A indústria cinematográfica de Hollywood descobriu outro filão. Depois dos filmes de sexo e de horror, o negócio é as batalhas interplanetárias. Desprezando a contratação de estrelas e com um elenco de oitava categoria é possível fazer um filme com orçamento baixo. Que o diga Invasão do mundo: a batalha de Los Angeles que só neste fim de semana de seu lançamento nos EUA arrecadou 36 milhões de dólares ficando em primeiro lugar.
O filme de Jonathan Liebesman (o mesmo de O massacre da serra elétrica) é adrenalina pura com tiroteios e efeitos especiais em ritmo alucinante. É ideal pra quem não quer saber de diálogos, humor e bons roteiros só se preocupando com ação e guerra imitando os jogos eletrônicos. Chama a atenção no filme a horrível pontaria dos ETs.
Os norte-americanos parecem que gostam que sejam destruídas as suas cidades. Nesse filme não fica pedra sobre pedra em Los Angeles, aliás, tal como Terremoto e Skyline - A invasão. Quanto a mim fico chateado com a discriminação. Afinal, porque só são escolhidas cidades com Nova Iorque, Los Angeles, Paris, Londres e Rio de Janeiro pra destruir nunca se lembrando da Bahia?
Esse disco é antigo, do tempo em que agente chamava esses filmes de "ficção científica"
Foi por isso que resolvi postar esse artigo, que é uma continuação de um que postei em dezembro sobre os “monstros” que vieram a Salvador disputar jogos oficiais. Trato agora somente dos amistosos com o que chamo de clubes “extraterrestres”.
Enquanto há pouco tempo fazem filmes sobre ataques alienígenas ao que chamam grandes cidades a Bahia já foi atacada há muito tempo. O primeiro ET que apareceu por aqui foi o Cotinguiba. Chegou aqui há mais de oitenta anos em novembro de 1920. Na época os baianos nem sabiam o que era a palavra alienígena.
Assim não deram muita bola, com os diabos rubros espantando a sua nave logo de saída por quatro a um. No outro dia ainda conseguiria empatar com o antigo Fluminense FC em um gol, mas só ficaria 24 horas, pois procurou um aeroporto e não achou! Aí desistiria da Bahia e montaria uma base lá pros lados de Sergipe onde conseguiu tomar um município.
Que maldade bombardear Brotas!
Na época logo veio outro, o Vila Isabel, em setembro de 1921, disfarçado em Escola de Samba do Rio de Janeiro. Este aterrissou no Recôncavo e começou a tomar bairro por bairro de Salvador. A batalha foi muito dura. Os morros de Brotas á Fazenda Grande não sobrou um pra contar a história, levando de roldão o Botafogo (3 X 1), o Baiano de Tênis (2 X 1) e a própria Seleção baiana (1 X 0). Mas foi aí que o pessoal do Subúrbio Ferroviário se armou e organizou um batalhão que foi buscar na história o nome do herói Henrique Dias conseguindo derrotar os ETs por quatro a um. Ufa! Foi assim que conseguiram salvar a Bahia e empurrar os alienígenas para o Rio de Janeiro onde saem até hoje com os passistas no carnaval.
A derrota se espalhou pelas galáxias e durante muito tempo ninguém incomodou a Bahia. Mas doze anos depois haveria nova jornada nas estrelas desembarcando aqui o Andaraí logo no início de 1933. A situação do país não estava pra peixe e os baianos logo desconfiaram do visitante do qual nunca tinham ouvido falar. Alguns chegaram a lembrar de que havia um bairro do Rio de Janeiro com este nome, mas podia já estar “tudo dominado” pelos alienígenas. Não deixaram nem a nave dos ETs aportar. O Botafogo foi dando logo de dois a um e, imediatamente o Bahia enfiou-lhe três a zero. Depois foi a vez do Ypiranga, rateando no início (3 X 3), mas ganhando a revanche por dois a zero. Por último A Seleção baiana (2 X1) e de novo os alvi rubros (4 X 3)expulsaram definitivamente esses seres de outro planeta da Bahia.
Mas a derrota não intimidou os visitantes extraterrestres, pois dez meses depois apareceu tal de Bandeirantes (!). Todo mundo logo desconfiou, pois eles não sabiam falar baianês. Mas, desta vez estavam mais fortes e foi uma confusão só da Ribeira a Paripe, já que eles chegaram pela Orla Suburbana como os holandeses há quatrocentos anos antes. Foram derrotados na primeira batalha pelo grito do Ypiranga (4 X 3), mas logo se recuperaram e enfiaram quatro a um no Botafogo tomando parte da Península Itapagipana.
Alienígena atacando a ponte de Cachoeira
O pelotão Dois de julho que foi enviado pelo pessoal de santo Antônio para combatê-los não arranjou mais que um empate técnico (1 X 1). Então foi o próprio Bahia, dois anos após ser fundado, que conseguiu pelo menos retomar a Calçada, ganhando por um a zero. Os alienígenas, porém estavam mais bem preparados desta vez, nem a Seleção Baiana pode retomar o resto da península na batalha renhida que terminou em empate de cinco gols!
