Em pé: Paulistinha, Manga, Jadir, Nilton Santos, Airton e Rildo.
Agachados: Garrincha, Edson, Quarentinha, Amarildo e Zagalo.
Hoje vou falar de um clube que já torci nos anos 50/60, o Botafogo de Futebol e Regatas do Rio de Janeiro. Era o time de “painho”, junto com o Santos, e assim como a mania de torcer pro EC Vitória, torcemos pro glorioso também. Influiu para isto as grandes equipes que o glorioso teve nos anos 50 e 60, que alguns botafoguenses intitulam de “época de ouro”, quando jogavam no clube craques como Didi, Garrincha, Zagalo, Nilton Santos, Gerson, Manga, Jairzinho e Quarentinha, que fez carreira no Vitória.
Estávamos na era do rádio onde não bastava torcer pros times da Bahia pois todos perguntavam pra quem agente torcia no Rio e em São Paulo! Só quando fui tomar consciência da problemática regional e visitei o Sudeste é que percebi que lá eles “se lixam” pros clubes daqui. Ai, inclusive porque já tinha saído de casa pra casar, deletei os times de outros estados passando a torcer somente pro rubro negro baiano. Sobrou só a simpatia!
Pra mim a era de ouro do clube foi entre 1957 e 1970. Considero que o Botafogo despertou a atenção do mundo ao ganhar o título carioca daquele ano com uma goleada histórica de seis a dois sobre o Fluminense. O clube ainda conquistaria os campeonatos estaduais de 1961, 1962, 1967 e 1968, os torneios Rio – São Paulo de 1962 e 1964, a Taça Brasil de 1968 e seria a base da seleção brasileira na Copa do Mundo realizada no México em 1970. O Botafogo foi um dos clubes que mais jogou na Fonte Nova, trinta e quatro vezes, atuando aqui por meio século. E, como não podia deixar de ser, jogou também aqui na sua “era de ouro”.
O clube já tinha uma longa tradição de relações com a Bahia, que vem desde o campinho do Rio vermelho. Logo após a Primeira Grande Guerra aportaria por aqui tendo de ser organizado ás pressas um combinado baiano para enfrentá-lo, e que seria devidamente arrasado por sete a um! O dia é histórico, 18 de fevereiro de 1919, e deve ter sido o primeiro clube carioca a pisar na Bahia. Depois daí levaria muitos anos pra aparecer de novo, particularmente pelo fato do estado não ter sido incluído na excursão que então fez ao Norte e Nordeste do país.
Voltaria a Salvador no atribulado ano de 1935 ás vésperas do movimento que passou a história com a denominação dos vencedores, a “Intentona Comunista”, o levante da Aliança Nacional Libertadora contra o governo Vargas. A equipe ficaria aqui dez dias. Estrearia no dia 20 de outubro com o resultado maiúsculo do seu homônimo local(4 X 4). Logo depois, entretanto, arrasaria o EC Vitória por sete a dois! Foi aí que o Galícia honrou a sua fama de demolidor de campeões derrotando-o por três a um. Encerraria a excursão batendo o Bahia por quatro a três.
Repare a "imparcialidade" da imprensa da época
Vinte três dias depois a revolta começaria em Natal, se estendendo dois dias depois para Recife, e chegando aos cariocas no dia 27 de novembro. Os revolucionários foram drasticamente reprimidos, ocorrendo mortes, torturas e prisões, ficando trancafiado durante anos o “cavaleiro da esperança” Luís Carlos Prestes.
No início de 1942, em pleno Estado Novo, o time da estrela solitária voltaria a Salvador em nova e vitoriosa excursão. Desta vez não deu mole pro seu homônimo local aplicando-lhe cinco a um na estreia. Logo depois o Vitória consegue honroso empate em quatro gols. Mas o time granadeiro desta vez não arranjaria nada, caindo por cinco a um. Venceria o Bahia a seguir(3 X 1), encerrando sua temporada em Salvador com um empate a um gol contra o Ypiranga. Foi então jogar em Feira de Santana, quando derrotou a seleção local por quatro a dois. Neste interim recebeu proposta de revanche do Bahia. A aceitação da partida tirar-lhe-ia a invencibilidade, caindo o alvi negro por dois a um.
Só voltaria a boa terra depois da Segunda Grande Guerra, quando já se idealizava o estádio da Fonte Nova. A excursão seria curta e grossa, com o Botafogo não dando chance ao Vitória(4 X 3), ao Botafogo local(5 X 1) nem ao Bahia(1 X 0). Três anos depois viria ao Nordeste mas não pisaria nos gramados do estado.
E era da Fonte Nova receberia o antigo clube de General Severiano no seu terceiro ano, confirmando o seu pioneirismo de ser um dos primeiros clubes cariocas a ali jogarem. A má escolha do dia da partida (oito de dezembro, consagrado a Nossa Senhora da Conceição) porém, lhe seria fatal, pois arregimentaria os cristãos a se desforrar de quem não preservava o dia santo e seria responsável pela sua maior derrota em terras baianas: quatro a um para a seleção baiana. A volta um mês depois para tentar se recuperar contra o Vitória também fracassou no empate por dois gols.
Em meados da década o Botafogo visitaria Sergipe e Pernambuco mas não daria uma “chegada” na Bahia. Somente no ano seguinte (1956) viria a região do cacau enfrentar o Colo Colo(5 X 0) e a seleção itabunense(2 X 1). Em setembro porém, cumpriria uma verdadeira maratona por aqui jogando três vezes em quatro dias, empatando na Fonte Nova com Galícia(0 X 0) e Bahia(1 X 1) e em Feira de Santana com o Fluminense local(1 X 1).
