quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Palmeiras no panteão dos heróis do Dois de julho

                                              Será algum jogador anônimo do Palmeiras?

Flamengo e Palmeiras é um dos maiores clássicos do país. Faz 95 anos que eles se enfrentam inclusive quando o “porco” se chamava Palestra Itália. Tudo o que você pode pensar no Brasil, e até no exterior, eles já decidiram, inclusive na Fonte Nova.
Em 1996 o governo do estado decidiu celebrar a heroína das lutas pela independência Maria Quitéria, a que se vestiu de homem pra lutar como soldado contra os portugueses. A justíssima homenagem seria feita ainda nos próximos dois anos. Consistia na organização de um quadrangular durante os festejos da data magna da Bahia com a participação da dupla BA-VI e dois convidados de fora entre os grandes clubes do país.
O Palmeiras foi quem mais participou, duas vezes. Além dele, foram também convidados Flamengo, Corinthians e Curitiba. O torneio tinha também muita utilidade para os clubes, ocorrendo entre o fim do campeonato baiano e o início do certame brasileiro, sendo uma boa oportunidade de preparação das equipes e, como não poderia deixar de ser, a chance de se faturar um bom dim dim.
                                                     Oi a cabocla no desfile de verde!

No último ano ocorreu na Fonte Nova o inédito Derby paulista, embora sem concorrer ao título. Mas no segundo ano, em 1997, a sua decisão ganhou ares nacionais colocando frente a frente os dois maiores detentores de títulos nacionais.
Treze dias após o Vitória ter comemorado o título baiano no “Barradão” (mesmo com a derrota pelo escore mínimo para o tricolor) entrou em campo na Fonte Nova para enfrentar o Flamengo. Era dia de São Pedro e, como a Bahia é de todos os Santos, o rubro negro baiano esperava contar com o fator religioso pra destronar o rubro negro carioca. No entanto não teve santo que desse jeito, na batalha rubro negra quem se deu bem foi os visitantes que aplicaram um vergonhoso cinco a zero nos baianos com direito a olé e tudo!
Três dias depois era o Bahia que comparecia nos gramados pra pegar o Palmeiras. Ao contrário do seu arquirrival o jogo foi muito equilibrado com o tricolor oferecendo muita resistência ao “porco”, sendo que ao final, o empate de dois gols obrigou a batidas de pênaltis. Entre as dez faltas máximas apenas uma foi desperdiçada... pelo tricolor que assim foi eliminado.
                                               Até o céu de Maria Quitéria ficou verde!

Foi à única vez que um clube baiano não foi ao final do Torneio Maria Quitéria. Em 1996 o Vitória ficou com a taça ao ganhar do Curitiba, e, em 1998, seria a vez do Bahia, ao ganhar do Corinthians por três a dois. A partida ocorreu no dia três de julho e se cercava de um fato inédito. Os baianos já tinham ido ao estádio só pra assistir a um clássico de fora do estado antes, sem qualquer jogo dos clubes locais na preliminar. Isto aconteceu quase meio século antes, em 1949, quando o Flamengo enfiou cinco a zero no Fluminense.
Flamengo e Palmeiras já haviam se enfrentado em maio pela Copa do Brasil e o rubro negro havia levado a melhor, ganhando duas vezes por dois a zero e um a zero. Será que daria “mengo” de novo? Foi um desfile de craques em campo. Do lado alvi verde Veloso, Cléber, Roque Junior e Zinho, e, entre os rubro negros cariocas, Zé Carlos, Junior Baiano, Athirson, Sávio, Renato Gaúcho e Romário. Não pude ir ao jogo. Tinha compromisso político aquela dia e pra mim o torneio havia acabado quando o Vitória foi goleado. A pequena satisfação que tivemos foi com a eliminação do Bahia.
Mas acompanhei alguns dos momentos da partida pelo rádio. Afinal não dá pra acontecer um Flamengo e Palmeiras em sua cidade e você não querer saber.  O jogo foi digno da Academia, com o Palmeiras entrando em campo com a camisa da Parmalat e o Flamengo com a da Lubrax. Havia um bom público no estádio voltando a uma era onde torcíamos pelos times de fora.
                                                     Nem precisou de cara feia!
A partida teve muito estudo de um lado e de outro. Ninguém queria se arriscar sabendo que podia sofrer um contra ataque fatal. No segundo tempo, porém, ambos se arriscaram mais, tentando o gol que lhes daria a importante taça. Mas o jogo chegaria ao final sem que o escore fosse aberto.
Foram então para a disputa de pênaltis. Seria a segunda vez que isto ocorria desde que o rubro negro baiano havia derrotado o Curitiba desta maneira. Não me peçam pra me lembrar de quem bateu os pênaltis. Lembro-me que o Flamengo perderia dois pênaltis e o Palmeiras um ficando um resultado de quatro a três para o “porco”.
Dois dias depois começaria o Campeonato Brasileiro com o time do Parque Antártica arrasador: quatro a um no Fluminense. O Flamengo perderia pro Santos (2 X 3) e o Bahia do Bragantino (1 X 3). Já o Vitória só começaria uma semana mais tarde empatando com a Portuguesa de Desportos no Barradão por épico quatro a quatro. Os times que se enfrentaram no Torneio Maria Quitéria voltariam a se encontrar naquele ano.  
                                         Porque Laurentino Gomes fez essa capa verde?

Flamengo e Palmeiras se enfrentariam cinquenta dias depois, agora na Espanha pelo Torneio Naranja, com nova vitória do “porco”, desta vez no tempo normal, por dois a zero.  O Palmeiras, em 18 de setembro, empataria de novo com o Bahia no Parque Antártica e o Flamengo, em 30 de outubro, teria dificuldade de ganhar do Vitória no Maracanã pelo escore mínimo.
O Palmeiras tem muitos títulos, mas este deve ter um sabor especial, ser cultuado no panteão dos heróis da nossa independência. Acho que ficou em boas mãos a comenda, afinal de contas não foram só os baianos que lutaram na guerra da independência na Bahia. Os pernambucanos tiveram grande papel na Batalha de Pirajá, e foi o envio de militares de outros estados que garantiu o abandono da cidade pelas tropas de Madeira e o desfile da liberdade no dois de julho.
                                                               Até aí tem verde?

Naquele ano seria vice-campeão brasileiro enquanto o Flamengo ficaria em quarto lugar. O goleado Vitória conseguiria ficar em nono enquanto o Bahia cairia pra Segunda divisão, perdendo a vaga pro Bragantino pelo número de vitórias.

·         Agradeço as informações do Almanaque do futebol brasileiro e dos sites RSSF Brasil, Bola na área e Flapédia. Sou grato também as imagens dos blogs hacker-gold.blogspot.com,danisylvestre.blogspot.com,superhomenssemgeral.blogspot.com e blogsgospelprime.com.br. 

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