sexta-feira, 15 de julho de 2011

As relíquias da morte


Tem uma mulher chamada J.K.Rowling (isso é nome de gente) que é louca por livros em série.   Inventou um herói e uns vilões que se movem num cenário frenético de acontecimentos e sob a luz de efeitos especiais. Aí a escritora caiu na mão da produtora Warner que a utilizou para ganhar “os tubos”.
Essa brincadeira faz dez anos, entra ano e sai ano e tome-lhe Harry Potter contra alguma coisa. Filmaram todos os livros da tal da rola, digo Rowling. Chegaram a dividir em dois o seu último livro, Harry Potter e as relíquias da morte. Pra variar a produtora utilizou vários diretores, sendo os últimos quatro filmes dirigidos por David Yates que acentuou os conflitos psicológicos do herói do seriado.
Mas o que muita gente não sabe é que a escritora plagiou o último livro. Vá lá que escreva a pedra filosofal falando dos bruxos, pois nem vou falar quanto existe de bruxaria na Bahia. Posso aceitar que trate da câmara secreta, mesmo sabendo que nenhuma cidade tem tanto túnel e passagens por baixo da terra como Salvador. Não é à toa que não conseguem concluir o metrô depois de 26 anos.
                                         Isso é do tempo em que se andava de bonde!

Só mesmo O prisioneiro de Askaban que nada fala da Bahia pois O cálice de fogo lembra os festejos de São João em Cruz das Almas e A ordem de Fênix e O enigma do príncipe parecem acusações a Ricardo Teixeira. Mas quanto ao novo filme Harry Potter e as relíquias da morte tenha santa paciência. Há gente que jura de pés juntos que a tal da Rowling esteve na Bahia pesquisando a história do nosso futebol. Não sei como a FBF não entrou na justiça pedindo direitos autorais do filme que é, cuspido e escarrado, uma metáfora dos primeiros anos do futebol baiano.
                                                                 Tá vendo aí?

Todo mundo já sabe que foi Charles Muller e Zuza Ferreira que trouxeram a bola, respectivamente, para o Brasil e para a Bahia. Se eles conhecessem as torcidas organizadas, a falta de manutenção nos estádios, os árbitros corruptos, e a desgraça que é descer de divisão certamente não teriam nos brindado com esta preciosa relíquia inglesa. É que se contam ás dezenas de milhares os que morreram por causa desta maldita pelota. Até guerra por futebol já houve entre Honduras e Guatemala.
A história oficial diz que Charles apareceu no Brasil em 1885 e Zuza só veio na Bahia em 1901. Fala ainda que o primeiro jogo do país teria sido entre os funcionários da companhia de gás e os da São Paulo Railway no ano anterior quando o segundo venceu por quatro a dois. Mas os cariocas mandaram o pobre Charles pra “cucuia” afirmando que o futebol já era praticado por marinheiros europeus desde 1864 no Rio de Janeiro.

                                               É uma concorrência danada desses heróis!


Pra quem não quer considerar estes, ainda haveria os “babas” dos jesuítas (1872/3), da praia da Glória (1874), dos tripulantes de navios ingleses (1878), dos colégios de Petrópolis (1882) e Nova Friburgo (1886) e da fábrica Bangu, entre outros menos votados. Já os paulistas reagem com Paranapiacaba, Jundiaí, e outras cidades ditas pioneiras.
Com a pesquisa de esporte moderna a discussão saiu do Sudeste e foi pro Rio Grande do Sul e o Pará. Os dois estados reivindicam o direito de posar de introdutores do futebol no Brasil. Os gaúchos apresentam a cidade de Santana do Livramento como autora da façanha nos anos 1880. Já os paraenses dizem que o futebol foi jogado em Belém desde 1890 passando a ser frequente seis anos depois.
O que é interessante é que ninguém apresenta as provas cabais disso, enquanto isto continua Charles Muller dando as cartas. Um dia destes vamos apresentar a candidatura da Bahia nesta confusão. Imaginem que desde o Século XIX já havia clubes esportivos por aqui. O EC Vitória foi fundado em 1899, ainda que como clube de críquete.  
                      Hoje todo mundo tem lap top!

Nossos maiores argumentos são os seguintes. Se o futebol surgiu no Rio em 1864 porque lá só foi existir campeonato 42 anos depois? Quanto ao campeonato paulista sim, realmente começou em 1902, mas, consta no respeitado site esportivo Campeões do Futebol que as primeiras partidas amistosas do Brasil foram em outubro do ano anterior entre as seleções carioca e paulista, que terminaram empatadas em 2 X 2 e 0 X 0.
Ora, como aceitar isso se no próprio Almanaque do Futebol Brasileiro consta que a primeira partida do país foi cinco meses antes entre Vitória 3 X 2 Combinado de marinheiros de navios ingleses ancorados em Salvador? O site Campeões do Futebol está por fora. Até 1914 não registra nenhum jogo fora do eixo Rio-São Paulo, quem sabe se é só pra reivindicar a primazia para a ida do Flamengo impor aos paranaenses goleadas astronômicas?
                                                    Não sobrou nada pra Charles Muller!


O campeonato baiano começou em 1905, um ano antes do que o carioca, e ainda houve vários jogos em Salvador, a exemplo dos de 1903, quando combinados baianos enfrentaram tripulantes de navios ingleses e norte-americanos e o Vitória jogou contra o São Paulo, que era formado por paulistas que residiam na Bahia. Além disto ainda houve amistosos no ano seguinte, do Vitória contra Santos Dumont, Internacional e São Paulo.
Só no ano seguinte é que aquele site vai falar de amistosos ocorridos no Rio de Janeiro, envolvendo Bangu, Fluminense, Rio Cricket, América, Botafogo, Internacional, Football & Athlétic, Marinha mercante inglesa, e um jogo em Recife entre Sport e English Eleven. Das duas uma, ou o conhecido site está redondamente enganado ou foi na Bahia que se praticou o futebol em primeiro lugar. E olhem que não estamos nem contando os índios...
                                                      Imaginem como era a bola!
 

Foi por isso que os baianos reconheceram imediatamente onde estava a tal da relíquia perdida que estavam procurando. Aliás nem precisava procurar pois ela estava em Pituaçu, no Barradão, e em um monde de lojas esportivas. Uma procura inútil de Harry Potter que trouxe muitas mortes desnecessárias.
                                                             Atacante do Vitória! 


Uma perda de tempo pro trio de amigos Harry, Hermione e Rony suar as bicas pra nada! E a série fica pior a cada dia. Se a parte I é lenta e meio chata a parte II tem um ritmo frenético. Mata-se á torto e á direito, a tudo e a todos. Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson continuam em busca dos tal dos Horcruzes e procurando a bola que Voldemort escondeu na sua vá tentativa de ser imortal. Nem precisava todo esse trabalho, era só ir a algum dos terreiros da Bahia!
Os pobres dos Horcruxes vão sendo encontrados, decifrados e destruídos, numa guerra incessante desde o quarto filme da série. Esses americanos só pensam em morte, que saco! Vão desvendando mistérios que não existem para os baianos. Centenas de bruxos se atracam, mas o mais interessante é que o tal confronto “final” só vale pra esse filme pois todos sabem que vem aí outro filme.

                             Ô reliquiazinha desgraçada!

·    Agradeço ao Almanaque do Futebol Brasileiro, ao Jornal A Tarde, aos sites Campeões do Futebol e Wikipédia, a Luiz Baena Cunha, Laércio Becker, Gabriel Froes e Paulo Ferreira. Sou grato ainda ao blog revistaaudioevideo.blogspot.com.  

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