quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

EC Vitória “campeão” do Dia Internacional dos Trabalhadores

    
                A todos os que imploram feriado,às costas que a terra extenua:
                Primeiro de maio!   (...)
                Sou operário. Este é o meu maio! Sou camponês. Este é o meu mês!
                Sou ferro. Eis o maio que eu quero! Sou terra. O maio é minha era!  
                                                                                                                Maiakovski

Em 1889 realizou-se em Paris um congresso mundial de trabalhadores. O evento ocorreu a apenas seis anos da morte de Karl Marx e dois anos após a greve de Chicago, que foi enfrentada pelos patrões e governo com drástica repressão ocasionando mortos e feridos. Na ocasião os delegados tomariam deliberações históricas para o movimento dos trabalhadores. Entre outras decisões organizariam uma manifestação em vários países por oito horas de trabalho diárias na data da greve norte-americana. No congresso posterior a manifestação foi incorporada ao calendário do movimento. A data foi imortalizada pelo poeta Maiakovsky e pelo cineasta Einsensteins. 
A Internacional Socialista foi um marco de séculos de lutas e conquistas dos trabalhadores. Mas o que aqueles delegados não esperavam é a influência do Dia dos Trabalhadores no futebol. Tido por muitos como alienação o esporte, ao longo do tempo, assimilou esta data histórica, tendo seus integrantes participado de um sem número de celebrações. É certo que, ao longo do tempo, muitas delas se mostraram festivas, despolitizadas, e até empresariais. Mas isto não desmerece a homenagem aos trabalhadores, porque aqueles que a fazem são também, em grande parte, da mesma classe. Ao longo do tempo o Brasil e a Bahia viram diversas destes eventos, onde, na Bahia, se destacou o EC Vitória.
                                           Karl Marx prevendo o desempenho do EC Vitória
Se valesse somar todos os pontos dos jogos realizados nesse dia na Fonte Nova o EC Vitória teria um título internacional: o de campeão dos Primeiros de maio. Não sei por que não lhe deram esta taça. Acho que vou solicitar isto aos dirigentes das organizações sindicais e partidárias mundiais.
A Fonte Nova registrou jogos por oito vezes neste dia. O ciclo foi aberto pelo próprio BA-VI que, em 1955, jogaram pelo Campeonato Baiano do ano anterior. Na ocasião, o rubro negro ganharia por dois a um, gols de Ciro e Alencar, contra o de “honra” de Naninho.  Treze anos depois, em pleno ano de 1968, haveria uma rodada dupla pelo mesmo certame. Na preliminar o Ypiranga perderia para o Bahia de Feira pelo escore mínimo. Mas, na partida principal, outra vitória dos leões das Barra, desta vez para o São Cristóvão por três a zero, com direito até a gol de Coutinho o parceiro de Pelé (Você sabia que ele jogou na Bahia?). Completaram o marcador Tinho e Edson.
A data magna dos trabalhadores, no entanto não seria prestigiada em 1975, sendo programado um jogo secundário, entre Botafogo e Ypiranga, que não estavam em seus melhores dias. A partida terminaria empatada em um gol. O Vitória voltaria a protagonizar a data magna dos trabalhadores no certame de 1981, numa nova rodada dupla. Desta vez jogaria na preliminar, onde golearia o Redenção por quatro a zero. A partida principal ficou reservada para o clássico entre Galícia e Fluminense de Feira de Santana, que terminaria sem gols.
                                          Cartaz do admirável fime de Serge Einsenstein
Em 1986, três décadas após de disputar o seu primeiro de maio na Fonte Nova o Bahia voltaria a campo nos primeiros de maio. Programou-se neste dia uma nova rodada dupla. No primeiro jogo o Galícia ganharia do Botafogo pelo escore mínimo. Mas, no segundo jogo, o tricolor perderia de novo, e pelo mesmo escore dos anos cinquenta (1 X 2), desta feita para o Leônico.
Cinco anos depois seria realizado o único jogo pelo Campeonato Brasileiro nesta data. Na ocasião houve rodada do certame e os clubes baianos não levaram sorte. O esquadrão de aço cairia na Ilha do Retiro para o Sport por dois a um, o mesmo placar que se registraria na Fonte Nova, entre Vitória e São Paulo. Naquele ano o rubro negro estava na Segunda Divisão e deu o azar de pegar um dos maiores times da história daquele clube.

Os gols do tricolor paulista,campeão brasileiro daquele ano, seriam de Raí e Muller, anotando Junior Xavier para os leões da Barra. Veja se alguém ganharia a equipe de Telê Santana que jogou aqui: Zetti, Cafu, Antônio Carlos, Ricardo Rocha e Leonardo; Ronaldão, Elivelton e Flávio Paiva; Muller, Raí, Macedo e Mário Tilico. Ao longo de mais de meio século só esta seleção conseguiria ganhar do “campeão” dos primeiros de maio.
O EC Bahia se despediria dos primeiros de maio da Fonte Nova, quando, em seu último ano de vida, ganhando do Poções pelo campeonato baiano por quatro a dois.
Despeço-me de vocês hoje com as palavras ainda atuais do velho Hino da Internacional Socialista:
Os reis da mina e da fornalha
edificaram a riqueza
sobre o suor de quem trabalha (...)
Ó parasita, deixa o mundo!

 * Agradeço as informações do site culturabrasil.pro.br(também imagem), e dos blogs futipédia.globo, granadeiros azulinos e RSSSF Brasil. Sou grato ainda as imagens dos blogs universotricolor.com, piauí.blogspot.com e blogdoprotasio.blogspot.com.

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