segunda-feira, 25 de abril de 2011

Corra que a polícia vem aí !




A Sociedade Esportiva Tiradentes foi fundada em 1959 numa reunião de subtenentes e sargentos da PM do Piauí. Sete anos depois se filiaria á Federação Piauiense de Desportos e em 1972 o comandante da PM desse estado anunciaria que o clube começaria a participar de campeonatos. Acho que o fato da polícia disputar certames deve ter apavorado os esportistas e jogadores. Tanto é assim que logo no primeiro ano seria campeão, repetindo o feito em 1974 e 1975.
Só quando os outros clubes começaram a recrutar bombeiros, pessoal da Aeronáutica, Exército e da Marinha, é que a situação mudou, com o Tiradentes só voltando a ganhar em 1982 e 1990. Depois daí nunca mais! Imaginem que o clube ficou famoso por ser arrasado pelo Corinthians por dez a um na Copa do Brasil.
.Mas esse artigo é pra falar do início desta história quando um time da PM disputando era uma surpresa que aterrorizava. Vocês acreditem que até a CBD “abriu as pernas” aceitando que o clube disputasse o Campeonato Brasileiro. Também, esse órgão era tão desmoralizado que tinha o “rabo preso”, não podendo arriscar que a PM viesse mexer nas suas contas.
                   
                        Teve torcedor que quis sair "na mão"! 

Aliás, nos anos 70, a CBF “carregou nas costas” a ditadura militar no campo desportivo enchendo de clubes o recém-criado Campeonato Brasileiro que chegou aos 94 participantes. Foi quando se notabilizou o ditado “aonde a ARENA vai mal um time no Nacional” .E foi, exatamente nesta época, que o Tiradentes veio jogar na Fonte Nova.
Era dia 24 de outubro de 1973 quando o regimento do Tiradentes aportou em Salvador. De manhã foram no Quartel dos dendezeiros e na Vila Militar. Pegaram a “boia” por ali mesmo chegando à Fonte Nova em cima da hora. 13.392 torcedores foram assistir ao jogo, mas, muita gente só foi ao estádio porque nada sabia. Naquele ano vieram na Fonte Nova os nordestinos do Ceará, o CSA e o CRB (Alagoas), o Itabaiana e Sergipe (Sergipe), e o América (Pernambuco) e não tinham ganhado uma.
Foi enquanto os torcedores pensavam isto que os jogadores do Tiradentes entraram em campo. Vinham com capacete e cassetetes mas nem juiz nem bandeirinhas disseram nada. O técnico tinha o nome de Aureliano, igual aquele que iria ser vice-presidente de Figueiredo. O “pau comeu solto” no lombo dos jogadores do tricolor baiano. Ivan Limeira na zaga “limava” tudo por ali e o Bahia só conseguiu fazer um gol porque chutou de longe. Só foi escore mínimo por não ter outro menor.
                             Poxa, mas aí é Roberto Carlos!

Mas os militares do Tiradentes gostaram da corporação baiana. É tanto que dois meses depois voltaram, agora pra enfrentar o EC Vitória. Mas dessa vez chegaram na véspera da partida, dispensaram o contingente policial que iria trabalhar no estádio (pra que? Afinal já havia eles).
Dessa vez, ao invés do zagueiro “limador” trouxeram o técnico Ênio Lima que também “limava” embora não entrasse em campo. O centro médio Tinteiro daria o que falar batendo e jogando tinta nos jogadores rubro negros. Só não foi pior em virtude da apresentação dos atacantes Ventilador e Sima. É que o primeiro já tinha jogado pelo Vitória, e o segundo iria ser contratado pelo Bahia. A partida acabaria sem gols em virtude do time do quartel usar a tática da “terra arrasada” batendo em todo mundo assim que chegavam na intermediária. Aí o jogo ficou só no meio de campo.
Mas em março de 1974 eis que o Tiradentes estava de volta. Mas desta vez vinha recomendado. É que o próprio comandante da PM do Piauí telefonou para seu colega baiano para que acolhesse a delegação. Assim o comandante da PM estadual foi recebê-los. Disseram na época que o comando fez com que todo soldado fosse pra Fonte Nova ver seus colegas. Foi o diabo esse dia. Tocaram o hino nacional, houve desfile militar e tudo! Nesse dia tinha mais policia que torcedor pra ver o jogo contra o Vitória, 22.210 torcedores.
                                 Já pensou com esses aí?

E olha que o rubro negro tinha um “timão” na época. Eram dirigidos pelo técnico Castilho, e tinha Joel Mendes no gol, Jorge Valença na lateral-esquerda, Davi no meio de campo, e Osny e Didi no ataque. Mas quando os jogadores do Vitória entraram em campo e olharam pras arquibancadas só vendo militares a turma parece que “froxou”.
Nunca se viu daquilo. Nem precisou o Tiradentes usar aqueles “homenzarrões” que nem pareciam piauienses. Os jogadores do Vitória só corriam, e pro lado inverso onde estava a bola. Só o baixinho Osny que teve coragem de entrar na área e fazer um gol. Mas foi um descuido. Depois dali não teve pra ninguém. Joel Mendes é que deixaria passar duas bolas, o suficiente para os soldados-jogadores baterem continência e levarem pro Piauí a única vitória de um clube desse estado na Bahia.
                  
          Leslie Nilsen se assustou com os buracos de Salvador! 

A Fonte Nova nunca esqueceu disto. Do dia em que foi tomada pelos PMs. Só reclamou que nesta época não tinham as “pefém” (polícia feminina). Ah, antes que me esqueça, nunca mais o Tiradentes arranjou mais nada. É que o salário da polícia foi piorando a tal ponto que nenhum policial que se respeitasse quis mais participar do time. E aí vocês sabem, sem policia ninguém tem mais medo. O resultado é que o clube foi pra segunda divisão do Piauí.

·          Agradeço ao site Futipédia, ao Almanaque do Futebol Brasileiro, e aos blogs adorocinema.com,tresdimensoes.blogspot.com,projetocinema.com.br,cinemabuteco.com e br.photok.com.

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