Tal como na guerra contra holandeses e portugueses os baianos necessitavam reforços e os tiveram de todos os estados do antigo Norte agora Nordeste. Eles desembarcaram por terra, mar e ar. Pela Baía de Todos os Santos, Avenida San Martin e Santo Amaro de Ipitanga chegaram soldados pra enfrentar os ETs. E deu certo!
Primeiro foi o glorioso batalhão do Vitória que fez recuar os indesejados visitantes (4 X 2), mas eles voltaram a se recuperar ganhando o combinado Fluminense-Guarany (nem os bravos índios conseguiram hein!) por quatro a três. O batalhão Dois de julho foi de novo acionado, mas não passou de um empate sem gols.
A peleja continuava dura, e foi aí que se lembraram do desprezado interior do estado. Veio gente de Camamu a Valença por Itaparica, e do vale do Jequiriça a Candeias pelas estradas de lama da época. E aí não deu mais pros extraterrestres. A Seleção baiana que se organizou para derrota-los não teve dó nem piedade enfiando-lhes seis a um. Depois veio o Ypiranga e não deixou sobreviventes (4 X 1). Tá pensando que baiano zangado é brincadeira! Não sobrou um ET pra contar o que aconteceu lá no planeta que nem ficamos sabendo qual foi.
Em novembro de 1935, alguns dias depois da insurreição da Aliança Nacional Libertadora, chegou o Hespanha por aqui. As elites ficaram em polvorosa. Alguém lembrou que podia ser uma nave de espanhóis, mas os azulinos despachados pra reconhecê-los não sentiu firmeza. Enquanto estavam nesta dúvida os ETs foram se espalhando. Desta vez começaram pela Vila Canária onde empataram com o Ypiranga em três gols e ganharam do Botafogo (3 X 2).
Aí os baianos sentiram que era hora de reagir. O tricolor foi convocado de novo a mostrar nossas garras ganhando por dois à zero. Os próprios espanhóis residentes na Bahia alistaram-se pra combater estas naves pra mostrar que não vinham em seu nome. O primeiro confronto foi duro (5 X %), mas logo após, com a ajuda dos leões da Barra (4 X 2) expulsaram definitivamente os visitantes de terras baianas goleando - lhes por quatro a um.
Horríveis extraterrestres na Baía de Todos os Santos!
De lá para cá houve umas equipes muitas estranhas, algumas até falando nordestino. Apareceu em março de 1937 tal Moinho da Bahia e o Ferroviário, se dizendo do Ceará, esconjurados pelo tricolor por dois a um e seis a três. Mas, quando chegou o Piripiri no início de 1949 os baianos logo se alarmaram. O pessoal do bairro de Periperi não os conheciam então era evidente que eram alienígenas disfarçados. Não adiantou nem o sotaque piauiense. O batalhão da colônia espanhola foi de novo destacado para espantá-los e conseguiram seu intento mal eles desembarcaram pela Barra, imitando Tomé de Souza, por três a um.
Estávamos nas vésperas da inauguração da Fonte Nova e isto, com certeza, atraía os alienígenas, e estes surgiram de novo em abril de 1950 com o Metalusina. Usaram a “justificativa” que eram mineiros convidados para um torneio. Mas foram logo tomando intimidades e se instalando na Pituba que começava a construir condomínios residenciais planejados. Os ETs se aproveitaram disto conseguindo empatar com o batalhão do Bahia (1 X 1) acionado para detê-los, mas sucumbiram nos pés do exercito do Rio Vermelho para os gaúchos-baianos do Grêmio (4 X 2) que vieram nos ajudar.
Oito meses depois chegaram noivos disfarçados de mineiro. Como ninguém disse uai não passaram de Itinga e São Cristóvão. Mas não foi fácil derrota-los vez que empataram seguidamente com Bahia e Ypiranga por um gol. O governo, a prefeitura de Salvador e as forças armadas decidiu então impedir que chegassem ao centro da cidade, assim reforçaram o Bahia que, numa revanche, expulsou os ETs do território baiano vencendo-=os por cinco na um.
Vejam se isto é cara de gente!
De olho na Fonte Nova os alienígenas voltaram em março de 1951. Desconfiaram deles logo pelo nome, Lanammet. E ainda se diziam paulistas! Mas nos salvamos graças à estratégia da federação que os obrigou a jogar na Graça. Assim eles não conheceram o nosso histórico estádio e não ficaram de “olho grande” derrotando o tricolor baiano por dois a zero, mas indo se instalar em Muritiba. Outros alienígenas que ficaram com terras da Bahia foram os do Canto do Rio, que se dizendo cariocas assaltaram a Fonte Nova de cambulhão vencendo Galícia (4 X 1) e Bahia (2 X 1). O governo, porém, mais uma vez foi vivo, trocando a ocupação da Bahia por territórios.
