quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Dia D e os baianos

                                                                  Assim parece fácil!

O ano de 1944 foi um dos mais importantes do Século XX. Nele iria decidir a sorte da Segunda Grande Guerra e a nova feição da hegemonia mundial. Mas também na música, literatura, ciência e esporte marcou época. Foi a época do lançamento de filmes como Buffalo Bill, Ivan o Terrível, de Sergei Eisenstein, Laura, de Otto Preminger, e Dias de Glória, com Gregory Peck. Este último, uma antevisão do que os EUA ganhariam com a sua entrada na guerra.
Enquanto o mundo balançava os baianos disputavam o seu importante campeonato que já estava no segundo turno e se encaminhava também para momentos decisivos. Logo no início do ano o Galícia esmagou o Guarany com uma sonora goleada por dez a um. Parece que isso animou os aliados, pois, dois dias depois, começaram a batalha de Monte Cassino, na qual os soldados brasileiros se fizeram presentes.  
O fim do cerco de Leningrado se daria duas semanas depois, no dia em que o primeiro concerto de jazz tomou conta do Metropolitan Opera House de Nova York. E o início da ofensiva soviética coincidiria com o primeiro BA-VI daquele ano que, assim como o equilíbrio da guerra, terminaria em empate a três gols.
    
                                               Da Normandia pra Salvador era um pulo!

Só no fim do mês de janeiro é que os baianos “se tocaram” e pararam o campeonato, embora as más línguas digam que foi por causa do carnaval. Todo o mundo acompanhava a guerra pelo radinho. No mês de fevereiro os italianos organizam uma contra ofensiva em Anzio e aviões dos EUA bombardeariam importantes alvos militares alemães.
A guerra começava a apertar, pois o exército russo avançava para o Oeste da Europa e se ventilava a possibilidade de um grande ataque aliado para libertar a França. Um desembarque na costa deixaria os alemães presos entre dois flancos. Mas aí os baianos começam uma coisa muito mais importante, o supercampeonato daquele ano. É que Botafogo, Vitória e Galícia iriam decidir o título daquele ano.
O rubro negro estreou logo perdendo dos diabos rubros por um a zero. Estes empatariam com o Galícia a seguir em três gols. O Vitória só não saiu do páreo, pois deu uma impressionante goleada no bicampeão Galícia por incríveis nove a um, quando Siri estabeleceu o Recorde em uma partida, marcando sete gols. A segunda fase das disputas deixou de fora o leão que perdeu seguidamente para os dois adversários ficando o título para ser disputado pelo azulino e alvi rubros sagrando-se o primeiro tricampeão.
                                                           Ôpa, nazistas em Brotas?

O título foi decidido em três jogos, entre 18 e 27 de abril, quando já iam avançados os preparativos para a Operação Overlod (Dia D). O time da colônia espanhola ganhou a primeira partida por quatro a dois, perdeu a segunda por dois a um, e esmagou sensacionalmente o Botafogo por cinco a um no jogo decisivo com dois gols de Pequeno, completando Curto, Isaltino e Alberto, enquanto Nandinho marcava para o alvi rubro. O Vitória como sempre nesse tempo ficava na mão. Pra não dizer que não ganhou nada seu grande jogador Siri ficou com artilharia do certame com 17 gols.
Aí todo mundo pensou que os baianos iriam se preocupar com a guerra. Mas qual, pouco depois iniciaram o campeonato de 1944. Era demais. Conta-se que o próprio Eisenhower telefonou pro Palácio da Aclamação pra reclamar. Mas não é possível. Enquanto a vida do mundo se decidia na Europa os baianos insistiam em jogar bola, assim não dava! Mas os baianos não estavam “nem aí”! O Vitória pelo menos tomou vergonha começando bem ganhando do tricampeão Galícia por três a um. Parece que desta vez ia. Mas a guerra atrapalho o rubro negro.  
Imaginem que logo quando o leão começava bem é que ultimaram os preparativos para o Dia D. Foi um dos maiores ataques militares de toda a história. Conjugou ataques prévios na véspera contra as defesas alemães, a cobertura aérea e o desembarque propriamente dito. Nele entraram em ação mais de trezentos mil soldados e marinheiros, cinco mil navios e milhares de aviões britânicos, canadenses, norteamericanos e franceses.  
                             
Apesar de ter como objetivo imediato o de libertar a França dos alemães criou condições militares e psicológicas para a derrota do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). No dia primeiro de junho a BBC transmite mensagem cifrada para a resistência francesa revelando a iminência da invasão. Mas os baianos estavam na ocasião disputando o seu maior clássico que terminou com a vitória tricolor pelo escore mínimo com gol de Pipiu.


                                                    Os baianos não estavam nem aí!

Seguem-se importantes eventos do calendário histórico mundial. No dia dois estabelece-se um governo provisório colaboracionista na França. No dia quatro o Ypiranga ganha do Botafogo por cinco a um. Vocês podem pensar que eu estou colocando os baianos no centro do mundo, mas aqui se soube da invasão do Dia D muito antes de todo mundo. É que neste jogo Americano fez dois gols dando um alerta que os EUA estavam muito ativos, mas os baianos desconfiaram mesmo de tudo quando Da Hora fez o gol “de honra” do alvi rubro.
                                                     Esse aí nadando deve ser baiano!
                             

Estava na hora do Dia D. No dia cinco, são despejadas cinco mil toneladas de bombas sobre a costa da Normandia com a intenção de atingir as baterias antiaéreas alemães e preparar o desembarque aliado. Todo mundo sabe o que sucedeu. Apesar de algumas trapalhadas aliadas o momento foi um marco para a derrota do Eixo. No dia nove se dá a ofensiva russa na Finlândia.
                                                    Os baianos estavam era no forró!

O inicio do segundo turno do certame baiano deu tempo suficiente pelo menos para o atentado contra Hitler. Uma semana depois, porém, um mundo via uma tragédia muito maior, o rubro negro ser goleado pelo azulino por cinco a zero. A guerra e o campeonato continuavam com massacres aqui e lá. E o próximo BA-VI (3 X 3) seria na véspera da revolta do gueto de Varsóvia. Logo depois ocorre a maldade que os nazistas fizeram com a judia Anne Frank e sua família.
Pra não estender muito a conversa. Imaginem que enquanto os franceses comemoravam no dia 24 de agosto a entrada das tropas aliadas em Paris, libertando finalmente a chamada cidade luz de mãos alemães o Bahia conquistaria o título baiano ao derrotar o Ypiranga por três a um. Não foi a toa então que Americano assinalou outro para o time mais querido.

·          Agradeço aos sites RSSF Brasil e Wikipédia, ao Almanaque do Futebol Brasileiro e aos blogs bananapeople.wordpress.com e meg-experimental.blogspot.com.

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