mais pisou as terras baianas, aqui deixou sua simpatia, a marca indelével de seus jogadores e um saldo apreciável. Foram 32 partidas realizadas, com 14 vitórias, 7 empates, e 11 derrotas. Marcou 57 gols e tomou 46, sendo um dos poucos clubes a derrotar a nossa seleção por duas vezes.
A Era do profissionalismo e da Fonte Nova faria com que os clubes baianos tivessem maior equilíbrio nos confrontos com o Bangu. No entanto, no estádio o saldo seria mínimo, tanto em matéria de vitórias como nos gols marcados (31 X 30). O enfrentamento com os nossos maiores clubes registra uma vitória a mais do time da fábrica contra o EC Bahia, e déficit de um jogo contra o Vitória.

Agradeço as gentis informações do historiador Carlos Molinari autor da História do Bangu.

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