quinta-feira, 14 de abril de 2011

Me engana que eu gosto!

  
                           
No Brasil os politicos não falam a verdade pro povo. A maioria elege-se sem tocar em nenhum dos assuntos que nos interessam e durante a campanha só fazem "enrolar". Mas estas coisas não acontecem só na política mas também no futebol.  Na última década de vida da Fonte Nova aconteceram coisas inusitadas. O discurso dos dirigentes esportivos, no entanto se manteve. Primeiro foi a crise aberta no campeonato baiano de 1999. Na ocasião, o EC Bahia, após ganhar seu arquirrival na primeira partida das finais por dois a zero, recusou-se a jogar a segunda partida no Barradão, alegando que o estádio não tinha condições de realizar um jogo de tal porte. Na oportunidade utilizou um “testa de ferro” para o processo, o clube social Itapagipe.
O processo abriu sério estremecimento no futebol baiano, e só foi “resolvido” mediante muita conversa e uma “decisão” do STJD, a divisão do título. Me engana que eu gosto! A Fonte Nova continuava sem manutenção saltando aos olhos a situação pros torcedores que compareciam aos jogos enquanto o governo dizia que o esporte era uma prioridade. Mas depois do incidente de 1999 os regulamentos do campeonato passaram a ser uma verdadeira “esculhambação” sem o mínimo critério.
Em 2000 o certame começou mais tarde, após o carnaval, e colocou todos os clubes pra jogar entre si, só que em apenas um turno. O responsável pela tabela disse que ganharam aqueles que tiveram mais “sorte” na definição dos jogos. Bem, mas sendo assim, bastava dar a taça ao clube colocado em primeiro lugar. Certo? Errado, esqueceram que estamos na Bahia! Providenciaram então jogos decisivos entre o primeiro e o segundo colocado, durma-se com um barulho destes, e o Vitória confirmou a taça. Me engana que eu gosto!
                                                     "Vou acabar o metrô de Salvador!"

O campeonato de 2001 encheu, negativamente, todas as medidas. Desta vez voltaram a dois turnos. Mas fizeram a incrível invenção de liberar a dupla BA-VI do primeiro turno, quando as equipes do interior jogaram por três meses sagrando-se o Juazeiro campeão. Os dirigentes disseram, na época, que tinham que “ajudar” a dupla a cumprir o apertado calendário da CBF.
Só em março é que chegou a dupla, mesmo assim pra enfrentar apenas sete jogos cada um. Foi assim que o EC Bahia ganhou o segundo turno, realizado em apenas um mês, e decidiu numa partida fulminante o título contra o pobre Juazeiro que perdeu o jogo (1 X 3) e a taça.Me engana que eu gosto!
Nem a Fonte Nova aguentava mais essas maracutais. Aí em 2003 mudaram de novo o regulamento. Desta vez colocaram mais três clubes no certame e criaram três grupos. Falaram que era pra “prestigiar o interior” mas o negócio mesmo foi a politicagem. O certame foi relâmpago, o mais curto da história da Bahia, se estendendo por menos de dois meses e deixando o restante dos clubes (fora a dupla BA-VI) à míngua.
                                     "Vai sair um bom aumento este ano pros servidores!"

Os critérios de classificação eram absurdos. Como acharam de colocar 13 clubes, inventaram que dois grupos classificariam três times e um deles classificaria só dois. Nem havia a justificativa do número, pois um dos grupos de quatro clubes classificou três! Havia jogos apenas dentro dos grupos, e depois vinham mais três fases, as quartas de finais, as semifinais, e as finais, tudo em regime de “mata”. O Vitória acabaria papando de novo o título. Me engana que eu gosto!
A Fonte Nova então cansou da federação dando um alerta aos dirigentes boicotando o tricolor, o único que jogava no estádio, no campeonato brasileiro. Dizem que foi por isto que o clube caiu pra Segunda Divisão. Mas a FBF não entendeu a advertência, mantendo a “fórmula” nos dois anos seguintes. Nosso histórico estádio deu então mais dois avisos, articulando seu sobrinho Barradão pra colocar também o Vitória na Segunda, e, o tiro de misericórdia, quando levou o tricolor para a Terceira Divisão. Não era possível que esses não aprendessem.
Em 2006 a FBF decidiu fazer concessões, dizendo que o campeonato estava muito grande “limou” um ficando os clubes em número par. Mas aí voltou a fazer coisas estranhas. Imaginem que desta vez fez dois grupos, mas onde todos jogavam com todos em dois turnos. Então de que adiantavam os grupos? Cada fase que ia avançando ia classificando menos até a final. O Colo, merecidamente, ganhou o título, mas o certame foi tão esdrúxulo, que o vice (Vitória) fez doze pontos a mais, e disputaram quem seria rebaixado o nono e o 12º lugar. Era demais, foi a mão divina que acabou rebaixando o lanterna Camaçariense.
                                           Olhem aí o "povo" que os EUA ajudam na Líbia!

O Barradão parou de fazer greve e o Vitória, que havia sido prejudicado, subiu pra Segunda, e, logo após, para a Primeira Divisão. Também nos dois próximos anos a própria FBF fez uma mudança positiva, embora continuando a ter grupos que de nada valiam. Durante 2007 e 2008 o campeonato baiano ganhou em emoção quando jogavam todos contra todos e classificava-se para um quadrangular final por pontos corridos.
O Vitória aproveitaria para ganhar o “bi” aproveitando a vantagem de mais pontos e até de saldo de gols. Foi por isso que a Fonte Nova deixou de atazanar o Bahia fazendo com que ele subisse para a Segunda Divisão. Nosso histórico estádio, porém, sofreria interdição em função da tragédia que mataria sete torcedores quando do jogo Bahia e Vila Nova. Pelo menos foi o que disse o governo embora já soubesse que havia sido decidido fazer a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Me engana que eu gosto!
Em 2009 a FBF, porém, aproveitando-se que a Fonte Nova não mais “apoitava” resolve mudar as coisas outra vez.  Achando que estava ganhando pouco dinheiro com a sistemática resolveu acabar com o quadrangular final por pontos corridos reintroduzindo o “mata mata” só que em duas fases, semifinal e finais. Mas o Vitória continuou ganhando e, até 2010, emplacaria o “tetra”.
                                        "Vou apoiar o Brasil para o Conselho de Segurança!"

Esse ano não será esquecido tão cedo no nosso futebol. O Vitória foi vice-campeão brasileiro, decidindo no estádio do sobrinho da fonte do futebol contra o Santos. Mas, algum mês depois cairia para a Segunda Divisão, com uma boa “mãozinha” dos juízes da CBF. Quanto ao Bahia subiria para a Primeira após conseguir uma boa eficiência nos jogos fora de casa.  Mas a Fonte Nova só soube isto no céu, pois foi implodida no início do segundo semestre para dar lugar a arena da Copa de 2014.
Até hoje se diz que se fez isto pro progresso da Bahia e que um museu vai preservar toda a história da Fonte Nova. No entanto, as obras estão atrasadas, o projeto da arena é de metade do tamanho da antiga Fonte Nova e restrito somente ao futebol enquanto esta contemplava também vários esportes. Vamos pagar pra ver o discurso bater com a realidade. Me engana que eu gosto!

·          Agradeço as informações do site RSSSF Brasil. Sou grato ainda as imagens dos blogs panoramablogmario.blogspot.com,dedemoltalvao.blogspot.com,idadecerta.com.br e cinemaniac.com.pt.

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