terça-feira, 26 de abril de 2011

Tem tubarão na Fonte Nova


O Ferroviário Atlético Clube tem um apelido engraçado, Tubarão. Desde 1933 que as aguas da praia de Iracema são infestadas de tubarões, coincidindo com a fundação desta simpática agremiação esportiva. No entanto, nem sempre isto foi assim. É que quando verificaram os perigos do bicho começaram a colocar repalente e ele foi caçar em outra freguesia.

Assim, se foi campeão em 1945, só apareceria na década seguinte(1950 e 1952), e, depois, só lá pra 1968 e 1970. Depois o tubarão rarearia, ganhando em 1979, 1988, embora surgisse com toda a fome do mundo em 1994 e 1995. Depois daí colocaram salva vida e barcos em Iracema e acabaram com os tubarões que não comeu mais nem sardinha.

Mas, deixemos pra lá o Ceará, pois esta postagem é pra falar do tubarão na Bahia. Os baianos conheceram o tubarão na década de quarenta quando o EC Bahia foi jogar no Estádio Presidente Vargas em Fortaleza. Na época o tubarão era ainda menino e assustou muito o tricolor baiano. Tanto é assim que ganhou duas vezes, ambas por quatro a dois, em 1940 e 1941.


                  Esse até que é simpático, mas não pro peixe!


Aí o esquadrão de aço ficou chateado e disse que não tinha medo de tubarão. Nos próximos anos iria insistir para a desforra. Suou a camisa pra conseguir trazer o bicho. Chegou até a prometer um aquário e nada. É que estávamos na Segunda Grande Guerra e o tubarão(apesar de não parecer)tinha medo dessas coisas. Se os alemães estavam afundando navios na costa do Brasil quanto mais um pobre tubarão!

Mas o que prometeu cumpriu. Em novembro de 1946, quando terminou o conflito ói lá que aparece o tubarão em Salvador? Foi uma grande novidade. Os baianos nunca tinham visto um. Nem na praia nem na Baía de Todos os Santos. Mas ol problema é que fizeram uma sacanagem com o bicho. Imaginem que trouxeram ele num velho navio que atracou na Barra e levou ele num caminhão pro Estádio da Graça. Pô, assim era demais! Nem parece coisa de gente hospitaleira como o baiano!

O tubarão entrou naquele dia no campo dentro de uma jaula, e o pior, sem água. Ficou com sede, chafurdou na lama, deu vexame, quase morre! Imaginem que até levaram um dentista pra aparar-lhe os dentes! O Bahia, que não é besta nem nada, aproveitou pra "tacar-lhe a madeira" ganhando por seis a três do coitado.


                            Pô, tubarão duro ninguém guenta!


Aquilo deixou os baianos mal no Ceará. Quando um cearense ameaçava jogar na Bahia eis que o Ferroviário "fazia a cama" dos baianos, lembrando desse dia. Mas não deu pra segurar. O Ceará e o Fortaleza apareceram aqui em 1959, 1961, 1966, 1968, 1969, chegando até a eliminar o Bahia da Taça Brasil, quando o segundo seria por duas vezes vice campeão. Qando começou o campeonato brasileiro voltaram a aparecer, em 1973, 1977 e 1986. A recém criada Copa Brasil também veria partidas entre baianos e cearenses mas nada do tubarão.

Pra encurtar a conversa vou dizer que o bicho levou sessenta anos pra vir por aqui outra vez. E olhem que foi necessário um campeonato obrigar a escalação de partidas contra a dupla BA-VI pro Ferroviário aceitar os jogos. Mas não deixou também de se vingar dos baianos.Os conflitos ocorreram no campéonato da terceira Divisão em 2006 onde estavam os três.

Na primeira fase o Bahia tinha caído no grupo sete e o Vitória no oito, assim não pegariam o Ferroviário. Na segunda fase, porém, o Vitória caiu no grupo vinte(vá ter tanto grupo no inferno!) exatamente o do Ferroviário. A vingança do "ferrim" foi pra ninguém botar defeito, ganhou as duas, no Castelão e no Barradão. E olhem que foi no mês da tragédias, agosto.


                                  E esse é dos grandes!


No dia vinte aportou no estádio de Canabrava. Tinha tomado todos os cuidados do mundo pois o tubarão estava velho. Mas a diretoria alugou uma piscina gigantesca e levou o bicho até o lixão. Não deu outram, três a dois pro Ferroviário. E, seis dias depois, foi pior, três a um no Ceará. Os dois passaram de fase com o rubro negro se classificando em primeiro.

