terça-feira, 29 de março de 2011

Elizabeth Taylor, o Palmeiras e meus quinze anos

  
Desde a semana passada fiquei incucado com a morte de Elizabeth Taylor, uma das atrizes que povoou os meus sonhos eróticos da adolescência. Aí me lembrei do que aconteceu no meu inesquecível aniversário de quinze anos em 1963! Nesse ano o Santos foi bicampeão mundial interclubes e o Brasil “bi” de basquete. E estreou seu filme Cleópatra (com a direção de Joseph Mankiewicz) onde ela trabalhou e contracenou com Richard Burton e Rex Harrison.
Foi uma época de grandes sucessos do cinema, havendo entre outros, América, América, de Elia Kazan, e Il Gattopardo, de Luchino Visconti, com Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale, e Irma La Dulce, de Billy Wilder, com Jack Lemmon e Shirley MacLaine.
Os Beatles estouraram com Please Please me e Love me do. Eram lançados álbuns antológicos como Joan Baez in concert, parte 2, Live at the Apollo (James Brown), e Ella Fitzgerald e Count Basie, assim como João Gilberto e Stan Getz iniciavam imorredouras parcerias.  Antônio Carlos Jobim lançava nos EUA O compositor de Desafinado.
                                                                Será que ela era tão feia?

Logo no início do ano o Brasil realizava um plebiscito que reconduziria o país ao presidencialismo. No entanto, quando o presidente Jango recuperou os poderes do cargo passou a tentar buscar aliados nos EUA e na direita brasileira, o que acabaria por lhe custar muito caro.
Em fevereiro o presidente John Kennedy aprovaria o embargo comercial com Cuba. No outro dia ocorre o primeiro voo do Boeing 727. E logo depois, em março, um golpe depõe o presidente do Equador.
O mês de abril começa com o pouso na Lua da sonda espacial soviética Luna IV. E é quando começa a nossa história esportiva. Dois dias depois o Bahia busca acertar seu time para a campanha onde iria buscar um inédito hexacampeonato. Na oportunidade faz um jogo-treino na Fonte Nova com o Grêmio de Alagoinhas (!) que termina, surpreendentemente, sem gols.
                                          Ah Jango, porque voçe não resolveu enfrentar?

Mas, para os dirigentes, a ocasião havia servidor pra acertar o time. Assim, se acha em condições de trazer equipes do Sul onde juntaria o útil ao agradável, entenda-se um bom dinheiro pros cofres do clube. Depois de contatar com várias equipes a escolha recai sobre a Sociedade Esportiva Palmeiras de São Paulo.
Esse clube tinha uma curta história no estado, onde apareceu pela primeira vez, com o nome de Palestra Itália, em setembro de 1937. Na oportunidade, apesar de encontrar facilidades com o Bahia (o qual derrotou por quatro a zero), empatou com Botafogo (3 X 3) e Ypiranga (2 X 2), e derrotou o Galícia “demolidor de campeões", por suados quatro a três. Cinco anos depois as circunstâncias da Segunda Grande Guerra que levaram á perseguição de italianos e japoneses fez com que mudasse de nome para SE Palmeiras.
Seis anos depois voltaria a nos visitar, quando perderia para o Ypiranga (2 X 3) e venceria novamente com facilidade o tricolor baiano por quatro a um e três a zero. Muitos clubes paulista frequentariam a Fonte Nova desde a sua inauguração em 1951, mas o Palmeiras só jogaria no estádio quinze anos depois da sua última apresentação. Já havia vencido a II Taça Brasil (1960) e contava com grandes jogadores como o goleiro Valdir, o defensor Waldemar Carabina, o formidável meia Ademir da Guia, o ponteiro Vavá, o meia Chinesinho e o centro avante Vavá.

Foi esse time, algo modificado, que aportou por aqui para comemorar a data da morte de Tiradentes. O jogo contra o tricolor baiano foi muito respeitoso. Com os dois times se estudante mutuamente. E o placar refletiu esses “estudos”, terminando com um gol de cada lado.
No entanto, como o Bahia estava acertando o time acabou propondo ao Palmeiras uma revanche. Já que já estava aqui mesmo, o tricolor não pagaria as passagens, só tendo gastos mesmo com hotel e alimentação. Assim, a cota do Palmeiras pode ficar bem mais em conta. Não posso deixar de me lembrar desse jogo, que ocorreu três dias depois do jogo comemorativo e exatamente no dia do meu aniversário de quinze anos.
Era uma idade importante que eu comemorava e pude verificar isto á noite, quando meu pai me comunicou, solenemente, que eu já poderia chegar em casa ás nove da noite. É claro que passei a esquecer o relógio em casa e fazer outros expediente pra que pudesse ganhar, pelo menos, mais uma hora. Mas pude perceber que já tinha mais responsabilidades, pois estava me tornando um “homem”.
                                                                  Que saudade!
Mas, nem o bolo nem a festa, nem mesmo os parabéns, fizeram com que eu desligasse o rádio onde jogavam de novo o nosso arquirrival com o porco paulista. Posso dizer que foi um aniversário com “cabelo e barba”, pois, entre os presentes que recebi um deles veio da Fonte Nova. É que nesse dia Zé Athayde cansou de gritar os gols do Palmeiras, que só parou quando estava em cinco à zero.
Como havia pedido a minha família que me desse dinheiro meu prazer (mostrando que ainda tinha muito tempo pela frente pra amadurecer) foi comprar todas as revistas que gostava na banca da esquina. Lembro-me que o proprietário até se assustou quando eu pedi tanta coisa pra levar. Mas quando cheguei em casa minha mãe Helena não gostou da extravagância. Só quando fiquei triste é que ela deixou de me “zuar” aceitando a demonstração de felicidade!

·         Agradeço as informações do Almanaque do Futebol Brasileiro e do site Wikipédia. Sou grato também as imagens dos blogs coletivoinstalacao.blogspot.com e instante.com.

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