terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O primeiro jogo internacional da Fonte Nova

               Não se assanhem que Larissa Riquelme não veio!

- À Juvenal Amarijo
     
Apesar de toda a importância que a Fonte Nova teve para o futebol brasileiro foram realizadas ali relativamente poucas partidas internacionais. Tivemos um torneio sul-americano, a Mini Copa e a Taça Libertadora como jogos oficiais. O restante são amistosos da seleção brasileira, do EC Bahia, do EC Vitória, do Galícia EC e combinados de clubes contra times e seleções estrangeiras.
O primeiro jogo aconteceu quatro anos depois de a Fonte Nova ser inaugurada. Era decorrido o ano de 1955 e estávamos em onze de setembro. Não se sabe bem se foi coincidência ou se pra marcar a data da chamada independência do país que trouxeram o Cerro Portenho do Paraguai. O certo é que ele aportou no Brasil na data magna para ganhar do Vasco da Gama no Rio de janeiro por três a dois.
                                                                  O zagueiro Juvenal

A promoção criou um frisson nos atores locais. O governo, a imprensa, a federação, e até a ABCD, se envolveram na partida que teve um clima de congraçamento internacional. O juiz designado foi um dos melhores que possuíamos José Peixoto Nova, e o estádio pegou um grande público. A consideração, porém, não se estendeu aos torcedores, pois o ingresso seria majorado fazendo com que as bilheterias da Fonte Nova tivessem a maior arrecadação do ano, 466.000 cruzeiros, superior inclusive a recém jogada decisão do certame do ano anterior entre Bahia e Botafogo.
Quando Bahia e Cerro Portenho entraram em campo a torcida ficou surpresa. É que as cores dos dois clubes tem a coincidência do azul e vermelho. Após as homenagens de praxe as equipes deram a saída do jogo histórico. O primeiro com Joselias, Juvenal e Bacamarte; Rui, Wilson e Florisvaldo; Marito, Nelson, Ariosto, Ruivo e Isaltino. O segundo com Casco (Morales), Torae, Gonzáles, Ricardo, Santos, Jimenez, Gonzalez, Enrique, Dario, Rolim e Cabrera.
                                               Olhem quem estava no governo, Balbino!

O tricolor desde o início fez prevalecer o conhecimento do gramado que deixou os paraguaios em desvantagem. Assim, Ariosto e Isaltino não tiveram maiores dificuldades de assinalar os gols que acabariam por garantir a vitória do esquadrão de aço. Mas um gesto raro iria surpreender a todos no segundo tempo quando o juiz Nova marcou um pênalti duvidoso a favor dos baianos.
Após as reclamações paraguaias o goleiro Casco posicionou-se na meta. O zagueiro Juvenal foi o encarregado de proceder à cobrança. Partir para a bola, e chutou... para fora. A inabilidade da execução foi tamanha que todos perceberam a intenção do atleta. A plateia, majoritariamente de tricolores, se dividiu. Houve quem ensaiasse palmas, mas muito ficaram aborrecidos pelo fato do escore não ter sido ampliado em favor dos baianos.
                                                          O escudo do Cerro Potenho

No outro dia, até o insuspeito jornal Diário de Notícias, que costumava ser tão aplicado na defesa dos times locais, ressaltaria a atitude considerando a falta “passável”. O dia havia sido de gala para os baianos que ganharam no campo de jogo e na esportividade. Juvenal entrou para a história por tomar uma atitude inédita nos sessenta anos da Fonte Nova e raras vezes ocorrida em outros estádios do Brasil. No outro dia o jornal Diário de Notícias não deixou por menos:
Grande vitória para o futebol brasileiro (DN, 13/9/1955)  
Os episódios renderam alguns dias na imprensa baiana. A Associação Baiana dos Cronistas Desportivos-ABCD, homenageou o Bahia conferindo-lhe um troféu de bronze relativo ao jogo histórico, dado, por azar, no domingo posterior, quando o tricolor foi derrotado por seu arquirrival Vitória por dois a zero.

                                           Apesar de não ser tricolor tem duas cores iguais!

No final do mês a visitante seria a grande cantora Ângela Maria que viria a Salvador a convite da PRA-4, Radio Sociedade da Bahia, que transmitiria diretamente a apresentação que a mesma faria no Instituto Normal, o atual ICEIA. Quanto ao Cerro Portenho dois dias depois enfrentaria o Palmeiras em amistoso no Pacaembu. O alvi verde, porém, não lhe teria um mínimo de consideração, esmagando-o por sete a um.
Juvenal Amarijo era remanescente da seleção brasileira que disputou a final de 1950. Apesar de gaúcho aposentou-se na Bahia, após jogar no Palmeiras, Flamengo, Bahia e Ypiranga. Depois viveu em Camaçari, foi esquecido, teve artrose e chegou a sobreviver com a ajuda de amigos e parentes. Morreu há dois anos. Nossas defesas agora são orientadas pela máxima "zagueiro que se preza não ganha Troféu Belfort Duarte". Mas ninguém vai lembrar da grande maioria dos zagueiros que estão aí. Mas a história do futebol não vai esquecer do que Juvenal fez neste dia. 

·      Agradeço as informações do Setor de Periódicos Raros da Biblioteca Central do Estado(Coleção Diário de Notícias) e wikipédia. Sou grato também pelas imagens do site semprebahia e dos blogs: faclubg.webnode.com,missionariomelqui.blogspot.com,brasiltvd.blogspot.com, voudekombi.blogspot.com e motivandoonline.blogspot.com.

Um comentário:

  1. Amigos do Memórias.
    Estou procurando desde 2009 fotos do Bahia 1974 e 1975 e do Flu de Feira de 1976 e 1977 em que esteja o zagueiro Fernando Silva.
    Foi campeão no Vitória (1972) e Bahia (1975)
    Em 1978 e 1979 jogou no Leônico.
    Parou de jogar em Maio/1980 devido a contusão.
    Já consegui algumas fotos. Só falta no Bahia e Fluminense de Feira.
    É para completar sua história no site do Milton Neves - TV. Bandeirantes - Que Fim Levou.
    Agradeço aos Amigos que puderem colaborar.
    Forneço a fonte.
    Waldevir - São Paulo/SP.
    Tel. (11) 2919-1364 - pode ligar à noite à cobrar que atendo.

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