Na terceira fase seria a vez do Bahia pegar o tubarão. destra vez o  bicho havia se preparado pra qualquer eventualidade dos baianos. Chegou em treze de setembro e trouxe até agua mineral pro caso de faltar agua. Alugou um caminhão e um aquário pro transporte do porto da Barra pra Fonte Nova. Só esqueceu uma coisa. É que desde 1951 a Bahia tinha um novo estádio, a Fonte Nova, e ninguém quis transportar o tubarão. Se tivesse acertado com o pessoal do Dique do Tororó seria canja, ficava ali junto. Só com muito custo é que colocaram o tubarão num taxi e ele foi pra Fonte Nova.

Chegou malamanhado, todo amassado, mas vendeu caro a derrota para os tricolores por dois a um. Duas semanas depois seria a vez de jogar ali perto da pria de Iracema. O velho tubarão quis pegar o esquadrão no contrapé, mas não conseguiu morder as canelas baianas de jeito, os jogadores nadaram o tempo toido e sairam do Castelão com um bom empate em um gol. O tubarão se classificou(em segundo) e o tricolor ficou em primeiro.


                                  Dizem que aí dá tubarão!


Mas o melhor estava reservado pro final. Não é que a dupla BA-VI e o Ferroviário se classificaram para as finais daquele ano? O octagonal decisivo pra ver quem subia pra Segunda Divisão começou em outubro.     E, no dia quinze já jogavam Ferroviário X Vitória no Castelão. O resultado mostrou como o tubarão ia encarar estas finais, ganhou de novo de três a um do rubro negro.

Aí voltou pra Fonte Nova. Desta vez o tubarão tomou ainda mais cuidados. Acertou um barqueiro do Dique do Tororó, pagando, inclusive, antecipadamente, pra ir tranquilo pra Fonte Nova. Mas, de novo "deu bronca". É que, como é comum na Bahia, o barqueiro pediu um preço, mas quando viu que era um tubarão, quis mudar o valor em cima da hora. O tubarão não tinha trazido dinheiro. Não tinha nem ao menos um
chequezinho ou cartão. Voçês sabem que tubarão não anda com essas coisas.

O resultado é que o barqueiro deixou o bicho "na mão". Ele teve que ir nadando pra Fonte Nova. E, quando a agua acabou, o jeito foi empurrarem ele pelo estacionamento a dentro até o gramado. O resultado não podia ser diferente, nova cacetada, quatro a um pro tricolor.Essa Fonte Nova era mesmo ruim com tubarão.


                            Ele encalhou no porto da Barra!


No segundo turno o jogo da volta caiu exatamente na data da proclamação da tal da república. Mas seria exatamente neste dia que o tubarão iria pregar uma peça no esquadrão de aço que ele nunca esqueceria. Tratou o tricolor "a pão e agua". Quando os jogadores chegaram ao aeroporto não tinha nem onibus, assim, foram obrigados a vir em cinco taxis, e pegar o maior engarrafamento, chegando em cima da hora do jogo.

O vestiário do Castelão estava fechado, assim foram obrigados a fazer suas necessidwades no gramado.Enquanto isso o tubarão era tratado a "pão de ló", desde a manhã só copmendo dieta de peiximhos e trocando a agua do aquário onde ele vivia. Voçês podem imaginar o que ocorreu. Mesmo jogando contra um tubarão velho e quase sem dentes, de 60 anos (era uma novidade um tubarão durar tanto tempo) o Bahia fez a façanha de perder de sete a dois.


                                             Ói ele aí!

Era a vingança do tubarão, e nem sequer se abalou com uma nova derrota no Barradão(0 X 4) cinco dias depois. Como ficou em quiunto lugar(só classificavam quatro) mandou os tubarãozinhos cumprir tabela. O rubro negro subiria, ficando em segundo lugar, quando o Bahia amargaria a praga de ficar mais um ano na Terceira. Também, foi provocar o tubarão!

* Agradeço as informações dos sites Bola na área e Futipédia e do Almanaque do Futebol Brasileiro. Sou grato também as imagens dos blogs   somdovialejo.com.br,maniadovasco.blogspot.com,educar.sc.usp.br,edsoinmelosintonia.blogspot.com e arrepiob.blogspot.com.

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