quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Um galo no terreiro da Fonte Nova



Pronto, até que enfim estamos na terrinha de novo! A viagem desta vez transcorreu bem, e os voos não atrasaram. Só tivemos dois pequenos problemas no aeroporto de Guarulhos em São Paulo. Ali quando o avião pousou e apressadamente fui abrir o deposito das bagagens de mão caíram sacolas e valises no corredor chamando a atenção dos passageiros. Cybele deu uma de goleiro conseguindo pegar uma cheia de garrafas de vinho. Outra tirou o maior "fino" da cabeça de uma senhora. Nem quero pensar no que haveria se tivesse atingido!
No Brasil, quando se volta de viagem internacional, tem que cumprir de novo todas àquelas etapas na alfândega. Mas ontem descobri uma coisa. Quando você compra no Duty free perde ainda mais tempo na fila. Não pensem que nós compramos neste negócio. O apego de Cybele de ver novidades não chega a tanto. Ali tudo é em dólar! Mas é que havia uma fila só no check in de transferência. Quando faltavam só uns quarenta minutos pro voo sair é que um senhor nos avisou, aí saímos da fila e fomos despachados.
Pro que interessa a este blog nossa viagem à Argentina foi auspiciosa. Distribuí cartões de apresentação a torto e á direita, isso fez com que tivesse muitos acessos de pessoas do país, do Uruguai e do Chile, alcançando uma região que ainda não tínhamos visitantes. Observei que as excepcionais livrarias de Buenos Aires contém diversos livros sobre futebol. Comprei apenas os mais baratos, um Dicionário de futebol (argentino), o Falemos de futebol, escritor pelo jornalista Victor Hugo e pelo ex-jogador de futebol Roberto Perfumo, e o inspirador O futebol a sol e a sombra do grande escritor Eduardo Galeano, que dá um golpe de morte nos inimigos do esporte. Eles me deram inspiração para novos projetos, entre eles a de escrever um dicionário do futebol brasileiro.

Mas vamos ao assunto de hoje, o Atlético Mineiro e os baianos. O galo, como é chamado, é honra e glória do futebol das Alterosas. Sua relação com a Bahia é pródiga e de bons resultados. O clube alvi negro pisaria pela primeira vez em terras baianas em novembro de 1947, ás vésperas da construção da Fonte Nova, como parte de uma excursão a Pernambuco. Na oportunidade submeteria os clubes locais a vexames no acanhado campo da Graça, massacrando o Galícia (6 X 2), e vencendo o Bahia por duas vezes, um a zero e três a um.
Só voltaria a Bahia em 1953, já pra jogar na Fonte Nova, perdendo pro Bahia por dois a um. Aproveitaria a ocasião e iria a Feira de Santana onde empataria com a seleção local em dois gols. Dois anos depois excursionaria ao Norte e Nordeste encerrando a temporada na Bahia com novas vitórias, desta vez contra a dupla BA-VI. O primeiro cairia pelo escore mínimo, e o segundo, duas vezes por dois a um.
Era uma época anterior aos certames nacionais e o galo viria ao estado por duas vezes jogar amistosamente até o fim da década. Em 1957 enfrentaria Vitória (2 X 2) e Bahia (0 X 2) na Fonte Nova, e o Fluminense (1 X 1) em Feira de Santana. Em 1959, porém, passaria duas semanas na Bahia, onde jogaria com Bahia (2 X 1 e 0 X 3), Vitória (0 X 1), Fluminense de Feira (2 X 1), e, iria á próspera  região do cacau, para jogar com as seleções de Ilhéus (0 X 0) e de Itabuna (5 X 1).
A entrada do futebol do país na era dos certames nacionais inicialmente não incluiu confrontos Bahia-Minas. Assim não houve jogos na primeira edição do "Robertão" e do Torneio do Povo na Fonte Nova pois os clubes baianos não foram incluídos. Na segunda edição do “Robertão” os confrontos entre baianos e mineiros se dariam em setembro de 1968 em Belo Horizonte, registrando derrotas do tricolor pelo escore mínimo para o galo e a raposa. O mesmo aconteceria no ano seguinte, quando o Bahia perderia de novo para o Atlético Mineiro, agora por três a um, fora de casa.
Mas os primeiros enfrentamentos na Fonte Nova entre baianos e mineiros por um certame nacional, se dariam em 1970 pelo “Robertão”, registrando um empate sem gols entre o tricolor e o galo(23/9) e a derrota do Bahia para o Cruzeiro (25/11).
A era, já seria a da criação do Campeonato Brasileiro, em 1971, que coincidiu com a construção do anel superior da Fonte Nova, onde o galo disputaria também seus últimos amistosos por aqui, jogando com o Vitória (1 X 0 e 0 X 1) e Bahia (1 X 0).  As primeiras edições do maior certame brasileiro teriam bons resultados para o galo: uma vitória e um empate contra o tricolor baiano (3 X 1 e 0 X 0), e uma vitória contra o rubro negro (1 X 0).
Mas, concomitantemente com a realização deste certame, foi realizado até 1973 o Torneio do Povo. Os baianos só foram convidados na segunda edição, oportunidade em que o EC Bahia enfrentaria o galo por duas vezes. Em 1972, obteve um empate sem gols, na mesma rodada em que o Flamengo obteria o título. O galo veio com jogadores como o zagueiro Vantuir, o lateral-esquerdo Oldair e o centro avante Dario, que jogaria mais tarde pelo tricolor. No ano seguinte, mesmo o Bahia obtendo o vice-campeonato, sofreria desastrada goleada de quatro a um do galo, que ainda mandava  no terreiro da Fonte Nova.
Em 1975 seria organizado no estado um dos maiores torneios de sua história, o Cidade de Salvador, durante os meses de novembro e dezembro, o Torneio Cidade de Salvador. O certame se constituiria também na maior temporada já feita pelo galo no estado. Na ocasião ganharia de Curitiba (2 X 0), Vitória (4 X 1) e Remo (3 X 0), mas não teria a mesma sorte contra o Santos, que se sagraria campeão (1 X 1 e 0 X 1). Ainda sobraria tempo pra realizar amistosos em Vitória da Conquista (1 X 0 no Humaitá) e Itabuna (3 X 0).

