quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A excursão-relâmpago do Madureira na Fonte Nova


                                              Escrete dos suburbanos cariocas em 1951
O Madureira foi um dos mais tradicionais clubes do Rio e janeiro. Foi fundado por comerciantes desse próspero bairro da Zona Norte da capital do país. A data, entretanto é polêmica, sendo que alguns utilizam 1914 (data da criação do Fidalgo Madureira Athlético Clube) enquanto outros preferem 1932.  Mas, ainda há 1971, quando é criado o Madureira EC através de uma fusão com entidades locais. 
O estádio da turma azul e roxo (é isso mesmo!) é o Aniceto Moscozo e foi inaugurado em 1941, em plena Segunda Grande Guerra, e tem capacidade para dez mil torcedores.  O clube está perto de completar cem anos e, entre os anos 1930 e 1960 foi um celeiro de craques, passando por ele jogadores como Evaristo, Jair da Rosa Pinto, Marcelinho carioca, Isaías e Léo Lima. Registram-se na sua história excursões como a da Guatemala (invicta) em 1950, a Alemanha (1954), e, em 1964, a Europa e Ásia, e a América do Sul e Caribe (1964). Nesta última, sua delegação teve a satisfação de receber nada menos do que o próprio comandante Ernesto “Che” Guevara.
                                               Estádio do Madureira EC - Rio de Janeiro
Seu hino, composto por Lamartine Babo, diz bem das suas tradições, afirmando
És Madureira, nosso castelo,
a nossa catedral, ideal,
o sol de muitos anos
dos tricolores suburbanos
Apesar dos esquadrões que o clube montou e das suas glorias, nunca foi chegado a títulos, conseguindo apenas dois torneios inícios do Campeonato Carioca, em 1939 e 1957, dois vice-campeonatos em 1936 e 1996, e o certame da segunda divisão em 1993. Esteve na Bahia em 1937 no velho estádio da Graça. Na oportunidade faria uma campanha sem saldo, com duas vitórias e duas derrotas. Ganharia de Bahia(2 X 1) e Botafogo(6 X 1), e perderia para Ypiranga(1 X 2) e Galícia(1 X 4).
                                     Che Guevara em Cuba com a delegação do Madureira
23 anos depois aportaria na Fonte Nova, no período de São João em 1960, pra fazer uma excursão-relâmpago. Foi um ano de eleições no Brasil e na Bahia, onde nem Juscelino nem Antônio Balbino iriam conseguir eleger seus candidatos. O Madureira fez sua primeira partida, no dia 31 de maio derrotando o Ypiranga por três a um. O jogo, porém, não foi tão fácil como o placar pode deixar transparecer. Azumir abriu o escore no primeiro tempo para os suburbanos no entanto o mais querido  empatou através de cobrança de falta, com Lia, no finzinho. No segundo tempo, porém,  Fernando e o mesmo Azumir dariam números definitivos ao placar.
O juiz seria Clinamurti França e a renda 58.680 cruzeiros. Madureira jogou na estreia com Silas, Zezinho, Salvador, Jair e Décio Brito; Nelsinho e Apel; Bira (Pará), Azumir, Fernando, Nair e Osvaldo. Já o Ypiranga formou com Valter (Aloísio), Otavio e Zé Oto; Vadú, Agnelo e Alencar; Pinga (Poroba), Zeca (Valder), Hamilton, Lia e Carlinhos (Geraldo).
Sobrava para o EC Bahia “lavar a honra” do estado no dia três de junho. Foi com esta intenção que o dobro de torcedores foi ao estádio da Ladeira da Fonte levando ás bilheterias pouco mais de 118.000 cruzeiros. O juiz, desta vez, foi Dante Correia da Silva.  Os suburbanos fariam dois gols na primeira etapa, um a favor (Fernando) e um contra (Salvador), saindo para o intervalo com um a um. No segundo tempo Biriba estabelece a “virada”. Parecia acabar o interesse de Vitória e Fluminense que solicitaram aos suburbanos jogos extras. No entanto o avante Nair empataria o jogo. Após a partida o clube fez vistas grossas para os pedidos indo embora da boa terra.
Foi à última vez que o Madureira jogou na Bahia, e isto fez meio século este ano. É bom relembrar a escalação dos times deste jogo histórico, onde o primeiro formou com Sila, Zezinho e Salvador; Décio, Nelsinho e Abel; Bira, Azumir, Fernando, Nair e Osvaldo. Já ó Bahia se apresentaria com Jair, Francisco e Henrique; Carneiro, Nery e Vicente; Einaldo, Ivan, Elmo, Mário e Biriba.
Não vi ninguém comemorando a data que, aliás, não suscitou nenhuma placa na Fonte Nova. Esta ingratidão não será esquecida pelo brioso Madureira EC quando voltar a seus grandes dias. Não é que o clube no próximo ano vai disputar a terceira divisão do campeonato Brasileiro? Conseguiu isto após se classificar para a fase final da quarta divisão, derrotando, entre outros, o Operário de Ponta Grossa, por seis a dois.  Aqueles jogos podem não ter sido um adeus, mas um até breve Madureira!

·         Agradeço o Setor de publicações raras da BCE(Coleção Diário de Notícias), ao site jusbrasil, aos blogs História do Futebol, Soccerway, súmulascariocas.blogspot.com, a Roberto Pypcek, Alexandre Lima e Edu Cacella.  Sou grato também as imagens do site madureiraec.com.br e dos blogs alemdosgrandesjogos.blogspot.com,batebolacomjr.blogspot.com e lojafutebolretro.blogspot.com.

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