sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ivete Sangalo na Fonte Nova


No ano de 2003 presenciamos a invasão do Iraque pelos EUA. A atitude, perpetrada sob a justificativa mentirosa que o país possuía armas de destruição em massa (sic!), retarda o fim do unilateralismo na arena mundial. No Brasil um operário, Luiz Inácio Lula da Silva, assume pela primeira vez a presidência. Michael Schumacher torna-se o maior campeão da história da Fórmula Um. Morre Roberto Marinho, o homem que construiu um de comunicação, e a cultura fica mais pobre com o desaparecimento dos atores Gregory Peck e Charles Bronson, dos cineastas Elia Kazan e Walter Hugo Khouri, da grande cantora cubana Célia Cruz e de Cely Campelo, a roqueira dos meus tempos de juventude.
O campeonato baiano é o mais rápido da história, durando menos de dois meses. O EC Bahia nem se classifica para as quartas de final. Na oportunidade o EC Vitória conquista o tricampeonato goleando a Catuense no jogo final. Foi o primeiro ano que foi aplicada a fórmula de pontos corridos no Campeonato Brasileiro. A adoção, entretanto, traria consequências, com o Cruzeiro sagrando-se campeão disparado e o tricolor rebaixado, junto com o Fortaleza, para a Segunda Divisão. No ano seguinte seria acompanhado pelo Vitória.
Neste ano a MTV e Ivete Sangalo decidem gravar um disco ao vivo (CD e DVD) na Fonte Nova pra comemorar seus dez anos de carreira. A cantora havia estourado três anos antes com a musica “festa” e lançaria no primeiro semestre o seu quarto disco solo. Na oportunidade o estádio recebe a maior estrutura de produção vista em sua história, deixando pra traz a que foi usada vinte e três anos antes, quando do show de Jimmy Cliff e Gilberto Gil.

O espetáculo foi o primeiro ao vivo da carreira da cantora e foi marcado pra 21 de dezembro em função do Campeonato Brasileiro, e antes de sua realização Michael Jackson é detido sob a alegação de molestar menores. O certame, porém, terminou tragicamente para o tricolor que foi arrasado pelo Cruzeiro em plena Fonte Nova por sete a zero! Como a cantora é rubro negra talvez por isto tenha azarado o tricolor.
O estádio lotou. Parecia dia de BA-VI. Montou-se um gigantesco palco do lado do Dique do Tororó e colocou-se milhares de cadeiras no gramado. Ivete chegou cedo, dizendo que queria “sentir a vibração do povo da minha terra”. Enquanto esperava o início do show ouviu os tradicionais cânticos de guerra do futebol adaptados para o espetáculo.
A entrada da cantora no palco foi uma apoteose. Ela cantou seus grandes sucessos como Arerê, Poeira, Empurra, Vem meu amor, musicas românticas como Quando a chuva passar, Sá marina, Se eu não te amasse tanto assim, e adaptações como Chica boom chic. Trouxe vários convidados para delírio da plateia. Daniela Mercury, Gilberto Gil (três meses depois de receber o prêmio Grammy Latino), Margareth Menezes, o guitarrista Davi Moraes (que na época era seu marido), Tatau, e a dupla Sandy & Junior.

                                                          A raínha do trio elétrico
A coordenação da produção esteve a cargo da própria Ivete e de Alexandra Lins. Ficando a direção artística com Max Pierre e de Joana Mazzucchelli, diretora da MTV.  Na banda só tinha “fera”: Gigi no contrabaixo, Letieres Leite no sax tenor e flauta, Guiga Scott no trompete e vocais, Radamés nos teclados, Toínho Batera na bateria, Rudney Monteiro no violão e guitarra e Juninho Costa na guitarra. Mary Bravo, Juju Gomes e Patrícia Sampaio estiveram nos vocais, e “Cara de cobra”, Márcio Brasil, Fabinho O’Brien, Eduardo Josino e Josino Eduardo na percussão.
Três anos depois Ivete faria outro espetáculo ao vivo no Maracanã que, como estava em parte interditado, não conseguiu competir com a Fonte Nova. Quanto ao disco de Ivete “arrebentou a boca do balão” ganhando seu único prêmio Grammy Latino. A Fonte Nova nunca se esqueceria de Ivete. Quando morreu em meio a um mundo de poeira houve quem tocasse sua musica
                                                       Ivete e Tatau no Barradão
A minha sorte grande
foi você cair do céu
minha paixão verdadeira.

Viver a emoção,
ganhar teu coração,
pra ser feliz a vida inteira (...).

Cheguei no meu espaço
mandando no pedaço
com o amor que não é brincadeira.

Pegou me deu um laço
dançou bem no compasso
de prazer levantou poeira.

Poeira, poeira, poeira,
levantou poeira!

·    Agradeço aos sites Brasilmusik, universo musical, Wikipédia e bola na área.


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