Gente, daqui a pouco estamos pegando o aviao pra Salvador. Mas nao foi tao fácil. A TAM diz que tem duas agências aqui em Buenos Aires mas quando voce liga pra uma delas cai em uma fábrica que nao é de avioes. Ao ligar pra outra voce vai ter um pouco de dificuldade. É que quando voce aperta a opcao falar em português dá como inabilitado. Será que é preconceito? A solucao foi arriscar números internos da companhia até que achei qum confirmasse a nossa passagem.
Como eu tinha sido roubado tive que apanhar uma autorizacao de viagem no consulado brasileiro. Também deu um pouco de trabalho! Primeiro voce poega uma enorme fila pra pegar o elevador do prédio. Como, naturalmente, desiste, tem que subir cinco andares a pé. Depois passa pela seguranca onde verificam sevoce nao é um perigoso terrorista que quer prejudicar o Brasil. Só aí é que voce se encontra com um monte de brasileiros que também foramroubados em Buenos Aires. Mas pelo mnos deu pra chorarnossas mágoas conversando com os patrícios.
Quando chgamos nao havia água e o letreiro eletrônico com os números de atendimento nao funcionava. Mas acredito que deve ter sido uma excecao á regra! E ai, após um bom tempo, fomos chamados pela atendente do consulado. Pra servir de experiência a quem for roubado na Argentina devo dizer que a moca insiste pra voce apresentar algum documento (sic!). Ainda bem que serve pra alguma coisa o cartao fidelidade da TAM que os ladroes nao conseguiram levar. Nao adiantou eu dar os números dos documentos perdidos, ter esta cara de baiano e jurar que era brasileiro. Minha mulher teve que dar um depoimento afirmando que eu sou brasileiro. Tá vendo como é bom está na boa com a mulher?
Ainda deu pra ir as compras e almocar no Restaurante Pedemonte que existe há 120anos na Avenida de Mayo. Passamos nossa última noite no clube de jazz e pop Notorius. Estava se apresentando uma cantora brasileira com uma banda onde tocavam patricios e argentinos. Já assistimos shows em outras oportunidades e recomendamos esta casa pra quem vir a Buenos Aires. O espetáculo deupra matar as saudades do Brasil, especialmente quando tocaram "Encontros e desencontros" de Milton Nascimento. No entanto, quando apelaram pro forró e baiao o rendimento nao foi o mesmo, particularmente a estranha interpretacao alegre do clássico "Asa branca".
Bem mas chega de bolodório e vamos ao assunto de hoje, o Fluminense e a Bahia. O Fluminense FC do Rio de Janeiro é um clube de muitas glórias e manteve com a Bahia uma relacao pioneira. Foi um dos primeiros estados que visitou fora do eixo Rio-São Paulo. A primeira vez que desembarcou em Salvador foi em 1923 antes da realização dos campeonatos baiano e carioca. Teve gente que não acreditou que jogaria mesmo pois sua estreia foi em primeiro de abril, onde seria o primeiro clube carioca a jogar no récem inaugurado Estádio da Graca.
Trazia jogadores de expressão como os atacantes Guimarães e Manoel Coelho e o médio Fortes embora estes não tenham podido evitar que ficasse neste ano em quarto lugar no campeonatocarioca. Na primeira partida venceria por três a um o tradicional clube Baiano de Tênis. A seguir empataria com o EC Vitória(1 X 1) que naquele ano só ficaria atrás da dupla que decidiria o título baiano. Depois concederia revanche ao Baiano obtendo nova vitória, agora por dois a zero.
O sucsso inicial porém, desarmaria o Fluminense para as partidas mais difíceis que estavam por vir. No próximo jogo enfrentaria nada menos que o Botafogo EC quando este fez valer a categoria que lhe levaria ao bicampeonato baiano neste ano ganhando de dois a um. Uma nova derrota esperava os cariocas no confronto com um forte combinado baiano, comum placar de"baba": cinco a quatro. Aí a solucao foi pedir reevanche ao alvi rubro campeao, mesmo com o cmpeonato carioca já estando por comecar. Foi desta firma que conseguiu despedir-se do estado com uma bela vitória, dois a zero,dois dias antes do início daquele certame.
Fluminense em 1941. Em pé: Mallazo, Spinelli, Capuano, Reganeschi, Afonsinho e Ondino Vieira(técnico). Agachados: Pedro Amorim,Russo, Tim, Pedro Nunes e Carreiro.
Passar-se-iam mais de duas décadas para o Fluminense voltar a Bahia, ao fim da Segunda Grande Guerra e alguns anos após de conquistar o tricampeonato carioca. Neste ano ficaria em um modesto quinto lugar no futebol carioca. Trouxe em sua delegação o ponta baiano Pedro Amorim que aqui tinha passado por Bahia e Botafogo. Desta vez, após o empate na estreia com o Galícia, que seria vice campeão daquele ano, (1 X 1) não deu chances ao Vitória, que cairia por 6 X 2, ou a forte equipe do EC Bahia, o legitimo campeão daquele ano que contava com jogadores como os médios Bianchi e Avale e o atacante Zé Hugo, dois a um.
