domingo, 17 de abril de 2011

Tudo sobre o Santos FC .... na Bahia antiga

Em pé Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gilmar e Mauro.Agachados Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.                           
O Santos FC é honra e glória do futebol brasileiro. Foi escolhido pela FIFA o melhor clube do século passado nas Américas tendo também Pelé como o atleta do século. Passaram por ele tantos grandes jogadores que não caberiam nesta postagem e que lhe dariam dezenas de títulos. Mas muita gente não sabe que o clube tem uma antiga relação com os baianos.
Foi fundado em 1912, e quando obteve o seu “tri – vice” (1927-1929) paulista apareceu por aqui com jogadores lendários como Araken e Feitiço. Foi o segundo clube daquele estado a jogar na Bahia (o primeiro foi o Comercial em junho de 1920) mas o primeiro no Estádio da Graça.
Apareceu em Salvador em 1929, ás vésperas da grande crise da bolsa de Nova York. Deixaria o futebol baiano em crise ao provocar um verdadeiro estrago em nossos clubes nos últimos anos em que Baiano de Tênis e Associação Atlética dominavam o cenário do esporte local. Enfrentaria justamente os dois no inicio de sua temporada. O primeiro a cair naquele doze de maio daquele ano foi o Baiano, por quatro a dois.
                                              Vejam aí a primeira sede que fez história!

Quatro dias depois arrasaria a Associação pelo escore de oito a dois. No dia dezenove entraria em campo para enfrentar o aurinegro que gozou do título de mais querido da Bahia, o Ypiranga, goleando-o sem piedade por cinco a dois. A situação chegou ao ponto da equipe testar novos jogadores colocando um time misto para o próximo compromisso, contra um combinado Fluminense – Guarany, ao qual venceu mesmo assim por cinco a três. Precisou, na época, fazer uma seleção dos melhores jogadores que existiam no estado para conseguir um empate em dois gols na sua despedida da Bahia.
A passagem do clube pelo estado abriu caminho para outros clubes paulistas e até a seleção brasileira. O Bandeirantes, por exemplo, jogaria na Graça em 1933, e a nossa histórica seleção no ano seguinte. Quanto ao Santos deixaria pra vir a Bahia quatro meses após obter seu primeiro título paulista ao derrotar o Corinthians, em pleno Parque São Jorge, por dois a zero.
A equipe campeã de 1935 com Ciro, Neves, Raul, Arakem Patusca, Agostinho, Marteletti, Ferreira, Jango, Mário Pereira, Junqueira e Saci.                                           

Na oportunidade ficaria dezessete dias em Salvador. Sua estreia se daria em 22 de março contra o mais querido que seria mais uma vez goleado pelo peixe por seis a um. Quatro dias depois seria a vez de o nosso rubro negro apanhar de cinco a um. O cenário de “lavagens”, porém, fez o Santos se descuidar ao enfrentar o Galícia, time da colônia espanhola na Bahia, que passou nesta época a gozar do merecido título de demolidor de campeões, ao vencer a poderosa equipe santista por três a dois.                        
Isso não mais ocorreria no restante da temporada onde ganharia do recém-criado EC Bahia (2 X 1), e empataria e venceria o Botafogo (1 X 1 e 6 X 3). Nesse mesmo ano seria a vez do Corinthians vir pela primeira vez a Salvador, em excursão que ficou famosa, especialmente pelas sonoras goleadas no Bahia (8 X 1) e no Botafogo (6 X 1).
O alvi negro santista porém, entrava numa época de entressafra que lhe afastou por vinte anos do título paulista. Quando veio de novo a Salvador já não era o mesmo. Aportou aqui no dia comemorativo a morte de Tiradentes quando enfrentou o Botafogo local em jogo que resultou no empate em três gols. Dois dias depois o antigo esquadrão cairia novamente perante o mesmo Galícia por dois a um. O Ypiranga (3 X 0) e o Bahia (3 X 1, porém,) não deixaram que saísse de Salvador sem vitórias na temporada, que registrou ainda o empate em três gols na revanche contra o azulino.
Muitos clubes paulistas passaram pela Bahia desde então, mas o Santos decidiu “dar um tempo”. Mesmo quando veio a Fonte Nova não se arriscou a vir de novo. Deixou de ser até pioneiro no novo estádio como tinha sido com o campo da Graça, deixando este privilégio para a Portuguesa de Desportos. Veio depois o São Paulo e o Corinthians.
                                   Poxa, até no banheiro Bob Kennedy não me deixa em paz!

Em 1955, porém, o Santos voltaria a ser campeão paulista armando um timaço que marcou época onde haviam craques como Zito, Formiga e Ramiro.  Pelé chegaria no ano seguinte. E, em 1957 os santistas voltariam de novo a Bahia, vinte e um anos depois da última vez.
Desta vez, porém, estávamos em pleno profissionalismo, e haviam acabado definitivamente aquelas excursões gloriosas onde a delegação além de jogar conhecia as cidades por onde passava. O Santos passaria apenas dois dias em Salvador no mês de agosto, onde jogaria com uma seleção armada na capital, empatando em dois gols, e contra o tricolor baiano, vencendo por dois a um.
A vinda á Bahia se dava no início da mera de ouro do Santos. Em 1958 a equipe voltava a ser campeã paulista, e tinha jogadores convocados para a seleção brasileira campeã do mundo pela primeira vez. Os santistas emendariam com o título do ano seguinte no Torneio Rio – São Paulo.
                                                             Um rei e uma rainha!                                    
A equipe peixeira porém, já tinha deixada de ser “dona do mercado baiano” que já era patrimônio público e verificava a presença, não só os grandes clubes de São Paulo, como do interior paulista como o Taubaté que visita Salvador em 1959, num ano em que apareceria ainda o Palmeiras.
O Santos voltaria a Salvador no último mês desse ano, para disputar a sua primeira partida oficial, na decisão da I Taça Brasil, contra o EC Bahia. Este havia ganhado a primeira partida, em Vila Belmiro, por três a dois. Naquele dia compareceu o maior público da antiga Fonte Nova esperando que o tricolor fosse campeão, mas Pelé e Cia adiaria o título vencendo por dois a zero.
O Bahia mudaria o técnico para a partida final, sai Efigênio Baiense, “Geninho” e entra o experiente Carlos Volante que tinha conquistado o tricampeonato pelo Flamengo no Maracanã. A ousadia, e outras “mumunhas” de Osório Vilas Boas, dariam certo três meses depois, quando o esquadrão de aço faturaria o título com a vitória de três a dois.
                                           Ah esse trio que vi jogar, Pelé, Pepe e Coutinho!