                      Mestre Pastinha, um símbolo de Salvador
Os últimos anos da década encerrariam o predomínio dos mineiros sobre os baianos. Houve vitórias seguidas do galo contra o Bahia (2 X 0, e, por duas vezes, de 1 X 0) e o Vitória (2 X 0). A chamada abertura política inverteria o resultado dos confrontos, fazendo com que o Atlético Mineiro, a partir da década de 80, ficasse bom tempo sem ganhar dos baianos na Fonte Nova. O Vitória o derrotaria pelo escore mínimo e obteria dois empates, e o Bahia, conseguiria duas vitórias de dois a zero e um empate. A situação entraria pela "Nova República" nos anos 90, quando o galo encontra dificuldades, seja nos jogos realizados no novo estádio "Barradão" ou na Fonte Nova.
No nosso histórico estádio só voltaria a vencer em 1997, após duas derrotas e um empate na década, ganhando do tricolor por dois a zero. O final da década veria pela primeira vez o confronto entre baianos e mineiros pela Copa Brasil, oportunidade em que mostraria os novos tempos nesta relação, sendo o galo eliminado pelo EC Bahia pelo escore mínimo, após um empate em um gol em Belo Horizonte. 
A Fonte Nova veria jogos com muitos gols nos últimos anos em que o galo nos visitou. Era o novo milênio e, logo de saída, o alvinegro mineiro sofreria uma convincente goleada de quatro a zero do EC Bahia. O episódio, porém, serviria de alerta para os mineiros, que no ano seguinte se recuperariam da eliminação da Copa Brasil. Foi um confronto muito difícil, só decidido pelo critério de marcar mais gols fora de casa. O galo ganharia do tricolor no "Mineirão" por dois a um, sendo insuficiente à vitória baiana por 4 X 3 no nosso histórico estádio.

As últimas partidas que jogariam na Fonte Nova seriam em 2002/2003 registrando-se escores muito amplos. Na primeira, um placar de "baba" a favor do Bahia (5 X 3). A segunda ocorreu no dia 19 de abril de 2003, quando se completava cinquenta anos desde a primeira vez que o galo havia visitado a Fonte Nova. Na ocasião, o galo se despediu com uma vitória, quatro a dois.
Mesmo com a mudança nos confrontos a partir dos anos oitenta, a presença do galo ainda teria saldo. Os números mostram 43 partidas do galo na Fonte Nova, sendo 25 contra o EC Bahia (dez vitórias, dez derrotas e cinco empates), 14 contra o Vitória (seis vitórias, quatro derrotas e quatro empates), duas contra o Santos (uma derrota e um empate), uma contra Curitiba (uma vitória) e uma contra o Remo (uma vitória). Em cinquenta anos o galo enfiaria cinquenta e três gols e sofreria quarenta e oito no terreiro do nosso inesquecível estádio.

* Agradeço as informações dos blogs RSSF Brasil, Bola na área, Blog do Marcão e Futipédia. globo.com. Assim como as imagens do site http://www.galoforever.com/, e dos blogs mineiro2008.zip.net, filosofix.com.br, quetalviajar.com, ftt-futeboldetodosostempos.blogspot.com e livrosdefutebol.com.

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