O período tornou mais regular o intercâmbio esportivo entre cariocas e baianos. Voltaria durante excursão ao Norte e Nordeste. Até então havia vindo “na baixa” porém a equipe que aqui compareceu iria ser amplamente vitoriosa durante o ano, chegando ao supercampeonato carioca com uma linha média com Pé de Valsa, Paschoal e Bigode, e tendo um ataque onde pontificavam Pedro Amorim, Ademir Menezes e Rodrigues. Desta vez seria a Bahia que viveria um período de entressafra e que possibilitou o inédito campeonato do Guarani de1946.
No entanto, a maratona da viagem seria inapelável para esta grande equipe. Em seis dias faria três jogos em Salvador baqueando pesadamente na estreia contra o Ypiranga. O aurinegro seria vice campeão este ano com jogadores como o médio General, o ponta Cacuá, e a dupla de área Pequeno e Estanislau que ficaram na história por obterem a maior vitória do confronto dos tricolores com clubes baianos: cinco a zero. O clube porém iria recuperar-se largamente contra a dupla BA-VI, que foi mal no campeonato, devidamente arrasada por três a zero e cinco a zero.
A Bahia passava a ser escala obrigatória do tricolor carioca, que em 1947 chegaria em fevereiro. A escolha do dia de Iemanjá para a estréia daria azar aos cariocas, que empatariam com o então campeão Guarani(2 X 2) e perderiam de novo para o Ypiranga(2 X 3). A despedida estava marcada contra o forte time do Bahia que seria campeão naquele ano e que contava com o goleiro Lessa e o ataque formado por Gereco, Fernando Cacetão, Zé Hugo, Velau e Isaltino. No entanto o time das Laranjeiras não se permitiu sair da Bahia nesta situação vencendo surpreendentemente os baianos por três a um.
Fluminense em 1954. Em pé: o massagista, Píndaro,
Jair Santana, Adalberto, Edson, Duque e Bigode.
Agachados: Telê, Robson, Vilalobos, João Carlos e Escurinho.
No ano seguinte ocorreria um inédito FLA-FLU no Campo da Graça. O jogo histórico ocorreu a oito de janeiro de 1948. Dois dias antes haviam jogado em Fortaleza registrando uma goleada de cinco a dois para o clube pó de arroz. Mas foi aqui que o Flamengo obteria sua desforra enfiando cinco a zero nos tricolores. O grande público presente ao Campo da Graça evidenciaria a urgência da construção de um novo estádio para a prática do futebol em Salvador.
Jair Santana, Adalberto, Edson, Duque e Bigode.
Agachados: Telê, Robson, Vilalobos, João Carlos e Escurinho.
No ano seguinte ocorreria um inédito FLA-FLU no Campo da Graça. O jogo histórico ocorreu a oito de janeiro de 1948. Dois dias antes haviam jogado em Fortaleza registrando uma goleada de cinco a dois para o clube pó de arroz. Mas foi aqui que o Flamengo obteria sua desforra enfiando cinco a zero nos tricolores. O grande público presente ao Campo da Graça evidenciaria a urgência da construção de um novo estádio para a prática do futebol em Salvador.
Três anos depois o clube daria outro exemplo de seu pioneirismo na Bahia quando se constituiria no primeiro clube de fora do estado a se apresentar na Fonte Nova. O tricolor carioca estava remontando o elenco que voltaria a lhe trazer o título carioca ainda este ano, contando com valores como Castilho, Didi, Pinheiro, Orlando Pingo de Ouro e Robson, sob a batuta de Zezé Moreira. Começaria a nova temporada jogando na Graça, onde perderia para o Galícia de dois a zero.
Após o jogo, entretanto, pressionou os dirigentes para levar a segunda partida para o estádio récem inaugurado. Foi ai que no dia três de julho de 1951 se daria um jogo histórico contra o EC Bahia onde o time do capitão e goleiro Castilho ganharia por dois a zero com gols de Didi aos 37 minutos, aproveitando uma bola atrasada na grande área por Telê, e Joel, após chutar forte uma bola recebida da direita. Estava fadado nesta temporada a só ganhar na Fonte Nova. Ao voltar para o campo da Graça empataria com seu velho detrator, o Ypíranga (1 X 1), e com o Vitória(0 X 0) .
O clube seria um dos que mais se apresentaria na Fonte Nova, para onde voltou cinco anos depois. A temporada baiana seria dividida em duas fases. Primeiro enfrentaria a dupla BA-VI, ganhando do rubro negro e perdendo do tricolor campeão daquele ano, ambos por dois a um. Logo após viajaria para o Perú. Na volta continuaria a excursão fazendo uma revanche contra o Bahia (onde ganharia por três a dois) e partidas na região do cacau, onde arrasaria as seleções de Itabuna(10 X 1) e de Ilhéus(4 X 0).
Não veríamos o time que ganharia o Torneio Rio-São Paulo no ano seguinte, mas, o pó de arroz aportaria aqui nas vésperas do carnaval de 1958. A excursão previa duas partidas em dois dias. Estrearia no dia de Iemanjá, embora com melhor resultado, 3 X 2 contra o Bahia, mas perderia no outro dia para o Vitória(0 X 1), clube que tem as mesmas cores de seu arqui inimigo Flamengo. Iria ainda a Feira de Santana onde golearia o seu homônimo local(5 X 0).
