sábado, 11 de dezembro de 2010

Portuguesa de Desportos campeã na Bahia



A Associação Portuguesa de Desportos é um dos clubes criados no Brasil sob influência da presença portuguesa no Brasil. Equipe tradicional do futebol paulista e pioneira no estabelecimento de relações esportivas com diversos países. Mas muita gente não sabe que foi o primeiro clube paulista, e o segundo de fora do estado, a jogar na Fonte Nova? O time das Laranjeiras foi o primeiro, mas as duas temporadas foram muito próximas. Quando saiu o Fluminense chegou a lusa mas com uma diferença importante. É que os paulistas tiveram muito mais cartaz. Enquanto Castilho e companhia jogaram também no Campo da Graça, todas as partidas da Portuguesa foram na Fonte Nova que ainda se encontrava em obras e pra abrir necessitava de pressão política.
O clube tinha feito recentemente temporada invicta na Europa e Oriente Médio e trazia muitos craques em sua delegação, em uma década que muitos consideram a maior fase da história da Portuguesa. No ano seguinte a lusa ganharia o Torneio Rio-São Paulo.  A temporada se deu quase que ao final do primeiro turno onde aproveitaram a presença da Portuguesa para um quadrangular com taça e tudo, o primeiro realizado no estádio. Na primeira rodada a renda seria superior a noventa e cinco mil cruzeiros e o juiz seria o da Federação Paulista de Futebol.
Antigamente os clubes que jogavam aqui tinham o costume de trazer os árbitros. Com a Portuguesa não foi diferente, vindo com o clube tal de Antônio Musitano e daria o que falar. Na preliminar, com ele trabalhando o Ypiranga ganhou do Bahia por um a zero, num gol de Chaves que os jornais locais consideraram duvidoso. Falou-se que o juiz havia esperado a marcação do bandeirinha que não teria se manifestado.
A estreia da equipe lusa foi contra o EC Vitória, campeão baiano do primeiro turno, na partida principal. Mas os paulistas não deram maiores chances aos leões da Barra pontificando o centro avante Pingo, autor dos três gols, descontando Maneca para o rubro negro aproveitando rebote do goleiro Aldo em chute de Joãozinho. O Vitória ainda teria um pênalti desperdiçado por Bombeiro que chutaria na trave superior. O juiz foi Mario de Rocha Monteiro e o árbitro da preliminar também trabalhou como bandeirinha. A Portuguesa jogou na ocasião com Aldo (Muca), Haroldo e Jacob; Santos, Brandão e Cecy; Júlio, Rubens, Renato, Pinga e Leopoldo. Já o Vitória formaria com Periperi, Alírio e Joel; Cláudio, Totinha|(Diogo) (Pratts) e Bombeiro; Maneca, Jorginho, Viana, Nouca (Juvenal) e Dedé.
                                                    O ponta da seleção Julinho Botelho
Alguns dias depois haveria nova rodada do quadrangular. Só mesmo a Portuguesa poderia ser mais atração que a dupla BA-VI, que fez um de suas raras apresentações em jogos preliminares na Fonte Nova. Só não foi o primeiro BA-VI realizado no estádio em razão de terem promovido um desastroso jogo dias antes, em pleno São João, que resultou na vitória do decano por três a dois.
Na oportunidade, os baianos continuaram tirando pontos de si mesmos facilitando a tarefa da Portuguesa. O Vitória abriu o placar com Nouca e levou vantagem até os 42 minutos do segundo tempo quando Zé Hugo empatou para o Bahia. Os clubes formaram com: (Bahia) Zaluar, Arnaldo e Nilton; Pedrinho, Ivon e Tóia; Camerino Teco, Zé Hugo, Tuta e Elias; (Vitória) Periperi, Alírio e Joel; Cláudio, Totinha (Jorge) e Bombeiro; Maneca, Viana, Nouca (Bionga), Juvenal e Dedé.
No esperado jogo principal entraram em campo Portuguesa de Desportos e o poderoso Ypiranga, que mais tarde ganharia o campeonato baiano daquele ano, o único da era da Fonte Nova. Foi um “Duelo Sangrento” como o filme que então passava no Cine Aliança estrelando Audie Murphy. Mas só quem sangrou foram os baianos que seriam esmagados pelo trator português: seis a um.

O ponta Julinho seria o dono do espetáculo assinalando três gols, completando Rubens, Renato e o artilheiro Pinga. Marito com um chute forte faria o “gol de honra” ypiranguense.  Os clubes jogaram com (Portuguesa) Muco, Ivan e Jacob; Santos, Brandão e Cecy; Julinho, Rubens, Renato, Pinga e Leopoldo; (Ypiranga) Ferrari, Pequeno e Valder (Alberto); Zizo, Valter e Raimundo (Hildebrando); Marito, Chaves, Novinha, Israel e Antônio Mário.  
Foram pra última rodada com a Portuguesa na liderança (zero ponto perdido), o Ypiranga com dois, e a dupla BA-VI com três pontos perdidos (Lembrem-se que naquele tempo não se usava pontos ganhos). O Vitória ganharia o Ypiranga na preliminar por três a um com gols de Bionga, Juvenal e Dedé, contra um gol do ponteiro Antônio Mário. A vitória do rubro negro, entretanto, deu o título antecipado a lusa.
Foi um grande jogo. De um lado os craques da lusa e, de outro, o vice campeão do turno. Carlito abriu o placar para o esquadrão de aço mas Leopoldo empataria o jogo cobrando falta cometida pelo zagueiro tricolor Arnaldo. O esquadrão de aço teria uma bela atuação ressaltada pela imprensa local. Que observaria também o mau desempenho do árbitro Antônio Musitano. É que alegou a existência de um pênalti no atacante Alfredo do Bahia.  No entanto, o comentário do Diário de Notícias diz bem do cartaz da Portuguesa. O Bahia havia salvado a responsabilidade do futebol baiano
não se deixando abater por um conjunto de futebol da qualidade da portuguesa, que entre nós deixou excelente impressão (...)
                                               Estádio da Fonte Nova nos anos 50
As equipes formaram com: (Portuguesa) Muca, Haroldo e Jacob; Santos, Brandão e Cecy; Julinho, Rubens, Renato, Pinga e Leopoldo; (Bahia) Zaluar, Arnaldo e Nilton; Evilásio, Ivon e Tóia (Dario); Alfredo teco Carlito, Tuca e Juca. 
No próximo ano fará meio século da presença da Portuguesa de Desportos na Bahia. Será que não merece comemoração?

·         Agradeço as informações dos sites Wikipédia e da Portuguesa, ao blog História do Futebol, e do Setor de Publicações Raras da Biblioteca Central do Estado (Coleções Diário de Notícias e Estado da Bahia). Sou grato também as imagens dos blogs História do Futebol e capasbr.blogspot.com.  

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