quinta-feira, 21 de abril de 2011

Inevitável

              
             
                                           Se é questão de confessar/ não sei preparar café
                                            e não entendo de futebol(...).  
                                            Sempre soube que é melhor/quando há que falar de dois
                                            começar com um mesmo.
                                           Já saberás a situação /  aqui tudo está pior
                                            mas pelo menos respiro(...).
                                           O céu está cansado/de ver a chuva cair,
                                           e cada dia que passa/é mais parecido com ontem.                         
                                           Shakira ( Inevitable )


Outro dia ouvi uma canção da cantora Shakira que tem a ver com o que aconteceu em 1961 na política e no futebol quando alguns fatos se tornaram Inevitable. Ela é namorada do zagueiro Piquê do Barcelona FC e chegou a ter suas músicas proibidas no estádio do Real Madrid. 
Em 1961 o presidente Trujillo da República Dominicana colocou seus órgãos de informação para descobrir a conspiração contra seu governo. O resultado iria surpreendê-lo, pois, além, das figuras que esperava estavam o embaixador dos EUA e o arcebispo primaz da Igreja Católica de São Domingos.  Assim, só pegou “arraia miúda” não se atrevendo a tomar providências contra os “graúdos”. Cairia, em pouco tempo, crivado de balas numa emboscada. As mudanças do país, se puderam ser adiadas, não seriam evitadas mais tarde.
Em abril neste ano ocorreria a famosa invasão da Baía dos Porcos no sul da ilha de Cuba. Foi o Kennedy do Partido Democrata (!) e com cara de bonzinho que autorizou a invasão, embora já fosse preparada desde a época de Eisenhower. Os 16 aviões B – 26 norte-americanos chegaram voando baixo, com o escudo da Força Aérea Cubana, e metralharam o povo que os saudava. Atrás dos bombardeios veio o desembarque nos pântanos da baía.
                                                            Ói ela sozinha!

A apregoada invasão, entretanto, só durou três dias. Os cubanos que moravam em Miami e outros mercenários são derrotados rapidamente em terra e os sete navios da Marinha norte – americana são afundados ou se põem em fuga. Soube-se depois que a CIA treinara militarmente cerca de 1300 exilados, embora não contasse com o espírito de luta do povo que defendia o seu país e sua revolução. A irresponsabilidade levaria a cerca de trezentos mortos de lado a lado.
Naquele ano, enquanto “pegava fogo” a situação no Caribe e na América Central, o campeonato anterior terminaria mais tarde, particularmente devido á excursão da dupla BA – VI á Europa. Além disto, havia os amistosos. Em janeiro mesmo chegaram por aqui os cariocas do Bangu e a Portuguesa.  Na ocasião, o tricolor baiano desfrutava da hegemonia absoluta no futebol baiano, e não teria nem dó nem piedade ganhando de cinco a três da equipe de Moça Bonita e seis a dois da do subúrbio.
O esquadrão de aço faturaria o tricampeonato e o Ceará Sporting viria a Salvador em março jogando na Fonte Nova com a dupla.  Sabedor dos últimos resultados por aqui os cearenses jogaram “fechadinhos”. Esta condição faria com que conseguissem um empate sem gols com o bicho papão tricolor. Mas um descuido não deixaria que repetissem o feito contra o rubro negro, para o qual perdem pelo escore mínimo.
                                                     Esse não é Piquê é Maradona!

Seguem-se uma série de amistosos com o Fluminense de Feira de Santana. Na ocasião, este já começava a montar a equipe que ficaria famosa em 1963 ao ganhar o título, pela primeira vez, para o interior baiano. Os tricolor do sertão começaria empatando com o tricolor da capital em três gols, e, somente após muito bombardeio, perderia a revanche por dois a um.
No início de abril, enquanto começavam os preparativos para a invasão da famosa baía, o Flu vem de novo a Salvador pra jogar contra o rubro negro. Este fez de tudo pra marcar gols, mas não teve jeito, pois os feirenses tiveram uma defesa eficiente e acabaram saindo da fonte do futebol com a vitória por um a zero.
Nove dias antes do ataque criminoso dos aviões norte-americanos em Cuba o Galícia trazia a Salvador o Bonsucesso do Rio de Janeiro. Mas tudo indica que na época essas operações não estavam obtendo sucesso. O certo é que nem o time da colônia espanhola conseguiria vencer nem mais tarde os cubanos-americanos.
                                                           Tem gente que é cega!

O Bahia consolidaria sua hegemonia no futebol baiano, obtendo o “tetra” este ano. E os amistosos continuariam. Viria ainda o XIII de Campinas, o Flamengo, os pernambucanos do Náutico, Sport e Santa Cruz, o Fluminense, encerrando o ano com o Canto do Rio. O tricolor não perderia nenhum amistoso este ano na Fonte Nova, e olhem que fez treze. O rubro negro, porém, perderia também do outro Fluminense, o carioca.
Quanto aos norte-americanos foram obrigados a ver a revolução cubana se consolidar. No ano seguinte, tiveram a “cara de pau” de inventar a chapada crise dos mísseis quando procuraram uma desculpa para patrocinar nova invasão a Cuba. Mas qual, desta vez a briga era com a própria URSS e acabou dando em nada. Cansado de derrotas e fracassos em 1963 foi a vez do próprio John Kennedy partir desta para a pior, infelizmente de forma trágica. Mas, pelo menos o povo cubano pode ter uma trégua.

·          Agradeço as informações do Almanaque do Futebol Brasileiro e dos sites Wikiédia, Letras.com e Tocabendo. Sou grato também as imagens dos blogs contigo.abril.com.br, ceeres.com.br e debiliovips.wordpress.com.

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