sexta-feira, 29 de abril de 2011

Os Paralamas e a Fonte Nova


* Homenagem aos trinta anos do maior e mais antigo grupo de rock do Brasil

E a cidade que tem braços abertos
num cartão postal
com os punhos fechados na vida real
          Hebert Viana/Bi Ribeiro (Alagados)

Este ano o grupo de rock Paralamas do Sucesso completa trinta anos de carreira.  E no último mês de fevereiro transcorreu dez anos do acidente de ultraleve que matou Lucy, a esposa de Hebert Viana e o deixou numa cadeira de rodas. As dificuldades que seus membros Hebert, Bi Ribeiro e João Barone encontraram parecem até as da Fonte Nova.
O grupo foi criado com outra formação em 1981, quando o nosso histórico estádio presenciava a retomada da hegemonia do EC Bahia no futebol baiano, no tempo em que as almas dois dois,como dizia Hebert, eram lavadas, desincardidas. O rubro negro havia “papado” o título no ano anterior mas quando a FBF soube que havia sido criado os Paralamas “mexeu os pauzinhos” para que voltasse a ganhar o clube que desde 1970 detinha uma hegemonia de sucesso.
Os primeiros anos dos Paralamas seria de construção, ao tempo em que ´vibravam com o campeonato baiano onde só dava o tricolor. Sairiam os cantores Ronel e Naldo em 1982 e o baterista Vital em 1983 passando o grupo a ter a formação atual. É neste ano que lança o seu primeiro álbum Cinema mudo pela gravadora EMI, logo seguido no ano seguinte pelo O passo de Lui.
                                                                Esse é mais antigo!

Até então tudo ia bem no grupo, que participava do Rock in Rio e lançava sucessos como Óculos, Me liga e Meu erro. Mas em 1985, deixariam de gravar o álbum do ano em virtude do EC Vitória ganhar o certame baiano. Sei que é um absurdo deixar que o futebol atinja uma carreira de sucesso mas foi isto que aconteceu.
Nem a recuperação do título pelo tricolor faria passar a mágoa de Hebert e seus amigos. Tanto é assim que em 1986 gravam o álbum Selvagem, que mostra bem a chateação. Mas esse ano fizeram a primeira música falando da Bahia, Alagados, numa parceria musical com outro torcedor famoso do tricolor, Gilberto Gil.
Bem, aí fizeram as pazes com a Bahia, que iria emendar um novo tricampeonato, e foi nesta escalada que os Paralamas subiram. Estouraram com Alagados e Novidade, foram para o Festival de Montreaux na Suiça (que chique!). Nunca venderiam tantos discos em sua carreira.Em 1987 gravam seu primeiro álbum ao vivo, D, e, no ano seguinte, quando o tricolor emendaria o “tri” com a conquista do campeonato brasileiro, gravariam o álbum Bora Bora, com músicas de sucesso como Quase um segundo e Uns dias.

Mas, quis o destino que sua carreira fosse de altos e baixos, semelhante a da Fonte Nova. Aí o Vitória voltou a tomar as rédeas de nosso futebol conquistando um bicampeonato, entre 1989/1990. No início isso não abalou a cerreira dos Paralamas que pensaram que era “fogo de palha”. Foi por isso que lançaram o álbum Big bang no primeiro ano, e até tiveram suvcessos como Perplexo e Lanterna dos afogados. Mas, quando viram que era pra valer deixaram de gravar seu álbum de 1990 causando tristeza em seus inúmeros fâs. Ao inés de perguntar que país é este já falava: mas que Fonte Nova era esta?
Só voltariam a prosseguir sua carreira quando o Bahia voltou a ganhar o certame em 1991. Aí foi a glória pois o Vitória desceu para a Segunda Divisão do certame brasileiro. Foi pra comemorar que lançaram o álbum Os grãos, na certa pretendendo mostrar que o rubro negro ainda teria que juntar muitos quilos para emplacar seu novo estádio, o Barradão.
Em 1992 porém, o rubro negro voltaria a “papar” o título. Por conta disso é que os Paralamas só foram lançar álbum na Argentina, onde gravaram uma coletânea em espanhol, Paralamas. A chateação se estendeu até 1993 onde o rubro negro chegaria a disputar o título nacional com o Palmeiras. Foram anos difíceis para os Paralamas, onde ficaram dois anos sem gravar no Brasil, nem sequer amenizados com o título do tricolor em 1993. Mas o tricolor voltaria a emplacar um “bi” em 1994, ocasião em que o grupo lançaria o álbum Severino que alcançou grande sucesso.  
                                                                Beijo não vale!

