sábado, 23 de abril de 2011

Cinquenta anos a mil


Quem vê o título do artigo de hoje vai pensar que estou tratando do livro de Lobão e Cláudio Tognoli que trata da louca vida de um dos principais artistas brasileiros.  Mas, apesar de gostar muito dele, não é disto que eu estou tratando, mas dos cinquenta anos de glórias da Fonte Nova.  Neles, nosso histórico estádio marcaria decisivamente o esporte baiano.
Os clubes baianos se profissionalizariam definitivamente, os do interior do estado começariam a participar do campeonato estadual, e ganhariam seus primeiros títulos, e o intercâmbio esportivo do estado seria dinamizado a tal ponto que a dupla BA-VI faria suas primeiras excursões internacionais e, ao fim da primeira década de funcionamento do estádio, o primeiro ganharia em 1959, o título da I Taça Brasil..
Inaugurado ás pressas em 28 de janeiro de 1951, só no segundo semestre do ano seguinte é que seriam ali realizadas partidas normalmente. Se só considerarmos os amistosos com times nacionais em 1953 foram jogadas ali 22 partidas. Número que aumentaria para 35 em 1954 voltaria para 22 em 1955, mas cresceria para 28(1956), 30(1957), chegando ao ápice em toda a história do futebol baiano em 1958/1959 com 40 e 45 jogos em um ano.
                                                    É a copia fiel, Lobão e a Fonte Nova!

O acanhado estádio que existia nos anos 50/60 seria substituído nos anos 70 por um mega estádio que faria com que os clubes baianos entrassem numa era de massas do futebol brasileiro, que coincidia com os anos de chumbo da ditadura. Na ocasião foram construídos e ampliados vários estádios, sendo que a fo9nte do futebol passaria a comportar mais de dez por cento da população de Salvador. 
É uma época onde os grandes atores são as torcidas, que acorriam á Fonte Nova ás dezenas de milhares, aproveitando o fato de o estádio ser localizado num entroncamento de diversos bairros e nas proximidades da Estação da Lapa, o maior terminal de ônibus do Norte e Nordeste.
Os anos 70, 80 e 90 registram mais de duas dezenas de jogos com mais de 80.000 pessoas na Fonte Nova. Pelo menos quatro deles ultrapassando cem mil torcedores, onde foi obtido o Recorde de pessoas (na inauguração do anel superior) com aproximadamente 130/140.000, e o Recorde de pagantes (no jogo Bahia X Fluminense pelo Brasileiro de 1988) com 110.000.  São anos de hegemonia do Bahia, que conquista o seu segundo título nacional, logo, porém, sucedida pela do Vitória, que chega por duas vezes á uma decisão nacional na Primeira e Segunda Divisão do futebol brasileiro.
             Ah, agora está mais sério, e com a idade da Fonte Nova!

No segundo semestre de 2002, a Fonte Nova comemorava a realização de 620 amistosos nacionais, pelo menos vinte internacionais, 4000 jogos pelo certame baiano e, pelo menos mais 600 partidas pelos certames nacionais (Copa Brasil, Taça Brasil, “Robertão”, Torneio do Povo, e Campeonato Brasileiros). Ao todo, sem contar os jogos entre aspirantes, categorias de base, futebol feminino e amadores, mais de 5.200 partidas, o que equivale a jogar a cada três dias.  Que estádio esteve mais “a mil” do que esse?
Tomara que os cinquenta anos de glórias da Fonte Nova não sejam o caso dos de Lobão. Quanto passou o cinquentenário nosso histórico estádio só deu pra baixo. A partir de 2002 agravaram-se seus problemas de manutenção e, no ano seguinte viu o EC Bahia ser rebaixado pra Segunda Divisão. Nos próximos anos seria a vez do Vitória e do Bahia chegar ao fundo do poço, a Terceira Divisão.
O estádio, que era de primeira, foi obrigado a conviver com o que havia de pior no futebol brasileiro. Suas glórias foram para o ralo dos Ananindeua, Moto Clubes, e Fast Clubes da vida, que passaram a frequentar os seus gramados. Quando em 2007 o Vitória subiu nem deu pra Fonte Nova comemorar, pois ocorreu o desastre de 25 de novembro quando cedeu um trecho do estádio matando sete torcedores, e os jogos foram proibidos pelo governo.
                                                    Cruz credo, se livra desta Lobão!

E, em 2010, quando o outro baiano, o EC Bahia, subiria, mais uma vez a Fonte Nova não comemoraria, aliás, já estava bem morta, pois foi implodida no meio do ano para dar lugar a uma arena para a Copa do Mundo de 2014. Sou grato as imagens dos blogs pt-br.facebook.com,operace.com e liciafabio.uol.com.br.

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