quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O primeiro campeonato nacional disputado pelo EC Vitória

                            
No início de 1972 o Vitória montaria um time excepcional que seria mais tarde campeão baiano. Não esquecerei tão cedo daquele time. Tinha um ataque formado por Osny, Gibira, André “Catimba” e Mário Sérgio, que infernizava as defesas.

O E.C.Bahia, já participava do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, apelidado de “Robertão”, e havia pressões desde o ano anterior para incluir outros clubes do estado no certame. Habilitavam-se para a escolha o Vitória, o Leônico, o Fluminense de Feira, o Galícia, e até o Ipiranga. Estávamos numa época onde a crise havia voltado ao futebol abalando o tradicional esquema existente na Federação Baiana de Futebol-FBF, embora não houvesse o mesmo na Confederação Brasileira de Desportos- a CBD, depois dedicada somente ao futebol.

Considero que a decisão de garantir a Bahia e Vitória o monopólio da representação do estado, ao lado do esvaziamento dos clubes de Salvador, soterrou definitivamente a pluralidade de nosso futebol. Havia presenciado nos anos 60 diversos clubes se tornarem campeões: Bahia (cinco vezes), Vitória e Fluminense de Feira de Santana (duas vezes), Leônico, Galícia (uma vez).

Os próximos anos veriam o desaparecimento progressivo de times tradicionais como o Ipiranga, o Botafogo, Guarany e Galícia, assim como também do Leônico, Redenção, ABB, Estrela de Março, Monte Líbano e São Cristóvão, deixando a capital do estado apenas com dois clubes e com todos os títulos. Na década de 70 que estávamos entrando apenas dois clubes seriam campeões, o Bahia oito vezes e o Vitória duas.

O Vitória sairia vencedor desta batalha onde não faltou a política. Que diferença entre a condição entre a pequena representação que contava há 40 anos e a grandeza atual. Possuía na ocasião uma pequena, mas combativa torcida que ocupava o lado esquerdo das cabinas de rádio do Estádio da Fonte Nova. Embora fosse a segunda torcida do estado estava muito longe do nosso arquirrival. Tinha, entretanto, figuras proeminentes no jornalismo e em certos cargos do Estado, e uma diretoria com iniciativa, onde se destacavam Raimundo Rocha Pires (o “Pirinho”), Benedito Dourado da Luz e Alexi Portela (pai).

Em 1971 a CBD havia se mostrado inflexível mantendo apenas nosso rival. O primeiro campeonato, porém, levou a grande desmoralização da entidade. Os esquemas que de há muito era notados ganharam dimensão nacional. Esta organizou o campeonato em duas chaves utilizando um duplo critério de classificação para a fase final, o nível técnico e a renda! O processo levou a inúmeras maracutaias quando os clubes compraram renda para subir na colocação, causando grande escarcéu o jogo no Maracanã entre Vasco da Gama e Palmeiras, cuja renda correspondia ao dobro do público presente.

                                       Escudo da extinta CBD                                

O povo baiano respondeu positivamente ao primeiro campeonato levando a este grandes rendas fazendo com que nosso rival ficasse entre os cinco melhores colocados no critério imoral. As baixas rendas de uma série de clubes do Sul, o novo estádio, o interesse da realização de uma Mini Copa e o ano eleitoral de 1972 fizeram o resto garantindo a entrada de dois clubes da Bahia (entre os quais o Vitória), acompanhados, entretanto, de vários representantes de estados com menos tradição no futebol brasileiro.

Alavancada pelo “milagre econômico” a ditadura investe na centralização nacional que teria sua versão no futebol. Mas esse passo se daria no nosso esporte mais popular à custa de uma verdadeira esculhambação. Até o fim da década mais de noventa clubes seriam inseridos no nosso “campeonato nacional” merecendo criticas dos chamados "grandes clubes". Época em que a desmoralizada CBD se transformaria na CBF após 60 anos de existência. 

Mas, voltemos ao certame de 1972, onde entraram quase trinta clubes divididos em quatro chaves. O Vitória caiu na chave D. Lembro que na época fiquei feliz, pois havíamos ficado junto com o Sergipe e esperava que este não deixasse que ficássemos na lanterna no primeiro ano de nossa participação.

Mesmo possuindo um bom time o Vitória se reforçou contratando jogadores experientes como Zé Eduardo (ex-Bahia) e trazendo o técnico Jorge Vieira. Assisti a praticamente todas as partidas realizadas em Salvador. Começamos muito mal empatando com o Clube do Remo em zero a zero. Depois um desastre, na primeira partida contra um time “do Sul” quando fomos derrotados pelo Palmeiras por três a zero. Quando parecia que faríamos uma campanha vergonhosa veio a primeira vitória, obtida contra o Santos (que não era mais o da minha adolescência), por um a zero.

Cedo, porém fui entendendo que o clube ainda não estava preparado para disputar títulos nacionais. Apesar de ter vários títulos estaduais, ter chegado a possuir grandes jogadores, e ter tido grandes vitórias em amistosos, inclusive no exterior, o Vitória era ainda um clube regional, devendo investir em longo prazo para ocupar um papel de destaque no cenário futebolístico nacional, o que só começaria a ocorrer duas décadas depois.

O fator preponderante para esta consciência foi os poucos gols que o time fazia o fato de não ganhar fora de casa (ganhar do Sergipe não valia!) e, principalmente as vergonhosas derrotas seguidas que sofremos em Belo Horizonte, para o Cruzeiro e o Atlético Mineiro, respectivamente, por cinco a zero e quatro a zero. Uma verdadeira participação ficaria para a próxima. Somente vinte e um anos depois o clube chegaria numa decisão, após amargar um tempo na segunda divisão.

*   Agradeço as imagens dos blogs pt.wikipedia.org e produto.mercadolivre.com.br.

2 comentários:

  1. Caro Franklin.
    Sou amigo do Fernando Silva, ex-zagueiro que jogou no Vitória (1972 e 1973 e 1975 e 1976), ele está nessa foto.
    Jogou também no Bahia (74 e 75) depois no Fluminense de Feira (76 e 77) e no Leônico (78 e 79) quando encerrou a carreira.
    Temos a história da Carreia dele no nosso site desde 2005 - www.boleirosdaaguarasa.com - ao entrar clique em FUTEBOL, depois OS PROFISSIONAIS e finalmente FERNANDO.
    A sua história está também no site do Milton Neves - Que Fim Levou - www.miltonneves.com.b
    Se tiver alguma foto do Fernando nestes times mencionados e puder me informar, colocaria no nosso site.
    Hoje o Fernando mora em Maricá-RJ e têm uma escolinha de futebol conveniada com o América do Rio.
    Vamos trocar figurinhas.
    Waldevir Bernardo.
    E-mail: boleirosdaaguarasa@gmail.com

    ResponderExcluir
  2. poderia me informar o nome de cada jogador do vitoria de 1972 com seu respectivo numero da camisa .se possivel com dois reservas também. total 13 com o goleiro incluso

    ResponderExcluir