Em março de 1959 foi à vez dos alienígenas do Taubaté chegarem a estas paragens. Disseram que estavam em excursão no Norte e Nordeste, mas os baianos não “comeram nada”. Foi uma estádia muito difícil. Eles chegaram por Itaparica, empatando com o tricolor (2 X 2) e derrotaram o rubro negro (3 X 1). O jeito foi o governo destinar-lhes uma colônia em Santo Antônio de Jesus onde estão até hoje. O mesmo aconteceu com o Democrata de Sete Lagoas. Era demais, fantasiados de democratas e de mineiros ao mesmo tempo, e o pior é que, ao derrotarem os espanhóis por dois a um na Fonte Nova o governo teve que lhes dar a praia de Vera Cruz. Na época o pessoal dizia que se continuar assim não ia sobrar nada da Bahia.
Aí os baianos resolveram endurecer. Os ETs que apareceram por aqui no início de 1961 falando carioquês e se dizendo da Portuguesa carioca foram exterminados pelo Bahia por seis a dois. O mesmo com os do Canto do Rio que voltaram em outubro deste ano atraídos por terras do estado. Foi um problema já que ficaram aqui durante um mês usando a nossa querida ilha como pista para suas naves. Desta vez, porém, se deram melhor sendo vencidos pelo Bahia por dois a um, mas empatando com o Vitória por duas vezes (1 X 1 e 0 X 0). Resultado levaram outro pedaço da nossa querida Itaparica incomodando a família de João Ubaldo Ribeiro.
Baianos correndo na Rua Chile!
Esta brincadeira estava indo longe demais. Não é que em agosto de 1965 chega o Piripiri outra vez? Desta vez, só não levaria outro pedaço da Bahia, pois, mesmo empatando com o Guarany sem gols, seria esmagado pelo tricolor por cinco a um.
E, ás vésperas da ampliação da Fonte Nova, com a construção de seu anel superior, em fevereiro de 1971 chegariam os extraterrestres do Itabaiana. Desta vez chegariam tratando todo mundo bem e dizendo que só queriam conhecer a Bahia. Mas os baianos não permitiriam que suas naves avançassem ficando estacionadas no aeroporto enquanto eram derrotados por três a zero pelo esquadrão de aço na Fonte Nova. Voltariam novamente em abril de 1973 tomando nova goleada, desta vez do Vitória por quatro a um. Sua insistência acabou fazendo com que ganhassem um pedaço de terra, mas no interior de Sergipe.
As últimas incursões dos ET desestimularam sua presença por duas décadas. Eles só voltaram a aparecer no fim dos anos noventa no Barradão em janeiro de 1999. Desta vez se disseram feirenses e confessaram seu verdadeiro nome, eram o Astro, e como todo mundo sabe quem veio dos astros só pode ser alienígena. O Vitória não deixou nem que suas naves passassem de Mata Escura enquanto os derrotava por três a zero. Depois só foi pegar malas e bagagens e desaparecer na estratosfera.
Ainda bem que não é o Elevador Lacerda!
Doravante a Bahia estaria relativamente vacinada contra os extras terrestres. É que organizou um Comitê de defesa com todas as forças armadas, além de milícias espirituais com a participação do pessoal dos terreiros, espíritas, evangélicos e católicos, além de outras religiões. Desde então foram poucas as incursões de extraterrestres no estado.
Lembro-me da realizada em fevereiro de 2000 quando as naves do Universal circularam a Fonte Nova e foram mandadas embora pela vitória do Bahia (2 X 0) e baterias antiaéreas fazendo com que fossem tentar alguma coisa lá no Rio de Janeiro. E quando o Boca Juniors apareceu em dezembro de 2005 no Barradão. Era muita ingenuidade dos ETs, usar o nome de um dos maiores clubes do mundo e ainda se dizendo sergipanos.
Mas o sotaque embolado logo traiu os visitantes do espaço. O Vitória não teve piedade. Não deixou nem eles aterrissarem a aeronave em Canabrava tendo que descerem de paraquedas para sofrer uma humilhante derrota por sete a zero. Conta-se que depois foram pra Sergipe onde disseram que foram exilados da Galáxia X 13 e (sabem como os sergipanos são simpáticos!) acabaram arranjaram um cantinho pra viver.
· Agradeço as informações de Darlane Didimo, dos sites Cinema com rapadura e Extra globo.com e do Almanaque do Futebol Brasileiro. Sou grato as imagens dos blogs wimana.com.br,labs.ideavalley.net,abnoxio.weblo.com.pt,mixhqpod.cast.blogspoty.com,meupapeldeparedegratis.net,tatianna.zip.net e senetozr.blogspot.com.
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