Mas o Santos daria a “volta por cima” nos seus anos de ouro. Logo depois seria campeão paulista. E, no ano seguinte faturaria o “bi” em São Paulo, e venceria a III Taça Brasil dando o troco no tricolor, ao qual vence na decisão por cinco a um em São Paulo, após empate em um gol em Salvador.
1962 seria o ano glorioso do peixe que faturaria um inédita “quádrupla coroa” ao faturar initerruptamente o título paulista, a Taça Brasil, a Taça Libertadores e o Torneio Intercontinental.  E, em 1963, só não repetiria todos esses troféus por causa de São Paulo. Na ocasião, se vingaria de novo do Bahia ao derrota-lo, por duas vezes, na decisão da V Taça Brasil. A primeira na fonte do futebol por dois a zero, e a segunda em São Paulo com nova goleada, seis a zero.
Passaria dois anos sem vir á Bahia. Dizem que foi por causa dos presos políticos que eram colocados nos navios na costa de Santos e de Salvador. Só quando acabou esta situação e os presos passaram a ficar mesmo no DOPS e outras dependências dos militares, é que apareceu de novo em Salvador.
                                                      Neymar, assim também é taca!

O futebol baiano vivia uma crise feia no futebol e o jeito foi jogar no Estádio Mário Pessoa em Ilhéus. O jogo seria na comemoração do Dia do Trabalho mas acabou ficando poro outro dia onde a equipe peixeira arrasou a tricolor por seis a um. Os torcedores tricolores que foram na ocasião ao estádio ficaram “de mãos na cabeça”. É que Pelé e Cia estiveram infernais naquele dia, aprontando cinco a zero só no primeiro tempo.
Se não fossem as substituições e administração do resultado o antigo esquadrão de aço teria sido rebaixado a esquadrão de lata. Mas a goleada não repercutiu tanto no estado pois neste tempo a imprensa boicotava os jogos não efetuando a transmissão. Mas mesmo assim houve revanche na fonte do futebol, ocasião em que o Santos ganhou de novo, desta feita por três a um.
A equipe santista só voltaria ao estado dois anos depois, quando a crise já tinha sido debelada e o clube caminhava para conquistar o seu segundo tricampeonato paulista. Realizaria no amistoso de setembro contra o Bahia o menos número de jogos desde quando começou a vir ao estado, quase há cinquenta anos, apenas um, vencido por três a dois na Fonte Nova. Na ocasião já tinha Clodoaldo, Abel, Toninho, ao lado de Pelé.
 
                                                                Foi no tempo da finada!

Em 1968 faturaria o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (conhecido como “Robertão”) quem homenageava o antigo jogador e dirigente da federação paulista. Na ocasião teve a oportunidade de jogar com o tricolor baiano em data que sua torcida dificilmente esquecerá, dez de outubro. Assisti este jogo pela TV Itapoan e vi o ponteiro Biriba abrir o escore logo aos quatro minutos.
O que se seguiu depois foi uma festa do peixe. Só no fim do primeiro tempo já estava cinco a um. O baile continuou no segundo tempo com os demônios da Vila enfiando mais quatro e pregando no Bahia a maior goleada de sua história, um esdrúxulo nove a dois!
Nesse tempo o cartaz dos santistas estavam tão alto que, antes de terminar a década, viveriam na África uma situação inusitada, a suspensão da guerra no antigo Congo Belga pra todos assistirem uma exibição da equipe no país. O Santos jogaria na Fonte Nova em sua Era de ouro pela última vez no dia dois de dezembro de 1970, no último ano em que se disputou o “Robertão”. Na ocasião “detonou” mais uma vez o tricolor, cinco a um.

                                    Aqui na Fonte Nova cortaram até os braços da estátua!

A partir dos anos setenta tudo seria diferente. Pelé e outros jogadores daquele time magistral se despediriam do futebol e encerrariam suas carreiras. A equipe peixeira ganharia em 1973 seu ultimo campeonato paulista com Pelé. O veterano Formiga ainda formaria um time pra ser campeão no estado em 1978. Mas tudo passou a ser diferente após os anos setenta. Algumas gerações de jogadores lhe trouxeram o título paulista aqui e ali, ou até um Torneio Rio – São Paulo. Campeonato brasileiro que é bom só viria trinta anos depois, e a tão ambicionada Taça Libertadores da América nunca mais.
Quando vejo as brincadeiras de Neymar, Ganso e Cia fico pensando se esses jogadores tem uma ideia do que o Santos significou no futebol brasileiro durante dez anos (1960 a 1969) quando ganhou o mais formidável cabedal de taças da história do futebol mundial, 22 títulos.

·          Agradeço as informações e imagens do Almanaque do Futebol Brasileiro, Museu dos Esportes e dos sites RSSSF Brasil, Bola na Área, Wikipédia e Uol. 

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