domingo, 21 de novembro de 2010

Coincidências históricas na Fonte Nova: década de 50



A Fonte Nova sempre me pareceu um estádio predestinado. Ali aconteceram coisas “do arco da velha”. Mas o nosso estádio é mais do que isto, tomando parte, quase que sem querer, em uma série de importantes fatos históricos que sacudiram o Brasil e o mundo ao longo de sessenta anos.
No ano de 1951, quando o estádio entrava em funcionamento já começavam a acontecer estas coincidências históricas. No dia 29 de abril, os poucos espectadores que estavam na Fonte Nova assistindo ao “eletrizante” jogo Botafogo três São Cristóvão (lembram-se?) zero, não estavam informados de que neste dia falecia um dos maiores filósofos contemporâneos, o austríaco Ludwig Wittgenstein. Aliás, se soubessem disto, os torcedores alvi rubros certamente não estariam interessados nas condições lógicas para que o pensamento e a linguagem pudessem representar o mundo. Pretendiam mais representar condignamente as tradições do Botafogo, mas não deu, pois este faria uma campanha desastrosa este ano, sendo esta uma de suas poucas vitórias.
                                                                Ludwig Wiitgenstein
A Bienal Internacional de Arte de São Paulo é uma das principais mostras de arte contemporânea mundial. Caminha hoje para a trigésima edição e sessenta anos de realizada. Até eu fiz parte dela, se não me engano em 1969, participando da instalação Etsedron, de autoria de Edson Luz. Não é que enquanto transcorria o ato de sua abertura, em vinte de outubro de 1951, o Ypiranga encerrava vitoriosamente a sua campanha no segundo turno do campeonato baiano (1 X 0 no Botafogo), certame que ganharia alguns meses mais tarde, se constituindo no único que viria a levantar na Fonte Nova?
O pós-Segunda Grande Guerra viu a existência de outro tipo de conflito, a “Guerra Fria”, colocando em campos opostos os aliados de véspera, EUA e URSS. O mundo iria entrar numa época de bipolaridade que duraria quatro décadas. No entanto, os principais promotores desta política não durariam muito. Josef Stalin era da velha guarda dos revolucionários soviéticos, e sob a sua batuta (foi secretário geral do PCUS desde 1922) haviam se consolidado novos rumos naquele país, é verdade que bastante polêmicos. Mas não é que ele deixaria para morrer nas vésperas da decisão do campeonato baiano de 1952?
                                                                     Josef Stalin
Na ocasião não houve jeito, quando até os comunistas que torciam para Bahia e Ypiranga tiveram que comparecer á Fonte Nova enquanto o mundo discutia as repercussões do acontecimento. O que aconteceu ali seria recordado até hoje, mas não em função da morte do “guia genial dos povos”. É que num jogo bastante disputado, com tudo para ficar o placar no zero, o atacante Carlito do EC Bahia acabou dando um chute despretensioso que o goleiro Ruy do Ypiranga aceitou, sofrendo um dos maiores “frangos” já vistos no estádio.
O EC Vitória somente entraria para as coincidências históricas da Fonte Nova em 1955. Na ocasião, iniciava-se o turno extra do campeonato baiano do ano anterior, e seus torcedores ficariam duplamente chocados naquele 17 de abril. O time campeão baiano iniciaria mal as finais ao perder de dois a um do Botafogo (2 X 1). No outro dia, enquanto os rubro negros digeriam a derrota e faziam suas contas pra ver se ainda dava pro “bi”, e eis que a morte do grande cientista Albert Einstein viria surpreendê-los. Mas a relatividade continuaria imperando nos campeonatos baianos, onde a dupla BA-VI alternaria títulos entre 1952 e 1958.
                                                                  Albert Einstein
No ano seguinte o EC Bahia voltaria a estar relacionado com acontecimentos históricos. É que as decisões do título daquele ano se realizariam em outubro, na época da invasão da Hungria pelas tropas do Pacto de Varsóvia para sufocar uma revolução popular. Era a primeira vez que este organismo funcionaria contra um dos países filiados e também que um clube do interior da Bahia participaria de uma final, o Fluminense de Feira de Santana, que seria derrotado pelo EC Bahia.
                                                               Invasão da Hungria
As coincidências baianas terminariam com a própria década que veria a inauguração de uma nova capital quase setenta anos depois que isto ficou definido na Constituição republicana. Foi no dia 21 de abril de 1960 que se deu a inauguração de Brasília. Na véspera, o presidente Juscelino Kubitscheck receberia as chaves da cidade, e enquanto isto o EC Bahia estava estreando na Taça Libertadores da América e Buenos Aires perdendo por três a zero para o San Lorenzo de Almagro.  Seria a primeira vez que um clube brasileiro disputaria a competição, que teria outras partidas, agora na Fonte Nova, quando o Brasil já tinha uma nova capital.

·         Agradeço aos sites do Esporte Clube Vitória, o suapesquisa.com, fbsp.org. br e campeões do futebol, aos blogs história do futebol, iconacional. blogspot.com, Wikipédia, decadade50.blogspot.com, geracao45.blogspot.com e futipédia.globo.com. Sou grato também as imagens dos blogs filmesparabaixar.org,azulnevoa.blogspot.com, portalsaofrancisco.com.br,hungary1956.jpg,marcelogil2000i.blogspot.com e ateneulondrina.com.br.     

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