terça-feira, 10 de maio de 2011

Eu odeio o Festival de Cannes

              

Amanhã começa mais um dos chatos festivais da cidade de Cannes na França. O evento começou depois da guerra e dois anos antes de eu nascer e o pessoal lá de casa sempre o acompanhou. Houve o tempo em que a maior glória para uma pessoa era passar por um tapete vermelho como acontece ali.
O Brasil é velho participante dos festivais, mas sempre fomos muito injustiçados. Imaginem que Das 51 palmas de ouro que foram concedidas apenas uma veio pro Brasil, para o filme O pagador de promessas, do diretor e ator Anselmo Duarte, que não podia deixar de ser rodado na Bahia em 1962.  E não me venham falar de Orfeu negro, pois esse na verdade só foi rodado no Rio de Janeiro, sendo dirigido por Marcel Camus e uma coprodução da França e Itália onde empurraram o Brasil.
Das atrizes premiadas por Cannes só dois prêmios em 59 edições, para Fernanda Torres e Sandra Corvoloni. E, em relação aos atores brasileiros “necas de pitibiribas” em 57 prêmios. Não vou contar prêmios de consolação como curtas metragens, filmes de aventura e outros bichos.

                                           E ninguém faz um filme sobre a Fonte Nova!

E o que dizer das provocações constantes com o futebol baiano feitas pelos organizadores do festival? Vocês imaginem que a Palma de Ouro só passou a ser dada após a inauguração da Fonte Nova, enquanto Cannes silenciava para com a Bahia premiando o filme com esta temática de Louis Malle e Jacques Yves-Cousteau (1956).
Depois disso, o Cannes sempre esteve de olho nos nossos clubes, mas até hoje vivemos do Pagador de promessas que vai fazer meio século no ano que vem. Vocês pensam que é invenção? Vejamos. Só quando o Bahia voltou da sua primeira excursão á Europa é que premiaram Quando voam as cegonhas (1958) de um diretor soviético, e isso porque o time não passou na França. E, quando o EC Bahia ganhou seu primeiro título nacional, em abril de 1960, deram o prêmio para La dolce vida de Fellini. Ora, naquele ano o tricolor deu um duro danado pra ser campeão e vem me falar em doce vida? É sacanagem!
                                   Tem gente que mata e morre pra passar por esse tapete!

E, em 1961, depois da dupla BA-VI ter voltado da Europa, o júri gozou com Uma tão longa ausência. Só poderia ser mesmo coisa de francês, como o diretor francês Henri Colpi, magoado porque os baianos de novo não tinham ido ver a Torre Eiffel.
Dizem que a palma foi suspensa pela agressividade de O leopardo de Visconti. Aí passaram a dar somente o Grand Prix a filmes amenos como Os guarda chuvas do amor (1964), Um homem e uma mulher (1966), A lady e o motorista (1973) e outros bichos. Os prêmios ficavam por ali mesmo entre França, Itália e Inglaterra.
                                        Ôpa, bastou falar de Cannes pra tomar intimidade!

Mas quando a palma voltou entrou pesado com a Crônica dos anos de fogo, de Martin Scorcese, falando dos tempos onde não havia sido concedida... para os europeus e norte-americanos é claro. O EC Bahia conseguia seu título histórico de hepta campeão baiano, mas Cannes não estava nem aí falando em Apocalipse Now de Coppola.
E, quando o Vitória volta duramente a recuperar o título na Bahia ás duras penas o júri “goza” com sua cara premiando Emir Kusturica em Quando o papai saiu em viagem de negócios. Depois até que tentaram corrigir. Em 1988, saudaram a nova conquista nacional do tricolor com Pelle, o conquistador, do diretor dinamarquês Bille August. E, em 1992, quando o EC Vitória chegou as finais da Segunda Divisão, admitiram que tivesse As melhores intenções.
                                                      Deram o prêmio até a elefantes!

Mas, escolheram exatamente o ano seguinte, quando o rubro negro chegou as finais da Primeira Divisão ás duras penas, pra premiar Adeus minha concubina, uma dupla sacanagem, chinesa e francesa.
No início do novo milênio agravaram-se os problemas de manutenção na Fonte Nova, e Cannes só “gozava” com Dançando no escuro, de Lars von Trier, ironizando com iluminação do estádio. Como se o festival fosse iluminado! E, em 2007, quando fecharam a Fonte Nova em função da tragédia que matou sete pessoas, um romeno fez uma previsão estapafúrdia dando Quatro meses, três semanas e dois dias á Fonte Nova.
“Quebrou a cara” feio, o nosso histórico estádio resistiu quase três anos, e viveu pra ver nova provocação dos organizadores do famoso festival que não tiveram pena. Enquanto a Fonte Nova agonizava no ano passado, passaram das medidas dando essa palma chinfrim a um tailandês com o filme O tio Booomee, que se lembra das suas vidas passadas.
  c                                                      Mas que júri chinfrim esse!

Os pífios “resultados” para o Brasil em Cannes e nos Oscar deviam levar os brasileiros a “não estar nem aí” com esses prêmios. Eles ganham audiência e nós ficamos vendo pela TV. Não compensam nem de longe os mais de cinquenta anos que gastei lendo jornais e assistindo “especialistas” profetizarem quem vai ganhar nos programas de rádio, TV e internet.
Esse ano mesmo nem vou dar bola para esse júri presidido por Robert de Niro, ainda mais que Woody Allen nem está concorrendo. Também porque não Midnight in Bahia ou Rio de Janeiro e sim em Paris? Até Almodóvar atacou de cientista maluco em La piel que habito.
                                          Porque não fazer o festival de "Cannes" na Bahia?

Assim, vou evitar responder as novas provocações. O que dizer a Brad Pitt que atua em A árvore da vida quando perdemos a Fonte Nova no ano passado? E a Takeshi Miiki, em Harakiri, a morte do samurai, que insinua que ela se suicidou. Assim, a implosão vai acabar dando mais polêmica que a morte de Osama bin Laden, pois as sérias autoridades paquistanesas já declararam que ele já estava morto há vários anos!

·          Agradeço aos sites Wikipédia e do festival de Cannes.
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário