Trinta anos de rádio na Fonte Nova: 1950-1980

·         A Zé Athayde

A semana passada encontrei o radialista Perfelino Neto disco-livraria Pérola Negra. Aliás é um interessante espaço multimídia que os visitantes do blog que moram na Bahia, ou passarem por aqui, devem visitar. Já o conhecia de nome e tive a oportunidade de conhece-lo pessoalmente e comprar seu livro Memórias do rádio, devidamente autografado.

Lí o livro vorazmente, confesso que atraído, particularmente, para as coisas do esporte. Foi aí que o utilizei para homenagear os nossos radialistas que trabalharam na Fonte Nova. É que já foi escrito muita coisa sobre Fiori Gigliotti, Waldir Amaral, Mario Vianna e outros “papas” das rádios do Sul maravilha, mas pouca coisa se falou dos radialistas da Bahia. Através do locutor José Athayde homenageio a todos os radialistas que trabalharam na Fonte Nova. O popular "Zé" que não teve a vergonha de confesssar em entrevista que "imitava os locutores brasileiros na hora do banho".

O relato do autor não está voltado especificamente para o futebol abordando a história da rádio no Brasil desde os anos vinte, e seu funcionamento na Bahia muitos anos antes da Fonte Nova. Mas foi possível encontrar no livro muita coisa interessante pra nosso blog. Eu não sabia, por exemplo, que foi a Rádio Comercial da Bahia, a PRF-8, que em colaboração com o jornal O imparcial, fez a primeira transmissão de futebol nos anos 30 do Campo da Graça. Na época, segundo o autor, um dos responsáveis pelo estádio (Antônio Mascarenhas)chegou até a agredir  funcionários da estação tentando impedir a novidade.

Antônio Maria foi um dos primeiros locutores esportivos da Bahia nos anos 40. Época em que a Radio Sociedade, a PRA-4, ás vésperas da criação da Fonte Nova, montava o seu departamento esportivo no tempo de Odorico Tavares. A emissora fazia parte da cadeia dos Diários Associados e contratou Harold Pessoa(locutor) e Luís Sampaio(comentarista) para este trabalho.

Esta rádio, foi líder em esporte durante muitos anos em nosso histórico estádio, e vai manter nos anos 50 uma equipe onde participaram Antônio Sampaio, Ivan Pedro, o ex-governador Paulo Souto(comentarista), Eurico Tavares, Carmelito Almeida(talvez o primeiro plantonista), Baymonilson Lisboa, Genésio Ramos e Cristovão Rodrigues.

Nos anos 60 a emissora teria a concorrência da Rádio Cultura que também criou o seu departamento de esporte, sob a chefia de Antônio Sampaio, substituído mais tarde por Gouveia Filho vindo da “escola” da Rádio Sociedade. Trabalharam com eles Jayme Cordeiro, Souza Durão, Gabriel Saraiva, Waldir Fiori e outros.

                                                 Radialistas trabalhando na Fonte Nova

Foi na Rádio Cultura que Zé Athayde apresentou, mais tarde, o programa Bom dia bola, de grande audiência, e onde trabalharam o ex-prefeito Fernando José, o ex-vereador Álvaro Martins, o atual conselheiro do Tribunal de Contas França Teixeira(o popular “Zé Veneno”), e ainda Laurindo Pinho, Paulo Roberto Sampaio, Carlinhos Julião, Haroldo José e Celeste Daltro.

Nos anos 70 chegou Eurico Tavares pra trabalhar no esporte desta emissora, junto com Djalma Costa Lino que também acumulava a gerencia comercial. Chegaram junto com a ampliação da Fonte Nova, que foi acrescida de um anel superior mais do que dobrando a sua capacidade. Foi um início de uma nova época, de massas. Salvador dobraria a sua população e as emissoras de comunicação procuravam responder ao novo público que escutaria suas rádios. 

Foi então que Zé Athayde arrendou o programa de esportes e montou sua equipe, que contava com Juarez Oliveira e Oldemar Seixas. Este último fazia um programa de grande audiência Bahia campeão dos campeões.   É a época da Resenha do meio dia, outro de enorme audiência, apresentado por Silvio Mendes e Juarez Oliveira. Trabalharam ainda ali Martinho Lélis e Manuel Messias.

                                                           O radialista Perfelino Neto

Da "escola" da Rádio Cultura é que sairiam França Teixeira e Álvaro Martins, para criar, já nos anos oitenta, a Rádio Clube, que ganhou muitos ouvintes esportivos graças as características de agitação dos seus donos.  Muitos outros radialistas apareceriam nesta década e marcariam época na rádio baiana, como Raimundo Varela,  antigo jogador do Leônico. Fariam valer a força da mídia radiofônica na política. Em 1985 assumiria a prefeitura da cidade Mário Kértesz, que mais tarde se tornaria radialista e empresário das comunicações. Em 1988, seria a vez de Fernando José,  radialista e locutor esportivo em atividade, ocupar o mais alto cargo de Salvador.

* Agradeço a Perfelino Neto e ao Jornal A Tarde pelas informações constantes neste artigo. Sou grato ainda as imagens dos blogs fogocruzado1310.blogspot.com, valcatrel.blogspot.com e bastidoresdoradio.com.