O glorioso viria a Fonte Nova por oito vezes em sua era de ouro. O primeiro jogo foi em julho de 1958, logo após a Copa do Mundo da Suécia onde o Brasil sagrou-se campeão. Num ano eleitoral seus jogadores da seleção Garrincha, Didi, Nilton Santos e Zagalo receberam homenagens. Houve muita politicagem mas não adiantaria pois o ponteiro das pernas tortas faria o único gol do jogo contra o tricolor baiano. Não me lembro se meu pai nos levou a este jogo. Ele não se lembra mas não tinha como não ir. Na época eu tinha apenas dez anos. Realmente não consigo dizer quem foi melhor Garrincha ou Pelé.
Que saudade, dá até vontade de chorar!
No próximo ano voltaria a Salvador, começando pela Fonte Nova uma temporada pelo Norte e Nordeste com nova vitória sobre o Bahia, e pelo mesmo escore. Em 1960, após o esquadrão de aço vencer a I Taça Brasil, jogaria duas vezes contra o alvi negro carioca no mês de junho. Uma delas no Rio de Janeiro, quando seria a primeira vez que este confronto se realizaria fora da Bahia, registrando outra vitória pelo mesmo placar. O outro amistoso terminaria sem gols na Fonte Nova. Até então sequer íamos sozinhos na Fonte Nova.
A nova excursão ao Norte e Nordeste feita em 1962 evitaria o estado. Passariam-se três anos sem que o clube da estrela solitária voltasse a Salvador. Mas quando veio foi pra fazer o seu primeiro jogo oficial com um clube baiano, no caso o Bahia. Estava sendo realizada a V Taça Brasil, e o jogo era pelas semifinais, em 17 de outubro de 1963. Apesar de já comparecer aos jogos assisti este pelo rádio pois meu pai estava viajando a serviço. Acho que foi um dos maiores públicos da época quando o tricolor devolveria o escore mínimo e carimbando a sua classificação treze dias depois com um empate sem gols no Maracanã. Assisti pela rádio Globo no intervalo o repórter entrevistar Nilton Santos no intervalo que orientou os defensores a não subirem demasiadamente pra que não perdessem de novo pra “esse time”. Neste ano o tricolor perderia as duas partidas das finais contra o Santos.
No inicio da ditadura militar as duas equipes realizariam dois amistosos mas a nova tendência de se enfrentarem em jogos oficiais viria pra ficar. A época era de crise no futebol baiano fazendo com que essas promoções tivessem pouco retorno financeiro. No ano do golpe o “placar oficial” mínimo para o Botafogo, e no ano seguinte, o empate por um a um. Em 1966 o alvi negro viria ao Norte e Nordeste mas não a Bahia.
O torneio apelidado de “Robertão” seria ocasião para novos confrontos contra o tricolor baiano. Desta vez porém o esquadrão de aço obteria resultados melhores, ganhando por duas vezes por um a zero e dois a um. Quem foi a Fonte Nova neste jogo, em cinco de novembro de 1969, veria pela última vez o clube em sua era de ouro.
O próximo período seria o da era do Campeonato Brasileiro quando faria dezenas de partidas no nosso histórico estádio durante 1971 e 2003. Seriam vinte e duas partidas, quatorze contra Bahia, sete contra o Vitória e uma contra o Galícia. Se observarmos toda a era da Fonte Nova haveria um equilíbrio entre o desempenho do Botafogo em confronto com os clubes locais. Ganharia onze, empataria doze, e perderia onze partidas. Marcaria 32 gols e sofreria 34.
No primeiro campeonato brasileiro ainda conseguiria ficar em terceiro lugar classificando-se pras finais. Mas não seria mais o mesmo. Jogaria, e venceria o Bahia, na ocasião com um plantel irreconhecível. O técnico era Paraguaio, e o time formava com: Ubirajara mota, Mura, Brito, Djalma Dias e Valtencir; Paulo Cesar(autor do gol), Nei Conceição e Galdino(Silva); Roberto Miranda, Nei Oliveira(Careca) e Zequinha.
Depois da ascensão do Botafogo viria a queda. Entraria a nova década perdendo o Campeonato carioca para o Fluminense e, no ano seguinte, o Campeonato Brasileiro para o Palmeiras. Em 1973 seria desclassificado na Taça Libertadores da América. Já havia começado há muito o desmonte de seu grande elenco, mas esta situação se agrava com a crise financeira. O clube transferiria suas atividades para o subúrbio indo jogar em Marechal Hermes.
Garrincha e Nilton Santos. Só ficou a lembrança!
Levaria anos afastado do pelotão da frente do futebol brasileiro de onde nunca deveria ter se afastado. Quanto a Fonte Nova, depois de 2003 passaria a sediar jogos da segunda e terceira divisão e o Botafogo não mais se encontraria ali com times baianos.
· Agradeço as informações dos sites do Botafogo FR e de Fernando Dannemann. recanto das letras.com, e dos blogs futipédia.globo.com e RSSSF Brasil. Sou grato também as imagens dos blogs sosumulas.blogspot.com, jblog.com.br, vitrineesportiva.com.br, oglobo.globo.com e campeonatobrasileiro.ws.
EXCELENTE FRANKLIN!!!So mais um adendo foi considerado o 12ºmelhor time do seculo 20 pela fifa, APENAS Santos de Pele e Flamengo de Zico estão na lista tbm.
ResponderExcluirabraços