Viria ao estado no ano em 1959 quando voltaria a se sagrar campeão carioca. Na oportunidade realizaria duas partidas contra o EC Bahia(0 X 0 e 2 X 3), faria um amistoso na próspera cidade de Jequié(4 X 2), voltando para enfrentar e vencer o Vitória dois dias depois por três a zero.Na volta da excursão ao Norte e Nordeste enfrentaria mais uma vez a dupla BA-VI vencendo o primeiro por 4 X 1 e o segundo por 2 X 0.
A década de 60 seria a última de seus amistosos no nosso histórico estádio. No início de 1961 realizaria nova excursão a região porém sem incluir a Bahia. No entanto, viria ao estado quando se preparava para excursão a Europa. Na oportunidade empataria em um gol com o tricolor. Não se lembraria do estado também dois anos depois quando viajaria ao Norte e Nordeste só aportando aqui quatro anos depois para jogar solitário amistoso contra o EC Bahia que terminaria sem gols.
Mais três anos se passariam antes que o tricolor carioca retornasse a Bahia, embora viesse por duas vezes ao Norte e Nordeste. Em 1968, abrindo sua nova temporada nestas regiões jogaria com o Galícia em janeiro(3 X 1) e outubro,voltando de Recife, para ganhar pelo mesmo escore do Bahia. No ano seguinte realizaria as últimas partidas amistosas da década empatando com o esquadrão de aço(1 X 1) na Fonte Nova e ganhando em Feira de Santana do seu homônimo local(1 X 0).
No dia 10 de setembro Bahia X Fluminense fariam sua primeira partida oficial, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa(o “Robertão”) registrando nova vitória carioca,agora por tres a um. Ainda haveriam alguns jogos antes do campeonato brasileiro, mas oficiais, sendo ao todo 23 jogos por cdertrames nacionais na Fonte Nova.
Em outubro de 1970 o pó de arroz perderia do Bahia no “Batistão”(SE) pelo escore mínimo jogando pelo “Robertão”, e, no ano de inauguração do anel superior da Fonte Nova, mais uma vez o tricolor carioca seria lembrado para a disputa do Torneio José Macedo de Aguiar, onde empataria com o Vitória sem gols e ganharia do Bahia(1 X 0) faturando o título.
O feito lhe renderia outro convite, para disputar a Taça Cidade de Salvador em janeiro do próximo ano. Na ocasião não seria tão feliz, empatando com o Gremio e River Plate (ARG.) sem gols e perdendo do EC Vitória pelo escore mínimo. Comecaria este ano tres décadas de enfrentamnto com os baianos no camponato brasileiro ao jogar em outubro com a dupla BA-VI na Fonte Nova.
Por certames nacionais o Fluminense jogou na Fonte Nova quinze jogos contra o Bahia(4 vitórias, 3 derrotas e 8 empates), nove contra o Vitória(duas vitórias, três derrotas e 4 empates) e um contra o Fluminense de Feira de Santana (uma vitória). Nesse período haveria ainda nove amistosos, envolvendo Bahia (uma derrota e um empate), Vitória (um empate), Ilhéus(uma vitória), Seleção de Porto Seguro (9 X 1), Leônico(uma vitória), Itabuna (uma vitória) e Serrano (uma derrota).
Merecem destaques algumas disputas notáveis, como:
a)a realização do primeiro jogo com clubes baianos fora da Bahia em setembro de 1976 no Maracanâ, após 53 anos, onde o Vitória impingiria ao tricolor carioca uma derrota pelo escore mínimo com direito a gol do argentino Fischer. Naquele ano os cariocas ganhariam do Bahia no mesmo estádio pelo mesmo placar;
b)as semifinais do Campeonato Brasileiro de 1988 onde o EC Bahia sagrar-se-ia campeão após ganhar na Fonte Nova por dois a um (e empatar sem gols no Rio de Janeiro)com o recorde de pagantes do estádio.
A estatística geral de partidas na Fonte Nova seria favorável ao tricolor. São 51 partidas que registraram 17 vitórias, 12 derrotas e 22 empates. São 28 contra o Bahia(nove vitórias, seis derrotas e treze empates), 17 contra o Vitória(cinco vitórias, seis derrotas e sete empates), uma contra o Gremio(um empate), uma contra o Galícia(uma vitória), uma contra o Fluminense de Feira de Santana(uma vitória), uma contra o Leônico(uma vitória) e uma contra o River Plate(um empate). Deixaria 57 bolas nas redes de seus adversários que o retribuiriam com 45 gols.
- Agradeço as informações dos sites Campeões de Futebol, Fluminense e Wikipédia, dos blogs RSSSF Brasil, História do Futebol, Granadeiros Azulinos, Campeões do Futebol, e do Setor de Publicações Raras da BCE. Sou grato também as imagens e fotos do Museu dos Esportes, onossocantinho.blogspot.sapo.pt, quebarato.com.br e globoesporte.globo.com.
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