terça-feira, 21 de junho de 2011

O Lanterna verde

         
                                                                                                                 No dia mais claro
                                                                                                                na noite mais densa
                                                                                                                o mal sucumbirá
                                                                                                                 ante a minha presença (...).
                                                                                                                 Quem quer o mal
                                                                                                                 tudo perde
                                                                                                                 ante o poder
                                                                                                                 do Lanterna verde.
                                                                                                                                                 (Juramento) 

Soube que o filme Lanterna verde  faturou abaixo do esperado nos três primeiros dias de seu lançamento nos EUA e Canadá, somente US$ 52 milhões. Dizem que está perdendo pra filmes que ninguém ouviu falar. Também quem manda fazer filmes milionários quando o mercado dos super heróis está congestionado com o homem aranha, a mulher lobo, o quarteto fantástico e as novas versões de Super homem, Hulk, O fantasma, Batman, etc.?  E isso sem contar os alienígenas, androides, vampiros e outros menos votados!
Mas, se a coisa degringolar eu sugiro que venham pra Bahia, pois aqui o Lanterna verde sempre foi bem recebido. O exemplo é o Palmeiras. O porco verde sempre se deu bem com os baianos. Antigamente tinha nome diferente, Societá Sportiva Palestra Itália. Mas, na primeira vez que nos visitou, em setembro de 1937, 23 anos depois de fundado, passou ”a pão de ló”, mesmo sendo uma época difícil para o Brasil, onde Getúlio Vargas dava um golpe de Estado instalando uma ditadura civil-militar com o apelido de “Estado Novo”.
O clube então nem se parecia com o lanterna verde, era italiano e usava as cores verde, vermelho e branco. Estrearia contra o Bahia no velho campo da Graça ganhando de quatro a zero. Logo a seguir enfrentaria o Botafogo, que conseguiria um empate heroico em três gols, e na “saideira” derrotaria o Galícia por quatro a três.
                                                 E ele chegava com uma turma danada!

Três anos depois, em 1940, seria criado o personagem lanterna verde, por Martin Nodell e Bill Finger, no número 16 da All-American Comics. Foi por isso que, quando começaram as pressões contra italianos, japoneses e alemães no Brasil em função da guerra, o clube trocou de nome para Sociedade Esportiva palmeiras e retirou o vermelho das suas cores pra imitar o super herói lanterna verde.
Foi pura imitação. Mas deu certo na Bahia. Ah quando ele baixou aqui com seu anel originário de um meteoro, foi difícil de resistir. E seus poderes mentais? Nem é bom falar. Como os baianos são muito espirituais tiveram empatia com o lanterna verde de imediato. Mas que havia disputa havia. Era telepatia pra cá e macumba pra lá, hipnose contra batida na madeira, e kryptonita contra acarajé. Eram duelos bons de se ver.
Em 1948 passou por aqui quando já tinha terminado a guerra. Chegou logo depois do carnaval e deu novas goleadas no tricolor, quatro a um e três a zero. Só o vilão Ypiranga, que na época era muito chegado aos terreiros, é que conseguiria derrota-lo por três a dois.
                                          Ôpa esse verde é da novela Amor e revolução!

A primeira vez que o lanterna verde pisou na Fonte Nova foi em junho de 1959. Dizem as más línguas que veio passar o São João. Naquele tempo se organizava o seu lançamento em revista de quadrinhos com a identidade de Hal Jordan fundador da Liga da Justiça da América. Não trouxe nem o anel. Mas mesmo assim o lanterna verde ganhou de novo o seu velho freguês tricolor por dois a um, embora tenha perdido mais uma vez para seu arqui inimigo Ypiranga(0 X 2).
Esta derrota abalou o justiceiro. E ficou pior quando os baianos não compraram a revista em que aparecia. Assim, ficou muito tempo sem aparecer na Bahia. Já haviam começado os certames nacionais, como a Taça Brasil, mas quando os baianos iam bem o Palmeiras ia mal e o contrário também valeu. De forma que nunca se cruzaram enquanto existiu este torneio.
Em 1967 foi criado outro torneio nacional, o Roberto Gomes Pedrosa(“Robertão”), que o lanterna verde ganhou logo de saída. Mas os baianos só entraram no ano seguinte. E, no dia dois de outubro, nove anos depois da última vez que tinha vindo na Bahia, o lanterna verde apareceu na Fonte Nova. Ah como foi bonito.
                                         Criaram logo os clones baianos do Lanterna Verde!

Foi uma guerra de anéis. O tricolor levou um anel dado por Menininha do Gantois mas não pode fazer frente á arma mais poderosa do universo. Todos os raios do mundo caíram no nosso histórico estádio pra ver o verdão ganhar por dois a zero.
Em 1969 o lanterna verde ganhou de novo o “Robertão”. E no dia 28 de setembro esteve na Bahia. Mas desta vez lhe esperava uma surpresa. É que mãe Menininha tinha descoberto que o anel mágico não tinha poder sobre objetos amarelos. Aí fez o esquadrão de aço se vestir todo de ouro e foi o diabo.
Quando a torcida chegou não entendeu nada, e menos ainda o juiz que procurou na súmula e não havia nada sobre isso. Mas o jeito foi deixar jogar. Nesse dia o verdão não deu no couro. Nosso super herói só ficava enfregando o anel e nada. Deu tricolor pela primeira vez na história do confronto, conseguindo ganhar a primeira partida do lanterna em trinta e dois anos, dois a zero.
                                  O Ypiranga botava acarajé com pimenta na comida do verdão!

No ano seguinte, em vinte e cinco de outubro, o lanterna verde veio novamente na Bahia. Desta vez vinha prevenido cheio de Kriptonita, que neutralizava a presença do amarelo. Não adiantou o tricolor usar todas essas roupas, escudos, o “escambau”, pois perdeu de um a zero. Quem mandou brincar com o super herói!
As vitórias do lanterna verde e de outros super heróis acabaram com o “Robertão”. O lanterna verde estava tão popular que a DJ Comics criou uma série de quadrinhos e aí “matou a pau”. O jeito então foi a CBD criar outro certame, o chamado campeonato brasileiro. O primeiro ocorreu em 1971. E a partir daí o lanterna verde veio quase todo ano na Bahia.
Esse ano completa quarenta anos de confrontos com os baianos quando todas as igrejas se uniam contra o lanterna verde. Chegava a sair faísca dos anéis mágicos quando o verdão e os baianos se pegavam. Como os super heróis já estavam “manjados” tiveram que apelar pra tudo pra continuar ganhando. Tiveram de fazer mais de vinte versões para o juramento. Às vezes nem Ryan Reynolds bastava pra derrotar os terreiros de candomblé da Bahia.

                                Oi eu no lançamento do livro!


·          Agradeço o Almanaque do Futebol Brasileiro, aos sites Bola na Área e Wikipédia, e aos blogs sidneyrezende.com e vitrinevirtual.com.

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