Nesse ano, porém, a banda se reuniu. Falaram com Hebert que não era mais possível que atrelassem os humores da sua carreira ao que acontecia na Fonte Nova. Afinal de contas os leões da Barra agora tinham um estádio e a tendência era de crescimento. Do jeito que ia eram os fâs que sofreriam. Hebert pareceu aceitar estas ponderações. E vieram a tempo, pois o Vitória iria emendar um tricampeonato nos anos de 1995/1997. O que não atrapalho os Paralamas de lançarem seus álbuns.
Mas Hebert não deixou de provocar o Vitória. Afinal, o que podemos pensar do título do disco gravado em 1995 Vamos batê lata, e da música Trezentos picaretas? Manteria a promessa com o álbum Nove luas, gravado em 1996, quando estourava sua música Uma brasileira. Quando terminou o “tri” do rubro negro, saudou a retomada do título pelo tricolor gritando aos quatro cantos o novo álbum Hei na na,onde fez uma sacanagem com o Vitória gravando Ele disse adeus!
Os Paralamas tinham retomado a sua trajetória, e em 1999 gravariam o seu sucesso Acustico MTV no ano em que ganhariam o seu único prêmio Grammy Latino. Enquanto isto a baixaria tomava conta do futebol baiano quando o Bahia não foi ao Barradão na final e se encerraria o campeonato daquele ano sem se saber quem era campeão.
                                                      Oh, não sabia que ele foi preso!

Hebert voltou a se chatear com as coisas do futebol da Bahia. E pior ainda foi quando o Vitória voltou a ganhar o título em 2000. Aí ele “empombou” a gravação do álbum naquele ano, aceitando, com muito custo que se gravassem uma coletânea das músicas do grupo Arquivo II. Dizem que, por causa disso, andava tão distraído que ocorreu a tragédia de ultraleve em 2001, quando deixaria de ver o tricolor ganhar seu último título na Fonte Nova.
A nova era dos Paralamas não podia ser a dois vinbte anos anteriores. Não podiam mais fazer tantos shows pois havia que ter cuidado com a saúde de Hebert. Dizem que a demora na recuperação se deve a má fase do tricolor baiano. Hebert retornaria sua promessa de continuar gravando.
Mas se percebe sua tristeza no nome de seu novo álbum gravado em 2002 Longo caminho e em músicas como Fora de lugar. É que haveria um longo caminho pro tricolor voltar a ganhar um título e isso realmente fazia com que a Bahia parecesse fora de lugar. O Vitória ganharia quase tudo nesta década e os Paralamas deixariam de lançar álbuns todo ano. Em 2004 continuariam optando pela solução de gravar Uns dias ao vivo. E, no ano seguinte, Hoje, acontecendo com músicas como De perto e Na pista.

Em 2006, quando o rubro negro perderia o título para o Colo Colo Hebert se entusiasmou e estrelou um documentário Hebert de perto. Quem diz que isto foi pra comemorar os vinte e cinco anos de carreira é porque não conhece sua ligação com o futebol baiano. Mas só fez repetir a gravação de Hoje, desta vez ao vivo.
O grupo sofreria bastante em 2007, quando foi interditada a Fonte Nova em função da tragédia de novembro que vitimou sete torcedores. Mas, fiel a sua promessa Hebert Viana aceitaria gravar com os Titãs no ano seguinte, num show que se tornaria outro álbum, Paralamas e Titãs: juntos ao vivo.
Em 2009 voltaria a gravar álbuns em estúdio, o Brasil afora, que foi motivo para uma longa temporada pelo país.  E foi quando estava excursionando que soube da implosão da Fonte Nova. Já tinha se conformado com o Vitória ganhar o campeonato todo ano., mas atingir a própria Fonte Nova foi demais. Não teve quem lhe fizesse gravar novo álbum em 2010. Depois de muita conversa aceitou apenas que regravassem as músicas do grupo, em Arquivo 3.
                                                      Pô, esse não é Hebert Viana!

Só se recuperaria do golpe meses depois, a tempo de participar do Multishow ao vivo: os Paralamas do sucesso. É que na época se convenceu que, se a Fonte Nova morreu com os Paralamas não podia acontecer o mesmo, inclusive pra que a memória do nosso histórico estádio seja sempre lembrada. Como Hebert mesmo disse, é a arte de viver da fé, só não se sabe fé em que!

·         Agradeço as informações do Jornal A Tarde e dos sites letra.com e RSSSF Brasil. Sou grato ainda as imagens dos blogs guarulhosonline.com,imotion.com.br,imagensgratis.com.br,mercadosebastian79.blogspot.com e mpnet.com.br.

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